quinta-feira, maio 27, 2010

volta pavlov, estás perdoado.

sob canary wharf há um pequeno shopping. uma coisa de metropolitano e tal. vá se lá a saber porquê, sempre associei esse local a um cheiro, um perfume. 

está aqui à minha beira uma senhora com esse cheiro.

fiquei com vontade de lá voltar. 

we are the universe

a ver se nos entendemos. gostar de uma banda é gostar mesmo. é gostar do espírito da coisa. é gostar da terceira do lado b. isso de se dizer que se gosta de uma banda, não basta gostar de dois singles e usar a frase «gosto de van der graaf generator» assim, à bimbo, sem artigos nem nada.

dito isto, será ponto assente que eu não gosto dos muse. gosto de uma meia dúzia, tenho paciência para mais umas três ou quatro e depois, para as restantes, as tais terceiras dos lados b, para essas eu não fui educado musicalmente para as aturar. estão ali, no limiar do vasqueiro. já a roçar o «não consigo suportar isto».

mas logo vou vê-los com entusiamo. até porque, as tais meia dúzia que gosto muito, gosto mesmo, mesmo, muito.

mas tenho pena de uma coisa que me impressionou demais no atlântico, aquela magnífica abertura. eu já vi muitas aberturas de muitos concertos mas acho que não vi nada como esta. bem sei que pode ter sido efeito dum valente leitão e três ou quatro bjecas que estavam já no bucho mas duvido. é que foi mesmo uma valente entrada.

e tenho pena que logo, tenho a certeza, não vai haver aberturinhas como a do atlântico para ninguém. pode haver outras, mas como as do outro dia, duvido.

fica a memória.

cgd

já não faltava o rónaldo no sáite do bes, agora tenho a catarina furtado a passear no meu pc cada vez que tento ir à cgd. 

(não se consegue ver muito bem o cagueiro dela. mas como tem plataformas deve estar, assim, pró empinadote)


 

quarta-feira, maio 26, 2010

e agora?

sem west wing, studio 60 e lost para sempre, com o friday night lights ainda muito longe, o trauma sem saber se volta ou não.... não havendo alternativas, o melhor, se calhar, é desatar a ler.

livros, manuais de instruções ou coisas assim...

terça-feira, maio 25, 2010

tampas da sanita

a ver se nos entendemos:

- podemos deixar levantada ou não?
- e se a água estiver limpa, podemos?
- e se for uma gaja a deixar a tampa levantada, podemos criticar? 

segunda-feira, maio 24, 2010

rock in rio

ora se o rock é coisa que não abunda muito no rock in rio, não poderão os medinas serem acusados de vender gato por lebre?

sábado, maio 22, 2010

baile no bosque da bela vista



na verdade, é a presença do joão gil e do manuel faria que cortam o efeito lorenin evidente na carreira a solo do luís represas. que me perdoem o joão nuno represas (joão nuno, como diz a minha mulher), o artur costa (artur, como diz a minha mulher), o fernando júdice (júdice, como diz a minha mulher), o josé salgueiro (o zé salgueiro, como diz a minha mulher) e um ou outro que a minha mulher me dirá que não incluí, mas dizia, que me perdoem esses todos, mas são estes três aqui do vídeo do progrma do nicolau que eu gosto mesmo de rever. mas juntos, juntinhos, nada de carreirinhas a solo.

e gosto também do olhar da minha mulher quando eles estão a cantar. será que ela fumava ganzas naquela altura? e travava? e fazia gravatas ou tinha nojo do cuspo? 

uns vão rindo outros sorrindo outros vão de rosto de mudo....

... há quem simplesmente vá indo na fé que o vento varra tudo.

eu só peço que seja um concerto tão bom como o do campo pequeno em 2006.


e peço também que o senhor reginaldo se esqueça que teve carreira depois do blue moves. vá pronto, já que vou ter que o ouvir, pode tocar uma ou outra do a single man.

sexta-feira, maio 21, 2010

açucar

aos poucos, ando a deixar de colocar açucar no chá que bebo. um pouquinho hoje, depois recaio. depois volto a pôr só meio pacote...

e sinto progressos.

pelos meus cálculos, deixarei em definitivo o açucar.... deixa cá fazer contas.... lá para 2017.

