quarta-feira, agosto 31, 2005

Inês



A minha sobrinha Inês, sete anos de idade, este fim-de-semana:

Momento 1)
- Ó Inês, como é que tu habitualmente me tratas?
- Então não sabes? Ou é por tio, ou é por Pedro, ou é por sócio.
- Sócio?!
- Sim, sócio.
- Ok, então trata-me por sócio.

Momento 2)
- Ó Inês, não consigo ligar para o teu pai...
- É porque lá em Góis está tudo avariado e não há Vónafóne nem Optimus.
- Vonafone?
- Sim, Vonafone e Optimus.
- Ah, compreendo.

Momento 3)
a conversar com a tia:
- Ó Sofia, deixas-me dar o bribron à Beatriz?
- O quê?
- Dar o leitinho pelo bribron.
- Ah, ok. Claro que sim.

Momento 4)
a visitar uma colónia de férias:
- Andam aí os miúdos e também vi uns mosqueteiros?
- Oh Inês, os mosqueteiros?
- Sim, aqueles miúdos que andam com uns laços ao pescoço..
- Não serão escuteiros?
- Ah, se calhar é isso.

Momento 5)
Dizia a minha irmã para os meus sobrinhos:
- Vá, pouco barulho!, Xárape!!!
Respondeu ela:
- Xanax, pá!

Momento 6)
- Ó Inês? Queres vir no meu carro ou vais no carro do avô?
- Vou no teu, porque o teu carro é fashion.

Momento 7)
-
Ó Inês, és bonita?
- Mais ou menos.
- E giraça?
- Giraça, giraça, não sou. Mas sou gira.
- E fashion?
- Fashion, sou de certeza.

Momento 8)
- Ó Inês o que é que queres ser quando fores grande?
- Quero ser massagista e mulher-polícia. Às 2ªs, 4ªs e 6ªs vou ser massagista e nos outros dias era mulher-polícia. Até tinha um cão e tudo.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Verano Azul - 25 años después

Finalmente confirma-se: vair haver uma nova série do famoso programa televisivo espanhol Verano Azul.

A TVE anunciou há dias que as filmagens iniciar-se-ão no próximo mês de Setembro novamente em Nerja. Ao invés dos famosíssimos Chanquete, Tito, Bea, Javi, Pancho, Piraña, Quique, Desi e Julia as novas personagens estarão ainda no segredo dos deuses.

Mas num furo jornalístico, do tamanho do déficit português, o Pipáterra conseguiu uma foto dos novos actores, captada em Nerja (local onde foi rodada a primeira série e onde se desenrolarão os próximos episódios) junto ao "La Dorada", barco onde vivia o malogrado Chanquete.

De cima para baixo e da esquerda para a direita temos: Ruy Pinto (Um jovem e pobre pescador de Nerja); Suzi Cariño (Esbelta operadora de caixa de supermercado, vive em Córdoba e, com os pais, faz as suas férias naquela vila piscatória. Tentará atrair Pinto, com chantagens e ameaçadores jogos de sedução); Mary Cláudy (Bailarina flamenga, trabalha num restaurante onde executa ao serão, arrojados passos de dança ao som do flamenco andaluz); Kosta Kaladovich (Emigrante do Ubzequistão. Jovem de precárias condições físicas, é cozinheiro no restaurante onde trabalha Mary Cláudy. Os seus olhos brilham quando observa pelas frinchas das portas da copa do restaurante, as firmes coxas da bailarina flamenca); em primeiro plano temos Montero e Tony Acero (dois irmãos andaluzes, montadores de carros tunning, percorrem as praias das redondezas nos seus potentes bólides, engatando e sodomizando turistas eslavas.)

Enquanto não chega Fevereiro...



Esta é a capa do disco mais aguardado deste ano (em ex-aequo com o Dynamite dos Jamiroquai).

O primeiro single já cá canta no disco do meu computador.

Galinheiros

Se o Baía fosse o actual titular da selecção e andasse a dar os frangos que o Ricardo deu nos últimos tempos, como é que era?

