quinta-feira, junho 30, 2005

Irritações II

Ouvi há pouco na rádio apresentarem uma música dos Coldplay como sendo da melhor banda do mundo. Ia-me espetando contra uma rotunda.

Os Coldplay a melhor banda do mundo? Deixem-me rir.

Os Coldplay têm duas músicas, uma calma e uma mais mexida. O resto são variações. Por isso é que o The scientist é uma espécie de Yellow e o Speed of Sound é também uma espécie de Clocks. Não acreditam? Experimentem ouvi-las de seguida.

E, sim senhor! Os Coldplay irritam-me cumó caraças, não os entendo (como os Keane, os Radiohead e outras manias radiofónicas).

Mas espero que um dia isto me passe. Não com todos ao mesmo tempo. Mas vá, com um de cada vez.

Irritações



Irritam-me solenemente, quando certos (a maior parte, diga-se de passagem) advogados, médicos (principalmente de medicina desportiva), economistas, elementos da protecção civil, das forças policiais e armadas e outros que tal, fazem declarações à comunicação social.


Usam uma linguagem tão técnica e tão própria das suas profissões, que não reparam que estão a falar para um público generalista que não faz a mínima ideia do que estão a dizer.

Querem se armar aos cucus ao cagar postas de pescada e tornam-se ridículos.

Quando um médico, aludindo uma lesão de um jogador de futebol, menciona palavras como face antro-posterior, tibio-társica, meniscal ou ainda ligamento cruzado, não percebe que o povo quer é saber que o Paulinho Cascavel tem o joelho todo lixado porque ficou com o pé preso na relva quando rodou para o outro lado, que aquilo lhe provoca umas dores do caneco, que precisa de ser operado e que por isso tem de ficar sem jogar 3 ou 4 meses. É simples!

Já os economistas em vez de falarem no défice para aqui e inflação para ali. Deveriam era dizer que se ganhares 100 contos tens de dar 45 para o estado gastar com o povo português. Recebes portanto apenas 55. O problema é que esses 45 contos que o estado arrecadou não chegam para se governarem (porque governam mal, obviamente.). E têm necessidade de te ir buscar mais algum. É simples!

Quanto aos advogados, não há solução possível.

segunda-feira, junho 27, 2005

O melhor rally do mundo



Esta a folhear um jornal durante o meu almoço e deparo-me com notícias sobre o Rally da Acrópole. Vem-me logo à memória as noitadas para ver o Rally de Portugal. Que saudades!

O frio da serra de Arganil, o pó, as bocas ("Fraca tralha", "Zurravam que nem tartarugas!", etc), a lama, o barulho dos motores, os slides do Stig Blomqvist (que nunca sabia onde andava a traseira do Sierra) e do Marc Duez, as longas caminhadas, o nascer do Sol em sítios com nomes inusitados como Relva, Teixeira, Selada das Eiras, Amoreira, Folques, etc, o chiar dos travões e muita, muita adrenalina quando os gajos passavam por nós.


Enfim, muita saudade. Quem sabe, num ano destes, não volto a ver aquele espectáculo.

Ó Caladinho, tu viste a foto do Loeb no Estádio Olímpico de Atenas que vinha no Autosport? Estavam lá 70.000 a ver aquilo, pá. Então não se fazia uma pressãozinha à Fia e punha-se uma super-especial no teu estádio, pá?

Day After

Pior do que ter de trabalhar depois de 15 dias de férias, é ter de enfrentar o final do mês e tudo o que isso implica: muitos mails, muito spam (do you want to increase your penis?), muita factura a fazer, processar ordenados, impostos, IVA a 21%, um monte de correspondência, pouca vontade de trabalhar, já estou com saudades da miúda (e da graúda também), enfim uma merda!!!

Devia haver uma directiva comunitária que nos impedisse de trabalhar no dia a seguir ao descanso.

