sexta-feira, fevereiro 27, 2009

o efeito rui costa

encontro isso, por exemplo, nos posts do grande cavaco. encontro muitas vezes nos posts da minha querida xana. falo-vos duma coisa que considero, digamos, curiosa, que consiste em apresentar uma fotografia - por vezes também pode surgir um curto texto -, titulando-a com frases iniciadas pelo verbo "gostar", sempre no infinitivo, seguidas da preposição "de" e completadas com uma coisa qualquer alusivas à imagem.

ora, este tipo de posts, francamente inócuos, estão para a blogosfera como estão para os fléche interviú após jogos de futebol o uso da terceira pessoa do singular para designar actos cometidos pelo próprio:

- rui costa, sentiu dificuldades acrescidas por estar a defrontar o vizela?
- sim, o rui costa sentiu as dificuldades habituais quando uma equipa grande defronta uma outra que joga fechadinha lá atrás...

assim, o truque nestes posts é esconder o verbo lá bem atrás do infinitivo pessoal e desprezar o uso de pronomes pessoais. nunca mas nunca mesmo podemos dizer "eu gosto de manhãs de domingo". nah, nada disso. bonito bonito, além de ser sentir o colhão a bater no pito, é escrever apenas «gostar de manhãs de domingo».

dá uma certa cartonância à coisa.

quem está mais batido nestas coisas acrescenta-lhe uma conjunção. assim como o vicente titulou aquela peça com o nome «monólogo do vaqueiro ou auto da visitação», também lhe dá um ar mais erudito se apresentarmos uma alternativa à imagem mostrada. exemplo: mostrar uma foto de cinco cacos espalhados no chão da cozinha e legendá-la com «gostar de pvc ou escavaquei outra caneca de barro do serviço que a minha sogra me ofereceu quando foi com o meu sogro naquele cruzeiro organizado pelo inatel por cadiz, fez, almería, ceuta e alicante». se o título for comprido tanto melhor.

cada um tem a sua mania. anda por aí um cabrão dum mete nojo que, por exemplo, não escreve com maíusculas. paneleirices, é o que é!

eu gostava de saber fazer essas coisas do gostar de... mas penso no assunto e só me recordo do gostar de ti do paulo de carvalho.

mas pronto, não custa nada tentar. por isso, inauguro aqui a minha rubrica «gostar de». aproveitem, só vai ter dois posts: o primeiro e o último. este mesmo que agora lêem.

darei o meu melhor. cá vai:

gostar de almofadas desarrumadas ou de sofás com rodinhas




gostar de mel ou ó senhor doutor, olhe lá esta cárie neste molar lá do fundo




gostar de espanholadas





gostar de pedra





gostar de canelas






gostar de palha ou ó filho, vem comigo para o restolho





gostar da reflexos ou faz-me lá então o teste de despistagem do cancro da mama, fazes?

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

o grande púbico

o jornal público, naquele rectangulozito onde surgem os mais e os menos do jogo de ontem do sporting contra o baiér, diz que o schweinscoiso leva um sinal menos porque, passo a citar "a única estrela do bayern que não brilhou em alvalade. por isso, está no negativo."

pronto, é isto o grande jornalismo português.

e se calhar são também estes que se queixam dos relatórios dos observadores das arbitragens.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

dá deus dentes a quem tem em casa um paulo maló

o que se deve fazer a uma mãe que eu cá sei, separada do pai das suas crianças, e que pura e simplesmente não é capaz de informar o seu antigo quebra-bilhas que há acontecimentos escolares porreiros que ele, pronto, digo eu, era capaz de achar piada ver, como por exemplo: festas de natal, festas de carnaval, festas de...?

o que é que sente uma criança por ver, repetidamente, o pai dos seus colegas de turma nos eventos da sua escola e raramente encontra (por culpa da mãe) lá o seu pai?

se eu, sem querer, atenção, repito, sem querer, der uma belinha - estava a pensar num carolo mas lembrei-me que depois aquilo faz um dói-dói muito grande... - no seu frontispício será que o menino jesus depois se zanga comigo?

dar a volta


a minha filha não percebe nada de ecografias e afins. a minha filha é uma valente tangosa.

instada a comentar o que os seus pais viam aquando duma visita à sua sala de aula, a minha filha explicou que "aquele" determinado desenho que se encontrava na secção "desenho livre" representava uma mãe com um feto no seu ventre, já no seu estádio final de desenvolvimento.

acrescentou ela que "e como vês, paizinho, o bebé já está com a cabeça para baixo. já deu a volta e tudo. e aqui há volta estão os girassóis do van góde".

não é preciso ir tirar um curso à alemanha para verificarmos que a cabeça ainda não deu a volta.

é uma tangosa, é o que é!

eu afinal...

... também tenho algo a dizer lá sobre a pachacha escancarada que foi confiscada lá na feira do livro: dêem-lhe uma gilete por favor. ou quanto muito, recomendem-lhe a belinha depiladora (vai a casa. orçamentos grátis.)

foi ela por ela.

o povo não perdoa. mas eu sei que tolera.

tolera com mais facilidade os golos perdidos pelos atacantes que os frangos consentidos pelos guarda-redes. para mim têm o mesmíssimo valor.

contudo, serão os referidos frangos que virão referidos nas crónicas, nos posts e afins e nunca, mas nunca, haverá uma crucificação daqueles falhanços do rodriguez, do hulk e do lizandro.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

o primeiro? nah, o segundo!

ora segundo as minhas contas a coisa aconteceu no verão de 1984. o verão do against all odds, do when doves cry, do prémio revelação do verão que foi a paula da praceta - e que o tempo veio a confirmar como o melhor rabo na categoria "a pedir mão de mexer" que já caminhou pelos passeios calcetados da rua frei fortunato de são boaventura - do meu chumbo no nono ano e, justamente por causa deste último acontecimento, por imposição da mãezinha, da maior série consecutiva de idas diárias à missa.

a falta de ordeca por parte da família para me deslocar à praceta, precisamente para estar junto dos meus melhores amigos e dos tais rabos torneados, fez-me deslocar as minhas atenções para reles jogos de espiões na traseiras da tasca do zé careca.

ir para esse lado da picheleira em detrimento da praceta fez-me aproximar dum grupo de pessoas que não tinha, digamos, gajas. era, pois, um grupo mais virado para a competição futebolística. assim, disputaram-se alguns torneios - curiosamente jogados a apenas uma mão, a um jogo e no modelo "muda aos cinco e acaba aos dez" - contra uma equipa de maduros moradores na quinta dos embrechados da classe "sem ciganos".

não me recordo já de todos os jogadores mas sei que nessa equipa jogava o baterias, o irmão mais novo, o mário cabeçudo e, presumo, mais uns quantos que não faço a mínima ideia quem eram. na minha equipa, a memória também já me atraiçoa. sei, contudo que haverá um gajo ou outro que me lê e que se ainda os tiver no sítio - os neurónios, claro - acrescentará as necessárias informações que enriquecerão este divino post. bom, que me lembre, tínhamos repescado o jorge "capellini" duma transacta equipa da capitão roby para a nossa baliza, sendo a linha atacante composta por mim, lá atrás; no meio campo ficava o pires que
usava e abusava daquele drible popularizado pelo futre e que consistia em apontar com o dedo indicador direito o local para onde fugiria com a bola ao mesmo tempo que a mão esquerda ficava ali meio morta como se estivesse desprovida de tendões no pulso; lá mais à frente, o outro jogador era o brux e aquela sua infinita, eficaz, imensa e perene finta a dois tempos que consistia (consiste, suponho!) em pisar a bola puxando-a para perto do seu corpo afastado-a do adversário ao mesmo tempo que ela é passada para o outro pé deixando o outro jogador para trás enquanto arrancava em direcção contrária.

