quinta-feira, abril 30, 2009

crazy radio



já não é a primeira vez que fico a pensar na relação entre os malucos e as telefonias.

não me refiro a autistas, a deficientes, a doidos, nada dessas coisas. refiro-me mesmo a malucos. gente do júlio de matos, do miguel bombarda e outros que de lá fugiram ou que para lá nunca foram.

aqui onde moro há uma velhota que não joga com o baralho todo (julgo que não tem os ases, os ternos e, das figuras, falta-lhe as damas) que passa os dias de rádio na mão a ouvir de tudo um pouco. costuma estar à porta do supermercado a lamentar a vida enquanto ouve a antena 1, mas já a apanhei sentada na paragem a ouvir o markl e muitas das vezes fica apenas a ouvir estática. agora que já não tenho idade para dizer em voz alta "ó maluuuuuca", fico com vontade de ir ao supermercado comprar-lhe dois pares de pilhas das pequenas, colocá-las lá no transístor e sintonizar-lhe aquilo, assim pianinho, porque o raio do screrrhjgjghstss faz-me uma impressão dos diabos e altera-me a localização dos órgãos do abdómen, quando ali vou meter o boletim do euro-milhões.

mas isto é agora que sou menino fino e moro na linha. quando tinha mais juízo e era gajo do bairro, o meu contacto, mesmo que de passagem, com estes malucos radiofónicos era maior.

1) o blé, filho do cigano sebastião, andava sempre, mas sempre, com um rádio na mão em altos berros. é famosa a história que ele viveu quando foi ter a aveiro de comboio e o tiveram que ir lá buscar, coitado.

recordo um dia, já nos anos noventa, quando ele entrou no 30 que estava estacionado na zona a aguardar a hora da partida. pagou o seu bilhete, sentou-se junto do motorista e, uns segundo depois, exigiu-lhe que ele baixasse o som do rádio:
- queres que baixe o rádio, é?
- quedu!!
- está bom?
- mais.
- assim?
- mais um bocado.
- ...
- está bom?

deve ter sido daqueles dias em que, além de se ter esquecido do seu rádio, estava seguramente doente e cheio de dores de cabeça.

paciência.

2) o chalana é das figuras mais carismáticas do defunto casal do pinto. além de lhe faltarem umas peças da mona ainda por cima tem ali um problema físico que o obriga a arrastar uma perna sempre que caminha. nenhuma dessas deficiências o impediu, gerações atrás de gerações, de servir de "segurança" ou amparo para as crianças que iam para a escola 28/40. quem diz 28/40 diz mesmo a secundária das olaias ou até a cesário verde. desse lá por onde desse, onde houvesse crianças lá estava o bom do chalana, poupa elvisiana, olho claro e olhar distante, com um olho na carícia e outro no oculista - isto do ponto de vista de quem está estacionado no zé dos frangos -, sempre a defender a criançada de algum eventual perigo.

adivinhem? sim, um dos seus logótipos era um transístor a pilhas, empunhado no topo do braço erguido, sintonizado em selecções musicais de alto gabarito e sempre com o volume em altos berros. por outro lado, compensava este lado mais tacanho do uso público da telefonia, usando um blaser, clássico, com duas rachas atrás.

uma maravilha.

3) o luís maluco era um gajo que não fazia mal a ninguém. tinha aquele ar de mitra sempre de cabelo curto que lhe dava um ar de vilão ubzeque dum filme do 007. a sua loucura era não só visível como também audível a largos metros de distância, pois tinha por hábito andar quase sempre em velocidade muito acelerada, com as duas mãos presas num fictício guiador ao mesmo tempo que da sua boca saía, não só muita baba que depois secava e se alojava em redor dos lábios, mas também uma imitação perfeita duma zünder und apparatebaugesellschaft - zündapp para os amigos - que entoava em longos raides desde o mercado de arroios até às redondezas da nossa capitão roby.

certo dia, vi-o atravessar a morais soares sem parar, vindo largado da heróis de quionga e seguindo pela edite cavel, parando bruscamente naquela casa de brinquedos (sócio, como é que se chamava essa loja? trenzinho? loja do pai natal? era assim uma coisa que já não me recordo. ajuda-me lá.) a fim de observar deleitado a montra.

