quinta-feira, junho 19, 2008

ena tantos!

há tempos pedi ajuda a uma pessoa dos blogs, uma amiga, sobre uma coisa que confesso já nem me recordo o que era. lá me ajudou e no fim eu até disse na brincadeira «se conseguir resolver isso, até faço um post sobre o assunto.».

sem perceber que estava a brincar, ela acrescentou «já agora, se chegares a fazer o post e se não te importares, gostava que fizesses um link para o meu blog, para... pronto, para que eu tenha mais visitas».

achei piada ao pedido, e, confesso, já nem me recordo se acabei por fazer o tal link ou não.

foi a primeira vez que percebi - sim, ingenuamente - que estas coisas das visitas era uma coisa importante e que pelos vistos, assim como os meninos e meninas dos morangos com açúcar, quanto mais pessoas nos vissem, mais giros, certamente, seríamos.

a coisa passou e eu nem liguei muito. até porque eu, ingenuamente (já é a segunda vez que utilizo a palavra ingenuamente neste post. daqui em diante direi antes totó) continuava e continuo a escrever para aqueles 12 ou 15 amigos que eu sei que me lêem, que me conhecem pessoalmente, que sabem como falo, que sabem como eu penso e que sabem que quando eu digo que mijei na estrada da beira não estou a dizer que mijei na beira da estrada.

mas, lá está, totó como eu sou, vou-me esquecendo que isto afinal sempre aparece mais pessoal do que nós julgamos. e claro, nem é preciso fazer posts com palavras estratégicas como «mamas da floribela», «elsa raposo nua» ou «murro do scolari» para que o livro das visitas vá aumentando.

o pior é que aparece sempre malta com outros estudos, pessoal com instrução e tal e que consegue ler para além do que eu escrevo. ora, não estou habituado a esta presença de gente com poderes para-normais.

escrevo um post a dizer que as mulheres ficam com uma imagem prejudicada quando usam mules e sabrinas e recebo links onde alguém lê nas minhas palavras que eu afinal acho que as mulheres têm de sofrer em saltos altos (?) para nos agradar.

escrevo uns quantos linguados sobre a noção de sacrifício e vêm-me dizer que eu gostava que a minha filha fizesse sacrifícios só porque sim.

tenho a mania que tenho piada e escrevo umas coisas sobre uma birra dela e vêm-me apresentar toda uma panóplia de soluções para, imaginem, educá-la melhor.

que coisa mais bonita, eu que me julgava um puto (pronto, ok, um cota puto) rodeado por leitores bêbados, janados, ou meninas daqueles blogs com relatos das primeiras cólicas e afinal não. longe disso, até. as minhas leitoras e os meus leitores é gente doutro nível:

- pessoal que trata os filhos a bagaço e pancada (nada mais correcto que eu bem sei e na pele sofri os efeitos desse capítulo educacional. só sou contra porque naquele tempo ainda se molhava a chucha em medronho algarvio e agora, os reles pais modernaços, só têm bagaceira são domingos que é do mais reles que por aí há);

- gente que tem, inclusivamente mais que um par de filhos mas que pronto, lá está, pais doutro nível, gente que tem um estádio pedagógico francamente apurado, certamente com toneladas de dóctór fil ou de workshops com o doutor mário cordeiro. pessoal que sabe que ao segundo filho deixa de haver birras, deixa de haver egoísmos, tudo acalma e faz sentido;

- tenho ainda outro tipo de leitores que reconhecem em mim dotes shelley ou até cronenberguianos na excelsa produção de monstros - caramba, é de níbel, não?;

- há ainda quem prevê dificuldades na minha vida futura uma vez que reconhecem danos - evidentes, claro - no ministério da minha paternidade - nem discuto, atenção! - que se irão reflectir, reparem, quando a minha filha namorar (bom, já não dizem que vai ser fressureira o que, convenhamos, não é nada maul) e o tó jó quebra-bilhas desejar deflorá-la lá no sofá da sala quando ela tiver 20 anos (lá está, eu sou totó. ainda acredito que as filhas das minhas leitoras, quando chegarem aos 20 anos nunca lhe terá passado um cabrão dum pentelho masculino pela boca);

