domingo, janeiro 13, 2008

mola na ponta e ponta na mola

aqui há atrasado o dê éne apresentou um artigo sobre o erotismo na literatura portuguesa. lá vinha um grupo de escritores justificar porque é que era piroso e risível escrever sobre sexo em português.

e eu até concordo com a coisa. em português de portugal, é realmente mato encontrar-se trechos supostamente erótico-pornográficos (o termo é meu) sem que nos desmanchemos a rir logo de seguida. sucedeu-me isso quando li o equador, aconteceu-me quando apanhei um trecho do rodrigues dos santos (um gajo que eu gosto na tê vê, diga-se de passagem, mas de quem, atenção, nunca li rigorosamente nada) e recordo, com pouca clareza dumas partes da margarida pinto que eram francamente más.

sinceramente, eu julgo que os escritores tratam este tema da mesma forma que a maior parte dos portugueses o trata. ou seja, falam de sexo como quem fala de amor e, por isso, são capazes de descrever retanchadas com frases como: "lá encontrei a fernanda, uma ex-namorada, estivemos um bocado à conversa e tal, mas quando demos por ela, estávamos ali nas traseiras do aeroporto a fazer amor dentro do corsa dela"; "o hugo manuel não é lá muito bom de cara, é meio estrábico e tal, mas quando se mete a fazer o amor comigo, minha cara, aquilo faz tremer o apartamento todo". quanto muito, na intimidade duma amizade, lá sai um "ele enfiou-me lá o seu.... o coiso sabes, aqui na minha, aqui na ..... na gaveta compreendes.... e às tantas aquilo começou a fazer aqueles barulhos com o ar a fugir-me por entre as pernas.... uma vergonha, pá!"

o que pelos vistos parece que ninguém faz (fazem mas como se fosse pecado) são: bicos, punhetas, trombadas e canzanas. isso, meus amigos, não se pode dizer, muito menos escrever. pior ainda, passar para o prelo.

diz a margarida pinto que não trava nada quando escreve, tentando contudo, não cair na vulgaridade. eu tenho para mim que o que mais abunda na literatura portuguesa é mesmo a vulgaridade. é estranho mas é verdade.

exemplifiquemos:
primeiro uns trechos do codex 643
"quando um dia for casada e tiver um filho, vou fazer sopa de peixe com o leite das minhas mamas."
"uma erecção gigantesca a formar-se nas calças de tomás. (...) lena tirou todo o seu seio esquerdo para fora do decote de seda azul (...) aproximou-se do professor; em pé, ao lado dele, encostou-lhe o seio à boca. tomás não resistiu. abraçou-a pela cintura e começou a chupar-lhe o mamilo saliente."

agora uns trechos, por exemplo, do nelson motta,
"seu pau parecia que ia estourar dentro da cueca, a mão de carol puxou-o para fora e enfiou-o entre suas coxas. (...) bombril encostou na borda e carol tentou montar seu pau (...) a água clorada entrava nela e lavava o lubrificante genital (...) e gemeu de prazer. (...) carol abriu bem as pernas, com a mão conduziu o pau para sua buceta. (...) bombril ofegava, carol sentiu um jato quente lhe invadindo e bombril estrebuchando nos seus braços"

simples, não?

outro exemplo:
primeiro o manuel arouca:
"puxa-me. Começa a despir-me. Estou de pau feito. Despe-se. Beija-me o corpo todo. Sinto prazer. Ela é minuciosa e terna na forma como me acaricia. Conduz-me para dentro dela. Sinto o seu corpo quente, flácido, trémulo. Movimenta-se com prática, de maneira a eu estar permanentemente excitado. Vem-se. E agradece-me, agradece-me muito."

voltemos ao motta, num outro livro:
"era demais: meu pau parecia que ia estourar dentro das calças. (...) mara era totalmente depilada, lisa, macia, como senti quando minha língua veio deslizando por seu um bigo, descendo pelo seu ventre e por sua virilha e lambendo a sua buceta molhada, pelos lados, por cima, por dentro, sentindo-a inchar em minha boca.(...) me cavalgava, para frente e para trás, para os lados, para cima e para baixo, como se fosse ela que metesse em mim, cada vez mais forte, mais fundo, até que gozou de novo e vendo-a gozar também explodi dentro dela."

há dúvidas? posso eventualmente estar a cometer injustiças com os exemplos que apresento. além disso, não leio tudo o que sai para as livrarias. contudo, não vejo grandes diferenças, para melhor, nos livros que vou observando por aí.

no brasil, a coisa parece que é escrita como se faz, com força na verga. não digo que em portugal se foda pior. eu digo é que em portugal se descreve as fodas pior. ou então, descrevem-se as ditas cujas sem ponta nenhuma. uma cáca.

e olhem que não chamei à liça o jorge amado. não se justificava. esse está acima de tudo o resto.

3 comentários:

tcl disse...

Não chamaste o Jorge Amado mas foi nele que pensei imediatamente assim que comecei a ler o teu post. Nunca li nada do Nelson Motta. Também nunca li nada de erótico ou sensual com maior beleza que certos trechos de Jorge Amado nas mulheres que nos legou: Gabriela, Tereza Baptista, Tieta, Dona Flor. Nada.

E claro, não há nada de menos erótico do que a palavra "seio", a não ser, talvez a expressão "seio esquerdo para fora do decote de seda azul". A ideia de uma gaja de salto de agulha (é o que me ocorre) só com uma mama pendurada para fora da seda azul é deveras atroz.

Anónimo disse...

Bom Post ;-P

E como é que o Pitx escrevia "essas cenas" no seu livro?!

ahahahahahahah

anónimo do livro

Bic Laranja disse...

Se queres que te diga é tudo muito mau. Vai lá buscar o Jorge Amado. Cumpts.