sexta-feira, maio 27, 2005

Feira do Livro



No tempo em que não havia computadores e precisávamos inventar jogos e brincadeiras, era habitual ir à Feira do Livro com o meu querido Zé Malveira, andar de pavilhão em pavilhão a perguntar se tinham o Chuva na Planície de Júlio Abrantes Costa.

Como era um título que inventáramos à pressa, achávamos uma piada do caraças quando os empregados nos diziam coisas como «É romance, não é? Lamento, está esgotado» «Tivemos, tivemos mas vendeu-se o último ontem» «Do Júlio Abrantes Costa não temos esse, mas julgo que amanhã ou depois chegam outros»

Entretanto, no resto do ano, íamos para as livrarias da Avenida de Roma, perguntar por esse e também por um outro, chamado A Noz Quebrada de Rui Paulo Saavedra. Mas este era uma colectânea de poemas. Para a Noz Quebrada, cheguei a ouvir um tipo na Bertrand dizer que tiveram uma edição ilustrada. Mas que estava esgotada há um porradão de tempo.

Entretanto chegaram os Spectrum e os Sinclair 1000 e deixámos-nos destas parvoíces.

Para bom entendedor...

quarta-feira, maio 25, 2005

António

O Lobo Antunes anda uma seca do caraças, mas de vez em quando:

"... (continua a surpreender-me o número de recordações que se podem pendurar lado a lado no fio de uma lágrima)..."

Coisas parvas

Ir na Marginal a caminho de casa e encontrar a minha mulher.

Darmos umas buzinadelas, acenarmos 3 ou 4 vezes, mandarmos beijinhos pelos espelhos retrovisores e depois seguir em picanços sucessivos até S. João do Estoril, para ver quem chega primeiro à creche e poder ir buscar a filha.

Esta última parte é tanga. Mas não é improvável que não venha a acontecer.

terça-feira, maio 24, 2005

Futuristas

No Outono de 1981, tinha eu 12 anos, numa das minhas visitas a casa dos meus tios/padrinhos, enquanto escarafunchava a colecção de discos da minha prima Teresa (que incluia os fantásticos Breakfast in America e o Crisis? What Crisis?) descobri lá este disco



Pu-lo a tocar no gira-discos dela e ao ouvir o início do Girls on Film com aquele som do motor de máquina fotográfica a disparar, seguido da abertura da bateria, fez-me estarrecer e deixou-me louco.

Levei-o para minha casa e, nos dias seguintes, pus de lado todos os Abba e Bee Gees que se ouviam na altura e passei a escutar apenas aquele LP.

Foi a primeira vez que decidi que queria ser alguma coisa. Queria ser Futurista. Queria ter uma poupa no cabelo, camisas com folhos e calças de pele.

Mais tarde as miúdas descobriram também que os gajos tinham boa pinta e passei-me para os Spandau Ballet, mas isso já é outra história.

O que interessa agora, é que hoje à noite, já me completamente marimbando se as miúdas gostam ou não, vou vê-los pela primeira vez.

...like some new romantic looking for the tv sound, you'll see i'm right some other time.

segunda-feira, maio 23, 2005

Beatriz, não me obrigues a bater-te!

Há uns quantos recantos lá da casa que eu adoro mexer e descobrir.

E vai-se lá saber porquê, os meus pais ficam piúrsos, de cada vez que me apanham com a boca na botija:

- é nas garrafas antigas que eram do bisavô,

"Deixei cair para aqui para dentro meio conto de chamon..."

- é na aparelhagem e na televisão da sala,

"Ó mãe, posso pôr no 18?"

- é nos discos que estão no quarto dos papás,

"Vou mas é por uma música para abanar o cú!"

- é nos coisas da despensa,

"Eh pá, tu não me digas que consegui descobrir onde é que eles escondem o bagaço..."

e é no bidé.

"Ó mããããe, viste por aí o Dystron?"

Once

Já andam por aí bocas foleiras a dizer que o Benfica (um outsider nestas coisas de vencer campeonatos, note-se!) não merecia ser campeão.

Lamento esses comentários. O demérito das outras equipas nunca pode ser justificação para a vitória dos encarnados. Afinal foi a equipa que somou mais pontos, não é? E para mim isso chega.

Além disso, há outra questão muitíssimo importante para a atribuição do título: foi o único dos três grandes que não levou 4 do Nacional em casa!