ó brux, fico na dúvida se em vez do capellini não era o saraiva o nosso guarda-redes. é que o capellini, como te bem recordarás esteve nas nossas balizas naqueles torneios contra o casal do pinto, os embrechados e a praceta. estou aqui a pensar melhor e nesses jogos contra os baterias ele não jogava, pois não? era o saraiva que nos defendia, não era? bom, vamos supor que sim.

ora bem, essa equipa dos baterias era formada por pessoal que tinha passado a vida inteira em barracas e tinham sido alojados num prédio de habitação social ali bem perto. ou seja, tinham agora casas em melhores condições que nós: sem verdete nos tectos da casa de banho e sem vidros das marquises partidos ou até inexistentes. eram uns gajos sem classe nenhuma e que jogavam simples, sem invenções e com muita trancada. além disso tinham treinador. eram orientados pelo pai do baterias. um homem alto e gordo que ficava ali junto da tasca do zé careca a orientar os ataques da equipa dos seus filhos.

os jogos eram disputados num belíssimo campo com terreno em terra batida no meio campo mais perto do prédio dos baterias e capim na parte mais afastada. uma das balizas era constituída por dois valentes calhaus e a outra, essa sim mais oficial, estava desenhada a ytong, na parede do referido prédio do baterias.

ora, apesar dos baterias serem uns putos feios e toscos a verdade é que davam valentes abadas a nós,
jovens "burgueses" da capitão roby. aquilo era inevitável, nós bem andávamos ali com fintas e fintinhas - atenção que eu nunca fintei na vida. era um central que limpava o jogo aéreo com a "souplesse" dum, digamos, lima pereira. agora fintas? nem pensar. - mas no final acabávamos sempre por perder. recordo um jogo em que chegámos a levar 10-2, uma vergonha para a velha guarda daquela nobre capitão roby. e por mais desforras que viessem, mais abadas apanhávamos. aqueles cabrões dos baterias jogavam como o boavista campeão: muita corrida, muita remate, muita disputa.

mas houve um dia, bom, um dia em que decidimos resumir num último jogo tudo o que tinha sido disputado naquelas férias. nesse jogo esqueceríamos todos os golos marcados, todos os sofridos e também todas as derrotas. esse jogo seria o do tudo ou nada.

e para não variar começámos por levar com uns quatro de seguida quase sem tocar na chicha. houve uma leve ameaça quando lá chegámos aos 4-3 mas daí a pouco estávamos já a levar 8-3. e é nesse momento que eu me chego à beira do brux e do pires e quase a espumar de rancor lhes digo para se deixarem de fintas e coceguinhas e desatassem a rematar à baliza do mano mais novo do baterias, porque eu iria ficar plantado lá atrás, sozinho, cheio de raiva, a defender os ataques do adversário à baliza do nosso pequeno guarda-redes, o nuno saraiva.

e num volte face, aquela dupla pires-brux engrena e começam a surgir os golos que imprimiram a mais fantástica reviravolta de marcador que a picheleira já alguma vez assistiu. em poucos minutos passámos de 8-3 a 9-9. a coisa estava mesmo mesmo ao rubro. o pai do baterias, coitado, já não sabia o que mais havia de dizer para animar a malta dos embrechados. e nada do que disse foi suficiente. isto porque desta vez nós corríamos (ó brux, tu bem sabes que nunca correste, não é?), desta vez nós passávamos a bola uns aos outros, desta vez nós vínhamos atrás ajudar o nuno saraiva.

e houve então o momento em que os baterias ficam com a bola. o guarda redes deles pega na chincha e manda-a em chuveirinho lançando o seu ataque. o jogo está, ali, empatado a nove. nos momentos seguintes decidir-ia a honra e o orgulho de dois quarteirões. dum lado o pessoal dos embrechados do outro os amigos da capitão roby. essa tal bola lançada pelo guarda-redes é defendida de cabeça por mim e atirada para o lado direito onde surge lançado o mário cabecuço preparado para se apoderar dela. o brux e o pires ainda estão lá para a frente. num passe mágico eu consigo desviar a bola do márinho e ela fica ali a rodopiar, já perto da linha lateral que era formada pelo lancil que dividia aquele campo do alcatrão da rua frederico perry vidal. levanto a cabeça - não levanto nada, mas fica mais bonito dizer que sim -, olho para a baliza - claro que também não olhei - e disparo uma pedrada do caraças que faz a bola voar o campo todo aninhando-se mesmo lá no ângulo superior esquerdo da baliza do mano novo dos baterias.

foi lindo. o povo grita um gooooooooolo interminável, deixo-me cair no chão enquanto que o saraiva se atira para cima de mim festejando duma forma louca. o seu primo, o nuno pires veio logo de seguida e ajuda a aumentar aquela pirâmide humana. o meu querido brux, segundo as minhas contas e as leis da física chegou, em passo de corrida calma, uns bons 3 segundos após termo-nos todos levantado. num remate do fim da rua, tínhamos arrumado de vez com os baterias e voltávamos a ser os maiores do mundo. estávamos vingados por todas as derrotas que eles nos tinham infligido. um valente chouriço meu tinha restabelecido a honra e o orgulho daqueles quatro rapazes.

ora eu lembrei-me deste meu chouriço quando vi aqui há dias o golo do liedson frente ao benfica. para mim aquilo foi um chouriço de todo o tamanho. agora vamos lá com calma que eu não estou aqui para dizer mal, longe disso. para mim aquilo foi um chouriço mas uma coisa com classe, uma coisa bem feita, um chouriço de arganil, digamos. agora não me lixem, a bola veio-lhe ter aos pés e ele, com classe, tudo bem, lá chutou em direcção à baliza. pronto, foi naquela "se der deu, se não der também não se perde nada". contudo, deu e por isso lá fica um golo de belo efeito. fica um golaço. um remate em arco, com a parte de fora do pé. foi um golo de se lhe encher a alma. mas continuo na minha, não deixa de ser um chouriço.

agora não me fodam, o futebol é um jogo de equipa, caraças! é um jogo com muita gente ao mesmo tempo em campo e por isso, para mim, golos bonitos são golos que nasceu duma construção de equipa, não nascem de remates vindos de ressaltos ou coisa parecida. esses, lá está, são acasos dos chouriços.

agora vejam comigo o segundo golo do bahiano. a bola parte ali do meio campo num passe do izmailov. o pereirinha está ali do lado direito e apanha a bola. ninguém lhe faz frente, ninguém está lá para o impedir de fazer o que quer que seja. entretanto mais à frente ele tem que passar por uma coisa qualquer que o quique, à semelhança do robson com o aloísio em nou camp, se lembrou de colocar no lado esquerdo. e passa. a seguir vem a parte mais melhor gira da jogada quando esse mesmo pereirinha se lembra de convidar o central encarnado a verificar se a relva do alvalade já se encontra rijinha, de boa saúde e se já não apresenta as maleitas do passado. pelos vistos não apresenta porque se nota que o rabo de preto saltita ao contactar no chão. depois o resto é história, com o pé esquerdo o bruno manda a bola lá para o centro da grande área onde havia quatro benfiquistas para dois altíssimos atacantes leoninos. parece incrível, mas os cento e senta e cinco centímetros que cada um dos atacantes leoninos tem foram mais que suficientes para levar de vencida, no ar, aquela defesa benfiquista. e aquela tolada do levezinho é uma coisa que precisa de ser vista, revista, gravada e nunca, mas nunca arquivada.

não me venham sequer com tretas, dizerem-me que o primeiro golo do liedson é melhor, mais bem executado ou mais bonito que o segundo é dizerem que o futebol se resume áquilo que nós fazíamos quando não tínhamos quórum para formar duas equipas: jogávamos ao pontapé inglês. ou seja, um ficava numa baliza e o outro posicionava-se na outra. e ali ficavam, uma tarde inteira a rematar em direcção contrária só podendo efectuar dois toques com a bola. um para a defender e o outro para a rematar.

agora pedradas e chouriços? nahhh, podem ser muito bonitos e intencionados, mas se não se contextualizarem numa qualquer jogada não são mais que isso: umas chouriçadas.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

mãos ao alto

uma manhã mais aterefada, mais movimento, menos concentração e quando damos por ela temos uma ideia para um post sorrateiramente rapinada.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

já agora traz também a sogra e mais o canário

enquanto se espreguiçava:
- eh filha, isso é que é crescer...
- olha aqui, já chego quase à ponta da cama.
- ihhh, pois é. estás enoooooorme. - enquanto eu a mirava de pernas e braços esticados e media mentalmente um espaço de 50 centímetros que ainda separam os seus pés do fim da cama.
- agora tens de me comprar uma cama maior.
- nahhh, ainda está boa. ainda serve.
- mas eu estou a ficar crescida....
- pois estás, mas ainda serve até seres maior. dormes mais encolhida, pronto. temos de poupar.
- então e quando eu trouxer o meu marido?

