terça-feira, agosto 28, 2007

todos os nomes? nah, só alguns!

a minha filha chama-se beatriz porque eu tive uma avó com esse nome. nunca a conheci, era a mãe da minha mãe e mulher do meu avô antónio. sem saber porquê, talvez porque eu gostava muito desse meu avô, inconscientemente, acabei por gostar muito das coisas que diziam dessa minha avó. ficou o gosto por ela. não sei se gosto do nome beatriz. mas a partir da altura em que aquilo passa a ser uma homenagem, o gostar ou não do nome, deixa de ser importante. felizmente a vinha avó não era hermengarda.

mas há nomes que eu acabo por associar logo logo directamente a algumas pessoas. pronto, se calhar porque me marcaram duma forma ou doutra, ou porque eram pessoas com que me cruzava no dia a dia - comerciantes, familiares, etc -, ou até porque foram as primeiras que eu contactei com esses nomes.

por isso é que para mim albino será sempre o dono do lugar lá ao pé da tipografia do marques & napoleão e que nos fornecia os caixotes para jogarmos pequei; aníbal será sempre o senhor que tinha a drogaria onde eu comprava pedrinhas de goma arábica para fazer cola com que se colavam os cromos da colecção "panorama zoológico"; porfírio será sempre o senhor que tinha (tem!) uma loja de ferragens onde se ia comprar pregos e parafusos; duarte será sempre o marido da beatriz do lugar da esquina; alfredo será sempre o meu tio que tinha um papagaio chamado jacob (que imitava máquinas de costura) e uma figueira em cima da qual eu passava umas valentes manhãs a encher o bandulho; álvaro será outro tio que sabe de cor e salteado as equipas campeãs da década de quarenta em diante e que eu adoro ouvir dizer o nomes dos campeões beleneses de 45/46, assim, a eito e dum só fôlego: capela vasco e feliciano, amaro, gomes e serafim (deve-se pronunciar sarafim), armando, quaresma e andrade, josé pedro e rafael; acácio será sempre o meu padrinho; possidónio tem de ser o pai do zé burrié; sebastião só pode ser o cô com aquele penteadinho de óleo dos fritos; altina será a leiteira que nos fornecia aquelas saudosas garrafas de leitinho fresquinho (ai o que eu odiei quando as substituíram por pacotes daqueles maleáveis que se entornavam todos pelos cotovelos abaixo); cecília será sempre a minha irmã (
meu deus, o que raio passou pela cabeça dos meus pais quando lhe deram aquele nome?); lutegarda será sempre a cabeleireira da minha mãe (calma, não façam assim um ar de espanto tão grande. era tratada por lute!); agostinho será sempre o taberneiro (tenho de fazer um post sobre o seu velório: irresistível, mesmo!); alcides só pode ser o meu bom velho companheiro dos tempos em que fomos monitor de colónias de férias; tibério só pode ser o meu falecido primo que me ofereceu, salvo erro, um triciclo (ou terá sido um cavalo de pau?); benjamim é outro primo que tinha uma loja de electrodomésticos em corroios; celso era o pai das gêmeas; cristiano será sempre o pai dos gramunhas; edgar era o senhor que nos tirava os retratos; amílcar era um primo que se lembrou de tirar filosofia na católica "apenas" com média de 17 ("apenas", simplesmente, porque já estava muito farto daquilo e não estava para se esforçar mais); horácio era o senhor da oficina perto do greno e respeitável dono do king e zulmira foi a minha professora da primária.

isto claro para não falar nos nomes dos actores das novelas que passaram a ser tratados pelo nome das suas primeiras personagens: o nacib, o dr. mundinho, a malvina, a jerusa, a muriel, a ligia, a malu mulher, o zeca diabo, o tonico bastos, o terêncio, o zelão das asas, o odorico paraguaçu, o dirceu borboleta, o chico chicão (que um dia quis tirar uma foto com a minha filha), a glorinha, etc, etc.

o resto, bom o resto é conversa

5 comentários:

tcl disse...

Comecei a ler aqui o teu post e lembrei-me de imediato do meu Aníbal. O meu Aníbal era um miúdo mais ou menos da minha idade, meio coxo e vesgo, que morava perto da casa que os meus pais alugavam na praia em S. Martinho do Porto. Ao Aníbal, no auge dos seus 12 anos, agradava-lhe muito mais andar a brincar com os outros miúdos, entre os quais eu me incluía, que fazer as tarefas de que a mãe o incumbia: dar milho às galinhas, lavadura aos porcos, mungir a vaca, mudar a palha à burra e por aí fora. De forma que, durante o dia, ouvia-se vezes sem conta a mãe do Aníbal a gritar: "óh'nííííííbal, seu filho da puuuuuuuta! qunado te puser as mãos em cima levas um enxerto de porrada, que vais ver!" nunca mais me esqueci do Aníbal

Gonçalves disse...

O albino usava uma bóina como o vitorino, o aníbal chega aos oitenta anos e separa-se da mulher, o porfírio ainda tem a loja que devia chamar-se “porfirio's”, o duarte passou o gene para o filho (assim devagarinho e com muita calma), possidónio é um nome de respeito, demonstra austeridade. O que é que se passou no velório do agostinho pá? Então e o celso das bilhas de gás? o horácio é o meu padrinho de casamento, curiosamente tem o mesmo nome do padrinho de baptismo que conheci aos 24 anos! A minha professora foi a rosa otero.
O nosso bairro dava uma boa novela, por vezes de faca e alguidar, mas que dava dava

voandobaixinho disse...

(estes gajos devem ter morado no sitio do pica pau amarelo)


(medo)

Anónimo disse...

O comentário anterior fecha todo o texto com chave de ouro.
Errata: sr. Albino tinha uma mercearia (e não um lugar);
Possidónio diz-se Psidónio.
(Bic Laranja)

F I M

Ana Rute Oliveira Cavaco disse...

exactamente!
gostei.