terça-feira, novembro 25, 2008

tróia resort

eu ando aí com uns três posts na cabeça mas são todos, infelizmente, para "dizer mal de" e isso gasta-me muito e consome muito tempo. quero dizer mal do francisco camacho, da gq, das gajas que aparecem nas revistas supostamente masculina portuguesas, quero dizer mal... e não tenho tempo.

falemos de amor


aí por volta de 1990 e 1991, o meu pai, recém proprietário de um video-gravador, aproveitava as minhas ausências ao serviço do excelso e ridículo serviço telegráfico do exército desta nação, para validar, aos olhos do seu filho, acções que lhe garantiriam o reconhecimento como "pai modernaço".

dentre essas coisas que ele fazia, conta-se a gravação de programas do tutti "colpo grosso" frutti dos serões da sic «caldo, caldo, fredo, fredo...» ou então matinés de variedades com cantores modernos.

numa dessas cassetes que ele gravou estava um concerto da sinéad o'connor de quem, obviamente, só conhecíamos o "... guess, what he told me, guess what he told me...". no início achei uma tolice aquela gravação. mas com o tempo e com as intermináveis vezes que fui vendo, a verdade - vamos lá tirar o chapéu ao velhote - fui acabando por gostar.

durante anos, sem saber de alguém que tivesse discos da sinéad fui-me mantendo na ignorância acerca dos títulos das canções que estavam nesse concerto e, porque parte das letras são interpretadas com guinchos, urrus e afins, também não consegui entender a maior parte do que a senhora dizia, para que pudesse procurar por essas discotecas da cidade.

além do last day of our acquaintance que percebi era também do mesmo disco do «it's been 7 hours and 15 days...» havia uma outra que nunca cheguei a saber nome da canção e muito menos em que raio de disco existia.

até há pouco tempo. perdida a tal cassete vhs, desatei noutro dia a fazer uma sindicância o you tube de ponta a ponta, até descobrir ao que vinha. e ao que vinha nem eu sabia muito bem o que era.

o que é mais engraçado é que há uns 10 anos, um antigo colega de trabalho (pronto, antes que perguntem, foi o hugo lima), tinha também essa gravaçao - ou tinha-a visto quando foi a casa de alguém ou coisa assim - e guardava sobre essa canção, a mesma menemónica que eu também criei sobre esse momento do concerto: é a parte em que ela aparece com um batido, eventualmente, da herbalife.

e apesar de ser uma interpretação bruta, por vezes esganiçada, outras vezes corajosa, outras ainda exagerada, a verdade é que eu adoro vê-la neste vídeo - recorda-me a natalie portman - gosto do povo a acompanhar «...there is no other troooooooooyy...", gosto que a guitarra seja de 12 cordas - apesar de nem sequer saber se isso é bom ou mau -, gosto que o povo só bata palmas a partir de certa altura e gosto da forma que ela fala sobre esta gaita, esta cena que é o amor.

não que o amor, o início do amor, o fim do amor, seja diferente aos 15, aos 20 ou aos 39 anos. o que é diferente é se ele acontece em 1796, em 1545, em 2008 ou em 1991.

pelo menos em 1991 havia estas canções. e eu acho que faz mais sentido o amor com as canções desta altura.



well, you should have left the light on
you should have left the light on
then I wouldn't have tried
you'd never have known
and I wouldn't have pulled you tighter
no, I wouldn't have pulled you close
i wouldn't have screamed
now I can't let you go
if the door wasn't closed
no, I wouldn't have pulled you to me
and I wouldn't have kissed your face
you wouldn't have begged me to hold you
if we hadn't been there in the first place
but I know you wanted me to be there
every look that you threw told me so
but you should have left the light on
you should have left the light on...

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