quarta-feira, junho 04, 2008

feira

no meu quarto ano de faculdade (o que é que pensam, eu tenho - alguns - estudos, porra!) o grande caldeira cabral - que passava o tempo de ponteiro na mão a debitar sabedoria enquanto estalava a boca como faz quem bebe goles de cabeça de burro - ensinou-nos o que eram os corredores de vento que existiam nos vales da cidade de lisboa.

um desses corredores, existe ali desde aquele caralho que o joão soares encomendou ao cutileiro
para disfarçar o pedestal que devia acolher a estátua do santo condestável do leopoldo de almeida e que a maçonaria não deixou, para não ofuscar o nosso sebastião. para mais informações vão até à batalha e vejam se aquela estátua que lá está se adequa ao tamanho ridículo da praça ou se adequava mais a um local como o parque eduardo vii?
lá no alto do parque eduardo vii e vem por ali abaixo até ao tejo. é graças a esse corredor que a poluição na avenida da liberdade é varrida até lá baixo.

penso sempre neste fenómeno atmosférico cada vez que vou à feira do livro. mas onde tinham a cabeça os senhores que decidiram fazê-la naquele local? caramba, aquilo é um barbeiro do camandro. isto já para não falar de quando chove. meus amigos, todos nós sabemos que chuva tocada a vento...

eu não sou muito velho, mas recordo-me bem da feira na avenida. aquilo era outra coisa, bolas.

sim, bem sei que depois não havia espaço para mais não sei o quê e tal...

e além do vento que, naquele local sopra sobre as copas das árvores, havia o sabor extra dos gelados da veneza que, no fim, eu e a minha irmã cravávamos aos meus pais. saudade boa.

bom, adiante.

não há um único ano em que saia de casa e não pense «este ano é que é, compro só este e aquele e pronto, passo o resto do tempo a folhear novidades (e antiguidades).». e todos os anos acabo sempre por comprar mais do que o previsto. ou porque não resisto aos livros da tinta da china, ou porque olho para uma coisinha pequenina sobre um prédio que gosto muito e que só custa três euros, ou porque, ao contrário dos brinquedos, não me dói o estômago quando me perco em livros para a minha filha ou, simplesmente porque estava mesmo visto que o catcher in the rye
nos livros do brasil chama-se "uma agulha no centeio" e na difel chama-se "à espera no centeio". coisa gira, hein? é à vontade do freguês.
que havia cá em casa foi mesmo para o maneta, ou porque... ora, porque sim!

ainda assim, estas feiras já não têm nada a ver com as feiras doutros tempos. isso sim, eram feiras. ah, já agora, os pavilhões da leya não valem um caralho. aquilo para mim, é uma pista de skate, rampinha para aqui, rampinha para ali... much ado about nothing.

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