(deves!)

estarão a preparar-lhe o lugar no banco do benfica? no do sporting?


estamos a dois dias do mais famoso e importante derby nacional.

estamos no dia seguinte a uma fantástica vitória do braga contra o liége.

adivinhem qual é a capa da bola hoje?


quarta-feira, fevereiro 18, 2009

tirem-me daquiiiiiiii


há coisa de um par de anos, abanco, juntamente com a mais conceituada arquitecta de ascendência moçambique-britânica da sua geração (ficou um título bonito, não ficou?) num restaurante estilo "refeições rápidas", ali para os lados da infante santo.

ela lá pede, sei lá, não me recordo, mas deve ter sido um lombo de porco com arroz ou coisa parecida e eu, parvo, peço uma alheira:
- e pode ser com batata cozida e grelos?
- pois... nem temos grelos nem o restaurante usa batata cozida.
- pronto, paciência. dispenso o ovo estrelado (credo), venham as batatas fritas mas pelo menos conserve a pele da alheira, por favor. não me tira a pele à alheira, ok?
- fique descansado.
fiquei.

passam os minutos, vêm as bebidas, comem-se as manteiguinhas, come-se o paté, vem o lombo, pede-se outra bebida

- olhe e a alheira?
- já vem.
- ok.

bebe-se a bebida até ao fim, pede-se outra, depenica-se também no lombo, fala-se sobre obras, acaba-se a bebida, acaba-se o lombo

- não se esqueceu da alheira, não?
- não, não. não demora.

fica-se a li só a falar de obras, sempre com um olho sintonizado no simpático empregado de mesa, a fome aperta

- então e a minha alheira? mas passa-se alguma coisa?
- sabe, eu vou-lhe confessar. é que a minha colega já tentou fritar a alheira mas a pele rebenta sempre. e tenta de novo e volta a rebentar. já lá vão três alheiras estragadas.
- está a falar sério?
- estou, sim. confesso que estou.
- faça-me um favor. dirija-se à sua colega e peça-lhe, encarecidamente o seguinte: ela que bote a alheira numa sertã ou numa frigideira em lume baixinho, sem azeite nem nada. depois, vá virando a dita cuja, de 30 em 30 segundos. ali, sem pressas, com calma. acredite que em 5, 6 minutos ou coisa parecida a alheira está no ponto. e se rebentar a pele aqui ou ali, não tem mal nenhum.

dez minutos depois chegou a alheira. estava ok. comeu-se.

- sabe, o senhor não me leve a mal. mas é que nunca tínhamos servido alheira assim.
- não levo nada a mal. continuamos amigos.

ora isto é como se deve imaginar uma questão de gosto. à quem coma, por exemplo, pão a acompanhar pizza. há quem faça, como eu conheço, sandes de puré de batata. há também quem conheça que ateste a sua viatura ao mesmo tempo que fuma um cigarrinho mas isso já são outros trezentos.

agora vamos lá a ver uma coisa, estamos a falar de restaurantes. eu não exijo um cumprimento religioso de todas as tradições mas não se está à espera que haja alguém que solicite ao empregado lá do sushi do japonês, para dar uma grelhazinha no peixinho, pois não?. ninguém pede ao senhor dos frangos da guia para fazer o favor de o servir desossado, pois não? ninguém espera que a meia dose de caracóis venha servida com batata frita, pois não?

reparem, volto a repetir, eu não sou contra a forma que certas pessoas e certos restaurantes servem a comida, fico é fodido quando não me apresentam as refeições correctas. alheira sem pele e com batata-frita sim, mas se houver também a hipótese de a comer como deve ser: com pele, batata cozida e grelos.

estou a escrever isso e a recordar-me que isto alastra também à tasca mais moderna: a rulote. chego eu ao aeroporto numa galga dos diabos, estou ali a passar na marginal e aviso a minha maria «vou ali mandar abaixo uma bifana. fui. arrependi-me. foram servidas em panrico ou lá o que aquilo é. paneleirices!

segundo uma votação promovida pelo programa imagens de marca, o filme "tirem-me tudo" foi eleito o melhor anúncio de publicidade português dos últimos cinco anos. tudo bem nada a opôr. o texto lá do filme diz qualquer coisa como: tirem-me tudo, mas não me tirem o gosto. e agora reparem «... o gosto da alheira a rebentar de sabor ou o bacalhau com todos a nadar em azeite...»

agora adivinhem, num anúncio em que se eleva algumas das melhores coisas tradicionais portuguesas e não só, aparece - e fazem menção de reforçar com texto - um caralho duma alheira, sem pele e, imaginem, com um ovo estrelado.

que merda é esta?

qual foi o caralhinho do copy que idealizou esta parte deste filme e quem foi o ignóbil do director de marketing que disse «sim, senhor, vamos filmar!»?

alguém me sabe dizer?

nursery crime


gosta, obviamente, de levar os (e as) seus bonecos para a escola. são afinal de contas os seus filhos.

e quem tem filhos bebés sabes a catrefada de coisas que há necessidade de carregar de um lado para o outro sempre que saímos com eles: fraldas, muda de roupa, papas, água, aero-om... a minha filha não é excepção, sempre que carrega o seu filho (ou filha. tem sempre muitos filhos)

- sabes pai, amanhã vou ficar grávida outra vez.
- mas gémeos?
- não, desta vez é uma menina.
- olha, vês!

lá vem ela com tudo atrás. aliás, esta e outras situações análogas criaram um pequeno imbróglio com a sua educadora, a qual deixou de permitir, ali, no corredor, aquele amontoado de tralha que eles trazem de casa e depositam ali sob os seus casacos e batas, impedindo a livre passagem das pessoas.

hoje precavido, pergunto-lhe:
- e este teu filho, vai também ou queres que o leve para a loja?
- não, vai também. eu peço à dudu (a educadora do berçário) que me tome conta dele.
- mas, ó filha, não vês que assim temos de pagar duas mensalidades?
- nahh, eu peço-lhe "se faz favor". ela é minha amiga e não me pede dinheiro nenhum.

minutos mais tarde:
- vá, vai lá levar o teu neto à dudu e diz-lhe que é para ela lhe dar o lanche.
- e se ela me pedir dinheiro?
- ai, ai, ai,ai... eu já lá vou conversar com ela.

seja!

buceta

tenho uma cliente cujo um dos seus apelidos é, nada mais nada menos que buceta.

uma maravilha.

à parte de todos os gozos que a senhora teve (tem) de suportar ao longo da vida, surgem também toda uma panóplia de eventuais confusões:

- é pá, ontem aquilo foi em grande.
- então, não me digas que a levaste para casa.
- não, foi mesmo em casa dela. deu para beber uns whiskys à pala e tudo.
- olha que porreiro. e ela faz os pratos todos?
- nem queiras saber. além de bico, ainda comi o cu da buceta!

dias de taça

o clube vai disputar as meias-finais da taça contra o estrela da amadora.

as meias-finais serão jogadas a duas mãos.

entre uma mão e a outra passar-se-ão não 7, não 8, não 15, nem 21 dias. serão precisamente 49 dias.