Não andaria o pessoal todo nos jornais a dizer "... ah, e tal, e o Ricardo é que devia ir para a baliza, e o Baía é um g'anda frangueiro e o caneco, e o Scolari é casmurro e tal..."?

Também já se percebeu que o Scolari não vai à bola com o guarda-redes portista, não é? Tudo bem. São ideias lá do senhor.

Mas agora imaginem como é que se devem sentir os outros habituais convocados para a selecção: o Quim, o Moreira e até (estou-me a rir enquanto escrevo este nome) o Bruno Vale.

Nestes últimos tempos, tenho estranhado a ausência de comentários do Jorge Baptista, do João Querido Manha e do José Carlos Freitas.

terça-feira, agosto 23, 2005

MPB FM - 90.3



Um dos hábitos que tenho quando vou ao estrangeiro é ouvir a rádio que lá se faz. No Brasil, não foi diferente.

Foi pois no outro lado do Atlântico que descobri a rádio mais surpreendente do mundo (sou exagerado, não sou?), a Mpb Fm.

Como o próprio nome indica, o grosso da programação é dedicado aos grandes nomes da Música Popular Brasileira (pois, esses todos, o Chico, o Gil, a Elis, a Simone, a Bethânia, a Gal, etc...), mas não só.

Fiquei logo apanhadinho. Realmente, ouvir ali, naquele lugar, aquelas músicas que fizeram parte da banda sonora do filme da minha vida fez todo o sentido. Senti que estava a colocar a última peça num puzzle. A imagem surgiu com uma nitidez fora do vulgar.

Lembro, por exemplo, com bastante saudade, na manhã de um dia de ano novo, passar pela Av. Vieira Souto ver ao longe o Morro Dois Irmãos, à esquerda na praia de Ipanema alguns casais dormiam abraçados, ressacando do cansaço dos festejos do reveillon, e nos altifalantes da telefonia do carro a Simone cantava numa voz de aflitos: "E todos os meus nervos estão a rogar, e todos os meus orgãos estão a clamar...". Achei aquele "quadro" o máximo.

Felizmente a Mpb Fm também emite pela internet. Quando a saudade aperta costumo vir até aqui. E às vezes sinto-me a passear novamente, pelas avenidas daquela cidade maravilhosa.

Férias

O sr. Sócrates chegou de férias e disse que juridicamente ainda não tinhamos tido nenhuma calamidade.

Sinceramente não sei o que foi pior, se ter tido o sr. Sócrates de férias ou se ter tido o sr. António Costa a substituí-lo.

E agora não sei o que é pior, se ter tido o sr. António Costa a substituir o sr. Sócrates ou ter o sr. Sócrates a voltar ao seu lugar.

Já agora, onde andam os jornalistas que no ano passado não paravam de malhar no governo do senhor Santana? Tu não me digas que a classe jornalística é toda de esquerda? Tu queres ver que é?

Olha, se calhar vai-se a ver e é mesmo. Ahhhh, já podiam ter avisado. A malta escusava-se de se chatear, não é?

segunda-feira, agosto 22, 2005

De noite

A minha filha apesar de já ter 1 ano e 5 meses, ainda não diz nenhuma palavra de jeito, só agora começou a mastigar, só há 2 ou 3 semanas começou a andar, não dá beijinhos, não dá abracinhos e só faz festinhas ao avô, aos cães e a um boneco que tem na cama. São coisas que não me chateiam. Mesmo eu, que tenho 36 anos, só há pouco tempo apreendi a fazer saladinha de polvo (e tenho de o comprar já cozido). Ela, pois, que se desenrasque!

Por isso, é com inegável prazer que verifico, que por vezes ela acorda de noite, chora durante uns 3 ou 4 segundos, vai ao fundo da cama buscar o seu biberão, bebe um bocado de água e volta para os seus sonhos. E nós continuamos no nosso quarto e nem precisamos de nos levantar. Maravilha!!!

Olhe desculpe, tem aí uma bocadinho de coerência que me dispense?

Bonito, bonito, era a autora deste blog ter posto esta fotografia, assim, manipulada (como fazem com os que não querem ser reconhecidos, nas peças dos telejornais).

