tenho a mania dos perfumes. ou melhor, sou incapaz de cheirar um perfume, um cheiro qualquer, sem acrescentar, mentalmente, uma frase, uma legenda qualquer. nem que a legenda seja, por exemplo «rally paper dos finalistas de enfermagem de 1984», «casa da lina» ou «bitoque do pirajá».
mas é uma coisa imediata. ou seja, sou quase incapaz de passar por um cheiro e resumi-lo a «bom», «mau», «cheira bem» ou «cheira mal».
quanto muito posso lhes atribuir esses nomes, essas classificações aos cheiros virgens. àqueles que nunca tinha cheirado antes.
ontem passo pela porta duma body shop e houve algo que me fez abanar a'ialma. cheirava a «rádio energia, losing my religion, josé mariño» recuo, a minha mulher recua também, entro na loja, dirijo-me à rapariguinha do shopping e questiono:
- olhe ó desculpe, este cheiro que paira no ar é uma mistura ou andou aqui a sulfatar um qualquer para atrair clientela?
- não, é mesmo uma mistura.
- e pode-me então dar uns tópicos de por onde hei-de começar. é que me cheirou a um perfume que a vossa casa teve, uma coisa masculina, mas que desapareceu de mercado lá por volta de 1993.
- veja se é este?
- não.
- e este?
- não.
- e este?
- não. olhe deixe estar.
ainda andei, sem ajuda de ninguém, a chafurdar o nariz em frascos e frasquinhos a ver se conseguia topar a coisa mas não tive sorte. mas ficou a cabeça a trabalhar, ali, naquela coisa do reavivar memórias e tal...
minutos mais tarde, sentados na portugália a mandar abaixo duas pratadas de bifes, ela diz-me:
- podias ganhar dinheiro com esta tua pancada pelos perfumes.
- como?
- então, ias trabalhar para essas empresas de cosmética e tal.
- tinha piada...
- serias «nariz»... que é mesmo o nome que se dá a essas pessoas. e fartam-se da ganhar papel...
- tinha piada, realmente.
- era a nossa independência!
- nossa não, minha! tu ficarias, está visto, dependente do que eu te daria no fim do mês.
- vê como quiseres.
mas é uma coisa imediata. ou seja, sou quase incapaz de passar por um cheiro e resumi-lo a «bom», «mau», «cheira bem» ou «cheira mal».
quanto muito posso lhes atribuir esses nomes, essas classificações aos cheiros virgens. àqueles que nunca tinha cheirado antes.
ontem passo pela porta duma body shop e houve algo que me fez abanar a'ialma. cheirava a «rádio energia, losing my religion, josé mariño» recuo, a minha mulher recua também, entro na loja, dirijo-me à rapariguinha do shopping e questiono:
- olhe ó desculpe, este cheiro que paira no ar é uma mistura ou andou aqui a sulfatar um qualquer para atrair clientela?
- não, é mesmo uma mistura.
- e pode-me então dar uns tópicos de por onde hei-de começar. é que me cheirou a um perfume que a vossa casa teve, uma coisa masculina, mas que desapareceu de mercado lá por volta de 1993.
- veja se é este?
- não.
- e este?
- não.
- e este?
- não. olhe deixe estar.
ainda andei, sem ajuda de ninguém, a chafurdar o nariz em frascos e frasquinhos a ver se conseguia topar a coisa mas não tive sorte. mas ficou a cabeça a trabalhar, ali, naquela coisa do reavivar memórias e tal...
minutos mais tarde, sentados na portugália a mandar abaixo duas pratadas de bifes, ela diz-me:
- podias ganhar dinheiro com esta tua pancada pelos perfumes.
- como?
- então, ias trabalhar para essas empresas de cosmética e tal.
- tinha piada...
- serias «nariz»... que é mesmo o nome que se dá a essas pessoas. e fartam-se da ganhar papel...
- tinha piada, realmente.
- era a nossa independência!
- nossa não, minha! tu ficarias, está visto, dependente do que eu te daria no fim do mês.
- vê como quiseres.
1 comentário:
Quer dizer que gostas mesmo de perfumes.
Eu tb os identifico com pessoas, lugares e momentos da vida.
Essencial!
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