- então, luís, vais comprar uma pista de carros?
- não, não preciso. estava a ver se havia aqui pilhas para este meu rádio.
- já estão gastas?
- não, mas posso precisar quando estas acabarem.

(e o maluco é ele, não é?)

ligou o rádio, encostou-o à orelha e seguiu pela carvalho araújo adiante, guiando apenas com uma mão no fictício guiador maaaaaaaaaaaa, na, na, na, nahaaaahhhhhhh.....

3) o calota tinha aquele ar de bandolero mexicano, com as suas botas texanas de cano alto, blusão de veludo cotlê e um cinto de couro com uma fivelona enoooorme, metálica, em forma de cabeça de leão.

era um daqueles ciganos, digamos, mais pacíficos. sempre calado, olhar distante, um metro e sessenta e quatro de serenidade.

não posso dizer que era, digamos, maluco como o blé ou o chalana. tinha contudo as suas doideiras.

incluo-o aqui porque também o cheguei a ver com o seu auricular ligado a uma telefonia.

certo dia correu lá no bairro que o calota (é calita ou é calota, pessoal? deu-me agora um flash e confesso que estou com a travadinha. vão ali aos comentários validar-me a resposta, sim?) tinha feito das suas:

- o calota? mas o calota não faz mal a ninguém.

pois, isso é o que se diz. porém, daquela vez ele decidiu alargar os seus horizontes e meteu-se a descobrir outros locais: rua larga (a rotunda das olaias ainda era um mero projecto), barão de sabrosa, azinhaga da fonte do louro.... areeiro, gago coutinho... e, eh pá, tu queres ver que.... está ali uma janela aberta.

e estava mesmo. numa daquelas vivendas que existem na gago coutinho - que em tempos foram propriedade de famílias vintage, antes das crises dos finais do milénio as terem destinado a sedes de empresas - o bom do calota viu uma janela aberta. ora deixa cá ver o que é que acontece se eu saltar o a vedação do jardim e for ali espreitar à janela? e o calota lá foi. e espreitou. e colocou o seu pé direito sobre a cercadura de lioz, deu um impulso e foi um balanço tão grande que só terminou quando, duas horas mais tarde, a dona da mansão chegou a casa e viu o pobre do calota enfiado a dormir dentro do vale dos lençóis.

e num ápice, está o calota expulso de casa da grã-fina. julgo que nem a polícia chegou a ser alertada porque o pobre cigano apenas usufruiu das comodidades da realeza sem ter verificado existir ali oportunidades de alargar o seu património - quem sabe uma nova fivela para o seu exuberante cinto de couro texano -.

e calota regressa à barraca da sua picheleira natal.

à noite, na porta da cervejaria do príncipe careca:
- calota desliga lá a telefonia e conta-nos. entraste para uma casa duns ricos lá na avenida do aeroporto?
- a janela estava aberta...
- e enfiaste-te na cama lá dos senhores?
- eu nunca tinha estado numa cama assim... ai, nunca dormi tão bem....

acto prontamente remido perante tamanha pública contrição.

4) o antónio tinha o mérito de ser portador do maior número de alcunhas que a picheleira viu coroar: olho de peixe, olho de peixe-espada, olho de goraz, simplesmente olho, por aí fora.

o substantivo olho presente nestas alcunhas era elemento mandatório. isto porque o seu olho direito - esquerdo para quem estava de frente - estava... vamos lá a ver.. estava, assim meio caminho entre o acataratado e o vazado, digamos.

o olho, o mais famoso fumador de kentuckys que eu jamais conheci, era, talvez, ainda mais baixo que o calota ali da história anterior. sempre frenético no seu andar, assumiu por diversas vezes dois dos mais difíceis cargos que o clube do bairro podia disponibilizar: uma era ser apanha-bolas e a outra era, digamos, uma tarefa mais complicada.

não julguem vós que ser apanha-bolas era algo que reduzia as capacidades dum ser humano. reparem, o campo de jogos do vitória clube de lisboa, está (ai que ia dizendo estava) localizado, digamos, no fim do mundo. ou seja, está nos limites, não só geográficos, como também topográficos da picheleira - a picheleira é nossa, pessoal!

