ali entre os dezasseis e os vinte anos, havia uma dúzia de pessoas que me tratavam carinhosa e honrosamente por boss.
o mais giro é que vinte e tal anos depois, há ainda dois ou três que ainda se referem a mim dessa forma
não que eu estivesse devidamente inscrito nalguma associação empresarial, entenda-se. mas sim porque era francamente fanático pelo springsteen.
ali por volta de 1985, à excepção das canções do born in the usa, poucas pessoas conheciam muito mais discos do bruce. eu, claro, também não conhecia. a epifania surge num documentário que passou na televisão
é giro estar aqui a escrever o termo televisão. se fosse agora, se calhar, teria de fazer referência a sic ou tvi ou zee tv, etc.. naquela altura bastava dizer televisão. quanto muito dizíamos segundo canal para distinguir a aquilo. portanto a coisa resumia-se a: vi na televisão ou vi no segundo canal.
sobre o springsteen e onde o the river funcionou como interruptor para passar a tratar o senhor da voz grossa do usa for africa doutra forma.
no meu primeiro décimo ano - sim, é verdade, tive vários -, uma achega à revelação acima referida, aconteceu através da ana gorda. a ana tinha dois ou três discos do bruce e fez-me o favor de me colocar quinze ou vinte canções numa cassete bê à ésse éfe de crómio que eu ouvi, seguramente, aí umas oitocentas e vinte vezes. eu sei lá, mas o state troooper - ai o que eu curtia aquele berro perto do fim, pá -, o jungleland e o atlantic city foram tocadas muitas, muitas vezes lá no meu velho leitor de cassetes grundig castanho.
o bigodes - agora é que eu estou a ver, pá. deves ser aí um arquitecto de renome, não? - que morava ali para as escadinhas da alameda, tinha os discos todos do springsteen e numa semana gravou tudo o que tinha em quatro cassetezitas - desta vez eram só de ferro. das mais baratas, portanto -. um espanto.
mais tarde, na madrugada de um de novembro de 1986, a rádio cidade lembrou-se de passar, assim de seguida, o live 75/86. é claro que eu passei a noite acordado, de gravador em punho, a registar todos aqueles cinco éle pês, para a posteridade.
e recordo-me que as partes do the river, do born in the usa e do nebraska eram as que eu mais gostava. os dois primeiros discos diziam-me pouco e mesmo o born to run só mesmo de vez em quando. nessa altura o que eu era mesmo, era no surrender, dancing in the dark, point blank e afins.
apesar de tudo, não sei porquê, uma premonição qualquer, dizia-me que aqueles dois primeiros discos ainda iriam servir para qualquer coisinha. e essa dedução estava baseada no facto de, cada vez mais, ir gostando dos discos dele da frente para trás. comecei pelo óbvio born in the usa, passei para o nebraska depois para o the river e assim sucessivamente até parar no born to run.
este disco de 1975 que muitos críticos consideram o segundo mais marcante de sempre a seguir ao sargent peppers, tem aquela que eu considero a minha música favorita - pronto, se não é a mais de todas, está seguramente no top 6 -. estou a falar do thunder road. meu deus, como eu gosto desta canção, desta letra... quantas vezes não pensei que haveria de haver um dia em que dissesse a uma gaja: well i've got this guitar anda i learned how to make it talk and my car is outback if you are ready to take that loooooooon walk from your front porch to my front seat.
(não, nunca disse!)
e quantas mais versões existem - devo conhecer aí umas dez, sem exagero - mais eu gosto das que foram tocadas ao vivo, por alturas de 1975 - vá, ok, aí até 1977 - acompanhadas apenas pelo piano do roy bittan.
depois há o grupo das versões com a malta da rua e toda a tocar - a original é assim, por exemplo -;há versões mais recentes também só com piano e harmónica, mas que eu já não gosto tanto porque ele baixa o tom da voz em frases importantes - e bonitas, na versão antiga - como o "as the radio plays" ou "hey that's me and i want you only"; há uma versão bestial com a melissa etheridge; há muitas.
ainda assim, a minha favorita é a do live 75/85. depois do ladies and gentleman bruce springsteen and the e street band, ouvem-se a gaita de beiços e a pianola e quando ele debita o the screen door slams há um arrepio qualquer que vai daqui da parte de cima do meu rabo até mais ou menos à nuca. uhhhhhhhh!
