sexta-feira, março 31, 2006

Barba ou cabelo?

O meu avô António Joaquim Jaime era barbeiro. A minha irmã seguiu-lhe a arte. A minha filha acaba de me nomear cabeleireiro oficial dos bebés dela. Estou a fazer totós e a colocar ganchos de empreitada, nestes seres de plástico que habitam aquele quarto.

"Pai, axuda, axuda!"

(tenho medo de estar a abichanar. pelo sim pelo não, talvez não seja má ideia, mandar chamar o Fernando.)

Afternoon fever

Recebo uma aviso de que a minha filha está na escola cheia de febre. Saio a correr e lá vou eu buscá-la. Chego à escola, procuro por ela na sala e não a encontro à primeira vista. Darei com ela mais tarde, sentada a um canto, com um ar abatidíssimo e a mudar a fralda do seu bebé.

Olho para ela, ela olha para mim, levanta-se e aponta para algo atrás de mim. Diz então: "- Afonxooooo!"

Viro-me, o miúdo olha para mim, eu abro os braços, ele também. Damos um abraço e eu dou-lhe um beijinho.

Notei que foi um abraço seco, frouxo. Mais ou menos como que a dizer: "- olha lá, ó palhaço, lá por seres o pai da gaja, lá por teres o triplo da minha altura, não é por isso que me atemorizas. A mina é minha e mainada, ok?"

Eu só estava com medo que ele dissesse: "Olá tio, tá bom?"

Este homem é do Norte, carago!



A pedido de várias famílias, cá vai o célebre relato!

quinta-feira, março 30, 2006

xpór lixboa e benfica

Alguém me consegue explicar porque é que o Koeman fala com sotaque galego, apesar de ter aprendido castelhano na Catalunha?

Xim, xeñor xosé veigá!

segunda-feira, março 27, 2006

personalidade jurídica

Quando há uns dias me despedi e mudei de emprego, fi-lo no pressuposto que ia trabalhar para a minha sogra.

Há dias descobri que, juridicamente, também sou um assalariado do meu sogro e (medo, medo, medo) da minha própria mulher.

Há coisas que realmente, nós não sabemos no que nos estamos a meter, não é?

p.s.: Isto não são só desgraças: de agora em diante a festa de natal dos filhos dos funcionários desta empresa será um espectáculo de variedades para a minha mulher e para a minha filha. Ó madrinha, temos de começar a tratar das prendas para as miúdas, pá!

informações inúteis

- as aulas de rpm do HP de Cascais são, francamente, as mais animadas. por outro lado, têm os professores tecnicamente mais baldas.

- as aulas de rpm do HP de Cascais, têm sempre o melhor set de músicas e as gajas mais boas. por outro lado, têm as gajas mais queques, as gajas mais betas, as pitas loucas, os betos e, pior que tudo isto, homens que se penteiam (muito) antes das aulas começarem.

- o HP da Beloura tem actualmente, o melhor monitor de rpm que eu conheço (é certo que há uns anos era uma merda). além de ser durinho é tecnicamente fantástico. Por outro lado, tem uma sala que é uma merda: à segunda música já estamos a suar que nem uns cavalos.

- as biclas do HP da Beloura, não são tão boas como as de Cascais, mas são bem melhores que as da Qta. da Fonte.

- o HP da Qta. Fonte, apesar de velhinho, continua a ser o mais equilibrado: mesmo a 5 minutos do começo da aula é raro não termos senha, tem dois monitores que não sendo perfeitos, são tecnicamente muito bons e são durinhos. por outro lado, as músicas são quase sempre muito rascas.

- o HP da Qta. da Fonte tem o melhor restaurante, o pessoal mais porreiro e os sócios mais despretensiosos. Por outro lado, as biclas, já se sabe, são velhotas.

- os cd's de rpm antigos são sempre os melhores. a maior parte dos monitores de rpm têm quase sempre o ouvido muito mouco para ver se o pessoal pedala melhor com esta ou com aquela música.

