terça-feira, maio 08, 2007

elis

eu não percebo nada de música. não sou capaz de tocar nenhum instrumento. não sei ver se este ou aquele gajo estão a tocar bem ou mal. portanto se ouço alguma coisa que me agrada muito, tenho a veleidade de dizer: eh pá, ó pinto, e este vicky? baterista do catano, não é? ora o pinto, que percebe mais de música que eu, abanava a cabeça para cima e para baixo em sinal de aprovação. e isso deixava-me satisfeito. significava que eu até tinha acertado na coisa.

por isso e porque não sou pago para fazer crítica musical, posso dizer aquilo que me apetece sobre este ou aquele músico e portanto só acho que é bom aquilo que eu gosto.

com as cantoras é a mesma coisa. se eu gosto de ouvir, são boas. se não gosto tanto, pronto, não digo que são más, mas já cago para a coisa.

a elis regina não é a minha cantora favorita. eh pá, não sei. há ali uma fase, há ali muita coisa dos anos sessenta que eu não gosto. e depois há coisas muito jazzy. essas não são a minha praia.

por outro lado tem coisas que eu gosto muito. tem, por exemplo dois dvd's, este e este que contêm das mais prodigiosas interpretações que eu já vi.

eu explico: o primeiro dvd, tem esta música aqui que é um samba antigo, dos anos quarenta, composto pelo pedro caetano. a elis aparece a preto e branco, cebelinho curto, sorriso enooooorme. a fumar. gira de morrer. está um tesão. a somar a isto tudo lembra-se de cantar este "desabafar na multidão" com aquela voz enooooooorme, com aquela boca muito aberta e com aquele ar de quem canta com a facilidade com que se bebe um copo de água. repito, um tesão! (tesão de comer mesmo, não é um tesão de, sei lá, de ter garra. nah, tesão de fornicar.)




depois tem este segundo dvd, gravado num especial para tv. é a última aparição televisiva desta malandra, infelizmente morreria dias depois. aqui ela já se apresenta muito eighties. já não é a minha praia, já não é o mesmo tesão. por altura deste programa de globo, a relação da elis com o césar camargo mariano (pai da maria rita e do pedro) estava já nas lonas. curiosamente ele é um dos convidados deste especial. às tantas ela tem de cantar o atrás da porta e não se aguenta. aquelas palavras encaixavam na perfeição na porcaria de situação que eles estavam a viver. vejam isto até ao fim. repito, vejam isto até ao fim. não houve nem haverá mais ninguém no mundo que torne a fazer uma coisa destas. nunca se conseguirá unir três coisas desta qualidade: a voz da elis, a letra do chico e a música do francis hime. meus amigos, isto é musicól do bom.



no ano passado, depois duma jantarada bestial na companhia dum cabrão dum companheiro de outros carnavais (ó pedro, temos de lá voltar ao mal amanhado, pá!), lembrámos-nos de ir até ao maxime. depois de ter estado a trocar aquelas palavras trôpegas com o barrilaro ruas (um valente caracter (para ser lido em inglês) da naite) entro e ao piano deparo com o francis hime. caraças, fiquei sem fala! deu-me vontade de ir até lá, dar-lhe um abraço e dizer-lhe: tens noção que compuseste uma música - pelo menos uma pá! - que já tocou no coração de tantas, tantas pessoas? e tens noção que é uma música que nos fica para a vida. e tens noção que é uma coisa que se nos agarra a nós e que depois já não sai mais? tens noção, francis?

mas não, fui até ao bar, pedi dois bushmills e fui galar gajas!

(mas fiquei a olhar para o francis pelo canto do olho. sim, lá isso fiquei.)

1 comentário:

Anónimo disse...

obrigada, obrigada!
a primeira conhecia (tb tenho o dvd), a segunda unca tinha visto!