do gradeamento do campo em diante, havia uma sucessão descendente de curvas de nível que só terminavam na estrada de chelas. assim, uma bola bombeada por um atacante com a pontaria menos calibrada, só terminava, praticamente, na freguesia de xabregas. por isso, quando a bola passava as grades altas localizadas atrás da baliza sul ou do peão, logo se ouvia o grito de alerta «ó oooooolho, vai buscar a boooooooola».

e era ver metro e meio de gente, cabelo negro, habilidosamente esculpido com brilhantina, a serpentear desde o bufete, passando pelas traseiras dos balneários, atravessando o gradeamente ali pelo buraco perto do estendal dos equipamentos, disputando a corrida com outros petizes que tentavam socorrer a bola da catchumbo, das investidas dos moradores dos embrechados que por ali rondariam, na esperança de ganharem aquele troféu.

a outra tarefa que o olho desempenhava com brio e dedicação era ser uma espécie de personal security, afastando para as bancadas, as crianças que nos intervalos dos jogos invadiam o terreno pelado para se recrearem juntamente com os suplentes que ali ficavam a dar uns toques na bola «ó olho, manda o caralho dos putos daí para foooooooora!»

muitas, muitas vezes, bateu à porta da loja dos meus pais, com a sua telefonia telstar na mão sintonizada no programa do sala (terá sido o calota que lha deu?), solicitando à minha mãe:
- cosa-me aqui este botão, ó faxavor, cose-me?
- coso sim, entra lá que eu coso-te.
- obrigadinho, dona raquel.

nota: não se admirem se apareecerem por aí uns comments com correcção de nomes, acontecimentos, locais e afins. sou péssimo nestas coisas. o que eu sei é que malucos e telefonias sempre foram - e são - casamentos perfeitos.

quarta-feira, abril 29, 2009

mãe, já sou uma menina crescida

hoje fui comprar vinho tinto (desculpem o pleonasmo) ao supermercado. a senhora do balcão central facultou-me uma daquelas rodelas plásticas que parecem moedas de 50 cêntimos, para usar no carrinho de compras.

guardei-a no carro para utilizações futuras.

se a mantiver em meu poder durante mais que 4 dias sentir-me-ei a apaneleirar.

(credo, já guardo rodelas dos carros dos supermercados!)

quarta-feira, abril 22, 2009

a verdadeira força da verga

tudo bem, é francamente giro haver uma terra em portugal chamada picha.

mas convenhamos, eleva o grau de ironia saber que logo após a picha existe a venda da gaita.

(fotos em breve)

terça-feira, abril 21, 2009

pinga cultural




uns nos comments, outros por mail, alguns pelo messenger, todos, acredito, com aquela boa vontade de quem quer corrigir um lapso.

lamento, mas não, a foto está direitinha.

caramba, isto não nenhum mondrian! a garrafeira está assente no chão. está também encostada a uma parede. eu aproximei-me e captei a imagem fotografando as ditas garrafas vistas de cima. ora se as ditas cujas estão repousadas na horizontal, acreditem, não caem nem a pinga se entorna.

obrigado ainda assim aos que ainda se ralam com estas minhas coisas.

há dúvidas?

se houver é favor preencher em triplicado o impresso 43/b, à venda na rua da imprensa nacional da casa da moeda, e entregar ali no guichet onde está aquela senhora rabugenta a tricotar com umas coats & clarck. seguiiiiiiiiiiiiiiinte!

segunda-feira, abril 20, 2009

isto é só mesmo esta noite, filha!

não digo chato, mas é no mínimo aborrecido ou maçador que não haja um cabrão dum teledisco de jeito no iutube com o one night love affair do bráiã édames.

fico fodido, claro que sim. é a minha favorita dele, pô!



pedro bala

para evitar que surjam críticas nos jornais, nas televisões e nos blogs sobre a "utilização pornográfica da pobreza como leitmotiv duma história", será preferível que ninguém se lembre, por exemplo, de adaptar para o cinema os capitães de areia?

domingo, abril 19, 2009

tinha piada o jesualdo admitir que tinha sido penalti, mas mais facilmente a carolina escreve um livro.

naturalmente prejudicado (e obviamente, também beneficiado) pelas arbitragens ao longo de alguns jogos do campeonato, vejo o meu clube receber de bandeja um penalti não assinalado ao meireles.

foi contra a académica. preferia que não tivesse sucedido. contra a académica - um dos clubes do meu avô -, não.

sábado, abril 18, 2009

slam




a luísa costa gomes disse um dia ao carlos vaz marques que para ela um «bom livro» era um livro que a fizesse escrever.

vamos lá colocar desde já a fronteira no local correcto: eu não sou escritor, eu nem sequer escrevo, eu ando para aqui, como vêem, a vomitar postas de pescada. e da má!

mas ainda assim, das primeiras coisas que me lembrei quando li o slam do nick hornby foi: carai, eu passei por isto. isto é mesmo assim.

o livro conta a histório de um chavalo de 16 anos, filho de uma mulher de 32 (!) e que, imagine-se, engravida uma miúda da idade dele.