- o "Boys of Summer" interpretado pelos Ataris é seguramente a melhor, a mais gira e a mais forte música de todos os cd's do rpm. é a música que divide os que andam lá para curtirem um bocado, dos outros, os parvos como eu, que adoram pedalar durante 45 minutos, com o cu sentado num triangulozinho de plástico. e ainda por cima pagamos para isso. (zezinho, havias de me ver, pá. já estou tão crescidinho. imagina que já consigo ouvir esta música sem desatar a chorar. não é fantástico?)

-
além destas coisas todas, o Amâncio continua a ser a referência desta gaita do rpm. ó Santos, que saudades, pá!

sábado, março 25, 2006

são golos atrás de golos

Estou ansioso pelo jogo do meu clube com a briosa. Não é por nada, mas gaita, ao fim de 28 jornadas o grande McCarthy tem finalmente oportunidade de ultrapassar, por exemplo, o António Leonel na lista dos melhores marcadores do campeonato.

Força negão!

quinta-feira, março 23, 2006

O circo desceu à cidade

Nunca fui grande fã dos "riéliti chôus". Mas no que respeita agora, a esta cena dos palhaços lá do circo, a coisa muda de figura.

Não é bem por causa da juca pinheiro, nada disso. É que fui educado, desde pequenino, a atentar à seguinte ladaínha:

"se vires o antónio calvário
não o trates com desdém,
pois se tivesse clítoris
podia ser tua mãe".

Respeitinho então, ok?

eta é p'a mim e eta é p'a ti

Ó Caladinho, sei que ontem foi dia de sofrimento. Sei que te sentiste muito injustiçado, certo?
Deixa lá, meu querido, sei muito bem o que é isso, volta e meia também me acontece o mesmo (lembras-te do Lucílio Baptista em Alvalade?).

Mas olha, dentro de dias vais receber a gente lá no teu estádio e, pelo andar da carruagem, espetas com dois ou três na pá ao grande fêquêpê, para depois então, encheres bem o peito e gritar bem alto: ok, o campeonato é nosso, fiquem lá c'a taça!

Vai uma aposta?

Desabituados

Algo vai mal no reino do meu clube: antigamente festejavam-se as conquistas, agora até as passagens às finais são motivo para lançar foguetes, imagine-se.

Gosto de coerências

Gosto de treinadores que quando são beneficiados apregoam que não costumam comentar arbitragens e quando são prejudicados riscam a palavra coerência do dicionário.

Gosto da vida como ela é.

domingo, março 19, 2006

segunda-feira, março 13, 2006

rpm

Ando com umas saudades loucas das aulas de rpm da Quinta da Fonte.

Ó Sérgio Marques, não dá para pegares no grupo do costume, meterem umas 10 ou 15 biclas numa camionete e virem até aqui ao Rato dar uma aula? Diz ao Ricardo e ao Artur para trazerem os cd's. E olhem, tragam também gajas, pá!

2 anos - irresistivel

Daqui a dias lá em casa...



...um conjunto de 4 cd's e um dvd com bootlegs dos Pretenders.

The screen door slams



Este disco é muito, mas muito bom. E não ha maneira de sair do raio do leitor de cd's.



Esta edição comemorativa dos 30 anos do Born To Run, tem dois dvd's fan-tás-ti-cos: um deles, tem um documentário sobre o making of do disco; o outro tem o concerto do Hammersmith Odeon de Londres em 1975. E não há maneira de sairem do dvd.

pdi

os provadores das lojas de roupa fazem-me velho. têm uma porra duma iluminação tão forte que não há cabelo branco que não seja realçado. e mesmo os que não são, branco se tornam. safa!

domingo, março 12, 2006

Ó pázinho, emprestas-me esta cassete?

Quem cresceu nos anos 80 sabe o significa a frase "é pá, grava-me lá uma cassete com umas cenas à maneira, gravas?".