Tenho dito!

quinta-feira, junho 09, 2005

Pés

Mais ou menos por esta altura, está a fazer 4 anos que encontrei uma miúda giraça no Indústria.
Era bar aberto, o JB patrocinava a noite, começámos a conversar e o interesse foi aumentando.

A gaja era mesmo gira (e boa!). Comecei a ficar doidinho. Fiz então aquilo que achei que deveria ser feito nestas ocasiões:

- Olha lá, posso ver os teu pés?

Apesar de ter estranhado o meu pedido, lá se descalçou. Eu gostei do que vi.

Passado umas semanas fui viver para casa dela, passados uns meses tivemos uma filha e este calor está a dar-me umas saudades do caraças desse Verão.

Até logo, meu anjo.

Rainha Dona Leonor



Porque fui à Av. Igreja, não resisti e passei à porta do velho Rainha. O meu querido Rainha Dona Leonor, onde eu estudei de 1981 a 1991 (mais anos do que necessitava, está-se mesmo a ver, não é) E apeteceu-me escrever sobre o tema.

Por norma, mais tarde ou mais cedo, tenho saudades de quase tudo. Ás vezes até das coisas más que me vão acontecendo na vida. Mas do Rainha são mais as saudades boas.

Tenho saudades dos gelados do Sr. Américo da Avalanche, do casal de velhotes que vendia pastilhas e guloseimas espanholas, do contínuo preto que ficava junto ao portão de cima, do Batista da Sul América, dos brigadeiros da Suprema, das tostas mistas do Grog, dos cafés bebidos na companhia de umas miúdas no Pomodoro, das bicas e dos bolos de arroz da esplanada dos Coruchéus, das futeboladas e dos piqueniques nos relvados da Av. EUA, dos namoros nas bancadas do estádio da FNAT, das lutas com pinhas entre barcos no lago do Campo Grande, da professora Maria de Lurdes Guisado - seguramente a melhor professora de todos os que foram seus alunos - daquela selecção de futebol (os grandalhões da escola) -
o Pote, o Miguel Loirinho, o Pelé, o Gianini, o Quico Norton de Matos, o Pio, o Eduardo e tantos outros - que fazia grandes batalhas contra o Padre António Vieira, as visitas ao terraço dos Sétima Legião (quando ainda nem nome tinham) para ver ensaiar o Rodrigo Leão e a sua turma, do salão de snookers da Conde Sabugosa que tinha uma jukebox sempre a dar o Your love dos Outfield e o slow do Top Gun, das horas que passávamos na cave da Livraria Bertrand a ver as revistas de Fórmula 1 e do Spectrum, das matinés e soirés no Clube Roma, no Springfellows e até no Central Park (que saudades de dançar slows!), dos crepes do Centro Comercial do Pingo Doce da Estados Unidos da América, das visitas que fazíamos ás lojas de discos (a Valentim de Carvalho e a Strauss do C.C. Alvalade) para ver se já tinham as novidades de inglaterra, das visitas de estudo, e principalmente dos meus colegas e amigos.