(já estão a ver a coisa, não estão?)

ok, nada disto sucedeu na minha vida. porém, quem nunca passou pelo cagaço que é ouvir aquelas deliciosas palavrinhas "o meu período está uns dias atrasado" é escusado tentar porque não vai perceber nem metade do que eu aqui digo.

quem já passou por essas aflições, quem nunca teve a sorte de ter lido aquele livro «subsídios para a compreensão da regularidade e/ou irregularidade da menstruação, dos óvulos, daquela coisa dos atrasos, do papanicolau ou do zé bento ali na racha - edições do "secretariado nacional para os putos que julgam que o esmegma já conta como sémem» e por isso ficou sem saber a gravidade da coisa, verá ali traduzidas em palavrinhas, todo aquele momento que decorre entre a altura em que a menina diz a tal frase e o momento em que é aberto o envelope, ali no primeiro vão de escada aberta a contar desde a porta da farmácia onde ela vai entregar o taparuére com xixi.

contudo, quem já teve a que se confrontar com o choque de ler lá no papelinho «positivo», encontra aqui um texto do camandro com um aparente realismo que é louvável. nunca passei por essa parte mas acredito que a coisa está descrita duma forma bestial.

o livro é muito, muito giro. francamente diferente do high fidelity - que eu acho que é um caso à parte -, com coisas que me recordaram o about a boy, muito melhor que o how to be good e o a long way down. quem andava meio... ora bem, não digo desiludido mas talvez, cansado com o nick hornby, acreditem, faz as pazes com o autor. de caras.

vão à net, investiguem nas amazones desta vida, comprem numa segunda mão em inglês e acreditem, mesmo os mais habituados a terem notas de 2 a línguas - como eu - lêem aquilo na boa.

é claro que este livro é também um retrato fidelíssimo dessa cambada de gajas que têm uma atitude perante a maternidade igual à que se tem quando se compra um ipod - palavras do narrador. aquela coisa do exibicionismo; da novidade; da cagança parva que os militares envergam e que usam quando carregam a criança; como se sentem já pessoas importantes e crescidas igual ao que fizeram no nono ano quando passaram a ostentar orgulhosamente os lusíadas junto dos cadernos, sinal que as distinguiam dos putos do ciclo. aquela coisa das fotos à pança «ai que gira olha a minha barriga»; ou do «tenho duas semanas de gravidez, já engordei 122 gramas. vou tomar nota, quero registar tudo»; ou ainda do «estaciono nos lugares reservados porque sim, porque sou mulher, porque estou grávida,
porque mesmo com 24 dias de gravidez é um direito que se me assiste e ...», ... bom vou-me calar!

quinta-feira, abril 16, 2009

casas

relações familiares permitem-me (e/ou obrigam-me) a visitar duas casas que algum do meu passado me «obriga» a caracterizá-las como «casas de facho».

estou brincando. quero obviamente dizer que são casas com um recheio de valor francamente apetecível.

nada contra. obviamente, tudo a favor.

estas duas casas têm em comum o facto de me provocarem um sentimento idêntico: duma forma exagerada - e obviamente inconsequente - digo delas que não era capaz de ter em minha casa, nenhum dos objectos que nelas habita. nem sofás, nem candeeiros, nem aparelhagens, nem nada. rigorosamente nada.