Era normalmente dirigida a quem tinha uma colecção apreciável de discos e, obviamente, que tivesse um leitor de cassetes.

Fazíamos cassetes para ouvir de manhã, outras para as alturas de relax, outras ainda para quando quisessemos impressionar as miúdas (estas claro, com slows e afins), etc.

Lembrei-me disto porque o meu querido Nuno (podia fazer-lhe aqui um link para o seu blog. podia, sim senhor. mas enquanto não retomares a escrita, meu menino, nada feito. hás-de ficar na obscuridade sem ninguém saber quem és. toma, toma!) é um gajo superior. um tipo à moda antiga e que tem a faculdade de, volta e meia, me presentear com uns cd's, gravados à la carte, aqui para o pitx.

Ele sabe que eu não gosto nem de metade das músicas que ele lá põe. Cenas alternativas e tal, coisas que não aparecem no top +, tão a ver? E eu já o avisei que é infrutífera a sua cruzada em actualizar o meu gosto musical. Mas o que é que se há-de fazer? Ele sabe que esta alma parva, parou musicalmente no dia 31 de Dezembro de 1989. Eu até adoro aquelas prendas. Confesso que sim, aquilo para mim é como uma fotografia dele que eu carrego no meu leitor de cd's. E não deixa de ser bonita esta cruzada que ele empreendeu em actualizar-me nestas coisas da música.

No entanto, ainda há milagres e esperança no mundo. Estou a dizer isto porque contrariamente ao esperado, afeiçoei-me tanto ao raio das colectâneas que o gajo me fez (afinal tinhas razão pá, mais tarde ou mais cedo acabaria por gostar destas coisas), que acabei por fazer uma outra, só com o meu "best of" dessas músicas.

E é por causa disso que eu tenho que dar a mão à palmatória e dizer que ando no carro com um cd com as seguintes músicas:

Sufjan Stevens - Chicago
Josh Rouse – It's the nighttime
Franz Ferdinand – Do you want to
Mercury Rev – First-time mother's joy
dEUS – Nothing really ends
Devendra Banhart - Heard somebody say
Grandaddy - Pull the curtains
Jay-Jay Johanson - Rush
LCD Soundsystem - Tribulations
Magnetophone - Let's start something smooth
Paul McCartney – Fine Line
Perry Blake - Freedom
Royksopp - Only this moment

Meu querido Nuno, tenho o meu aniversário à porta. Tens mais ou menos um mês para me fazeres mais umas compilações "Pipáterra".

Entendeste a mensagem ou tenho de te fazer um desenho?

Chamada em espera

Quando ligamos para a Segurança Social, a música que se ouve quando os gajos nos deixam pendurados à espera, é o Strange Brew dos Creem.

É isto o choque tecnológico?

Se é, começam bem.

sábado, março 11, 2006

É hoje!

- já viste, môr. hoje a minha filha faz 2 anos.
- quê! tás parvo? minha filha? NOSSSA filha, queres tu dizer!
- bom, tu sabes muito bem que a filha é minha, não é?
- claro que não é tua, é minha, saiu do meu corpo.
- vamos lá ver então as coisas, lembraste quando fumávamos?
- sim.
- lembraste que íamos à maquina do tabaco, punhamos uma moeda, carregávamos no botão do ventil e saía um maço, certo?
- certo.
- agora responde-me: o maço era teu ou era da máquina?
- parvo.
- ah pois é! vês como a filha é minha?
- então deves ter carregado no botão errado porque ela saiu ingalzinha a mim.
- pronto, fica lá com a taça!

terça-feira, março 07, 2006

3 do 3

eu trabalho, regularmente, há quase 20 anos. estive em 6 empregos. uns bons, outros maus, outros assim assim. tive, na maior parte dos casos, excelentes relações com as entidades patronais ou com as chefias. coisas rijas, fincadas, coisas para sempre. algumas dessas situações resvalaram da amizade para a ligação familiar (não é, meu querido afilhado?).