Ou por outro lado, assim está bem, uma vez que a miúda aparenta estar bem de saúde (e é bem giraça). Se estivesse adoentada é que não podia aparecer, não é?

Mais leituras

No post anterior ficaram-me a faltar estes:

A dor das crianças não mente - José Pedro Namora

Porque convém lembrar de vez em quando que foram crianças que foram violadas. E além disso, um estupro (um só que fosse) custa mais na alma e no cu do que uns meses de prisão preventiva.


Memória das minhas putas tristes - Gabriel García Márquez

Bom, bonito, pequenino e bem escrito. O primeiro (isto pode querer dizer que se calhar podem vir mais a seguir) que li deste senhor da terra do pózinho branco.


Sul - Miguel Sousa Tavares

Alguns trechos já os tinha lido na Grande Reportagem (no tempo em que era a melhor revista portuguesa), outros li-os na primeira edição deste livro, agora reli esses e deliciei-me com os novos relatos.

(Madrinha: foi uma boa ideia, sim senhor.)


A canção no tempo: 85 anos de músicas brasileiras. Vol. 2 - Zuza Homem de Melo e Severiano Jairo

Sempre a música brasileira. Uma pequenina enciclopédia com várias histórias sobre algumas das músicas que mais gosto. Muito bom.

sexta-feira, agosto 19, 2005

Leituras de cama, maca e sala de espera

...e enquanto eu ali estava deitado à espera que as dores passassem, fui mamando livros atrás de livros:

Deception Point - Dan Brown


Talvez o mais equilibrado de todos os que já li deste autor. Não tão bom como o Código da Vinci, não tão espalhafatoso como o Anjos e Demónios (ai meu Deus, aquele final é uma merda tão grande!...), não tão chato como o Digital Fortress.

E sempre aquele pedal do caraças, sempre a abrir, capítulo atrás de capítulo.



Amor é prosa, sexo é poesia - Arnaldo Jabor


Crónicas com pinta de post de blogs. O Brasil sem papas na lingua.


Quando às vezes vejo polémicas na blogosfera, verifico que há certas pessoas que não têm um cêntimo da classe que este senhor tem. Poder de ataque puro e duro. Maravilha!!!



This ain't no disco: New Wave Album Covers - Jennifer McNight-Trontz


Para descansar a vista. Uma colecção com algumas das melhores capas de LP's dos anos 80. Coisas à séria. Em formato grande (nada a ver com aquele tamanho ridículo das fotos dos cd's).

Coisas do tempo em que um disco se ouvia durante, pelo menos, um ano.

Saudades. Ui, ui!...


Noites Tropicais - Nelson Motta

Foi uma revisão da matéria dada
Já o tinha lido em 2000. Continua a ser o meu livro favorito.



Jorge Costa - Jorge Costa, Carlos Pereira Santos, Rui Cerqueira

Em portugal não se fazem livros de futebol de jeito. Muito menos biografias. Ainda menos se o jogador (ou treinador, ou dirigente ou outra coisa qualquer) ainda estiver no activo

É sempre a mesma coisa. Lêem-se em 45 minutos e ficamos com a sensação que aquelas transcrições/resumos que vêm anunciadas nos jornais desportivos são as únicas coisas de jeito que o livro tem. É assim do género quando o trailer é melhor que o filme.


Mas pronto, é o meu Capitão de Maio (de Maio de 2003, de Maio de 2004 entre outros Maios)



Memória de Nova Iorque - João Lobo Antunes

Porque sim, porque foi um dos médicos que andou aqui a escarafunchar-me as costas, porque dá gosto ler coisas tão bem escritas.

E se tudo isto não chegasse, porque é muito mas muito boa gente.



A regra do quatro - Ian Caldwell e Dustin Thomason

Uma seca do caraças. Uma valente merda.

Pronto, faz de conta que não o li. Já passou.



O meu pé de laranja lima - José Mauro de Vasconcelos

Andava para o ler, seguramente há mais de 20 anos. E não podia passar desta.
Que delícia!


A long way down - Nick Hornby

Na verdade ainda não está acabado (falta só, assim um niquinho de nada).

