eu já andava a estranhar que não houvesse um blogueiro qualquer (ou blogueira) que não me viesse bater à porta com mais estas correntes.
já andava, sim senhor.
vamos lá então meter mãos à obra. doze palavras que eu gosto, não é? bom, aviso já que não dou para o peditório poetico-abarco-culturalmente-esclarecido de escolher palavras que façam parte do dicionário mistico-escatológico, assim ao estilo paulo coelhiano. coisas como saber, sabedoria, espírito, senso, amor,.... pois coisas dessas em mim, batem e caem para o lado. fraternidade, liberdade, solidariedade e mona a rolar da guilhotina, também não é comigo. se ainda assim, puder dizer doze palavras que eu gosto, aqui vão:
- pipáterra
porque sim, porque me remete de imediato para outros tempos, outras alturas (verticais), outras viagens, outros caminhos (sem alcatrão), outras pessoas. encontrar, com o meu pai, coisas boas p'i'pá'terra, era sinal que ir para a terra, levar coisas para a terra, ver carrinhas boas para nos levar à terra, tudo isto era o nosso carnaval brasileiro: terminava o mês de agosto e começávamos logo a pensar nos dias que faltavam para lá regressarmos.
- carai/caraguicho
são duas que me levam logo para trás-os-montes. duas tipicamente lá da terra. é uma forma subtil de interjeitarmos sem recorrermos ao caralho. carai ainda uso muito. caraguicho (lê-se cará-gui-txo) era muito dito pela minha avó trindade. aliás, foi seguramente o que ela disse quando chegou ao céu e viu que aquilo estava cheio de boas alheiras.
- anticonstitucionalissimamente
tem vinte e nove letras. foi-me ensinada pelo meu pai. quando me transmitiu este saber, era conhecida como a maior palavra portuguesa. eu, de baixo dos meus 5 anos, tinha já dificuldade em escrever alfaiataria (que tem cinco ás, repare-se!) quanto mais uma coisa assim tão grande. pesquisas recentes mostraram que afinal há palavras portuguesas bem maiores. a diferença é que as três com maior número de letras não me foram ensinadas pelo meu pai.
- laustíbia
lostra existe em certos dicionários de calão para denominar estalo ou bofetada. laustíbia ouvi-a ser usada pelo meu cunhado quando quis explicar o que tinha feito o seu pai quando lhe aplicou um valente correctivo. laustíbia. é linda. vou escrever outra vez, laustíbia. até o som, porra! gosto também duma coisa que também já ouvi - aliás, fiquei na dúvida sobre qual das duas deveria utilizar - que é laustríbia. que não é mais que um mix entre lostra e laustíbia. no fundo gosto da maior parte dos significados de bofetada: sopapos (que é uma capicua. será assim que se designam estas palavras?), bilhete, galheta (muito boa, esta), solha, chapada (um clássico. uma palavra que deveria ser sempre escrita com times new roman), lamparina, etc...
- eia!
adoro interjeições. "ui" é das minha favoritas. nem sempre as pessoas sabem dizer ui!. o vítor de sousa, por exemplo, di-la como poucos. o ehhhh! assim, meio arrastado, quando se vê uma gaja boa também não é mau. mas uma coisa só com vogais tem outro nível. eia, é o supra sumo das interjeições. gente que diga eia, meus amigos tem a minha admiração.
- concesteza
esta palavra não existe. também não existe concerteza. quanto muito usemos com certeza. mas....., e agora é que são elas, gente que é gente não diz "a roma de paulo roberto falcão" mas sim "o roma...", não diz "a união de leiria" mas sim "o união de leiria", não diz "a naval primeiro de maio" mas sim "o naval primeiro de maio" e, gajo que sabe o que quer, diz concesteza! ora tentem lá dizer. vá, digam. sabe ou não sabe melhor? concesteza, pá!
- entravincalhar
diz-me também o senhor houaiss que não existe esta palavra. ora, não sei se devo levar muito a sério alguém com nomes de origem libanesa. não devemos, não é? pois, entravincalhar não é bem entalar. também não é o mesmo que enxertar. é mais profundo e enraizado que isso. entravincalhado é por exemplo a situação em que fica uma pelezinha castanha de milho, ali, entre os dentes, quando estamos a comer pipocas. quando digo isto, estou-me a lembrar também dum pêlo, daqueles short and curly que se entravincalham ali perto das gengivas numas situações que eu cá sei. e que por mais que cuspamos ou passemos com os dedos lá por dentro da bochecha, não há maneira de saírem. lá está, ficam entravincalhados.
