terça-feira, novembro 07, 2006

por falar em ser portista em lisboa...

a coisa aconteceu há 16 anos, no porto, quando lá vivi por altura da minha vida militar, vulgo tropa-macaca.

quando frequentávamos a escola de cabos as saídas nocturnas passaram a ser facilitadas. assim, o meu camarada fernando sousa, portista roxo, lembrou-se de me alertar: jaiminho, hoje a janta é lá em minha casa.

e quando eles dizem as coisas desta forma não há mais nada a dizer: vais e não bufas. e lá fomos, em direcção a rio tinto jantar com a família sousa.

lá chegados, fui efusivamente cumprimentado pela mãe e pela irmã que me ofereceram de tudo e mais alguma coisa para que enchesse logo de imediato o bandulho, apenas com "umas coisinhas para aquecer a pança". o pai, estranhamente, não me dirigia a palavra. não percebi qual a razão do problema mas pronto, não quis entrar em detalhes, não é?

estava a começar então a parte do jantar propriamente dita - já eu estava empanturrado até cá em cima - quando o sousa, lá em casa tratado por náundo, se lembra de dizer em voz alta: ó pai, aqui o jaiminho é portista.

nessa altura o senhor levanta a cabeça, arregala os olhos e exclama em voz muito alta:
- fuóda-se, cuarálho! e não dizias nada náundo? um gajo que é mouro e tripeiro merece o meu respeito. ah campeão, dum caneco.
e virando-se para a o filho que estava sentado à sua beira, continua:
- traz-me aí o copo das visitas especiais e troca de lugar ali com o teu camarada.
depois, virando-se para mim, exigiu:
- jaiminho, vá, senta-te aqui na minha beira.

e lá passei o resto do jantar, a levar grandes palmadas nas costas ao som da frase "mouro e tripeiro! é obra, carago!" enquanto bebia umas sagres, pelo copo das visitas especiais: um copo alto, bastante trabalhado e com a cara do fernando gomes a beijar a bota de ouro.

4 comentários:

Anónimo disse...

LOLOL

(tão tipico!!!)

Mafalda disse...

Não seria uma Super Bock?!

Clara disse...

Pipa, acabaste de me dar uma excelente pista...é agora que os porteiros(perdão, portuenses) me vão aceitar como conterrânea: vou andar a dizer ostensivamente que sou portista (na verdade odeio futebol, portanto não estarei a trair nenhuma ideologia por aí além).

Anónimo disse...

hoje em dia o copinho seria do Bítor, o Baía...e até eu gostava de beber por esse copo, para o ver afogar na Super Bock (passo a publicidade)!