esta versão que eu pus aqui, eu tenho: em cd, em dvd, tenho na cabeça, tenho na alma, tenho no peito. e não sei se haverá imagem springsteeneana melhor que esta: harmónica, piano, voz, gorro, blusão justinho na cintura daqueles que fazem levantar a camisa das calças ali atrás no rego do cu, iluminação, som, tudooooo.
o mais giro é que vinte e tal anos depois, há ainda dois ou três que ainda se referem a mim dessa forma
não que eu estivesse devidamente inscrito nalguma associação empresarial, entenda-se. mas sim porque era francamente fanático pelo springsteen.
ali por volta de 1985, à excepção das canções do born in the usa, poucas pessoas conheciam muito mais discos do bruce. eu, claro, também não conhecia. a epifania surge num documentário que passou na televisão
é giro estar aqui a escrever o termo televisão. se fosse agora, se calhar, teria de fazer referência a sic ou tvi ou zee tv, etc.. naquela altura bastava dizer televisão. quanto muito dizíamos segundo canal para distinguir a aquilo. portanto a coisa resumia-se a: vi na televisão ou vi no segundo canal.
sobre o springsteen e onde o the river funcionou como interruptor para passar a tratar o senhor da voz grossa do usa for africa doutra forma.
no meu primeiro décimo ano - sim, é verdade, tive vários -, uma achega à revelação acima referida, aconteceu através da ana gorda. a ana tinha dois ou três discos do bruce e fez-me o favor de me colocar quinze ou vinte canções numa cassete bê à ésse éfe de crómio que eu ouvi, seguramente, aí umas oitocentas e vinte vezes. eu sei lá, mas o state troooper - ai o que eu curtia aquele berro perto do fim, pá -, o jungleland e o atlantic city foram tocadas muitas, muitas vezes lá no meu velho leitor de cassetes grundig castanho.
o bigodes - agora é que eu estou a ver, pá. deves ser aí um arquitecto de renome, não? - que morava ali para as escadinhas da alameda, tinha os discos todos do springsteen e numa semana gravou tudo o que tinha em quatro cassetezitas - desta vez eram só de ferro. das mais baratas, portanto -. um espanto.
mais tarde, na madrugada de um de novembro de 1986, a rádio cidade lembrou-se de passar, assim de seguida, o live 75/86. é claro que eu passei a noite acordado, de gravador em punho, a registar todos aqueles cinco éle pês, para a posteridade.
e recordo-me que as partes do the river, do born in the usa e do nebraska eram as que eu mais gostava. os dois primeiros discos diziam-me pouco e mesmo o born to run só mesmo de vez em quando. nessa altura o que eu era mesmo, era no surrender, dancing in the dark, point blank e afins.
apesar de tudo, não sei porquê, uma premonição qualquer, dizia-me que aqueles dois primeiros discos ainda iriam servir para qualquer coisinha. e essa dedução estava baseada no facto de, cada vez mais, ir gostando dos discos dele da frente para trás. comecei pelo óbvio born in the usa, passei para o nebraska depois para o the river e assim sucessivamente até parar no born to run.
este disco de 1975 que muitos críticos consideram o segundo mais marcante de sempre a seguir ao sargent peppers, tem aquela que eu considero a minha música favorita - pronto, se não é a mais de todas, está seguramente no top 6 -. estou a falar do thunder road. meu deus, como eu gosto desta canção, desta letra... quantas vezes não pensei que haveria de haver um dia em que dissesse a uma gaja: well i've got this guitar anda i learned how to make it talk and my car is outback if you are ready to take that loooooooon walk from your front porch to my front seat.