Tenho dito!

Um beijinho para o Pinto, o Hélder, o Quim e a Beta, o meu afilhado Luís Mário, o grande Cunhado, o Zé Malveira entre muitos e muitos outros que eu bem sei (oh se sei) que estão muito felizes.

sexta-feira, maio 20, 2005

Para que conste

Eu não sou casado com a minha mulher. Também já não me considero "apenas", seu namorado.

A razão porque me refiro a ela como «a minha mulher», prende-se apenas ao facto de ser mais fácil para mim dizer «a minha mulher ontem, fez um ensopado de borrego que ficou supimpa» do que «a minha unida de facto é um borracho do caraças!»

Entendido?

Isto não é o sketch das velhas!

Estou com uma hérnia de disco cervical, tenho dores nas costas, tenho dores na anca, tenho dores na perna que chegam quase aos pés. Faço o mesmo barulho (Aaaarrhhhh!!!) para me sentar como para me levantar.

Por causa da porcaria dos pólens e afins, estou com uma alergia do caraças, estou com os olhos todos marados, espirro de 3 em 3 segundos. Quando espirro, faz-me doer a anca devido às dores provocadas pela hérnia.

A minha filha lembrou-se de acordar a chorar durante a noite. Quando me levanto da cama para lhe ir dar água, tenho dores horríveis na anca.

A minha mulher quer-me devolver aos meus pais.

Preciso que alguém me aconselhe um advogado.

Papoila minha querida, sim, este post é mesmo para que as pessoas tenham pena de mim. Mas se ainda assim não acreditares na minha dor, na Segunda-feira vou levantar uma Tac que fiz há dias e se quiseres, publico aqui o relatório da mesma. Fotos dos raio x é que não vou postar. Ok?

A ver a novela

Dizia a minha mulher:
- Porra, esta gaja tem uma vida do caraças!
- Quem? A Marília Gabriela? Pois é, sempre a entrevistar malta interessante e tal...
- Qual entrevistas, qual carapuça, pá! Então a gaja dorme em casa com o Gianecchini. Vai para o trabalho e tem de beijar o José Mayer! Chiça! Imagino os telefonemas dela lá para casa: «Hoje não dá Reynaldo, vou chegar mais tarde. É que há umas cenas de enrrolanços com o José Mayer e vamos ter de fazer serão cá no trabalho» Ai senhores, abençoado emprego!!!

Fui para o quarto ler.

quinta-feira, maio 19, 2005

Dia triste



Ontem foi um dia triste para o futebol.

Não, não foi por causa disso que estão a pensar. Foi por uma razão bem pior.

Ontem a esclore múltipla de que padecia, não deixou o João Manuel viver mais.

Era um senhor. Em todos os aspectos.

O Senhor lá em cima não dorme e seguramente que o já convocou, para no próximo Domingo comandar a defesa da sua equipa, como só ele o sabia fazer.

Descansa em paz, campeão.

terça-feira, maio 17, 2005

Labreca



Diz um Lampião a um Lagarto:
- É pá precisamos de ganhar por um golo e não sofrer nenhum.
- Já falaste com o teu guarda-redes?
- Não, falei com o teu.

quinta-feira, maio 12, 2005

Já tenho a escola toda...

Eles primeiro pegam-nos ao colo, não é? Depois vêm com aquela cena dos beijinhos e o caneco, e a gente na boa, deixa rolar a coisa...



...depois pomos uma música calminha, para lhes fazermos uma table dance. Assim devagarzinho, como eles gostam...



...quando eles já estiverem completamente doidinhos, saltamos-lhes para a espinha, besuntamos-lhes as costas e fazemos-lhes uma massagem bem sexy...



...mais tarde, quando já estiveram todos zonzos e com um ar blasé, damos-lhes com os pés!!!



É assim ou não é, amiguinhas?

quarta-feira, maio 11, 2005

Rip this joint



Se o seu sonho é uma jantarada, regada com uma boa pinga na companhia de um embaixador, nós temos a solução.

Compre meio conto de chamon na Curraleira, apanhe o avião para o Dubai e ali mesmo, dê umas boas baforadas.

É certo que numa vintena de dias terá o seu querido governo português, especado de joelhos, perante meia dúzia de sheiks, implorando clemência pelo menino que se distraíu e, opss! «Tu não me digas que não se pode fumar uma broca em paz, aqui no areal do Dubai, pá!», foi ver o sol nascer aos quadradinhos.