(que maravilha!)

com muita sorte, decorridos esses dias todos, ainda estarão vivos os jogadores que jogaram a primeira mão.

esperemos que sim.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

novo código laboral

pediu-nos, encarecidamente, que a deixássemos ir dormir a casa da avó

é o chamado prenúncio da célebre frase «está, pai, diz à mãe que eu hoje não janto em casa e vou dormir em casa da avó». reparem que acontecerá aquela partícula da frase que é a "diz à mãe". ou seja, não só não te peço permissão, como, a somar a isso, ainda terás que acartar com a responsabilidade e com as consequências de seres tu a anunciar a coisa à mãe. rio-me com esse pensamento e com as memórias dos lamentos que a minha sogra, há uns anos, trazia a lume, pelas rejeições que a neta lhe dava. aliás, já na altura me ria com isso. e ria porque dava a ideia que só eu é que via que estávamos a lidar com birras de uma bebé de 2 anos que teimava em não querer ficar com a avó. e só eu é que via também que elas iriam (e já estão a ser) umas valentes companheiras. talvez esta avó seja mesmo "a companheirinha" dela.

acedemos com alegria, com a visão dum serão menos barulhento e com a oportunidade duma viagem às compras no continente sem pressas e sem alarido.

em casa, fez a sua mala para a noite, deu uma mirada final no seu quarto e deixou a ninhada da sua cadelinha em trabalhos de aleitamento.



que maravilha.

já hoje, a avó deixou-me as suas bonecas. conta-me ela que a miúda deu-lhe a seguinte recomendação: «senta-as lá naquela secretária do fundo. elas que trabalhem!»

mainada!

prós e prós

o que me entristece ao ver estes prós e contras em que aparecem dum lado os betos católicos e do outro a esquerda práfrentex é que arranjam sempre o mesmo tipo de pessoas para apareceram lá a vociferar.

aconteceu ontem com os casamentos dos maricas e das fufas, aconteceu há uns tempos com o aborto e acontecerá daqui a uns tempos quando se lembrarem novamente duma discussão em que se ponha em causa este tipo de actos que bulem com sensibilidades religiosas.

do lado conservador estarão sempre as pessoas com aspecto de sacristia, com penteados feios, com palavreado intolerante, com... estará sempre alguém com estes estereótipos. é certinho. do outro haverá sempre jovens com um discurso muito à frente, estarão sempre as sobrancelhas do daniel oliveira, estarão sempre pessoas com um discurso mais fácil.

o que eu estranho sempre, mas sempre mesmo, é nunca existir alguém do lado dos "sacristias" que seja convidado para estas coisas mas que tenha um discurso que nos faça pensar uma de duas coisas: «olha, bem visto, ainda não tinha pensado nisto» ou «ahhh, muito bem dito, sim senhor, era mesmo isto que eu pensava e não seria capaz de dizer."

e estranho sempre, mas sempre que do lado dos louçãs, nunca haja gente que não tenha um pingo de tolerância por essa coisa estranha que é, imagine-se, ter fé. ter fé, acreditar em dogmas, acreditar no paranormal, por aí fora. os louçãs não são capazes de falar sem meter a sua piadola, sem achincalhar, sem gozar com a situação. é inevitável.

as coisas boas destes debates são sempre as certezas que o melhor nestes casos, é mesmo tentar partido das situações mais pacíficas. quantos de nós não pensámos cá no íntimo «é por aquela fernanda que o coração do zé sócrates bate mais depressa? coitado do nosso zé!»

quanto ao resto... bom, eu não sei dar opinião sobre o assunto. ando ali pela coxia, a subir e a descer degraus, sempre na certeza que não me sentiria confortável junto de nenhum daqueles grupinhos.

graças a deus!

(não consigo entender porque não deixam os homosexuais casarem. nós bem os tentamos explicar no molho de bróculos onde se querem meter. eles continuam a teimar. por mim tudo bem, obviamente!

houve por lá argumentos que defendiam que as uniões entre homosexuais não se deveriam denominar por casamentos. o que pouca gente tem em mente é que há poucos casamentos que não se deveriam denominar como uniões. mas pronto. é a vida.

fora de panelirices, entendam-se por favor!)

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

o livrinho das caras explicado às crianças

eu sei que isto é coisa de gente parva mas a verdade é que hoje, durante a hora do almoço, tive uma aula de "noção práticas de feissebuque para pessoas que estão naquele escalão um pouco abaixo de totós mas largamente acima de toininhos."

diria que estou naquela fase em que não tenho tanto medo como tinha mas ainda não vou para alto mar.

nota: durante a explicação perguntaram-me se eu queria ser amigo do seal. recusei gentilmente. é que um gajo não faz avanços às mulheres dos nossos amigos e a gente não sabe o que o futuro nos reserva.

último romântico

julgo já ter escrito isto aqui neste reles pasquim que ao contrario do chico buarque, cujas suas músicas ficam sempre mais bonitas cantadas por outros intérpretes (ai que agora é que me apedrejam), o caetano veloso é o meu favorito a inventar, reinventar e melhorar coisas vindas lá de outros lados.

só assim de cabeça e sem grande consulta: eu sei que vou te amar (aquela introdução com o dindi é uma maravilha), rita, chega de saudade, oceano, fera ferida, todo o amor que houver nessa vida...

hoje decidi mostrar mais um desses exemplos. último romântico é uma canção bem pop que o lulu santos - que eu gosto muito - decidiu fazer - e muito bem - e publicar lá por volta de 1984.

neste teledisco (não é um teledisco mas deixem-me por favor dizer que é, pode ser?) retirado do dvd que o caetano veloso lançou do espectáculo noites do norte, gravado lá no castro alves da bahia, ele aparece de pé, estúpida e invejosamente magro, trajando de negro num palco também negro - numa também negra cidade - acompanhado apenas pelas cordas do jacques morelenbaum.

e aqui tudo parece perfeito.

até o público aqui me faz inveja de não ser baiano. um público que, sim senhor, faz um pequeno chinfrim quando fica sabedor da música que entretanto começara, mas que depois volta ao silêncio das mãozinhas e continua o acompanhamento apenas com as suas gargantecas. muito bonito, muito afinadinho. havia de ser cá em portugal e o raio da influência malhão-malhão sujaria a actuação com as palminhas da ordem. muito gosta o portuga de palminhas. aliás, logo bem cedo as mãezinhas nos impingem a ordem: bate palminhas, filha, bate.

ali não, ali as palminhas só começam quando, imagine-se, o cantor solicita, tal qual chalana apelando ao antigo terceiro anel.

e aquele sorriso com cantos da boca em forma de silhueta de navio quando ele, de braços abertos em jeito de jogador de cristo, anuncia:
só falta te querer
te ganhar e te perder
falta eu acordar
ser gente grande
prá poder chorar...




sexta-feira, fevereiro 13, 2009

eu continuo com medo do feissebuque

os resultados desta trapalhada continuam a aparecer todos os dias. agora foi uma moça, coitada, que eu nem conheço e que presumo seja boa gente - foda-se, mas há por ventura alguém que se lembra de me aceitar na rede do feissebuque que não tenha o espírito elevado, hein? claro que não. - que foi uma das que levou com o tal aviso a dizer que eu era seu familiar. ela diz que tem as suas dúvidas, mas diz ainda que nunca se sabe.

eu sou tão burro, meu deus!

e parei, cerca de 37 segundos a olhar para o ecrã e continuo a não perceber nada disto.

eu clico onde diz página inicial - pronto, é um botão o mais parecido possível com o aifaive - e ainda estou para saber porque raio há uma moça que me deseja boa viagem - ou será que não é para mim? - e uma outra que me informa que se viesse para lisboa- acho que vai para o porto - ainda me encontrava.

depois paro, não mexo em nada e antes de desligar isto, fico só a olhar. ali do lado direito, está aquele senhor que tem uma voz parecida com a do chris isaak e que cantava coisas nos silêncio quatro nome bonito. diz-me o feissebuque que há fortes probabilidades de eu o conhecer mas eu quero que fique exarado em acta - e reconhecido pelo notário - que nunca comprei nada cantado por ele, nunca falei com o senhor e a mais forte proximidade com o senhor foi registada no restaurante do teodósio da guia pois ele estava sentado mesmo mesmo atrás de mim. há inclusivamente umas dez pessoas que podem testemunhar que eu - vá se lá a saber porquê - não me meti com ele.