Um beijinho especial para:
o meu muito querido Pedro "Canina" Quadros (o meu primeiro amigo de Liceu, a pessoa que me abriu os olhos para a música e mostrou que existiam umas bandas com nomes esquisitos como U2, Simple Minds, Joy Division, Durutti Column, The Cure, The Sound, Echo & The Bunnymen e principalmente os Psychadelic Furs), a Vera Alçada (filha da Isabel Alçada), o Alex Hachmeister (grande mago do bilhar), o Cabral (valente craque da bola), os gêmeos Luís e Tó Abreu, o Vitor da Estefânea, o João Roque, o Capristano, o Rui Fernandes de Chelas, o Zé Formigão (grande lagartão), o Gugas (que me mostrou uma banda bestial que são os Marillion e era um craque no ténis), a Mª João Coimbra do Crisfal, a Julieta que toda a gente achava gira e ninguém se atrevia a dizer, o Augusto (o gordo de óculos que qualquer turma que se preze possuiu), a Carlinha (a minha primeira amiga "a sério"), o Sport Billy, o Bigodes, o David, a Ana Nabais (ai que saudades dos Black & White, pá), o grande João Caldeira, o grande Gonçalo Teixeira (que juntamente comigo e com o Formigão formavamos um trio de valentes pencudos), o meu querido amigo e futuro afilhado Luís Mário, o Luís Punk, o Rui Rasquinho, a Dora, o Pedro Alentejano, o Pratas, o João Peixoto, o Capristano, o Pã, o Ratana, o Rafa, o Tiago Petinga, o malogrado Alexandre Craveiro Lopes, a Alice, o Nápoles (grande fã dos Simple Minds), a Alexandra Freudhental, a Odete Palaré, a Patrícia loirinha que morava lá para a frente do jacarepaguá (acho eu), que era um doce, um doce (assim mesmo, duas vezes), a Carlinha do prédio da Sul América (que era um doce, que eu adorava e que tinha pinta cumó caraças), a Romana (a menina dos Óculos Vermelhos), a Sofia Sousa (minha primeira namorada), a Vera Ferro (doideira), a Vanessa que afinal, ao que parece, queria curtir comigo naquela célebre festa do Filipe (Tom Cruise) e eu só soube uns 10 anos mais tarde, o Tó Queiroga, a Sónia Pereira (podredíssima de boa),(que é feito de ti, pá?) a estilosa da Ana Marcelino, o filósofo Emilinho, a Tinoca Félix, a Paula Águas e dezenas de outros que agora não me consigo lembrar.

Tenho saudades de ter 3 meses de férias no Verão.

quarta-feira, junho 08, 2005

Wolf



Neste último fim-de-semana, despachei finalmente o livro Eu hei-de amar uma pedra. Com este livro completei a leitura da obra deste caramelo.

É sem dúvida o meu autor português favorito. Capaz do melhor e do pior. É uma espécie de Pedro Barbosa da literatura. Teve épocas levadas da breca, com aberturas de 40 metros, fintas com aquele drible marado, aqule jingar de ombros com a bola sempre muito juntinha aos pés. Um deslumbre. Como disse uma vez o Quinito: gostava de comprar o Pedro Barbosa para o ver a jogar no meu quintal. Mas nestas últimas épocas já se anda a arrastar pelos relvados. Ainda assim, continuamos a ir vê-lo, na esperança infinita que ainda saia uma outra habilidade à Pedro Barbosa. E de vez em quando lá saem.

Com o Lobo Antunes sucede-me o mesmo. Tem livros fantásticos, outros mais ou menos e alguns, principalmente os 4 ou 5 últimos, onde nos arrastamos por aqueles calhamaços à espera de um ou outro malabarismo linguistico que só ele sabe fazer. Mas dá cá um trabalho.... Pôrra!!

Os críticos lá vão dizendo que está melhor que nunca. Eu, para esse peditório já dei. Já não espero uma história com princípio meio e fim, que é coisa que o Lobo Antunes nunca foi capaz de nos apresentar - na realidade as suas histórias só têm meio. Mas espera-se pelo menos que facilite a coisa. E depois aquelas cenas das interrupções e dos pensamentos entremeados, ó senhores, façam o favor de lhes fazerem um defrag à coisa, caneco!

Mas já gastei um porradão de texto a dizer mal e a coisa não é tão horrível quanto parece.

O quotidiano lisboeta, as descrições dos tiques kitch daquela população dos bairros antigos (e não só), as fantásticas metáforas. Pronto, gosto! É assim.

Vamos lá então categorizar a coisa:

Gande níbel!
O Manual dos Inquisidores - o melhor romance português do pós 25 de abril
O Fado Alexandrino

À maneira!
Os cús de Judas
Tratado das Paixões da Alma
A ordem natural das coisas
A morte de Carlos Gardel

Fixe
O esplendor de Portugal
Exortação aos crocodilos

Tem dias!
Memória de Elefante
O conhecimento do Inferno
As naus

Farsola
Explicação dos pássaros
Auto dos Danados
Que farei quando tudo arde?

