sexta-feira, novembro 24, 2006

pais, pediatras e outros feiticeiros

arrepiam-me os pais que dependem, por dá cá aquela palha, do pediatra.

ontem à noite dei uma volta por babyblogs.
não é coisa que faço com muita assiduidade. confesso que já fiz mais. mas às tantas tornou-se muito cansativo. não por culpa das mães, é certo (só quem não teve um bebé é que não sabe as emoções que o raio dos pequenos nos trazem) mas mais por minha culpa: a maior parte das autoras dos babyblogs escrevem e falam sobre os filhos como quem brinca às bonecas e isso, para mim, é entediante. (sim, é uma crítica).
o que mais me saltou à vista foi a quantidade de posts que fazem referências aos conselhos que ouviram dos pediatras. se lêem que há um estudo que diz que eles devem adormecer junto dos pais, vai tudo mudar a cama lá para o quarto do casal; se ouvem dizer que o ranho dos bebés faz bem à pele, deixam os miúdos de queixo verde (esta fui eu que inventei, descansem), se lhes contaram que os bebés que dormem com cobertores de lã podem morrer sufocados, vão comprar um enxoval todo novo, etc.. mas estas mães perderam o cabrão do instinto? ou acham que agora os bebés são educados "by the book"? dahhhh, os nossos avós não liam livros!

mas o que eu achei mais alarmante foram as questões não-médicas com que esses senhores doutores eram bombardeados: como é que faço para ele largar as fraldas, porque é que ele não me dá beijinhos, será que pelo facto dele passar mais tempo com a avó põe em risco a minha relação de mãe, etc.

eu tenho as dificuldades e as dúvidas que todos os pais e mães também têm. e sim, algumas das dúvidas que estão ali em cima descritas também fazem parte de alguns dos meus pensamentos. mas gaita, a ideia é seguir em frente. sempre achei que calma, descontração e estupidez natural (e amor, porra, muito amor e paciência) sempre eram 95% dos ingredientes para uma educação equilibrada. é preciso pensar assim tanto no raio dos "eventuais" problemas das crianças? terão elas assim tantos problemas? o facto da criança ter começado a andar já para lá do ano e meio não será apenas sinal que "começou a andar com um ano e meio" e não "ai, lá na salinha dele já todos correm e ela ainda gatinha, ó senhor doutor o que devo fazer?" deixem os problemas da canalhada, para a canalhada que realmente tem problemas, pá!

estarão estes pais - que confundem estas coisas agora, no começo da vida dos filhos -, preparados para enfrentar o dia em que os filhos sejam piores alunos (e que chumbam e tudo) que os outros amiguinhos lá da escola deles? sinceramente, não me parece.

eu volto a dizer. a única coisa que eu tenho a certeza é que vou ser um pai que achará sempre que poderia fazer melhor na educação da minha filha. tenho de ter sempre essa noção. tudo o que depois vier de melhor, para mim, é lucro. para todos os efeitos a minha mulher é a melhor educadora da minha filha do mundo, para todos os efeitos eu sou o melhor educador da minha filha também. dos filhos dos outros não me responsabilizo.

posso dar uma sugestão? não tenham medo de falhar. eu falho e continuo sem medo, ok?

14 comentários:

Rita Quintela disse...

e mai nada!

S.A. disse...

Quem fala assim.. ;p

(e agora está ma dar uma vontade tão grande de rir, ao imaginar a cara de algumas mães ao lerem isto... ;p)

Anónimo disse...

concordo plenamente, aliás eu nem tenho o nº telemovel da pediatra. Da mesma maneira que eu não gosto que me chateiem quando estou de folga,também não vou chatear os outros.
Mas é claro, eu tenho 24 anos, sou uma inconsciente (aquilo que muitos pensam...)

Anónimo disse...

Diniz, baseado na minha experiência de tripai e técnico de saúde, julgo que os pais q descreves são os chamados "c^nas" como se dizia na Picheleira no nosso tempo. Concordo sobretudo com o teu penúltimo parágrafo. Dizia-me uma mãe há dias ao balcão "ó pedro, o meu *** tá com febre há 10 ou 12 horas, levo ben-u-ron, ou levo-o ao pediatra e digo q já tem febre há 3 dias?"
Tanta porrada que levámos, criados no meio de ciganos cheios de piolhios. Afinal esstamos cá
Abraço

Zuza disse...