(no mínimo)

felicidade

não sei se sou feliz. nem sei sequer o que é isso de se ser feliz. nunca o senti, mas sei o que é ser: belga, preto, futebolista, marreco, alto, magro e outras que tais. feliz, assim, feliz, pronto, feliz não sei.


não é preciso rebuscar noções filosóficas para entender que sei muito bem o que são momentos de felicidade. normalmente vêm associados com movimentos dos músculos da cara provocando sorrisos. normalmente, também, trazem esforços dos abdominais por causa das contrações provocadas por alguns risos que se transformaram em gargalhadas. em casos extremos, pessoas vizinhas ficam até contagiadas (ou contaminadas) pelo escarcéu, precisamente dessas mesmas gargalhadas.


(sei muito bem o que é a tristeza.)


ontem o dia teve muito de triste e muito, também, felizmente, de felicidade. ainda por cima uma felicidade que veio com a noite: quente, sem chegar a ser incomodativo, mas quente. e sem vento. junto ao mar. e as luzes da costa...


às vezes basta isto mesmo. uns momentos, aqui e ali - de preferência com cerveja -, de felicidade para equilibrar as coisas.

quinta-feira, maio 20, 2010

vítor

ouço na inenarrável antena 3, num noticiário de desporto (pois.....), um senhor dizer que há hipóteses de um guarda-redes de nome vítor - julgo que joga no grémio ou lá o que é - vir para o benfica.

acrescenta, então, em tom de brincadeira, a estranheza por um jogador, ainda por cima guarda-redes, se chamar vítor.

(que piadinha!) 

é que assim, à primeira vista, não me estou a recordar de nenhum guarda-redes de nome vítor.

é que nem à primeira vista, nem à segunda vista, nem, imagine-se, à terceira vista.


não me lembro, pronto!

ok, pronto, aceito que haja guarda-redes de nome vítor, mas pronto, jogam lá para o cascalheira ou o mija na escada...

deja vu

ontem, inesperadamente, tive uma espécie de deja vu ao assistir a uma deliciosa conversa da minha filha com um adulto que a inquiria sobre coisas, aparentemente, do reino dos crescidos: o que é ser criança?, o que é ser adulto?, tens namorado?, gostas de mim?, achas que a mãe gosta de ti?.....

é giro vê-la a tentar comportar-se como os adultos. assim, a armar-se, inofensivamente, aos cucos com os seus gestos, pantominices e cuidado nas respostas: inesperadas, tolas, infantis, assertivas....

fiquei a pensar o quanto eu gostava, quando era da idade dela, de estar, assim, a ser questionado pelo meu padrinho - que me amava e que o demonstrava, dentre muitas formas, permitindo que me sentasse nos braços do seu maple, enquanto eu ficava ali a ver as suas cãs prateadas e a escutá-lo - sobre estas coisas de geografia, dos mapas e de outras mariquices que me maravilhavam quando era mais calhordas.

fiquei com saudades. ficamos sempre, não é?


são incontáveis....

... as vezes que carrego, sucessivamente, nas teclas de aumentar o volume de som que estão ali junto ao volante, quando quero ouvir melhor a minha filha que vai lá atrás sentada.