(repito, estou a exagerar. mas numa primeira, segundo ou terceira vista, a verdade é que nada nelas me é apelativo)

deixem-me fazer aqui um pequeno parêntesis. todos nós - digo eu - em diferentes períodos da nossa vida, andámos por algumas casas que por esta ou aquela razão, nos fizeram dizer ou pensar «ihhhh, quem me dera morar aqui». recordo-me, assim muito de repente, da casa do fred e do martin porque era (é, não é di napoli?) em plena avenida de roma, um sítio moderníssimo que até tinha, imagine-se, semáforos. estou-me a recordar, mais tarde, da casa dos meus primos de cascais, porque tinha duas casas-de-banho, dois skates da life - nada dessa coisa rasca que eram os roller não sei o quê - era perto da praia, tinha televisão a cores e, imagine-se, um aparelho de video u-matic. relembro também a casa do nuno que tinha, rigorosamente tudo o que era preciso para uma criança brincar: subutteo, mini hoquei em patins, tv a cores (apanhava o 2º canal na perfeição) milhares de livros da disney, almanaques dos espiões e, imagine-se, flippers. ah, e nos lanches, o pão, além de manteiga, era servido com fiambre e queijo, acompanhado com leitinho da ucal em garrafas. fino, portanto.

voltando às duas casas do início. dizia que apesar de serem fartas, não me sinto atraído por nenhum daquelas elementos. contudo, uma dessas casas, um apartamento, é moderna, sofisticada, toda cheia de gedjetes avançados, com um traçado rectilíneo e gizado a autocad, faz-me sentir desconfortável e sinto-a fria.

porém a outra, tem coisas ultrapassadíssimas, algumas velhas, muitas estragadas mas, é quente, acolhedora, cheia de bricabraques e talvez por isso, seduz-me e deixa-me derrotado quando a visito. imagino-me lá com menos pessoas do que as que nela estão quando a visito - normalmente em festas - imagino-me em outras horas do dia. imagino-me lá durante a semana e durante o dia. imagino-me lá a viver.

e tem milhares e milhares de coisas velhas - não necessariamente antiguidades - coisas desarrumadas, coisas boas, coisas menos boas, coisas doutros países, coisas doutras viagens, coisas...

e foi construída aos bochechos, acrescentada ao longo de algumas décadas, algumas das vezes com ligações que parecem ter pouco nexo arquitectónico. lá está, parecem. mas é só isso «parecem».

adoro aquela casa. tudo ali parece caído do céu e ao mesmo tempo tudo ali faz sentido. tudo parece desajustado e também todos aqueles objectos parecem ter - e têm, na certa - uma história por detrás. vendo mais ao pormenor, todos aqueles objectos encaixam uns nos outros como fotografias de pedaços da nossa vida, como fotos captadas nesta e naquela terra, neste e naquele país.

até os cães - enormes mas estranhamente dóceis e graciosos - fazem sentido e ficam bem naquele ambiente.

olho depois para a minha casa e fico a pensar quantas histórias precisam os nossos objectos ter, quantas objectos são precisos para fazer uma história e quanto «lixo» precisamos de não deitar para o lixo, para que as casas fiquem, isso mesmo, casas, lares?


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40

pronto, de maneiras que é hoje!



curiosamente ao rever este video recordei-me do primeiro under a blood red sky - monteiro, lembra-te, aquilo é uma missa! - que eu tive. vinha numa cassete basf de ferro, numa versão que houve com as etiquetas azuis escuras e foi-me gravada pela carla. ora, estamos em 83 ou 84 - 84, acho. - e a carla, para despachar trabalho, botou a agulha sobre o disco, largou a cassete e lá foi gravando. no final do lado a da cassete, coincidiu com o «sing this song with me. this is fourty.» e tunga! termina a fita. porém, quando virávamos a cassete para o lado b já apanhávamos com o «he lift me right out of the pit...». anos mais tarde, quando ouvi intergralmente o disco, reparei que entre o «sing this song with me this is fourty» e o »he lift me right ou...» havia por ali dois versos que a minha cassete não apanhava. foi assim que eu descobri que a carla, se baldou para a perfeição (eh, eh), virou a cassete, carregou no play e no rec e siga a dança. chegar a agulha para trás e começar o lado b no início do fourty? nahhh, isso dá muito trabalho.


k's




a capa depois do 2-2 e a capa depois do 0-1.

vivam as coisas boas do futebol português (desde que se entenda por futebol português tudo o que tenha nascido na madeira e jogado no andorinha)!

uma pedrada com camandro!

o golo de ontem, meus amigos, perdoem-me a imodéstia (ah, ah, ah!) foi mais coisa menos coisa como este* golo aqui.

juro, pá!