- e até a grande viera do mar (devo tratá-la como? your honour, talvez, não?) (meu deus, o quanto eu sonhei ser linkado por uma destas socas da vida. e agora? agora é sempre a descer, não? quem sabe, ainda vem um mexia ou um jpp linkar-me e dar-me a salvação eterna) teve a deferência, a sanidade e o olhar perscrutor (como é apanágio da classe blogueira que me lê ou que eu religiosamente leio, como é o caso da grande vieira) de acertar na mouche e reconhecer que os comentários que me apoiam (mas apoiam em quê, vieira?) são estapafúrdios e, num acto de suprema justiça, aponta a diabba como exemplo de lucidez.




clap, clap, clap, clap!

parabéns, caraguicho! apetece-me parabenizar-vos a vóis todos (como diria o marinho peres) agora sim, estou rodeados de óptimos pais. gente sagaz e inteligente. que maravilha! quer um gajo escrever umas coisas com piada e recebe um molho valente de conselhos pedagógicos. francamente, não posso pedir mais. peritos na educação de "filhos dos outros". bestial, camandro!

haja lucidez!

por outro lado isto deixa-me intrigado. é que eu não tenho nada contra os que julgam pelas aparências, eu tenho é pena dos que não sabem julgar pelas aparências.

vão aparecendo. eu gosto dos vossos comentários. nunca tinha chegado aos vinte comments. ando feliz, sério!

21 comentários:

Gonçalves disse...

" e continuo a escrever para aqueles 12 ou 15 amigos (...)que me conhecem pessoalmente, que sabem como falo, que sabem como eu penso e que sabem que quando eu digo..."
Falta dizer que esses amigos sabem e conhecem o gozo que dá ouvir uma gargalhada das tuas, daquelas bem sonoras. Aquela que certamente dás a cada comentário.

Patti disse...

5 estrelas!

Clara disse...

Pois meu querido, se assim é, recomendo altamente que feches o blog para os teus 12 ou 15 amigos que quando dizes que mijaste à beira da estrada, entendem que não mijaste à beira da estrada.

Os outros como eu, que têm de se socorrer do Mário Cordeiro desde o primeiro dia em que tiveram filhos e cometem todos os outros pecadilhos em que me sinto particularmente visada neste post, a lerem-te, lêem-te mal. A entenderem-te, entendem-te mal.

Karla disse...

És grande :D

Anónimo disse...

Daqui fala o anónimo.

Manda-os foder pá.

Anónimo disse...

Mais um post 5*****

Tu estás lá ;-P

Anónimo disse...

Não tenho filhos mas tenho os cadilhos porque a minha melhor amiga tem onze crianças (entre os 6 meses e os 18 anos) e vem a caminho o 12ª. E como é também vizinha, a criançada acha (e bem) que a minha casa é uma continuação natural da deles e eu, da mãe. Costumo lê-lo e nisto dos blogues sempre se fica a conhecer um niquinho dos autores. Por isso,estranhei o C3H5(NO3)3. Convenhamos, a descrição é um bocadito aterradora.

cereja disse...

Ainda não te tinha linkado ao meu blog, e portanto não passo por aqui com tanta frequência como isso.
Hoje chamaram-me a atenção para a 'polémica'(???) do teu post C3H5(NO3)3.
Fiquei pasma.
O que interpretei como um desabafo muito engraçado, e um tanto exagerado para dar mais picante, foi levado muito a sério e estás ali cheio de bons conselhos...
Pronto, claro que posso aconselhar a quem não goste do estilo não vir cá, mas isso já eles sabem.
Olha, vi contando as entradas, e vais ver que os tais 15 amigos trazem mais um ou mais zeros a seguir.

anne disse...

já cá tinha vindo à espera do contra-resposta! eu acho que aquilo foi exagerado, eu li o post como quem lê uma rábula dos gato-fedorento - é a realidade, mas muito exagerada... espero que fosse para ser interpretado assim.