(não te cures não)

o que não nos mata torna-nos mais fortes

frase mais besta, não é?

terça-feira, maio 18, 2010

webduc

é um tema que ainda não tocarei por algumas razões - muitas delas, razões de abraço, de beijinho na cara e outras coisas que não são para aqui chamadas, nem para o projecto. é uma coisa que me divide e por isso prefiro ficar de fora, sem dizer mal nem bem.


a imprensa desatou, estupidamente, a usar a palavra «controlar» nas notícias que agora dá sobre a coisa. sei que não é esse o espírito do projecto, dos mentores da coisa e, acredito, também não é o espírito dos que a ele aderem.


continuo a dizer que é uma coisa que me divide. divide e não é pela paneleirice de se julgar que pode ter falhas de segurança. (faz-me rir, essa questão).


mas quanto mais leio sobre a webduc mais sinto que as crianças precisam dum webduc para «controlar» os pais.


por ora, não digo mais nada.

segunda-feira, maio 17, 2010

ah joão, tocas mesmo beeeeeeeem! tocas muito melhor que o cabrão do espanhol que pôs a minha mãe a chorar.

a sensação que tenho é que não me recordo da última vez que me apeteceu gostar de um éle pê como deste. assim, como dos discos de antigamente: do lexicon of love, do la verite, do the colour of spring... sei lá, do this is the sea ou do once upon a time.

recordo-me que comprei os discos do jay kay com amor e carinho e, de 1989 em diante, sinceramente, não me recordo de outro disco assim, com pessoas que tenham nascido já na década de 70 a cantar e a tocar e tal. dizia, não me lembro de ter gostado de um disco assim.

isto é sempre prematuro, é verdade. actualmente, um disco é uma coisa tão estranha. nem tem fotos grandes ou aquela folha quadrada com a lyrics e isso... não tem pormenores gráficos, pronto. nem podemos dizer: é aquele que tem umas fotos do gajo assim e tal...

mas este salva-se por ter canções. canções giras. canções sem aquelas guitarras com aqueles estilhaços do rock de seatle que eu tanto odeio e inundam nas bandas, antigamente de alternativa mas que agora são mainstream. e depois, graças a deus, não tem baladas. baladas é coisa de mariquices. eu odeio baladas. baladas é como dizer toxicodependentes ou interrupções involuntárias da gravidez. não, foda-se! o disco tem é slows!. coisas que davam no acapulco, no up down, no central park ou no clube de roma. coisas de um gajo se roçar nelas e cheirar-lhes a pele atrás das orelhas*.





* ou então, por ninguém estar ali com vontade de dançar com miúdos piquerruchos e imberbes, fingir-se de cansado, ir até ao bar com um ar muito estafado e dizer: ahhhhh, cum raio, tive mesmo que parar...ufff, que matiné do caneco. oriente-me aí um gingâr eile, se faz favor....

ciclos

o estado devolveu-me o irs.

precisei de ir a lisboa.

a um sítio, mesmo, mesmo, à beira da feira do livro.

pronto, fiz estragos.

a culpa é do governo que me devolveu a coisa num dia em que o não deveria ter feito. 

sexta-feira, maio 14, 2010

porque é que a dois não transmite o jools holland?

eric gill - a mais linda de todas!

perfeita! imaculada!

a picheleira é linda



dois ou três pormenores que atestam que esta imagem foi captada durante a década de oitenta lá na minha aldeia:

- primeiro que tudo ser uma foto de uma mesa de aniversário. tenho pena, sou das poucas pessoas que ainda gasta uma das fotografias do rolo com uma imagem panorâmica da mesa.

- garrafas da sumol com rótulo impresso na garrafa e não em papel. aliás se há coisa que a sumol parou no tempo é mesmo com a sua imagem: feia, ultrapassada, bafienta. agora estão aí com uma campanha publicitária que não lembra a ninguém. pronto, lembra a quem a pagou e a quem facturou. a fruto real, com a colecção de imagens do homem aranha  no interior das caricas, estava, em 1981 (ou antes, talvez), uns 36 anos à frente da sumol.

- minis sagres das antigas. bem sei que é um pleonasmo dizer mini e sagres, mas pronto, está dito!

- carcacinhas sem buracos no seu interior. qual pão de leite qual carapuça, levas pão e vais com sorte.

- leitão? olha, olha, leitão, espera lá que eu já te dou o remédio p'á tosse. é frango e  cortado aos pedaços. nada de coisas do shopping - que só inaugurou bem mais tarde. frango e é do zé dos frangos!