- zaragatoa
palavras começadas com a letra zê têm outro nível. gosto, confesso. gosto de zuca, de zé, de zacarias, de zécaralho, de zimbro, de zubizarreta. zaragatoa era um instrumento muito utilizado lá em casa para tratamentos à garganta. a palavra é sublime. e então utilizada em frase cai sempre bem:
- deixa lá, filho. chegados a casa, a mãe faz-te logo uma zaragatoa com tintura de iodo.
- retanchada
sinónimos de coito davam um belo post. sim, porque é bem diferente uma foda, duma cambalhota. é diferente uma queca, dum fornicanço. é diferente uma fodeca dum "fizemos amor". a retanchada é mais belicosa. é mais vigorosa, mais bruta, com mais barulhos. é uma retanchada, pronto. acho que esta palavra foi-me apresentada pela revista kapa. já não tenho certeza.
- godigana
é uma localidade perto de sintra. ali para os lados da terrugem e do alcolombal. ainda me lembro da primeira vez que li esta palavra. a minha mulher estava grávida e eu passei-me logo com o raio da tabuleta: go-di-gana. que show! passei logo a aludir a minha futura filha como a minha godiganita!
não pegou, felizmente. ainda gosto!
- jincas
já falei dela no post imediatamente anterior. não é incas. não é as incas. é: jincas. repito:
- elas eram, assim.... bem, com'que'seá'dizer, eram, ora bem, eram assim meio esquisitas eram jincas!!!!!
duas coisinhas mais:
- eu não acredito que amanhã arrole as mesmas palvras. hoje, foi assim, pronto.
- acho que tinha de passar isto a um molho de blogueiros. sabem que eu não passo martírios a ninguém. faço, assim, como o vírus informático alentejano: peguem vocês no tema e desatem a escolher vocês as palavras.
já andava, sim senhor.
vamos lá então meter mãos à obra. doze palavras que eu gosto, não é? bom, aviso já que não dou para o peditório poetico-abarco-culturalmente-esclarecido de escolher palavras que façam parte do dicionário mistico-escatológico, assim ao estilo paulo coelhiano. coisas como saber, sabedoria, espírito, senso, amor,.... pois coisas dessas em mim, batem e caem para o lado. fraternidade, liberdade, solidariedade e mona a rolar da guilhotina, também não é comigo. se ainda assim, puder dizer doze palavras que eu gosto, aqui vão:
- pipáterra
porque sim, porque me remete de imediato para outros tempos, outras alturas (verticais), outras viagens, outros caminhos (sem alcatrão), outras pessoas. encontrar, com o meu pai, coisas boas p'i'pá'terra, era sinal que ir para a terra, levar coisas para a terra, ver carrinhas boas para nos levar à terra, tudo isto era o nosso carnaval brasileiro: terminava o mês de agosto e começávamos logo a pensar nos dias que faltavam para lá regressarmos.
- carai/caraguicho
são duas que me levam logo para trás-os-montes. duas tipicamente lá da terra. é uma forma subtil de interjeitarmos sem recorrermos ao caralho. carai ainda uso muito. caraguicho (lê-se cará-gui-txo) era muito dito pela minha avó trindade. aliás, foi seguramente o que ela disse quando chegou ao céu e viu que aquilo estava cheio de boas alheiras.
- anticonstitucionalissimamente
tem vinte e nove letras. foi-me ensinada pelo meu pai. quando me transmitiu este saber, era conhecida como a maior palavra portuguesa. eu, de baixo dos meus 5 anos, tinha já dificuldade em escrever alfaiataria (que tem cinco ás, repare-se!) quanto mais uma coisa assim tão grande. pesquisas recentes mostraram que afinal há palavras portuguesas bem maiores. a diferença é que as três com maior número de letras não me foram ensinadas pelo meu pai.