nos últimos 2700 dias (certinhos), tive o melhor trabalho do mundo. sem exageros. não sei se seria o melhor para toda a gente, era seguramente o melhor para mim. trabalhava com a pessoa que mais amei (e amo, fosga-se!) nos últimos 30 anos; a pessoa que mais admirei (até, se calhar, profissionalmente); a pessoa que, sem ter feito um cabrão dum esforço (és mesmo uma nulidade em pedagogia, pá), mais me ensinou nestas coisas do marketing, do design, da publicidade e outros que tais.

nem tudo correu bem, é certo. mas gaita, o cabrão do saldo é muito positivo. lembro-me muito bem de como era a minha vida há 8 anos e como é agora.

estas melhorias têm a ver com o meu desempenho? sem dúvida que sim. mas há coisas que não se esquecem. não posso esquecer que trabalhei numa coisa que adorava, que tinha uns horários flexíveis até dizer basta, que tinha um ordenado bestial, que andava de chinelos e calções de Abril até Outubro, que tinha vista para o mar, que tinha carro, que tinha um porradão de coisas porreiraças.

no dia 3 do 3 saí dessa empresa. senti que tinha sido o primeiro dia do resto da minha vida. pela primeira vez tive necessidade de ser crescidinho. de pensar que tenho uma família, de pensar que tenho uma filha para sustentar. atenção, não que não tivesse pensado antes, mas no dia 3 senti esse peso nas costas.

ok, vou para um trabalho muito mais aliciante; vou trabalhar com uma das 5 mulheres mais fantásticas que já conheci em toda a minha vida (eu tenho uma sorte bestial em só ter trabalhado com gente incrível), uma craque dos diabos, uma senhora que me trata como se seu filho fosse; vou trabalhar numa área em que sei que me vou dar bem, em que sei que vamos ter sucesso - vamos, não vamos, madrinha? -; sei que vou ter mais responsabilidades, vou ter mais privilégios, vou ganhar mais dinheiro, etc. e é sabendo isto tudo, é sabendo que estas coisas estão à minha espera, que tenho todo o consolo do mundo.

mas gaita, enquanto não passar esta porcaria desta fase não se metam à minha frente que isto custa muito. olha, olha, apanham-me num dia bom, apanham!

desviem-se, ok?

quinta-feira, março 02, 2006

É um par de lostras a cada um e pianinho, ok?

ó zé, sabes a que conclusão eu chego cada vez mais? que por mais que cresçamos, seremos sempre aqueles meninos que jogavam à lerpa ao carolo; que faziam concursos de cultura geral com prémios como o mapa da jugoslávia (antes da guerra) ou um transferidor; que andavam de carrinhos de esferas nas traseiras da Mira Fernandes; que faziam pistas de f1 em cartolina onde se aldrabava o nome do piloto vencedor para que na lápide constasse "1º grande prémio vencido por Nélson Piquet" e não o Keke Rosberg ou o Carlos Reutmann ou, muito menos, o Alan Jones; que iam para o túnel da bruxa; que ficavam na ponte de chelas com o comboio a passar; que iam para a piscina da Penha; que pézavam (não, não tem nada a ver com o Peseiro. não tentem saber, ok?); que iam para o bar do justo; que faziam concursos de planespotting; que andavam pelas escadas dos prédios novos a procurar jornais com fotos do Piquet; que chamavam "Inaut love" ao code of love dos spandau ballet; que jogavam pekei; que lavavam os sapatos cheios de lama na casa de banho da vitoriana, etc...

se calhar até devíamos crescer, de vez em quando, um bocadinho. mas tenho andado cá c'uma preguiça!...

se calhar é melhor deixar estar isto como está, não achas?

amo-te, meu cabrãozinho de merda. percebes? amo-te, pá!