tererá o feissebuque estado também presente nesse almoço julgando agora que eu talvez o conheça. mas se assim for, porque raio sugere que eu o deva adicionar como amigo? e porque alvitra o programa que ele seja um amigo(a)? não entendo. não há dúvidas que ele é o o e não um (a). não entendo estas falhas orwellianas no feissebuque.

ganho coragem e com o rato deslizo o ecrã bara baixo.

continuo a não entender porque raio surgem certas enigmáticas frases na minha página - eu acho que estou na minha página, gaita! -. outra pessoa pergunta-me se eu tenho as minhas malas feitas, adicionando um código - dois pontos, dois dês maiusculos - que eu presumo que seja o nome de um motel ou coisa parecida. dois pontos, devo ser eu e ela em valentes cambalhotas, dois dês acredito que seja, quem sabe, duas d'seguida!

ah, calma, ela soluciona mais em baixo esta dúvida. informa-me que estava a brincar - eu logo vi que duas d'seguida era muita fruta - diz que espera comprar na tesco quando for a canterbury. diz ainda que detesta. informa-me também que o pinguim é fã e que usa para acompanhar assados. termina sentenciando que abomina borrego.

e eu continuo sem entender nada disto. que me recorde, o meu único contacto com a tesco foi, salvo erro em hounslow. pinguim que eu saiba é aquele inimigo do batman. e borrego, se deus quiser, é comprado numa terra perto do marvão chamada beirã. mas isso será só lá para a páscoa.

depois encontro algumas palavras em inglês misturadas com palavras em português e numa valente salganhada, vejo coisas em finlandês. mas isso já eu consigo desconfiar porquê. é que a familia da minha mulher tem pessoal lá dos suomis desta vida e isto deve vir lá do lado deles.

para terminar quero apenas responder a uma moça que diz que também quer percebes. minha amiga, aqui há dias no corte inglés havia a 125 euros o quilo. tens a certeza que queres? ou melhor, deves querer mas à borliú, certo?

ai que saudades de quando comia percebe fresquinho, acabado de apanhar ali nas rochas entre a aguda e o magoito...

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

igreja

fico fodido quando leio que a igreja não deve intervir e fazer campanha contra certos partidos. juro que fico.

vamos lá a ver uma coisa, o que essas pessoas toleram é que possa existir essa tal de coisa meio antiquada e esquisita que seja, imagine-se, rezar. mas pronto, além de rezar, as pessoas que andam lá pela igreja e nessas fantochadas do vaticano e aquilo é só luxo vejam lá bem como é que os bispos e os papas vivem e mais não sei o quê, quanto muito podem, vá lá, fazer serviços sociais e ajudar os pobres, os que dormem em cartões, os restos do capitalismo e da sociedade global.

podem também ir para áfrica curar as chagas e limpar a diarreia dos pretos com sida, os tais pretos que são governados por seres gentis como o amigo mugabe e o presidente dos santos.

estou aqui a pensar, e se houver uma ou outra freira que queira ir lavar pratos para a sopa do sidónio, também serve.

o que a igreja não deve é ter uma fé. não deve acreditar na bíblia, não deve acreditar em jesus e mais as palhinhas e o céu estrelado, não deve acreditar em dogmas, não deve acreditar nessa coisa mais demodé que são os sacramentos. nisso não deve.

por isso, se houver partidos que falem em aborto ou que falem em casamento dos rabetas e das fufas que andam a roçar a peida pelos bancos do memorial, ai da igreja se disser nas homilias e naquelas jantaradas episcopais que se sente indignada com isso.

há-de chegar a altura - não deve faltar muito - em que apareça um partido que proíba o culto à senhora que apareceu na azinheira e até nessa situação, registe-se, ninguém pode dizer aos leigos para não votar nesse partido.

esclarecimentos nas homilias acerca sobre a bandeirinha do scolari nas janelas, muito bem. esclarecimentos sobre partidos que dizem que os paneleiros podem casar, meus amigos, isso já não.

ah e as causas. a igreja deve ser defensora das causas. das causas dos santinhos, das causas dos pobrezinhos, dos direitos dos pretinhos e dos jugoslavos, por aí fora.

não me admiro com essas pessoas. são a tralha do costume. o que me deixa banzado são as pessoas que metem na boca dos bispos as tangas que eles gostavam de ouvir, para poderem escrever posts, artigos e entrevistas na televisão. gostava de ler a tal parte em que os bispos dizem para não se votar no ps, mas isso já é outra questão.

pois é, a igreja é o ópio do povo. é uma maçada. eu bem deconfiava que a minha mãe me pôs na catequese para eu apanhar valentes pedradas. o que me lixa nesta coisa toda, é que a única pedrada em tantos anos que lá andei, foi apanhada por causa de uns ciganos fofinhos - tadinhos, eram todos tão queridos - que acharam fixe mandar uns calhaus para os meninos que estavam na fila para entrar na catequese. é que perderam o gozo em partir vidros das janelas das salinhas de aulas - só conseguiram partir um - e como os meninos se mexiam dum lado para o outro com medo, a coisa tinha bem mais gozo.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

ai filha, vê se te resolves: pões-te de gatas ou é mesmo deitada de costas?

quando me vêm com conversas onde surge incluída a expressão "...ah e tal e até no que escreves há ali algo de feminino..." a primeira ideia que me vem à mona é: "estão no mínimo, a dizer-me que gosto abafar a palhinha."

por causa disso passo a noite com pesadelos e acordo de manhã com medo de ter recebido, dum blog qualquer, um daqueles selos que dizem que eu sou uma mulher bem resolvida.

depois o pesadelo prolonga-se por aquele período de ronha em que ando pela casa de mão a coçar os tomates - ó pai, não mexas no teu pipi, está bem? - enquanto arranjo coragem para me ir lavar, porque fico ali a imaginar o que é que é afinal uma mulher bem resolvida.

bem resolvida?

já sei! é aquele ser humano, do género feminino, na qual foi aplicada "menos bê mais ou menos raiz quadrada de bê ao quadrado menos quatro ácê, isto tudo sobre dois á". é isso?

não? então?

(e os gajos, também se resolvem?)

velocidade estonteante

acabo de receber uma revista, pelo correio, remetida de são paulo.

tem carimbo dos correios brasileiros do dia 30 de dezembro de 2008.

que maravilha esta rapidez. quase, quase tão rápido quanto um computador que eu usava nos tempos da faculdade (sim, eu até tenho estudos, mas o que é que pensam?) que eu estava convencido que funcionava a carvão. fazíamos ctrl+p enter e íamos às roulottes do campo pequeno buscar 4 bifanas especiais enquanto o gajo ficava ali a pensar e tal...

terça-feira, fevereiro 10, 2009

dúvida

eu nem sei bem se é da idade. também não sei se é da idade de já não ter pachorra para certas coisas. eu sei é que ir ao cinema, que adoro, traz cada vez mais mais transtorno do que eu supunha: ou são as pipocas, ou é a porta que está aberta e deixa entrar luz que incide no ecran, ou é a porra da imagem que está desfocada, ou é a imagem que treme para cima e para baixo, ou são as bilheteiras que em hora de ponta - sábado à noite - têm apenas dois guichets abertos, ou é por causa dos horários que aparecem nos jornais serem diferentes da realidade...

mas pronto, queria com isto dizer que gosto de actores que não precisam de "bengalas" como sejam fazer papéis de deficientes, gagos, malucos ou desatar a engordar ou a emagrecer - para encarnarem esta ou aquela personagem - para mostrarem que são bons actores. gosto de actores que enchem o ecrã com coisinhas tão simples como franzir de olhos, cruzar de dedos, coçar o queixo, levantar o pescoço ou coisas dessas. apesar de não gostar muito de ver a meryl streep - seguramente não será pelo seu trabalho - tenho que afirmar que curto bués - mas bota bués nisso - o seymour hoffman.

agora sejamos francos, tem umas mãos daqueles que não lembram ao diabo: papudas, gordas, com um ar de pedófilo punheteiro...