- laustíbia
lostra existe em certos dicionários de calão para denominar estalo ou bofetada. laustíbia ouvi-a ser usada pelo meu cunhado quando quis explicar o que tinha feito o seu pai quando lhe aplicou um valente correctivo. laustíbia. é linda. vou escrever outra vez, laustíbia. até o som, porra! gosto também duma coisa que também já ouvi - aliás, fiquei na dúvida sobre qual das duas deveria utilizar - que é laustríbia. que não é mais que um mix entre lostra e laustíbia. no fundo gosto da maior parte dos significados de bofetada: sopapos (que é uma capicua. será assim que se designam estas palavras?), bilhete, galheta (muito boa, esta), solha, chapada (um clássico. uma palavra que deveria ser sempre escrita com times new roman), lamparina, etc...
- eia!
adoro interjeições. "ui" é das minha favoritas. nem sempre as pessoas sabem dizer ui!. o vítor de sousa, por exemplo, di-la como poucos. o ehhhh! assim, meio arrastado, quando se vê uma gaja boa também não é mau. mas uma coisa só com vogais tem outro nível. eia, é o supra sumo das interjeições. gente que diga eia, meus amigos tem a minha admiração.
- concesteza
esta palavra não existe. também não existe concerteza. quanto muito usemos com certeza. mas....., e agora é que são elas, gente que é gente não diz "a roma de paulo roberto falcão" mas sim "o roma...", não diz "a união de leiria" mas sim "o união de leiria", não diz "a naval primeiro de maio" mas sim "o naval primeiro de maio" e, gajo que sabe o que quer, diz concesteza! ora tentem lá dizer. vá, digam. sabe ou não sabe melhor? concesteza, pá!
- entravincalhar
diz-me também o senhor houaiss que não existe esta palavra. ora, não sei se devo levar muito a sério alguém com nomes de origem libanesa. não devemos, não é? pois, entravincalhar não é bem entalar. também não é o mesmo que enxertar. é mais profundo e enraizado que isso. entravincalhado é por exemplo a situação em que fica uma pelezinha castanha de milho, ali, entre os dentes, quando estamos a comer pipocas. quando digo isto, estou-me a lembrar também dum pêlo, daqueles short and curly que se entravincalham ali perto das gengivas numas situações que eu cá sei. e que por mais que cuspamos ou passemos com os dedos lá por dentro da bochecha, não há maneira de saírem. lá está, ficam entravincalhados.
- zaragatoa
palavras começadas com a letra zê têm outro nível. gosto, confesso. gosto de zuca, de zé, de zacarias, de zécaralho, de zimbro, de zubizarreta. zaragatoa era um instrumento muito utilizado lá em casa para tratamentos à garganta. a palavra é sublime. e então utilizada em frase cai sempre bem:
- deixa lá, filho. chegados a casa, a mãe faz-te logo uma zaragatoa com tintura de iodo.
- retanchada
sinónimos de coito davam um belo post. sim, porque é bem diferente uma foda, duma cambalhota. é diferente uma queca, dum fornicanço. é diferente uma fodeca dum "fizemos amor". a retanchada é mais belicosa. é mais vigorosa, mais bruta, com mais barulhos. é uma retanchada, pronto. acho que esta palavra foi-me apresentada pela revista kapa. já não tenho certeza.
- godigana
é uma localidade perto de sintra. ali para os lados da terrugem e do alcolombal. ainda me lembro da primeira vez que li esta palavra. a minha mulher estava grávida e eu passei-me logo com o raio da tabuleta: go-di-gana. que show! passei logo a aludir a minha futura filha como a minha godiganita!
não pegou, felizmente. ainda gosto!
- jincas
já falei dela no post imediatamente anterior. não é incas. não é as incas. é: jincas. repito:
- elas eram, assim.... bem, com'que'seá'dizer, eram, ora bem, eram assim meio esquisitas eram jincas!!!!!
duas coisinhas mais:
- eu não acredito que amanhã arrole as mesmas palvras. hoje, foi assim, pronto.
- acho que tinha de passar isto a um molho de blogueiros. sabem que eu não passo martírios a ninguém. faço, assim, como o vírus informático alentejano: peguem vocês no tema e desatem a escolher vocês as palavras.
4 comentários:
tambem hesitei em passar o martírio, por isso me limitei a sugeri-lo. E sabia, quando pus o teu nome, que se o fizesses, ias fazer um must! Post supimpa, palavras supimpas! Adorei. E obrigada por teres respondido.
:-) bjs
Muito bom. Só tu. Já tinha pensado, este gajo ou cagou no assunto ou está a fazer das dele e aí está.
Abraço
Aquilo lá onde se entravincalha o pelo não devia ser engiva?
Cumpts.
não, não, Bic! é a gengive!
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