segunda-feira, novembro 06, 2006

portismo



pouca gente saberá o que custa ser portista em lisboa.

aviso desde já que não tem comparação possivel com a condição de ser benfiquista portuense. a coisa é muito pior.

a parte inicial acontece quando somos mais chavalos e não temos a couraça completamente revestida para nos defender das bocas que passamos a vida a ouvir. por outro lado, nos anos seguintes ficamos completamente vacinadíssimos contra essas coisas e olhamos para esses gestos com alguma pena e comiseração. mas atenção que não é fácil ter 10, 12 ou 15 anos e andar constantemente a ouvir comentários farsolas sobre a nossa opção clubística. adiante, é passado.


a parte realmente pior, é a dificuldade que temos em cumprir este nosso desígnio de sermos dragões cá em baixo. eu explico: eu só vi por duas ocasiões o meu clube a jogar em casa, uma em 1980 nas antas, num jogo contra o sporting que terminou empatado sem golos e onde houve molho valente entre o rodolfo e o oliveira (nessa altura de leão ao peito) e outra, curiosamente em casa emprestada, na luz, no ano de 1982, contra os holandeses do utrech (2-0, golos de costa e gomes). significa pois que passados mais de 25 anos, já só restam muito, muito vagas recordações desse dia de agosto em que pisei a velhinha basílica (tem lá algum jeito termos uma catedral? se eles têm uma catedral e outros têm capelinhas, nós temos uma basílica, carago) das antas.

as poucas vezes que vou ver o clube é principalmente nas deslocações que fazemos às equipas daqui da minha terra: vou ao restelo (péssimos couratos, boas bifanas), vou à amadora (onde, com o meu querido e lagarto rui "ó máiór, arranja'mum cigarrinho" monteiro, ouvimos umas grossas da ribeira a cravarem dinheiro para sandes mistas a troco de piropos "ó cara linda, orienta aí uns trocos para uns papo-secos, caralho!"), ia a alverca (o tal com o bar que vendia haice tii a € 1,50), ia à amoreira (que peão mais rasca, porra) e pouco mais. volta e meia vou a alvalade e muito raramente vou à luz. não me sinto muito confortável nestas deslocações aos estádios do scp e do slb. não, não me refiro a possíveis dissabores que esses encontros possam trazer ao meu clube. nada disso. a realidade é que os preços absurdos que os clubes da capital praticam quando recebem o melhor clube português invalidam qualquer presença minha nesses jogos.

mas nos outros eu estive e estou sempre lá. e atenção que vou (fui) principalmente nos piores momentos. vou quando a equipa precisa de palminhas. ou seja quando era treinador o fernando santos, na época do fernández/couceiro e até no ano passado (que para mim, apesar dos êxitos domésticos, foi um ano fracote).

o que eu gostava de saber era como é que é estar do lado de lá. ou seja, do nosso lado. gostava de sentir como é que é ver o clube ganhar ao benfica com um golo já nos descontos ou ao manchester por 2-1 ou à lazio por 4-1. como é que é festejarmos um golo do lucho abraçados ao azeiteiro de argoncilhe que se sentou ao nosso lado e nos disse "ó meu menino, deixa-me colar-te os ossos" ou, por outro lado, como é que é sentirmo-nos recompensados na derrota, pelo calor dos outros milhares que, como nós, iludem a tristeza, descendo a santos pousada a cantar à meia-noite, depois de afogarmos as mágoas num tasco da esquina.

este ano é que é. este ano vou ao dragão, porra.

3 comentários:

Zuza disse...

:)))))


(mas tu vai aos jogos para ver a bola ou para comeres?? credo!)

just me disse...

Não foste ao jogos do Euro? É a mesma sensação!!!!

Xana disse...

Sem ter pachorra para ler o post, só pq é sobre futebol, tenho que dizer que estás um mimo na foto!!