(a história das sabrinas chateou-o??? que coisa tão insignificante, e eu não estava a dizer que o Pedro acha que as mulheres devam sofrer só para agradar, eu estava a tentar dizer que EU jamais sofreria para agradar fosse a quem fosse)

Anónimo disse...

Quem desdenha quer comprar.Tem cuidado com o assédio da GRANDE vieira!!!!!

Anónimo disse...

Enfim...é deixar passar ao lado! =)

LP disse...

Escreves para os teus amigos mas eu posso continuar a ler certo? É que eu gosto. E quando li o "post da polémica" ri-me à gargalhada, identifiquei-me com a ironia e nunca pensei que fosse lido/visto/comentado de outra forma.

Papoila disse...

Eu que tenho andado arredada daqui, deixa lá ver o post da polémica....
(uhhh!, isto é muito à frente, ter um "post da polémica"!)
((não achas também que as pessoas (leia-se bloggers) dão muuuuuuuuuuuita atenção a algo sem qualquer importânica, sem qualquer relevência, como os blogs?))

Papoila disse...

Pronto já acabei.
O que é que aquilo tem de polémico, mesmo?
Ah já sei, só vou perceber quando ler os comentários.
Ora bamos lá....

Papoila disse...

Ai as voltas que tive que dar, ainda tive que ir a outro blog, e continuo na minha: anda por aí muito boa gente a achar que ter um blog faz deles pessoas muito inteligentinhas...
Get a (real) life...

Ana Rute Oliveira Cavaco disse...

ainda te maças...

Anónimo disse...

pronto,pronto. Pela minha parte peço desculpa aos amigos do autor por ler o blogue e atrever-me a comentar um post. É dificil adivinhar quando um relato é mais ou menos ficcionado ou quando a beira da estrada é a estrada da beira. Sobretudo quando não se é amigo. Mais uma vez, desculpas pela intrusão na privacidade do autor. Não voltarei a abrir correio alheio.

Di Napoli disse...

Já deste à pingolinhas umas minis a provar? E um Pias? Ou um Borba, mesmo...
Não? Mau! :)
(Tenho que ir ler esse post dessa fórmula química avançadíssima, pá!...)
Aquele abraço! :)

Anónimo disse...

Em sassa: "Fazes birra para sair da cama, fazes birra para lavar a cara; fazes birra para lavar os dentes, fazes birra para lavar o rabo, fazes birra para tirar o pijama (se tu tivermos conseguido vestir na véspera), fazes birra para vestir a camisola, fazes birra para vestir as calças, fazes birra para te calçar…"

Qualquer dia a vossa filhota processa-vos por difamação. eheheh

Anónimo disse...

Desculpa lá pitch, já não há cu para comentários deste género. Toda a gente opina e ninguém faz questão de ler realmente. E fodem o texto todo com mil e uma interpretações. Os outros bem diziam que a mensagem emitida não é igual à recebida. Depois vem a cota do controversa maresia analisar sociologicamente os comentários, naquela necessidadezinha básica de tentar humilhar que tão bem a caracteriza. Mas seres citado por ela, para o bem ou para o mal, deve ser uma tal honra, caraguixo! Se com comentários como os que recebeste têm a capacidade de criar um monstro, então que se poderá dizer da madame jekil and hyde. God, é tão deprimente que até já se deu ao trabalho de humilhar com um post público uma gaja que lhe mandou um email que lhe feriu o orgulho de matronazeca letrada, em vez de lhe responder pela mesma via discreta. O Zoloft está a perder o efeito, pobrezinha.

AnaBond disse...

só depois é que li este, valha-me d....

mas como é que alguém consegue imaginar que tu falas alguma vez algo a sério? :P

beijo