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

ajudem-me

cansado de ouvir a minha mulher alinhavar histórias sobre o feissebuque atendo um telefone e passo por lá.

e a primeira coisa que penso quando estou à porta destes sáites é mais coisa menos coisa: mas será que eu já me registei nisto?

porque entretanto e só assim de cabeça, já passei pelo aifaive, pela lasteéfeéme, por quinze sáites de legendas, por 14 sáites de compras na néte, pelo multiplái, pelo máispeisse, pelo linkedin, pelo startrequâres, por tudo, por que volta e meia está ali um cabrão dum convite a piscar na caixa de entrada.

e lá entro no facebook e num ápice há milhares de coisas a piscar que não sei de onde vieram - bom, não estão bem a piscar para aquilo faz-me barulho nos olhos na mesma - a que eu vou clicando com o rato. e vejo caras que conheço, vejo nomes que não conheço, vejo caras que conheço com nomes que não conheço, vejo nomes que conheço com caras que não conheço mas que afinal conheço e...

- achas que sou da tua família? perguntam-me no messenger.
- ???
- convidaste-me a ser da tua família no facebook.
- foi?

e só faço merda e eu sou o maior básico destas coisas e não tarda nada tenho um pedófilo a querer-me comer o rabo e nem sei como é que o hei-de convencer que não, que não tenho 6 anos, tenho mesmo 39 que fui mesmo eu que me enganei lá a escrever e...

- o facebook está out. o que está a dar é o twitter.
- o quê?
- www.twitter.com


- não tem nada. tenho de me registar?
- convém.
- tenho medo.
- medo de quê?
- sei lá, de carregar em botões que não devo. eu não pesco mesmo nada disto, caramba.

sou um web2.0nalfabeto.

domingo, fevereiro 08, 2009

jesu (aldo)

e se é verdade que quer o jesualdo quer o bento vão c'u caralho, é também verdade que parece-me que vai haver por aí uma corrida a três, caso o benfica não seja campeão, para ver quem é que fica com o jesus, não é?

ou vai na volta o gajo tem tanto azar com os árbitros que se calhar ninguém o quer.

ou então vai ele para madrid.

tinha a sua piada.

bola ao fim-de-semana

momento 1
foi curioso ver o porto empatar num penalti "à sporting". o que me vai aborrecer mesmo vai ser aquela fantochada do delgado, do gabriel e mais uma meia dúzia que virão falar em verdade desportiva. iguais, diga-se aos que o josé gomes disse sobre os lances de alvalade com o polga e o postiga. aguardo pacientemente o que vierem a dizer, pois gostarei de comparar os comentários que advirão com aqueles que foram (ou que não foram, pronto) efectuados aquando dum tal de benfica-braga. é a vida!

momento 2
se tivesse acontecido uma hipotética mas, obviamente, impossivel boa arbitragem nos jogos do braga (pelo menos nesses) com uns quantos clubes que eu cá sei, não estariam eles assim, a roçar o primeiro lugar?

momento 3
recordam-se dos cantos que o quaresma marcava quando estava em portugal? aguardava que o láinâr ou ou referí se afastasse, ajeitava a bola e colocava-a para além do quarto de círculo. não que naqueles 17 centímetros fosse ganhar alguma vantagem notória, mas eu acho que aquilo funcionava um pouco num misto de ciganice. ou seja, posso não vencer, mas pelo menos engano-os sem que eles saibam. pois ontem, contra o hull, lá estava ele a ajeitar a bola para além do risco quando se levanta meia arquibancada apontando o dedo para a bola e enchendo os ouvidos do quaresma com uns uhhhhhhhhhhhhh. e o ciganito lá amochou e foi colocar a bola dentro do quarto de círculo. por momentos, quando vi o povo a exaltar-se, fiquei com a nítida ideia que o scolari saltaria do banco para defender o minino.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

profondly in love

não era altura de uma televisão qualquer, dessas que fazem reposiçõezinhas e mais o caralho, fazerem uma reposição das coisas do adrian mole?



ou então que ponham a coisa em dvd's. daqueles que depois há um gajo esperto qualquer que vai à fnac comprá-los e espeta-os na net para os conseguirmos sacar e ver no conforto do lar.


candidata a dondoca


tenho a mania dos perfumes. ou melhor, sou incapaz de cheirar um perfume, um cheiro qualquer, sem acrescentar, mentalmente, uma frase, uma legenda qualquer. nem que a legenda seja, por exemplo «rally paper dos finalistas de enfermagem de 1984», «casa da lina» ou «bitoque do pirajá».

mas é uma coisa imediata. ou seja, sou quase incapaz de passar por um cheiro e resumi-lo a «bom», «mau», «cheira bem» ou «cheira mal».

quanto muito posso lhes atribuir esses nomes, essas classificações aos cheiros virgens. àqueles que nunca tinha cheirado antes.

ontem passo pela porta duma body shop e houve algo que me fez abanar a'ialma. cheirava a «rádio energia, losing my religion, josé mariño» recuo, a minha mulher recua também, entro na loja, dirijo-me à rapariguinha do shopping e questiono:

- olhe ó desculpe, este cheiro que paira no ar é uma mistura ou andou aqui a sulfatar um qualquer para atrair clientela?
- não, é mesmo uma mistura.
- e pode-me então dar uns tópicos de por onde hei-de começar. é que me cheirou a um perfume que a vossa casa teve, uma coisa masculina, mas que desapareceu de mercado lá por volta de 1993.
- veja se é este?
- não.
- e este?
- não.
- e este?
- não. olhe deixe estar.

ainda andei, sem ajuda de ninguém, a chafurdar o nariz em frascos e frasquinhos a ver se conseguia topar a coisa mas não tive sorte. mas ficou a cabeça a trabalhar, ali, naquela coisa do reavivar memórias e tal...

minutos mais tarde, sentados na portugália a mandar abaixo duas pratadas de bifes, ela diz-me:
- podias ganhar dinheiro com esta tua pancada pelos perfumes.
- como?
- então, ias trabalhar para essas empresas de cosmética e tal.
- tinha piada...
- serias «nariz»... que é mesmo o nome que se dá a essas pessoas. e fartam-se da ganhar papel...
- tinha piada, realmente.
- era a nossa independência!
- nossa não, minha! tu ficarias, está visto, dependente do que eu te daria no fim do mês.
- vê como quiseres.


quarta-feira, fevereiro 04, 2009

semblantes

vamos lá a ver se nos entendemos. eu que tenho por hábito ver os jogos com música de fundo para não estar a levar com os comentários dos gajos das televisões, chego depois aqui à net e dou de trombas com certas coisas que lá foram ditas que não me deixam bem.

então não é que houve um gajo lá da sic que disse, logo após o lance do primeiro penalti, « a expressão do pedro emanuel é como se fosse uma confissão que acabou de cometer falta». ou seja, aqueles caralhos daqueles comentadores têm sempre duas preparadas:

- no caso dum gajo barafustar: «pedro emanuel não pode reclamar desta forma. a sua experiência e o lugar de capitão impedem-no de perder a cabeça desta maneira»
- no caso de não perder a cabeça e de não barafustar: «a sua calma é sintoma de uma confissão»

e um caralhinho nos entrefolhos desse cu, não?

eu nem sequer estou aqui a discutir se foi penalti ou não. muito menos estou contra o sporting ou contra o árbitro. sobre este jogo já falei o que tinha a falar. melhores dias virão, caguei!

aliás este tipo de lances não se discutem contra o porto. a dúvida se é penalti, fora-de-jogo ou entrada violente coloca-se sim, quando o adversário do porto é a parte lesada.

sapunaru

sou franca e abertamente contra as críticas que se fazem ao sapunaru. que raio, o jovem romeno apenas jogou 18 encontros. e desses, apenas em dúzia e meia é que esteve, digamos, abaixo das capacidades exigidas a um defesa do meu clube.

nos restantes encontros esteve regular.

não sejam injustos, ora.

pinto da costa 1 - scp 4

sou daqueles portistas, parvos, que julga que não deveríamos ter dado abébias no jogo de hoje contra o sporting.