- toalha de linha. feita pela mãe, na certa. acho que nem a bimby, nestes dias, faz crochet.

- queques comprados na praça, ali numa senhora que ficava junto da entrada, um nadinha antes da dona helena das bananas. reparem que estão dois pratos de queques!

- garrafas de porto e de anis, que não tinham ainda sido abertas, não foram nessa festa e julgo que ainda lá devem estar seladas. acho que em portugal ninguém bebe vinho do porto, pois não? oferecemos no natal mas depois ninguém bebe, não é?

- bolo de aniversário da pastelaria "ó máriiiiiiiiiiiiiiiisa, dá aqui um galão e um pão de lête p'ó menino do cigano, faxavôri. ahhhhhhhhhh, tadinho qu'stácomfomí!" carícia do tempo, acredito, em que o luís panzer era pasteleiro.

- como é meu apanágio, deixo para o fim o melhor: um salame e um molotof made in elvira dos bolos (ex- elvira das malhas). apetece-me dizer uma única palavra: respeito! mas não consigo, se havia pessoa amiga da canalhada era a dona elvira que volta e meia nos chamava e, abrindo um taparuére alto cheio de «cuzinhos» de salame, distribuía ali ao pessoal que só os comia, assim, em dias de festa.

restaurantes

gosto quando têm boa iluminação. assim, à bruta, luzes fluorescentes, como nas cozinhas dos nossos pais. nada dessa paneleirices das luzes indirectas ou spots que apontam para a nossa nuca, criando sombra no nosso prato, impedindo-nos de ver se estamos a comer a gordura ou a chicha do bife da vazia.

gosto quando os empregados, mesmo não sendo simpáticos, faladores ou com aquele ar de quem nos vai denunciar à pide, levam-nos imperiais à mesa quando o copo que já lá estava já só tem um dedo de cerveja.

gosto porém, também, quando lhes acenamos com o copo vazio, mesmo não dizendo nada, fazem aquela aceno, curto, sem alterar as feições, quase um gesto marcial, como quem diz, afirmativo!


gosto quando, ao começarmos com aquelas paneleirices meio a medo «olhe, sabe, se não for incomodar muito, eu agora queria...». que os obriga a interromper com firmes «queria ou quer?» que nos põe logo em sentido e nos obriga a exigir: traga-me o caralho da lista da sobremesa, ó faxavôr.

gosto de casas com petiscos. daquelas que quando chegamos lá não começam com coisas  parvas «sabe, mesas a esta hora é só para jantar....» mas quando eu falo em petiscos é coisas a sério: pica-pau, moelas ou pipis.... há quanto tempo não se vendem pipis?

quinta-feira, maio 13, 2010

coisas que não entende

gajas abaixo dos 60 anos, com mais cosméticos na cara que as velhas que frequentam a basílica dos mártires.

há qualquer coisa de anormal - ok, não é anormal, é risível. ok, só é risível quando estamos só os dois, é mesmo ridículo e vergonhoso - quando eu estou a cantar com a minha filha coisas dos abba

pai, gosto da tua barba porque é.... assim... insuflável, sabes?


pessoas que não percebo nos ginásios

pessoas que usam perneiras por tudo e por nada.

ora se vão fazer exercícios em que não é preciso, aquecer, substancialmente, os tornozelos. não é preciso, também, mantê-los quentes, botam lá as perneiras para quê? para esconder as chaves do cadeado e o dinheiro, assim, como fazem certas mulheres usando o soutien?


já repararam que há tornozelos que são um mimo? ok, não precisam de os ter iguais à rachel weisz mas caramba... precisam assim tanto de os esconder?

coisas que não entende nos ginásios

aquelas camisolas, usadas pelo público feminino, que têm uma abertura para a cabeça do tamanho da cintura de um elefante, e que obriga a pessoa que as enverga a estar, constantemente, a ajustá-la ao corpo porque lhes cai para os braços até à altura dos cotovelos.