Entretanto se o seu problema é ter apanhado uma molha do caraças, por causa das sacanas das ondas que decidiram arrasar com o hotel onde estava hospedado, lá para os lados da Indonésia, sugerimos seriamente que leve consigo uma marmita se quiser petiscar qualquer coisa. É que o sr. embaixador pode ser que esteja de férias e não tenha agenda para comer consigo.

terça-feira, maio 10, 2005

Mel



Não sei se há discos perfeitos.

Eu sei é que há poucos em que durante a sua audição, eu não carregue no botão do "skip" que faz avançar as músicas. O disco que ando agora a ouvir faz parte desse pequeno grupo.

É de 1979, é da Maria Bethânia e chama-se Mel. É perfeito.

É daqueles que quando as editoras fazem colectâneas, têm de incluir todas as suas músicas.

São umas atrás das outras:

1. Mel
«Ó abelha rainha faz de mim,
um instrumento do seu prazer,
sim e de tua glória...»

2. Ela e Eu
«... Bem e mal e boca e mel,
e essa voz que Deus me deu,
mas nada é igual a ela e eu.»

3. Cheiro de amor
«De repente fico rindo à toa
sem saber por que
e vem a vontade de sonhar
De novo te encontrar...»

4. Da cor brasileira
«De quem falo ele é feio e bonito,
Mais velho e menino, meu melhor amigo,
É o homem da cor brasileira,
Loucura e besteira, que dorme comigo.»

5. Loucura
«... Faça ela voltar de novo pra o meu meu lado,
Eu me sujeito a ser sacrificado
Salvo seu mundo com a minha dor.»

6. Gota de sangue
«Não tire da minha boca esse beijo
Nunca confunda carinho e desejo
Beba comigo a gota de sangue final.»

7. Lábios de mel
«Meu amor quando me beija
Sinto o mundo revirar
Vejo o céu aqui na terra
E a terra, no ar...»

8. Amando sobre os jornais
«Amando noites a fio
Tramando coisas sobre os jornais
Fazendo entornar um rio
E arder os canaviais...»

9. Nenhum verão
«Esse sol,
Por que tinha de tanto brilhar?
Anunciar no meu peito a manhã
Prá depois sumir
E deixar
Tão mais negro meu céu, minha noite.»

10. Infinito desejo
«...Eu sinto a menina brotando,
Da coisa linda que é
Ser tão mulher.»

11. Queda d´Água
«A queda-d'água ergueu-se à minha frente
De repente
Tudo ficou de pé eternamente
A floresta, a pedra, o vento vertical do abismo
E o senhor que anima esse ambiente
Ficou comigo...»

quarta-feira, maio 04, 2005

No lusco-fusco da manhã...



Há um ano atrás, no sentido de me entusiasmarem com a paternidade, diziam-me coisas como: «É pá, goza-a agora enquanto é bebezinha. Depois de fazerem um ano, começam a crescer cumó caraças e perdem a piada toda.»

Um ano depois, mais coisa menos coisa, acordou assim: bochechuda, pestanuda, a boca cheia de Aero Om seco, as mãozinhas fincadas no lençol, o cabelo num desalinho, o Mano sorridente nas suas costas, e a cabeça apoiada no coelhinho.

Pois, pois, perdem a piada toda, não é?

Verano Azúl



Para os mais interesados, informa-se que já deve ter saído o dvd da primeira série do Verão Azul.

Chanquete, Júlia, Pancho, Piraña, Quique, Béa, Tito, Desi e Javi vão voltar ao ecrã do meu televisor.

E hoje há um assobio que não me sai da boca.

Taran-taran-ta-ra-ra Taran-taran-ta-ra-ra.....

segunda-feira, maio 02, 2005

É com a dor




Ofereceram-mo há mais de 2 anos.

Como sabiam que eu gostava do autor, tive até a sorte de o receber antes ainda de surgir nas livrarias. Mas como tenho o parvo hábito de manter dois ou três livros que desconfie que vá gostar, assim parados na prateleira à minha espera (estilo, reserva especial), deixei a sua leitura apenas para agora.

Que categoria! Apesar do início ser um bocado maçudo, do meio para a frente lê-se que é uma beleza.

Acho que o seu sucesso, assenta numa coisa aparentemente muito básica, mas também muito rara na literatura portuguesa: conta uma história com início, meio e fim (respectivamente por esta ordem).