(não, nunca disse!)
e quantas mais versões existem - devo conhecer aí umas dez, sem exagero - mais eu gosto das que foram tocadas ao vivo, por alturas de 1975 - vá, ok, aí até 1977 - acompanhadas apenas pelo piano do roy bittan.
depois há o grupo das versões com a malta da rua e toda a tocar - a original é assim, por exemplo -;há versões mais recentes também só com piano e harmónica, mas que eu já não gosto tanto porque ele baixa o tom da voz em frases importantes - e bonitas, na versão antiga - como o "as the radio plays" ou "hey that's me and i want you only"; há uma versão bestial com a melissa etheridge; há muitas.
ainda assim, a minha favorita é a do live 75/85. depois do ladies and gentleman bruce springsteen and the e street band, ouvem-se a gaita de beiços e a pianola e quando ele debita o the screen door slams há um arrepio qualquer que vai daqui da parte de cima do meu rabo até mais ou menos à nuca. uhhhhhhhh!
esta versão que eu pus aqui, eu tenho: em cd, em dvd, tenho na cabeça, tenho na alma, tenho no peito. e não sei se haverá imagem springsteeneana melhor que esta: harmónica, piano, voz, gorro, blusão justinho na cintura daqueles que fazem levantar a camisa das calças ali atrás no rego do cu, iluminação, som, tudooooo.
6 comentários:
Ai as K7 de Crómio e de Ferro, e depois havia as de Metal que eram carissimas. Coisa pra custar ums 1000 paus pra cima.
Hoje em dia tenho só meia duzia de K7 e guardo religiosamente o meu walkman da Aiwa ;-P
hoje temos a geração MP3
Pitx,
Chama-se a isto um post com imenssíssima categoria! Espectáculo!
Olha lá, irmão: as cassetes a que te referes eram de cromodióxido, não eram? Havia as da BASF, da TDK, da Philips e, mais tarde, da Sony... Foi com elas que crescemos, e que cresceu em nós o enorme gosto que temos pela música, já reparaste? Os LPs eram caros mas, mais cedo ou mais tarde, e com maior ou menor facilidade, lá os conseguíamos gravar. Depois, também andávamos atrás dos programas de rádio, a fugir aos anúncios e às interrupções dos apresentadores... Grandes tempos, esses!
Tu acreditas que eu cheguei a comprar, aqui não há muitos anos, um gravador de cassetes para a aparelhagem (tudo termos em desuso, já viste? Agora é MP3, MP3... Ah, e MP3, também...), para não as deitar fora? Ainda tenho montes delas.
A versão do "Thunder Road" que adoro tu não gostas: é a do MTV Plugged. Mas a que gravaste nos Live que me deste, sendo diferente, é fantástica, também.
Aquele abraço!
Meu caro, tive a felicidade de o sr meu pai trazer de espanha o the river muito antes de o mesmo chegar ás "discotecas" portuguesas. Gravei e regravei vezes sem conta. Grande álbum. Os últimos trazem novas sonoridades, não são aquilo a que estva habituado do boss. O mtv unplugged é simplesmente um espectáculo.
Red Headed Woman
Better Days
Atlantic City
Darknes on The Edge of Town
Man's Job
Human Touch
Lucky Town
I Wish I Were Blind
Thunder Road
Light of Day (que estrondo de bateria)
Em agosto de 93 fui sózinho mais o meu Opel kadett a cádiz e sevilha mais este cd que quase riscava de tanto tocar.
O concerto em Alvalade foi fantástico, das dez à uma da manhã com meia hora de descanso? não é para todos.
bê á ésse éfe... :)))))
e o que aconteceu a essas cassetes todas? eu confesso, deitei montanhas fora.
é esquisito. gastei com elas horas e horas e horas e horas. e depois lá se vão elas, porque não servem mesmo para nda hoje em dia!...
Pitx,
Confesso que tenho ali, no canto, um saco com algumas 200 K7s à espera do dia em que vou ligar o Deck Sony à placa de som do PC e copiar tudo com as sequências originais que fizeram de banda sonora da minha adolescencia.
Tão tão aconchegadas ali, há 3 anos, que até tenho pena de lhes mexer!
Ola Pitx,
li com muito agrado o seu texto sobre springsteen.
sou um fã portugues com mais de 800 registos de springsteen, video e audio. como tenho apenas 28 anos nos anos 80, springsteen era quase desconhecido para mim, e na altura não podia gravar todos os especiais que davam na televisão sobre o boss.
Tem alguma coisa gravada ? tenho centenas de reportagens e concertos sobre o bruce das televisões do mundo inteiro e de portugal quase nada. que vergonha !
por favor, diga qualquer coisa.
Um grande abraço
escreva para o meu email
al_bertino@hotmail.com
pedro
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