qual é mesmo a intenção daquela peça de roupa? ora se aquilo não é confortável nem lhes cai bem, será que a ideia é existir um esforço activo, assim, obrigar as pessoas a mover os braços e os ombros para ajeitar a camisola?


p.s.: à noite, tinha uma professora de matemática que costumava levar para as aulas uma valente mini-saia. depois, num misto de «ai foda-se, que a saia afinal é mesmo curta» e «se eu mexer na saia pode ser que eles reparem mais nas minhas perninhas de alicate», estava sempre ali a puxar a saia para baixo. às tantas, o luciano, um gajo que assumiu ter-se matriculado a matemática para não aturar a sua sogra que passava as noites em sua casa, disse-lhe num tom carinhoso: ó professora, é escusado puxar a saia. ela não desce mais, é mesmo curta, acredite.

coisas que não entendo nos ginásios

pessoas que nas aulas de body combat usam luvas.

(é para quê? para se protegerem do ar? do oxigénio? nahh, deve ser do hidrogénio... é isso!) 

quarta-feira, maio 12, 2010

o mano do maracanã português

vamos supor que ainda há jornais desportivos. vamos supor que há pessoas que ainda lêem jornais desportivos. vamos supor ainda que há pessoas que ainda lêem as crónicas dos jogos de futebol. já não há, pois não?

as pessoas compram jornais para verem as fotos, saberem a opinião deste ou daquele ex-árbitro em relação à sarrafada do bruno alves, lerem as piadas das pessoas dos gato fedorento e, numa vez ou outra confirmarem qual vai ser o próximo treinador ou contratação do benfica. agora crónicas sobre jogos? reparem, não estou a falar sobre crónicas de futebol, falo mesmo em crónicas sobre jogos, sobre coisas que aconteceram nesses jogos, sobre jogadas, faltas, tabelinhas (ai, que saudades de quem falava sobre tabelinhas, foda-se!), nahhh, já ninguém fala sobre isso.

e já ninguém fala sobre isso porque o jogo, as jogadas o ser melhor jogador do que aquele outro, isso deixou de ser importante. pelo menos em portugal.

eu gostava de dizer que desde uns dois ou três livros que há de crónicas do nelson rodrigues (que deus tem! deus ou o diabo, também vos digo.) até agora, às coisas que o maradona escreve no seu blog que eu não encontrava alguém tão, mas tão bom a falar sobre isto: jogadas de futebol.

(deus queira que nunca venha a escrever sobre futebol num jornal) 

segunda-feira, maio 10, 2010

quem não te conhecer....

eu já tinha percebido isso quando o meu pai, ao longo da vida, reencontrava este ou aquele amigo com quem tinha partilhado a mesma poeira dos caminhos da aldeia onde nasceu e cresceu. havia naqueles reencontros algo que eu não só não entendia como também era, quem sabe, revelador que um outro pai eu tinha tido que não conhecia. como se fosse a versão 1.0.3 do meu pai.

dava a impressão que os risos, as histórias, a recordação o alteravam. não ficava louro, alto e entroncado, nada disso. mas dava a ideia que ficava.... não sei explicar muito bem, ficava mais descontraído, mais verdadeiro, mais genuíno. dava a impressão que não tinha, perante aquele amigo, que justificar rigorosamente nada e não tinha sequer que exercer nenhuma regra protocolar do bom senso e da boa educação. estavam a recordar histórias antigas, com o ar e as gargalhadas que largariam caso ainda tivessem 8 anos.

acontece-me o mesmo quando reencontro amigos de outras era (às vezes, dada a distância temporal, era é mesmo a palavra mais correcta). dá ideia que por eles terem assistido às minhas primeiras versões e visto como é que eu ficava do calças de boca de sino ou camisas com volutas ou até a clássica meia branca, por causa destas razões aleatórias que realmente deixam de ter importância a postura, a contenção do riso, o brushing das senhoras, a atitude adulta das golas engomadas, a eventual localização do condomínio onde as pessoas residem...