* não percam tempo a ler o post todo. vão logo para o 12º parágrafo!

quarta-feira, abril 15, 2009

isto não tem importância nenhuma

não exijo que os - poucos - comments que aparecem neste blog sejam assinados por autores identificados.

(era o que mais faltava, porra!)

mas fico triste, confesso, quando clico na identidade de certos autores e bato com os cornos em blogues de acesso reservado.

(quando vejo links lá no contador de visitas que vão dar ao mesmo sítio também dá no mesmo)

pronto, era só um desabafo. vão para dentro, vá!

para memória futura


atente-se ao primeiro parágrafo.

virão as alturas em que aparecerão os portistas
«macacos» defenderão equipas estrangeiras em jogos contra os nossos e vão ver meio mundo cair-lhes - e bem - em cima!

terça-feira, abril 14, 2009

the godfather wars

vem atrasado o aviso, mas mesmo assim cá vai: a vaniti fer de março - aquela que tem aquele preto que diz que «sim, senhora, a gente consegue!» lá da américa, tem, além dumas peligrafias da menina ana luísa muito bem tiradas lá ao pessoal que anda a trabalhar para, pronto, «sim, a gente consegue», uma reportagem do camandro - com fotos mûto lindas - sobre a rodagem do padrinho.

depois não digam que eu não avisei.

é atacar aí os consultórios médicos, pessoal. não tarda nada e a revista fica aí disponível nas salas de espera dos toques rectais e dos papa nicolaus.


quem vos avisa vosso amigo é.

aviso

este blog não apontará o castigo ao jesualdo como desculpa para a eventual vitória contra os ingaleses.

domingos

acho que já o disse por aqui: tinha a sensação, quando era puto charila, que certas coisas parvas que fazíamos nessa altura, acabariam por se extinguir no momento em que chegaríamos à idade adulta.

falo-vos, sei lá, de estar 23 minutos a discutir quem é que era melhor defesa-lateral, se o gabriel se o inácio. esta minha troca de impressões aconteceu nos primórdios dos anos oitenta e terminou quando o nuno pires disse «o gabriel tem bigode. nunca poderá ser melhor que o inácio» ao que eu retribuí «mas o inácio é do alt'pina. conheces alguém de jeito que seja do alt'pina?».

pronto, a discussão não terminava porque entretanto desviávamos a coisa para «quem é que era melhor em toques de calcanhar» ou quando um de nós vinha com, por exemplo, «o meu tio tem um colega de trabalho que conhece o pai do bastos lopes e ele é capaz de dar 342 toques sem deixar cair a bola no chão», era certo que haveria um outro que logo diria que isso não era nada comparado com - e nesta altura introduzia um jogador do seu clube de eleição - o fulano de tal, ou um sicrano qualquer. ou seja, o contraditório poderia ser «oh! mas o fraguito além de dar mais de 500 toques tem um remate que é uma autêntica pedrada»...

e pronto, como não víamos pessoas crescidas terem este tipo de troca de impressões julgávamos que simplesmente os adultos não perdiam tempo com estas coisas.

enganei-me.

uma das coisas que eu julgava que os crescidos não faziam era torcerem por equipas estrangeiras quando defrontavam clubes nacionais. recordo-me do firmino ter dito, em pleno pátio da escola, «hoje estou a favor do carl zeiss jena» e ter, quase automaticamente, levado um par de calduços vindos das mãozinhas dos benfiquistas paulo amadeu e luis abreu. julgava também que essas coisas tinham sempre origem em rivalidades com origem num ou noutro «macaco» portista que aparecesse num aeroporto a apoiar uma qualquer equipa estrangeira que viesse defrontar o benfica ou o sporting. essas atitudes eram invariavelmente censuradas - e bem - por toda a gente com a cabecinha no seu lugar e reforçadas por artigos escritos nos diários desportivos.

sejamos sinceros, eu não estou à espera que toda a gente diga que «na, não senhora, eu sou lagarto mas na europa, se o benfica joga, sou benfiquista». claro que não estou à espera. mas estou à espera que os que não pensem assim, não tornem pública essa ideia. pronto, podem ficar contentes que o seu porto continue na europa enquanto que o sporting é eliminado, mas carago, não espero que andem a dizer isso em voz alta. lá está, sempre julguei que isso eram atitudes desses «macacos» que por aí há.