e por abébias, como devem imaginar, falo em ter deixado de fora o nosso melhor time.

ok, eu sei que há aquela gaita da gestão do plantel e não sei mais o quê, sei também que vem aí o jogo contra o benfica, mas sei ainda que isso são más desculpas.

se a ideia era estarem-se marimbando para a taça da liga, faziam como fez há poucos anos o manchester. foi ao mundial de clubes e cagou para a taça. como decidiram participar nela, deveriam ter feito com toda a força possível. e não, não me custa perder por quatro a um contra o sporting, custa-me perder e ponto final.

estou-me marimbando para o facto de "isto ser uma chapada de luva branca do jorge nuno na liga. se o problema é entre ele a a liga (a de futebol ou a da carolina) o problema é dele. eu, como adepto, daqueles que vão bater palminhas mesmo quando eles jogavam com os claudios pitbull ou os leo limas desta vida, quero que o meu clube ganhe sempre. ou pelo menos tente ganhar sempre. peço desculpa, mas também foi assim que o meu clube me educou.

também é bem verdade que começaram o jogo, onze jogadores que já foram titulares já nesta época, mas isso já são outros trezentos. o que me aborrece é saber que havia onze jogadores bem melhores para a terem iniciado.

fico triste, claro que fico.

jovens culturalmente esclarecidos

eu confesso, não sou uma pessoa que gaste (perca?) muito tempo a reflectir sobre a educação que a minha filha tem.

penso nela, sim, mais nos momentos de aperto: quando ela faz birra, quando nos desobedece, quando ameaça levantar a mão, quando lhe dão os ginetes, quando não quer comer isto ou aquilo, quando não lhe apetece lavar os dentes ou o rabo, etc.

nessas alturas, sim, penso na educação que ela tem. e nessa altura, confesso, tenho de ver se os pés (os doiszinhos mesmo. o plural de pé) estão bem assentes no chão para não começar a alienar-me e a pensar que está tudo em causa. que o "tudo" está ali concentrado no "euuuuuu nããããããão queeeeeeero batatinhaaaaaaaaaas."

mas noutras alturas, quando eventualmente tenho pouca coisa com que pensar, reflicto (sim, eu também reflicto. estou a reinar, não reflicto nada!) se as outras "educações" que lhe dou são correctas ou pelo menos justas.

ela gosta de ver programas do canal da neixional giogréfique desde que os mesmo contenham animais. isso é uma das coisas boas dela. vejamos, estamos a falar da natureza e tal, ecologia, partido os verdes, deputada maria santos, comunismo e por aí fora. e encanta-me o facto de eu não fazer rigorosamente nada para que ela se mantenha nesse caminho televisivo. vê e pronto.

ela gosta de cantar as coisas do mamma mia mas também gosta de cantar outras coisas que eu gosto. porém, também neste campo não fiz nada por isso. se tivesse feito algo ela estaria a cantar o mother's little helper ou, eventualmente o mannish boy.

a pergunta que eu me faço é «qual é realmente o meu ganho em ter uma filha com gostos parecidos com o meu?»

se ela gosta dos livros infantis declamados pela sofia aparício e eu não, porque raio terei eu de me aborrecer com essa questão. (não me aborreço, aviso já, tudo bem.)

semanas após o seu nascimento, o avô chegou-se à frente e fê-la sócia do sporting. não do sporting da covilhã, também não do de espinho, muito menos do de gijon e, com pena minha, também não do de lourel onde jogou o seu tio monty. filiou-a mesmo no tal de sporting clube de portugal. alguns membros da minha família questionavam-se se eu tinha ficado, não digo zangado, mas, talvez, melindrado com aquilo. é óbvio que não fiquei. eventualmente ficará ela quando crescer e comparar a quantidade de vitórias que o clube do pai tem em relação às do clube dela. caguei! mas pronto, está feito. da minha boca não ouvirá nunca um «filha, este aqui é que são os bons. viva o ....»

nos livros e nos discos a mesma coisa. por que raio hei-de eu dizer-lhe que deve ouvir isto ou aquilo. porque raio não há-de ser ela a dizer-me que afinal o does your mother know cantado pela christine baranski é que é uma valente canção e não o new york minute cantado pelo don henley?

porque é que a idade que ela tem agora tem de ser o busílis que a não permite ouvir, à la gardere, as canções que ela bem quiser?

reparem, não estamos aqui a falar da comida correcta, de ser ou não bem educada e cortês com os adultos (e não só). não me refiro ainda a livros nazis, nem a músicas da mocidade portuguesa, nem tão pouco ao manifesto social-democrata. falamos de coisas mais latas como eu gostar do lobo antunes e a minha mulher gostar da isabel allende. de eu gostar dos marillion e de ela gostar dos presuntos implicados. é precisamente a mesma coisa, uns gostam de uma coisa e outros de outra.

também não estamos aqui a falar em colocar-lhe à frente dos olhos e dos ouvidos opções culturais que a levem para caminhos duvidosos. eu confesso, não sei se ver os morangos com açúcar (lá chegará o seu tempo) ou programas de wrestling é realmente pior do que ser atinadinha e votar no santana lopes. sinceramente e fora de brincadeira, confesso que não sei.

por isso digo que o que fico realmente a pensar é «onde estará a bitola neste campo educativo?», «o que é que é realmente bom ou mau para a canalhada?». em que parte devo ficar calado e deixá-la evoluir agarrando-se ao gosto que ela bem quiser e em que parte devo chegar à sua beira e mostrar-lhe um livro do millor fernandes e dizer-lhe «larga os contemporâneos, experimenta aqui este senhor. é melhor».

não tenho medo de não encontrar a bitola. tenho medo é de saber que afinal há uma bitola.

consegues topar a minha'ialma

heldinho,

(é tão giro escrever posts para pessoas que eu sei que nunca os lerão)

é só para avisar que pronto, ganhaste, é oficial, mais importante que conhecer coisas lá dos teus killers, eu gosto de coisas dos teus killers.



e por isso acredito que um dia gostarei também daquelas tuas coisas que de três em três meses me dizes para gostar: os linkin park (sabes que só gosto de, vá lá, cinco canções), aquele surfista de cabelo curtinho que foste ver ao atlântico e que não me recordo o nome, os king of convenience (se não for este o nome, não me batas) e o mãos ao ar das tayti.


terça-feira, fevereiro 03, 2009

goal-average

e se no lugar do belenenses estivesse o porto?
e se estivesse o benfica?

sendo goal-average uma coisa tão vulgarizada e aceite como sendo goal-diference, da mesma forma como o senhor lá da federação disse que mister passou a ser treinador (ai o que eu adoro esta gente) porque raio não se há-de aceitar o "roubar" como sendo um simples "ah e tal, o árbitro teve uma decisão que não foi de acordo com o que achamos correcto na devida forma como devem ser os interesses do meu clube"?

não era suposto o porto contar nos convocados com pelo menos cinco jogadores efectivos dos dois últimos encontros?

sinceramente, já alguém esteve perto, assim juntinho, das pessoas do futebol? assim, dirigentes, juízes conselheiros, jogadores, aárbitros e tal? já? então e ainda se admiram com o que dali vem?

acham que quem está do lado de lá do gradeamento da bancada, no relvado, ou do lado do camarote presidencial para dentro (ena tantos lados. que coisinha mais mal escrita) é, digamos, alguém de alguma forma mais notável que os que estão a ver a bola na bancada ou no peão?

e ainda se admiram?

mnahm, mnham

segui durante cerca de três ou quatro quilómetros atrás de uma viatura motorizada que dizia «leitões de negrais».

durante cerca de 9 ou 10 minutos a palavra carjacking pairou na minha alma.

acho que ainda paira.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

capela, vasco e feliciano

a picheleira tinha umas quantas pessoas do belém. recordo-me do xô meia-quarta; do s'mestre que deus tem; o ferro tinha afinidades ao clube, claro; sei que os mateus também têm o seu coração do lado de lá da cidade e por aí fora. falar-me-ão também do fidalgo que até chegou a jogar nas primeiras categorias mas esse, confesso, ou me mostram fotos do senhor ou então não me recordo mesmo da cara dele.