nos últimos três ou quatro anos, ao rever uns molhos de amigos numa meia dúzia de ocasiões mais solenes (ah ah) e numas outras mais reles (ah ah, outra vez), presenciei a forma como nos despíamos destes casacos de adultos e desatávamos, sem pudor nem travões, a falar e a discorrer segredos - tanta vez guardados com cadeadinhos - ou outros assuntos antigos que nalguns casos tinham deixado marcas e cicatrizes mais ou menos profundas. droga, frustrações da universidade, guerras com divórcios, problemas com os filhos, relações com os pais durante a adolescência, relações com os irmãos durante a mesma adolescência...

é giro ver isso. ou pelo menos é curioso ver isso. 

às vezes penso o mesmo com alguns blogs que relatam situações pessoais. acho que há blogs que só deveriam ser lidos por quem realmente conhece os seus autores. perguntava-me um dia alguém, por email, se tal disco era mesmo, na minha opinião, o melhor disco de sempre. respondi-lhe, então, que caso ele estivesse com atenção, eu já tinha atribuído esse título de «melhor disco de sempre» a uns bons 15 discos. este é um pequeno exemplo, meio tolo, parvo e que atesta a disparidade e a falta de coerência deste que aqui vos escreve. (se perscrutarem bem, encontram aqui escrito que o pepe nem sequer é jogador para o porto. viu-se!)

mas há outros exemplos, que eu julgo serem, bem mais graves. precisamente porque referem assuntos que são usados para credibilizar, branquear, enaltecer, enobrecer, ou embelezar os seus autores. blogs, imagine-se, uma coisa aparentemente tola e fugaz (nem sempre, é certo) ser palco para tanta e tanta mentira e cagança: o emprego que parece vistoso e não é; a erudição que parece valiosa e esconde uma perturbação social (para não lhe chamar outra coisa); o carro potente prestes a ser levado pelo leasing; a amizade com esta e aquela pessoa lá apregoada no blog e que afinal não passa dum friend no facebook e outras, outras coisas.


há quem diga que o blog não reflecte a nossa vida e que a nossa vida não é o nosso blog. não posso estar mais de acordo. contudo, quando há posts que contêm as expressões: «eu acho que...»; «na minha opinião...»; «o que eu penso sobre isto é....».; «ah, eu cá faço é assim...»... quando aparece isto escrito, meus amigos, não me lixem, querem dizer o quê?

lá está, só acredita neles, quem não os conhece. como dizia a minha mãe «olha filho, nariz no cu faz trinta e um!» 

um livro

um livro. um simples livro. caramba, comecei a lê-lo a medo - como faço com todos - teve ali um parto um pouco difícil mas depois encarrilou e seguiu numa velocidade estonteante, apesar de aqui e ali ter algumas curvas mais apertadas. é normal.

um livro que me revolveu por dentro, um livro que curiosamente toca, tangencialmente, e não só, nas fundações da história da minha família.

um livro muito bem escrito - mera opinião pessoal - e que me mostra que, realmente, há escritores e há ou outros, os que publicam uns quantos parágrafos alinhados num livro.

caramba, um livro que me emocionou. um livro que, se calhar, me faz olhar para algumas pessoas duma forma diferente - ou não. não sei, ainda não sei....

não interessa o título, não interessa o autor, interessa simplesmente que é um livro. 

pronto, é isto, um livro.

uma coisa tão arcaica quanto isso, um livro.

domingo, maio 09, 2010

reservas do marquês

eu não quero ser nem parecer empata festas, longe disso. festejem para aí com força que eu sei bem o que é isso. mas estive esta semana na feira do livro e andava lá pelo parque eduardo vii um senhor, assim meio velhote, estupidamente zangado, porque desde abril que lhe andavam a pedir para reservar o marquês (marques, como tem aparecido no facebook) e depois ninguém aparece.