em boa verdade, quem esteja habituado a dar vistas de olhos pelos jornais espanhóis, sabe que além de se estarem cagando para os bons resultados barcelonistas, os jornais "madridistas", regozijam-se quando o barça leva na pá, quer na na liga quer na europa.

não sei se repararam mas há uma semana o domingos amaral, de mansinho, apareceu na sua coluna do record, a dizer que estava a favor do manchester nestes quartos de final da champions. parece que passou ao lado de muita gente. dias mais tarde num crónica elogiosa para com a primeira mão desses mesmo quartos de final, o daniel oliveira iniciou a sua crónica nesse mesmo record, com uma conversa onde dizia que por princípio está a favor de qualquer que seja o adversário do fêquêpê, competições europeias incluídas. fala lá numas coisas relacionadas com um tal de bairrismo ou provincianismo que parece que os do porto têm e tal... mais umas mariquices aqui outras acolá...

hoje ou ontem ou lá quando foi, nova crónica do domingos amaral, agora a dizer que o porto empatou com o manchester e tal, que fez um bom jogo e mais o caralho, mas que há três anos o seu benfica eliminou esse mesmo manchester e até foi ganhar em anfield road contra o liverpool que era o campeão europeu em título. diz ainda para o fcp se pôr a pau porque o manchester estava cansado (tinha jogado 48 horas antes), jogou mal e que no dragão é bem capaz de fazer uma daquelas que fez contra o bayern naquela final em que passou de 1-0 para 2-1 já nos descontos.

e aos poucos começa a ser hábito vir para os jornais, descaradamente, apoiar equipas estrangeiras contra tímes lusos. uma maravilha, pertantes!

e pronto: aquelas coisas que nós julgávamos que os adultos não faziam afinal fazem; aquelas coisas que julgávamos que eram apenas uns «macacos» que faziam também há pessoas «ilustres» que fazem; aquelas coisas que julgávamos só serem ditas entre amigos numa boca «brincalhona ou provocatória» afinal também são escarrapachadas como uma opinião coerente elevada.

vão abrindo precedentes, vão, depois digam que se aleijam.

p.s.: eu não estou a dizer com isto que o empate em old traford foi uma espécie de levantar o caneco. aliás aquele empate, para mim, só faz sentido se no dragão houver uma exibição idêntica. ou seja não ganhámos rigorosamente nada. o que eu sei e tenho para mim é que qualquer clube europeu, repito, qualquer clube europeu, gostaria de levar para casa, para disputar a segunda mão duma eliminatória, um empate com golos em manchester. agora se depois consegue passar a eliminatória isso é outra louça. louça que eu não consigo vislumbrar. deus queira que me engane. a ver vamos. não é uma questão de fé, é uma questão de competência. não esqueçam porém que o platini não deve andar muito contente com estes resultados portistas. e se o porto calha a ser campeão - coisa que, francamente, não me passa pela minha sã cabecinha - é certo e sabido que haverão crónicas, artigos e posts que falarão na participação do porto nesta champions que não deveriam ter acontecido por causa do tas e ...

pmp

no tempo em que eu via telenovelas havia sempre uma personagem recorrente que fazia as delícias da minha - e não só - curiosidade. falo daquela coisa de pegar numa actriz, maquilhá-la transformando-a em feia, farsola ou enconada e, a certa e determinada altura da trama, colocar perante ela um gajo todo pra-frentex que obriga a referida personagem a transformar-se numa leide toda boa e grossa.

essa transformação era normalmente auxiliada por uma amiga toda jeitosa que pegava nela e ia às macondes lá do sítio, pegava nuns rímeles e nuns cráions transformando a gata borralheira numa cinderela.

tenho essa sensação desde que há cerca de 15 anos vejo na tevê a paula moura pinheiro.

é uma tipa que eu acredito que seja gira, mas que se lembrou de se apresentar inicialmente como uma espécie de siouxie sem banshees, chegando agora aos meus ecrãs já depois de algum algodão de pinque louchan desmaquilhante mas com umas melenas que teimam em cair-lhe para a fachada e que me irritam quase tanto como a franja da graça lobo.

tenho esperança de a ver um dia de cara ao léu, nem que para isso ela esteja, sei lá, de mola no cimo da pinha, de bata envergada, enquanto pousa o cotovelo no cimo do cabo duma esfregona, num intervalo da limpeza do seu dabliu cê.