Ainda por cima é um livro dos chamados, falsos gordos. Ou seja é um calhamaço, mas lê-se num fim-de-semana.

Fico à espera do próximo.


Shall See



O Zé Mário lá ganhou o campeonato inglês. É definitivamente o maior.

Vejo nalguns jornais que só foi campeão porque tinha o dinheiro todo do mundo para comprar quem quisesse. Se tivessem perguntado no início da época aos técnicos do Arsenal, Manchester ou Liverpool, que jogadores gostariam de estar a treinar, não acredito que algum deles escolhesse a equipa completa do Chelsea. Se calhar, nem sequer o Mourinho.

Mas a verdade é que ele pegou naquele grupo de jogadores e fez deles craques mundiais. Será que alguém preferia um John Terry a um Rio Ferdinand, ou um Drogba a um Tierry Henry, um Duff a um Rooney? Decidam vocês.

Não sei é correcto dizer que o Mourinho farta-se de ganhar títulos. O que é mais ajustado é dizer que há alguns que lhe escapam.

Zeca Ratzinger



Aquando da nova eleição deste Papa, assisti com desmesurado gozo às ofensivas críticas, oriundas dos sectores mais esquerdistas e laicos da sociedade portuguesa. Que com esta eleição, a igreja dava um passo atrás, que iria perder fiéis para outras religiões, que este papa era um retrógrado, que devia permitir que os leigos fizessem isto e aquilo, enfim baboseiras. Cheguei ao ponto de ler que tinha sido uma eleição dúbia.

Mas o que é que eles queriam? Um Papa que abolisse os pecados? Será que nunca repararam que um dos símbolos do Cristianismo é um Homem numa cruz? Não é propriamente um Homem num sofá, não é?

Porque é que os maiores críticos da Igreja são justamente os que não pertencem à mesma? Ó pá, deixem as pessoas de Fé em paz, senhores.

Além disso, eu quero lembrar a esses críticos que falaram em escrutínios dúbios, que esta eleição foi bem mais democrática que as que habitualmente são realizadas na Coreia do Norte (que o deputado Bernardino Soares um dia disse que tinha dúvidas que não fosse uma democracia), em Cuba, nos EUA, etc...

Gastrite

A minha filhota, pela segunda vez na sua curta vida, foi ao médico fazer uma visita de rotina e veio de lá com uma gastrite. Aquilo é tiro e queda, chega a casa, começa por recusar a comida e daí a pouco está a vomitar.

Não quero ser pessimista e pensar que ela só apanha gastrites no consultório do pediatra. Eu vejo é que ela nunca apanhou nenhuma gastrite em todos os outros lugares que existem.

Homem a homem



Fico a pensar se no futebol feminino também se utiliza o termo "marcação homem a homem"?

Não se devia, não era?

Montas



Esta foto - que podia muito bem ser de um grupo de nadadores gay - exibe alguns membros do Grupo Cultural e Excursionista Os Académicos da Febra, os quais surgem nesta imagem, aparentemente duma forma alegre e muito unida. Mas na realidade há ilusões de óptica. Se repararem com atenção, entre os dois elementos do meio, há ali um espaço vazio, como que se houvesse alguém que deveria estar ali presente e, vá se lá a saber porquê, não apareceu.

Esta foto foi tirada há cerca de um ano. Nessa altura já havia um porradão de tempo que um outro membro fundador desta nobre Academia, andava, qual ovelha tresmalhada, a pastar por outras montanhas e outros vales.

Na última 6ª feira, este menino lembrou-se que há amigos que são parvos o suficiente para se acaso for necessário, esperarem por ele uma vida inteira.

Não foi preciso aguardar uma vida inteira, foram só 3 anos. 3 anos durante os quais estes cinco gajos não voltaram a estar juntos, no mesmo local e à mesma hora.

Porque voltou a soprar as velinhas, porque voltou a ser bebé, voltou a haver ocasião, para beber, brincar e rir (muito alto).

A última 6ª feira foi um dos dias mais felizes deste ano. Não fosse a sacrista da minha Beatriz estar doente e eu teria mesmo dito que tinha sido um dia perfeito.

Esperam-se pois, valentes desgraças já para o mês que vem. No Algarve, tens de estar connosco. Fazes-nos falta!!!

Percebes, conho?