- telefonam para aí, pedem-me para colocar uma tela dos pés do leão até cá em baixo e tal... todas as vezes ando ali a dar lustro ao lioz e depois... nicles, ficam em casa.

lá me explicou que é ele que toma conta das reservas da coisa e, muito consternado, dizia para quem o quisesse ouvir, que se não aparecerem hoje não se chateia mais e fecha a loja. ou é hoje ou então não!

(e olhem que estava com ar de que era mesmo como ele dizia.)

sexta-feira, maio 07, 2010

percebe-se que cresce.

- ó pai, em vez* de mimos eu quero que me passes a coçar as costas. isso, aí, com toda a tua força. isso, com mais força!, vá, não tenhas medo!

* em vez? claro que nunca é «em vez» mas sim, sei lá, «juntamente com» 

samuel

porque é que só se encontram dois livros do sam shepard em portugal?

quinta-feira, maio 06, 2010

identifique-se...

... o galego que achou por bem usar botões com cinco milímetros de espessura aqui na minha camisa.

eu tenho a certeza que se fosse gaja, partia 3 unhas de gel e lascava mais 2 cada vez que a abotoasse pela manhã.

(a ver se falo com a minha mãe para me abrir as casas aí uns 3 centímetros - mínimo - para cada lado) 

descoberta


é maravilhoso estar presente, ali ao lado, a assistir ao suspense, à excitação e ao sorriso de encantamento, quando ela descobre que afinal, usando um búzio (ou dois, se quisermos ouvir em estéreo), se consegue fazer um leitor de mp3, sem bateria nem nada, com sons do mar.

quarta-feira, maio 05, 2010

de dé, de de re de

ora o benjor só lá foi para acompanhar o zeca no ogum. mas com o benjor presente (e não só) é impossível não soltar um de de de de re de. e o zeca soltou. e o povo foi atrás. e lá de trás também, saiu de novo o benjor. e depois...

bom, quem quiser vá até ali ao 4´35´´ e veja com quantos paus se faz uma canoa.





quem diz um ésse ou um éne, diz uma simples bolinha vermelha como no filme pato com laranja

gostava muito que aqueles caralhos lá da administração do facebook criassem uma marcazinha que nos informasse - bastava um simples s ou n apenso aos nomes das gajas que os nossos amigos e amigas adicionam - se nos perfis há fotos de gajas com bons decotes e tetos proeminentes, bem como rabos empinados.

(eu até era gajo para explicar por que é que gostava que isto acontecesse, mas tenho a certeza que há muito boa gente que neste momento está a abanar a cabeça e a pensar: foda-se o tempo que eu ganhava se esse puta dessa marcazinha existisse)

vai tu!

na escola, na rua, no trabalho, no trânsito por aí fora, aprendemos ao longo dos anos a afinar e a apurar respostas a insultos. o vai tu é, provavelmente, o best seller. o mais usado.

tem claro as suas variantes: «vai tu, meu valente cabrão», «vai tu, puta dum caralho» e por aí fora. há depois, claro, em vez dos «vais tu», também há os «és tu»: «sim, és tu, meu estilhaço de punheta», «sim, tu, que a tens maior que a meia lua»....

agora em relação aos elogios já a coisa pia mansinho. as pessoas não sabem, realmente, responder aos elogios. acham que um "obrigado", assim, simples e asséptico é coisa pouca e depois, atrapalham-se e desatam a desfiar palavras, palavras, palavras que nos faz pensar que se calhar o elogio veio a despropósito.

há pouco mandei um email a elogiar um trabalho. na resposta vieram palavras como: feedback, precedimentos, nou áu, âmbito de delegação de poderes e por aí fora....