é que não estou mesmo a ver hipótese alguma de a moça arrebanhar o cabelo de forma a que lhe vejamos as fuças.

(gosto dela).

aluado

rita,

pronto, consegui.

à segunda noite o
tempo estava friorento, céu estava limpinho, e por isso, graças a deus, estreladíssimo.

de laptop - como o próprio nome indica - sobre o meu colo, binóculos ao pescoço, stellarium ligado e lá estive eu, uns bons vinte e tal minutos (devem ter sido mais, não sei, confesso). de papo para o ar a localizar as bellatrix, castor, pollux, merak ou kocab desta vida.

é realmente giro e com esta coisa do stellarium é outra louça. sabes, com o livro fico sempre na dúvida se o que estou a ver no papel é mesmo o que está lá em cima. para já porque tenho imensa dificuldade - sabes que sou maçarico nestas coisas, não sabes? - em acertar com o mapa astral correcto para a altura do ano correcta e para a hora da noite correcta, mas com este programa é diferente.

continuo com pena que a versão 10 tenha uns drivers que não se dêem bem com o meu pc. uma bodega! mas pronto, a versão 9 já dá para brincar.

e tens razão, mesmo com os binóculos de cáca do meu pai - é o que se arranja - isto passa a ser outra dimensão. é mais coisa menos coisa como quando desata a chover, o pára-brisas começa ficar cheio de pingos e a visão fica turva. accionamos então o limpa pára-brisas e parece que melhoraram a dioptrias. foi também a sensação que tive quando botei os binóculos nos meus olhos e me transformei num vouyer celestial. havias de me ter visto, pá. eu ali todo contente de papo para o ar e tal... dava ideia de me parecer com os velhos ou os maricas que iam (será que ainda vão?) controlar meninos para o estádio universitário ou para a fnat.

e a lua? que coisa maravilhosa: os recortes, as montanhas, os buracos... cabrão de berlinde mais giro que anda lá por cima, não é? imagino como isto seja, assim com um newton dos valentes. dá ideia que se estivesse a acontecer uma missão qualquer daquelas amaricanas ou brejneievas que a malta até os conseguia ver a alunar lá no mar da tranquilidade.

pronto, não te maço mais. era só mesmo para dizer que a minha piquena esteve comigo também de papo para o ar mas não ligou muito à coisa. gostou da lua, já não é mau. exaro aqui em acta que: a orion é mesmo a minha favorita; que anseio pelo momento em que olharei para lá para cima do cimo da ajuda e fico a pensar se passado umas duas dezenas de noites de papo para o ar não ficamos fartos de olhar lá para as mesmas coisas.

ou será que depois vem um nível mais elevado que torna a coisa mais interessante.

é isso?

(gostei)



quarta-feira, abril 08, 2009

o meu herói

ahhh, deixem-se de coisinhas, elogios e mariconeras com o rapaz.

eu cheguei primeiro. vou instituir, vou atribuir, a mim mesmo, o prémio «blogger peregrino».

elogios agora? agora é fácil. nahh, eu é que vi primeiro!



terça-feira, abril 07, 2009

para memória futura



duas capas no dia em que uma equipa portuguesa defronta o melhor clube do mundo, na melhor competição de clubes do mundo, numa altura da prova em que já só restam apenas oito equipas.

a capa do record é previsível. a do jogo é francamente parva. estar a medir tamanhos de pilinhas - caramba, comparar a velocidade do hulk com a do ronaldo é uma afronta à nossa inteligência. imagino que desse uma caixinha de curiosidades no meio da página 12, agora como título da capa dum jornal? então isto significa que nós, portistas, vêem aquilo e logo pensam «o hulk corre mais, logo a vitória é certa!» - numa altura em que a pilinha não é para aqui chamada é algo que não consigo compreender.

pré-resposta a eventuais comentários dum fulano que dá pelo nome de di nápoli: não venhas para cá com coisas sobre o sporting que eu não estou aqui a pôr a capa do record para dizer mal de vós. isto sou eu, mais uma vez, a dizer mal dos jornais desportivos. há dúvidas?

segunda-feira, abril 06, 2009