Não fosse teres escrito a palavra “instinto” e eu até assinaria por baixo :PP

Da mesma forma me causa ainda maior estranheza (porque os pediatras sp vão conhecendo as crianças em causa) a procura obsessiva de respostas em livros que por muito específicos que sejam, são sp tão generalistas!

(não concordo com a ursita com a questão de “incomodar na folgas”. O nosso pelo menos sp nos disse que faz parte das funções dele enqto nosso pediatra estar disponível fora do consultório. Claro q não lhe ligo de cada vez q uma filha se constipa!!)

Anónimo disse...

Obrigada pelas palavras sabe bem ler isto pois alivia o peso de pensar que só eu é que penso assim.
Adoro o seu blog.
Parabéns!
Inês

Anónimo disse...

eu sei os dias em que está na clínica, consigo saber quando está de urgência no hospital, se não estiver nem em um nem em outro espero 1 ou 2 dias (se o d. não estiver mal é claro, se estiver desenrasco-me com outro pediatra).
Acho muito incomodo cenas do género: estar a consultar um paciente e ter de sair para atender esse tipo de telefonemas. Ou então estar na reunião de pais da filha e ter de sair 3 vezes para atender telefonemas desses.

just me disse...

Eh pá fogo, só tenho pena que não estejas aqui à mão para te dar duas beijaças (com a devida permissão dos nosso conjuges, obviamente)!

Anónimo disse...

devia ser obrigatório a presença deste post em todos os babyblogs (que já não leio...haja paciência).
será que nós pais temos tanto medo do fracasso e do erro, que atiramos a responsabilidade da educação e criação dos nossos filhos para os outros, neste caso os pediatras??
tenho ultrapassado todos os meus receios e frustrações praticamente sem recorrer ao pediatra. tenho do meu lado o meu instinto, bom senso e criatividade.
que tal fecharmos os infantários para os putos e abrirmos para os pais? às vezes é o que apetece...
bem hajas ó meu cabrão!

Clara disse...

É isso Pipa, e aquilo (babyblogs) parece tudo (salvo as honrosas excepções) escrito pela mesma mão, dizem todas o mesmo e comentam todas "o meu também faz isso" ou "são tão fofinhos". Às tantas podiam fazer um só enorme babyblog, escrito a 100 ou 200 mãos e ía dar ao mesmo.

CGM disse...

Pois eu não concordo, ou concordo em parte, sei lá. Como em tudo, viva o bom senso.

No meu primeiro filho liguei para o pediatra muitas vezes, porque aparecia sangue no umbigo, ou porque fazia barulhos estranhos a respirar, etc etc e tal. E foi bom ter ali à mão de um telefonema aquele senhor. Claro, que não repeti telefonemas. Quando o Miguel tem febre enfia-se-lhe o benuron e pimba, essas coisas.

Do Frederico ainda nunca liguei, mas ligarei se o meu instinto (pois!) me disser que é necessária uma opinião médica.

E sim, nas consultas de rotina também lhe pergunto coisas que não têm directamente a ver com saude, essas coisas de quando deixar a fralda, a chucha, essas coisas.

* * * *

Aproveito para lhe dizer que continuo a gostar muito de ler o seu blog. Muita da culpa disso é sermos da mesma geração.

Beijinho

Carla

AnaBond disse...

que mau feitio.

InêsN disse...

e quando o nosso instinto (ou o cansaço) nos engana e o puto chega ao consultório já com uma porra de uma otite forte que poderia ter sido minimizada se não tivessemos confiado no nosso "conhecimento enciclopédico" de pais e tivessemos chateado o pediatra...?

pois, também acontece. e não é bom.

(o meio termo. o meio termo é a solução.)

JL disse...

Ora nem mais.
:)

[já para não falar que os médicos têm apenas uma percepção dos minutos que contactam com as crianças e os pais passam com eles os dias a fio]