(fiquei sem saber se ele gostou do que disse ou não)
(mas tentei, juro que tentei.)

carinha laroca no meio dum comício

terça-feira, maio 04, 2010

(dizem que costumo atrair os malucos)

- .... endossar e isso eu sei fazer, colocar o número no verso e tal, a quantia por extenso... mas agora a data...
- a data?
- sim, quando tenho que colocar as datas nos cheques... olhe atrapalho-me!
- ....
- ora, dois mil e dez. isto é mês, ora maio... então... mês cinco, já está e dia... quatro!. espera agora tenho aqui um espaço em branco. oh que gaita! e não é que me enganei mesmo? agora ficou dia quarenta de maio de dois mil e dez. acha que passa?
- ....
- espere já sei, escrevo 2010/05/0405.

sono mineral

gosto das pianadas do senhor bittan

the rangers had a homecoming in harlem late last night...

segunda-feira, maio 03, 2010

... de nombre comercial buque!



ai que se o vento não abranda, para eu poder ir à feira sem alvoroços, podemos ter a certeza absoluta que temos a burra nas couves.


olha, apanham-me num dia bom, apanham!

só, naquela, para me ir preparando,...

... até que idade brincam as meninas com bonecas?

domingo, maio 02, 2010

esta é daquelas....




.... que tem partes lá na letra que poderíamos recortar e pespegar num post, só com o vídeo, assim, com aquele espírito «à lá bairro alto» e mais o caralho.

mas pronto, peguem vós na tesourinha (usem a de bicos redondos para não se picarem e tal...), recortem como vos der na real gana e usem ao vosso próprio gosto.


em agosto de 1987, assim bem no iniciozinho, numa madrugada bem quente, aconteceu este diálogo, com o live in the city of lights a tocar lá por trás, esperando a chegada de algumas pessoas que tinham ido ao pão quente a góis:
- e gostas mais dos u2 ou dos simple?
- agora?
- não estou a perguntar agora?
- estás.
- então....
- dos simple.
- eu também.
(sorrisos dos dois lados) 

nomes

já me chamaram cabrão, maricas, filho duma égua, totó, tosco, zequinha, nariz, tudo, já ouvi de tudo.... empata fodas também.

agora mandarem-me à cara que sou empata reservas.... haja decoro, ora!

carabinieri


 

heldinho, meu querido, olha-me só a classe que este teu amigo imprimiu neste petisco. tu consegues imaginar bem a coisa? no fim, espetei-lhe assim um risquinho de mostarda, uma coisa suave, com muita soupless, assim a imitar um rasto de lesma, topas?

sabes que é por causa de coisas destas que há gajas que até chegam a dar a peidinha. dizem que é com uma promessa de inclusão na guest list do silk mas é tudo tanga, são mesmo coisas como estes carabinieris que as fazem desaustinar.

sábado, maio 01, 2010

nigella e as suas belas prateleiras*



veio deitar-se na nossa cama, ali no meio de nós, estremunhada e sem sequer emitir uma única palavra.

abriu a mesinha de cabeceira e de lá retirou o comando. queria que lhe mostrássemos uns bonecos animados. fiz-lhe a vontade.

no zapping exigiu que eu parasse na nigella. ali ficou. eu continuei a ler, ela e a mãe ia fazendo comentários femininos aos acepipes.

no fim do programa aparece a senhora, juntamente com a sua família, na sua sala. chamou-me a atenção o facto de ela ter lareira (que maravilha, uma lareira) e de ter quilómetros de prateleiras repletas de livros (que maravilha... uma sala forrada a livros).


industriou-me a minha mulher «mas olha que os livros são todos de culinária!»


(pronto, foi-se me o tesão pela bifa! aquilo é mais ou menos como os contabilistas terem dossiers de facturas na sala de jantar, ora.)


(ah, durante o pequeno trecho do programa, não a vi usar nenhuma bimby.)


(nem referiu uma única vez as palavras: bairrada, negrais, meta, aguada, pedro, caneira....)




* vêem como eu vos enganei?

e depois há livros....



... que «pedem» alguns marcadores.

eu não gosto de autógrafos...

...mas gosto de bacalhaus. ele hoje esteve na feira do livro. não era capaz de lhe pedir um rabisco com o nome dele, num livro comprado por mim. 

ahh, mas dava-lhe um bacalhau e uma tampinha nas costas. isso dava.

(se ele estivesse para aí virado, não é?)