domingo, janeiro 27, 2008

vamos ao circo do amor

ela nem sabia ao que ia, mas na noite anterior tinha lá estado junto ao paddock (sei lá bem como é que aquilo se chama!) em poses de paixão e ternura pelos animais: as cabrinhas anãs
- ai que corninhos tão fofinhos, paizito!
os cavalos
- como é que este se chama, pai?
- este é o saphire.
- pronto, pronto, meu lindo, eu depois venho cá dar-te auguinha, pronto, pronto...
o camelo
- olha aqui pai, que pescoço tão fofinho. olha eu agora com a a mão dentro da boca dele. não morde, vês...
os cãezinhos
- eu quero que me compres três cãezinhos. ou dois, pronto!
que eu decidi pegar nela e fazer o frete de lhe mostrar os seus "amiguinhos" numa actuação mais profissional.

ela é como eu, não tem pachorra para aquilo. vê a bicharia e tal mas depois cansa-se. eu, acho que nem para os bichos tenho paciência. (no circo, atenção, no circo.)

mas foi ao ver o senhor uólter dias, de caninha e chicote na mão a controlar as vontades dos leões, que dei por mim a achar aquilo muito, mas muito ridículo. e vieram-me à memória todos os pais (e afins. muitas avós, diga-se de passagem. e tias, tias também) que conheci e que faziam com os filhos, mais coisa menos coisa, o mesmo que aquele domador ia fazendo com os leões masai mara.

ou é porque têm de cantar a canção tal, ou é porque sabem apontar com aqueles dedinhos (normalmente com unhas pretas de brincarem com plasticina) o nome das letras, ou porque sabem contar até 96, ou porque sabem que o cápa dois é a segunda montanha mais alta deste planeta.

a coisa começa bem cedo. logo de bem pequeninos, quase recém-nascidos, têm logo de fazer para as primas afastadas e outros vizinhos que lá vão a casa, um ar asinino:
- faz o burrinho para a dona florença, faz, carlos ricardo, faz!
e as crianças, coitadas, lá têm de arreganhar a penca e os lábios em poses que não lembram ao diabo.

depois ou é porque já sabem caminhar mas afinal aquilo não passa de algo titubeante e quando a mãe decide, perante o olhar espectante dum grupo de visitas, "obrigar" a criança a mostrar que já caminha, o petiz dá dois passos, vai-se abaixo e abre a testa na esquina lateral da cómoda.

depois vêm as letras, os números, as marcas dos automóveis
nunca entendi porque raio têm as crianças - normalmente do sexo masculino - de ter um abrangente conhecimento do sector automóvel. não seria mais correcto pô-lo ao corrente do mercado bancário?
- de que banco é o vara, paulo ruben?
- luís fernando, como se chama aquele senhor de preto que diz fêck iu!
o pino, os pâzeles, o lego, por aí fora....

tenho pena das crianças, confesso que sim. a meu ver este tipo de habilidades são coisas que devem ser consumidas e divulgadas entre paredes e na intimidade do lar. para bem dos catraios e para evitar as cenas ridiculas que os adultos cometem.

2 comentários:

Rita Quintela disse...

nem mais!

tcl disse...

tens razão tens... felizmente que o meu catraio também nunca foi de gostar de circo, aleluia.

Mas do que eu gosto mesmo é dos nomes das tuas personagens... Noutro dia era o Bruno Vanderlei, aqui é o Paulo Ruben e o Luís Fernando... Talento, pá!