sexta-feira, novembro 28, 2008

beat box

há umas quantas músicas, maioritariamente dali daquela zona que vai de 1977 até, vá lá, 1983 - encontrando-se no entanto vestígios ainda em 1984 e inclusivamente em 1985 -, que têm aquele ritmo de bailarico dos anos oitenta e que me fazem jingar ajancas - é aquela parte do corpo eruditariamente denominada por "ancas" - e abanar a cabeça para um lado e para o outro, ao mesmo tempo que as mãos fechadas batem verticalmente uma na outra, alternando a esquerda com a direita, ficando a primeira uma vez em cima e a outra em baixo, mudando de posição em seguida.

isto pode parecer muito técnico - e é - mas se forem aqui ao teledisco do discotheque, verão que na parte "satuday night fever" - minuto 1 e 42 e seguintes - o the edge efectua essa ginga, perante o abanar de cabeça aprovador do seu vocalista quando que ele passa defronte dele.

ora dentre essas músicas que aludo no primeiro parágrafo, há uma que, digamos, me incendeia. falo do last night a dj saved my life dos indeep.

calma, não comecem logo a mandar as pedras que reuniram assim que se sentaram em frente do pc e pensaram «deixa-me cá mandar uns pedragulhos aos cornos do pitx».



para mim esta canção - canção, é realmente uma palavra supimpa - começa dois anos antes com a linha de baixo do another one bites the dust que vinha no lp de 1980 chamado the game.

é com uma linha de baixo parecida com a que o deacon inventou para o another one.... que os indeep criaram uma das minhas canções favoritas para abanar o esqueleto.

a somar a isto, temos de referir mais dois ou três pormenores que me deixam perfeitamente de rastos e que para mim são alguma da raiz destas coisa que é o som dos anos oitenta.

comecemos pelo vídeo.



eu suponho que não havia teledisco destes gajos na altura, por isso o que se vê por aí são meras actuações em programas de tv.

poderão neste momento estar a questionar a minha sanidade mental por estar a mostrar este clip, mas acreditem, eu gosto mesmo disto. sei que é foleiro, sei que não é muito giro - atenção, calma, a música é fantástica, ok? - mas eu nutro, digamos, um carinho igual ao que acontece quando ouço os comentários do gabriel alves, que metem a um canto toda a porcaria da sport tv e da tvi.

adiante.

dizia eu que há elementos neste clip que merecem um registo pormenorizado:

- comecemos logo à partida pelo povo que está a assistir àquilo e a gingar ao mesmo tempo que bate palminhas. um mimo! as roupas então... pronto, no fundo eram precisamente as roupas que todos nós usávamos.

- dêem uma vista de olhos à cantora do lado esquerdo. gosto particularmente da maneira como ela demonstra, ao efectuar aqueles passos de dança, que os seus antepassados eram... patos!

- temos então a linha de baixo por fundo, enquanto que desata a tricotar sobre o baixo, uma guitarra com uns acordes, o mais funk possivel.

- ao centro, ora ao centro é que estão elas. mas já lá vamos.

- quero referir que é notável o casting que foi efectuado dentre o leque de "sons" que se podem adicionar a músicas. existe o som do telefone a tocar que alude ao facto de uma delas ter ligado para casa do seu homem e de ninguém ter atendido. foi então que o dj salvou-lhe a vida com uma canção. isto é poético, foda-se. depois vem o som do guinchar dos pneus. ao que parece ela pegou no carro para bazar dali mas não teve muito sucesso.

- e vem então a parte em que o senhor do meio intervem. bom, ele esteve o tempo todo a dedilhar o baixo, é certo. mas aqueles wayfareres de lentes escuras e a barba assim, à lá rick rubin, faziam temer o pior. é então que ele assume o papel de dj e filosofa da seguinte maneira:

there's not a problem that i can´t fix
cause i can do it in the mix
and if your man gives you trouble
just you move out on the double
and you don't let it trouble your brain
'cause away goes troubles drown the drain
i said away goes trouble down the drain

e se estas palavras já eram um nirvana do caraças ditas da forma que o são, ao colocar-se um som dum autoclismo numa canção funk/disco, meus amigos, é memorável

- well all right!

notas finais: os indeep fizeram também o when boys talk e o subvalorisado e fantástico buffalo «iupi iá ei iupiá oh oh, iupi iá ei iupiá oh oh...» bill. a mariah carey decidiu por sua vez, regravar o last night... mas eu já tenho coragem de fazer aqui qualquer link. tudo o que não tenha o ar cool do senhor de barbas e óculos escuros, meus amigos, para mim não merece referência.

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