Mas é bem melhor que o anterior (How to be good), mas não chega aos calcanhares do High Fidelity (bom, pensando bem, chega, assim, mais ou menos à cintura, vá lá!)

Pançuda

A propósito desta barriguda, dizia ela:

- Já tens mais tempo para leres os blogues? Ou ainda tens muita coisa para arrumar lá no escritório?
- Nã, já vou lendo qualquer coisinha.
- Tu viste as coisas que ela tens escrito? Aquilo é demais. Ela escreve realmente muito bem, não é?
- (sorriso)

quinta-feira, agosto 04, 2005

Speed

A minha filha já anda.

Até aqui tudo bem. O (meu) problema é que ela anda a uma velocidade muito superior à minha.

- Anda cá filha, anda cá. Ai as minhas costas...

Pecados da convalescença

Mais do que uma vez, dei por mim a gostar de ver os Morangos com Açucar.

Devem ser efeitos das anestesias.

Status



Quando era mais miúdo do que sou agora, achava miuta pinta ao pessoal que carregava para a escola os Lusíadas (para os mais distraído, é aquela cena em poesia que o Camões escreveu). Era sinal que já andavam no 9º ano. E eu, imberbe aluno do ensino preparatório, achava aquilo o máximo. É claro que quando cheguei ao 9º, gostei tanto daquela coisa que por lá estacionei dois anos a carregar com o raio dos Lusíadas.

Os sinais de status foram mudando com os tempos, veio a fase em que sonhava ter um Spectrum, uma Yamaha MR, um colete preto como o do Bono, etc. (tudo não passaram de sonhos!)

Na fase de adulto em que passei a cagar para essas gaitas todas, acompanhei de forma tangencial o universo de status dos outros. Ou era o pessoal que ia de capacete no braço para o Deck no Estoril e que nem sequer tinham mota (alguns até traziam o braço engessado, para dar aquela pala de já terem tido um acidente e tal), ou era o pessoal que se achava muito importante por conseguir entrar sem problemas no Seagull (bom, na realidade isso era uma ganda cena), ou porque têm um cabriolet, ou um apartamento com jacuzzi, etc.

O meu sinal de status é nem mais nem menos que um cartão da Médis. É com ele que me armo em gabarolas. Graças a esse bocadinho de plástico, tive (e tenho) a felicidade de poder ter ao meu dispor alguns dos melhores médicos do mundo (não estou a exagerar) a mexer cá por dentro do meu escavacado corpo.

Ai, meu rico cartão.

Contudo, e há sempre o reverso da medalha, este cartão não é de borla. A minha rica sogra (mais conhecida por Madrinha - assim mesmo, com maiúscula e tudo) faz-me o favor de mo patrocinar por troca com alguns serviços que há uns anos atrás, humildemente me pediu: tratar bem da sua filha (que nem sempre tenho conseguido, é certo) e impedir que a mesma roa as unhas (no qual sou um sanguinário vigilante: "tira já a mão da boca, pá!")

Obrigado Madrinha, lembrei-me sempre de si, cada vez que olhava para a tabela de preços (que não precisei de pagar) do sacana do hospital. Safa!!!!

Um mês depois



Um mês, uma autotransfusão de sangue, duas anestesias gerais, duas operações, dois recobros, uma hérnia discal para o galheiro, uma artrodese (ver figura em anexo) muitas picas nas nalgas, braços, mãos, uma infinidade de horas sem dormir, imensas dores, repito IMENSAS DORES PELO CORPO TODO, muitos telefonemas dos amigos

(98% não atendidos) (será que ninguém entende que nem toda a gente consegue, pode ou tem paciência para telefonemas ou visitas? será que ninguém entende que em velórios, na doença e na maternidade nós queremos é paz? deixem-nos descansar, pôrra!) (obrigado para os que tiverem a sensatez de enviar uma simples e asséptica mensagem),

muitas horas a ver o Goucha, o Malato, a Merche Romero, a Fátima Lopes ou o Jorge Gabriel entre outros, estou mais ou menos de volta.

Cuidado, portanto.