Ó pá deixa lá estar o livro na prateleira que isso não vale um caracol!
Não entres tão depressas nessa noite escura
Boa tarde às coisas aqui em baixo
Eu hei-de amar uma pedra

segunda-feira, junho 06, 2005

Selecção



Este ano fui quatro vezes ao futebol. As três primeiras para ver o meu clube e esta última, no Sábado, para apoiar a nossa selecção.

Da visita ao Estádio da Luz, concluí o seguinte:

- aquela defesa com um ataque que soubesse jogar à bola, era um «ai Jesus, Deus me acuda»;

- o Ronaldo, se não fosse o êxito do Mourinho, tinha sido olhado este ano com outros olhos. é um craque do caraças e fez uma época de sonho;

- os jogos da selecção têm mais gajas boas que os jogos da Superliga (mas mesmo, muitas mais).

sexta-feira, junho 03, 2005

Sokota

O meu clube foi buscar (adoro esta expressão "foi buscar") o Sokota.

Vejo que os meus amigos benfiquistas ficaram todos em broa.

Queriam que o Pinto da Costa também levasse o Delibasic e o Karadas.

Zé Tó



Em duas semanas fiquei sem dois amigos.

Primeiro o meu primo Eduardo e agora o Zé Tó.

O Zé Tó foi um dos melhores centrais da década de 80. Belenenses até ao tutano, deu-me a alegria de ter chefiado a defesa da nossa Selecção na vitória contra a Inglaterra no Mundial de 86 e, quase 20 anos mais tarde, concedeu-me o privilégio de ser seu amigo.

Era um craque e um capitão dentro e fora de campo.

É pena que partam sempre primeiro os melhores.

Até logo Zé Tó. Tenho a certeza que estás lá em cima a escolher mais um daqueles restaurantes que só tu conhecias, com um leitãozinho ou um arroz de tamboril, regados com uma vinhaça supimpa.

Sabes do que eu estou a falar, não sabes?

quinta-feira, junho 02, 2005

Cerejas



Luxo: ser proprietário de uma cerejeira.
Desperdício: esta fotografia ilustrar 25% da produção deste ano.

Aníbal

Há uns anos em Benidorm, uma história a que assisti juntamente com o meu querido Neves Pinto. Dois casais de portugueses, tripeirinhos de gema, os homens à frente, as mulheres atrás:
— Aníbal.
E o outro nada.
— Aníbal.
E o outro nada.
— Aníbal.
E o outro lá olhou para ele. E então continuou:
— Aníbal de suspensões, o meu Mercedes, dá balentes abádas a qualquer Bê Éme que por aí anda.

Vem isto a propósito de me lembrar de que "a nível" é das maiores poluições da língua portuguesa. Já não há ninguém que a não utilize. Ainda por cima, é uma expressão que pode ser substituída por nada. Rigorosamente nada. Nicles. Népia. Simplesmente não deve usar-se.

Está na mesma categoria poluidora do "é assim". Expressão muito em voga desde o primeiro Big Brother e que todas as pessoas acarinharam, como quem adopta um panda no jardim zoológico.

Lembro no entanto que nada consegue bater o ex-jogador Diamantino. Um dia, ao ser entrevistado no final de um jogo, utilizou por 17 vezes a palavra "portantos". Atenção, ao ter grafado a palavra no plural não estou a cometer nenhum erro de transcrição, foi mesmo assim que ele disse "portantos".

Lapidar

Este senhor (que é um craque do caraças e que merece todo o meu respeito desde o dia em que fez um post de homenagem ao Rick Rubin (obrigado por teres produzido o Electric dos Cult, pá!) escreveu isto: «Não tenho nada contra pessoas que julgam pelas aparências. Tenho contra as pessoas que não sabem julgar pelas aparências.»

Eu como não tenho engenho para escrever esta ideia por outras palavras, transcrevo-o aqui, tiro-lhe o chapéu e bato-lhe palmas.