bom, a verdade é que era um bairro, obviamente dividido entre benfica e sporting, pincelado, aqui e ali, por um ou outro belenense ilustre. e por isso, cedo me habituei ao contacto desses adeptos e respeitar as suas cores.

aliás, curiosamente a primeira vez que fui ver futebol de primeira divisão foi um belenenses-benfica. fica o registo.

ontem voltei lá para apoiar o clube. é sempre uma deslocação complicada, é sempre um clube que nos dá um certo galo, é sempre bom estar lá para bater palminhas e não só!

bem sei que o bilhete foi gratuito - se não, cheira-me, não tinha ido - mas só a hipótese de amorfar um par de coiratos abriu-me o apetite futebolístico.

e eu podia estar aqui uma semana a fazer posts sobre a noite de ontem. aliás, eu acho que um blog inteiro não chegava para falar sobre tudo o que me apetece contar acerca do jogo de ontem. só para terem uma noção, o emplastro é gajo para ter tido mais de 20 convites com a seguinte frase: ó maluco, deixa-me tirar uma foto contigo, boa?

eu sei é que o azar dos azares me fez sentar lá num spot onde ao meu lado estava um dos verdadeiros velhos do restelo: cromo difícil, gente barulhenta, sempre na conversa, auricular modelo centro comercial abecassis ali da praça de espanha, conectado no seu onda média e houve logo ali qualquer coisa que me disse: vai sobrar para mim!

e a bola começa a rolar. e o caraças do velho mantinha conversa com o seu parceiro do lado direito - à esquerda estava cá o je - e também com... bom, com os jogadores que se encontravam no relvado:
- vamos embora (cândido) costa. mete esse cabrão desse andrade no bolso.
- vai costa, fode-lhe uma perna!
- isso, costa. segura, costa.
- olha o preto, costa. olha o preto, manda-o para a terra dele.

e nem eram daquelas coisas que eram ditas de dois em dois minutos. nada disso, o velho estava constantemente, repito, constantemente a falar. assim como se estivesse a relatar o jogo para a rádio. o pior de tudo é que à medida que falava, mexia-se! ora, quando se mexia, invariavelmente, levantava-se e pisava-me «pisei-o?», ou sentava-se sobre a minha anca «eh, pá, desculpe» ou simplesmente era chato «está a ver a coisa, não está? isto está tudo combinado com estes gajos do apito, estes cabrões....»

uma falta a favor do meu clube e logo ele:
- ó boi preto, já tens o cheque no teu bolsinho, tens?

e à medida que se mexia não me incomodava só a mim como também a quem estava ao seu redor. apetecia-me sair dali mas o raio do lugar estava mesmo ali no enfiamento do ofesáide. eu estava mesmo no lugar do gajo do poste da liga dos últimos.

virando-se para o velho amigo lá do outro lado «eu cheguei a jogar nas reservas aqui do belém mas o raio da tropa... estive em vila real com o pedroto e tudo... quando voltei já tive de ir para outro lado... joguei no arroios que tinha boa gente... joguei contra o oriental... estive para jogar no operário mas aquilo era só gente das barracas. no atlético é que nem pensar. ao atlético até tenho ódio ao bairro. são esses e é ao vitória da picheleira...»

alto que isto interessa-me

«... o pessoal da picheleira... aquilo os jogos e o caralho.... são só gatunage. são uma cambada de paneleiros e filhos da puta...»

e estranhamente um caldo ali na zona occipital fez-lhe abanar o cabelo e baldar a boina para o chão.

- calminha como palavreado. gatunos ainda vá que não vá. paneleiros também sei que os há. agora cuidadinho com o que se diz em relação aos filhos da puta que andas para aí a dizer, entendido? vamos mas é a baixar a bolinha e a ter cuidado com o latim.

e aquilo não foi o caldo de aleijar, porra! não sou gajo de porrada, ora. foi mais um caldo para fazer levantar a boina, não é? era mais um bicuáiate que outra coisa qualquer. longe de mim armar cagaçal. a verdade é que o pessoal em redor sentiu um certo alívio com aquele silêncio oportuno. o velho fez a trouxa, abalou para a lateral superior e não disse mais nada. o velhote seu vizinho quase que agradeceu. os sorrisos ali à volta sentenciaram e validaram o caldinho.

entretanto o cebola enfia o segundo para os nossos e o fernando emplastro - está com uma ganda trunfa - pede-me trocos.

check!


esta foto que aparentemente não é mais que uma foto desenquadrada, mal iluminada e com um foco que não lembra ao diabo, não é mais que a ilustração do que foi a maior parte do tempo que mediou as horas de almoço e as horas de jantar, bem como entre as horas de jantar e as horas de deitar.

não parece, mas o senhor bem agasalhadinho da esquerda está a tentar mostrar ao senhor ao seu lado e a uns outros que não surgem na imagem que as suas capacidades de raciocínio estatístico são mais que suficientes para que uma mão com uma dama e um duque ganhe uma jogada de texas hold'em.

o senhor bem apessoado da direita - na dúvida é o que tem penteado à namorado da alexandra lencastre -, que devido à quantidade de whisky duma marca que começa com dabliu e termina em williams não traz frio nenhum na peitaça, está francamente com aquele ar de quem vai espetar uns all in para ver se o pessoal axandra os cavais.

pessoal, é só para avisar que: o rally está quase ao virar da esquina; já há mapas na net; convém que as fichas que sejam levadas para o algarve sejam as do rui porque as do hélder não valem um caralho e, quero acrescentar - querem ver como é que se faz para que apareçam comments num post -, que tenho esperança que desta vez vocês consigam ficar com algum dinheiro para os gastos. é que ser sempre eu a a rapinar dinheiro aos amigos não dá com nada!

monty, já sabes, mesma cor não é bem "mesma cor", vale?

skate

a minha geração tinha com o skate, uma relação diferente da geração que veio a seguir.

vi, uma duas vezes no defunto cinema impala de cascais, este filme da mesma forma como quem ia, digamos, ver filmes de cáubóis. aquilo era uma loucura.

éramos mais virados para a velocidade que propriamente para a habilidade.

o gozo supremo não era propriamente fazer saltinhos e rotações. o gozo estava em descer a mira fernandes sem ter medo de levar uma croquinada de quem entrasse ali, vindo da calçada de picheleira, pela rua da lojinha da avó - ao lado do rocha - ou, mais abaixo, de quem viesse da faria de vasconcelos.

mais tarde, tentávamos concertar a abertura do sinal verde da actor taborda com a nossa descida da alameda, de forma a chegarmos à almirante reis na maior bolina possível.

até que houve um dia que alguém se lembrou - e concretizou - que a descida dos alfas era a puta da loucura. e assim passámos a fazer: do areeiro até ao cruzamento da estados unidos aquilo era realmente só para quem os tinha no sítio. e tínhamos, caneco!

é claro que para os manter no sítio, fodi duas vezes o meu joelho direito e uma vez o esquerdo. isto claro, já para não falar nos cotovelos e afins.

quero com isto dizer que ele pode ter imaginado e fundado mais bandas e feito mais canções. pode ter mais experiência de altar - o senhor é um ilustre pastor e eu não passei de um reles acólito - pode ter mais filhos que eu. a barba, ok, é também mais cerrada. mas é francamente doutra geração: no que concerne ao skate e pelo que vi hoje, eu sou destacadamente dum nível superior ao do tiago cavaco!

sou old skul, não me fodam!

(beijos e abraços lá para casa, vale?)

domingo, fevereiro 01, 2009

e os quarenta ali ao virar da esquina

disseram-me há dias: tens cabelo à namorado da alexandra lencastre, pá!

vi finalmente o dito cujo há dias. o homem tem o cabelo todo branco, caramba! mas estão-me a dar baile? qualquer dia dizem-me que tenho penteado à jorge jesus, não? mas que merda é esta?