eu já tinha percebido isso quando o meu pai, ao longo da vida, reencontrava este ou aquele amigo com quem tinha partilhado a mesma poeira dos caminhos da aldeia onde nasceu e cresceu. havia naqueles reencontros algo que eu não só não entendia como também era, quem sabe, revelador que um outro pai eu tinha tido que não conhecia. como se fosse a versão 1.0.3 do meu pai.
dava a impressão que os risos, as histórias, a recordação o alteravam. não ficava louro, alto e entroncado, nada disso. mas dava a ideia que ficava.... não sei explicar muito bem, ficava mais descontraído, mais verdadeiro, mais genuíno. dava a impressão que não tinha, perante aquele amigo, que justificar rigorosamente nada e não tinha sequer que exercer nenhuma regra protocolar do bom senso e da boa educação. estavam a recordar histórias antigas, com o ar e as gargalhadas que largariam caso ainda tivessem 8 anos.
acontece-me o mesmo quando reencontro amigos de outras era (às vezes, dada a distância temporal, era é mesmo a palavra mais correcta). dá ideia que por eles terem assistido às minhas primeiras versões e visto como é que eu ficava do calças de boca de sino ou camisas com volutas ou até a clássica meia branca, por causa destas razões aleatórias que realmente deixam de ter importância a postura, a contenção do riso, o brushing das senhoras, a atitude adulta das golas engomadas, a eventual localização do condomínio onde as pessoas residem...
nos últimos três ou quatro anos, ao rever uns molhos de amigos numa meia dúzia de ocasiões mais solenes (ah ah) e numas outras mais reles (ah ah, outra vez), presenciei a forma como nos despíamos destes casacos de adultos e desatávamos, sem pudor nem travões, a falar e a discorrer segredos - tanta vez guardados com cadeadinhos - ou outros assuntos antigos que nalguns casos tinham deixado marcas e cicatrizes mais ou menos profundas. droga, frustrações da universidade, guerras com divórcios, problemas com os filhos, relações com os pais durante a adolescência, relações com os irmãos durante a mesma adolescência...
é giro ver isso. ou pelo menos é curioso ver isso.
às vezes penso o mesmo com alguns blogs que relatam situações pessoais. acho que há blogs que só deveriam ser lidos por quem realmente conhece os seus autores. perguntava-me um dia alguém, por email, se tal disco era mesmo, na minha opinião, o melhor disco de sempre. respondi-lhe, então, que caso ele estivesse com atenção, eu já tinha atribuído esse título de «melhor disco de sempre» a uns bons 15 discos. este é um pequeno exemplo, meio tolo, parvo e que atesta a disparidade e a falta de coerência deste que aqui vos escreve. (se perscrutarem bem, encontram aqui escrito que o pepe nem sequer é jogador para o porto. viu-se!)
mas há outros exemplos, que eu julgo serem, bem mais graves. precisamente porque referem assuntos que são usados para credibilizar, branquear, enaltecer, enobrecer, ou embelezar os seus autores. blogs, imagine-se, uma coisa aparentemente tola e fugaz (nem sempre, é certo) ser palco para tanta e tanta mentira e cagança: o emprego que parece vistoso e não é; a erudição que parece valiosa e esconde uma perturbação social (para não lhe chamar outra coisa); o carro potente prestes a ser levado pelo leasing; a amizade com esta e aquela pessoa lá apregoada no blog e que afinal não passa dum friend no facebook e outras, outras coisas.
há quem diga que o blog não reflecte a nossa vida e que a nossa vida não é o nosso blog. não posso estar mais de acordo. contudo, quando há posts que contêm as expressões: «eu acho que...»; «na minha opinião...»; «o que eu penso sobre isto é....».; «ah, eu cá faço é assim...»... quando aparece isto escrito, meus amigos, não me lixem, querem dizer o quê?
lá está, só acredita neles, quem não os conhece. como dizia a minha mãe «olha filho, nariz no cu faz trinta e um!»
dava a impressão que os risos, as histórias, a recordação o alteravam. não ficava louro, alto e entroncado, nada disso. mas dava a ideia que ficava.... não sei explicar muito bem, ficava mais descontraído, mais verdadeiro, mais genuíno. dava a impressão que não tinha, perante aquele amigo, que justificar rigorosamente nada e não tinha sequer que exercer nenhuma regra protocolar do bom senso e da boa educação. estavam a recordar histórias antigas, com o ar e as gargalhadas que largariam caso ainda tivessem 8 anos.
acontece-me o mesmo quando reencontro amigos de outras era (às vezes, dada a distância temporal, era é mesmo a palavra mais correcta). dá ideia que por eles terem assistido às minhas primeiras versões e visto como é que eu ficava do calças de boca de sino ou camisas com volutas ou até a clássica meia branca, por causa destas razões aleatórias que realmente deixam de ter importância a postura, a contenção do riso, o brushing das senhoras, a atitude adulta das golas engomadas, a eventual localização do condomínio onde as pessoas residem...
nos últimos três ou quatro anos, ao rever uns molhos de amigos numa meia dúzia de ocasiões mais solenes (ah ah) e numas outras mais reles (ah ah, outra vez), presenciei a forma como nos despíamos destes casacos de adultos e desatávamos, sem pudor nem travões, a falar e a discorrer segredos - tanta vez guardados com cadeadinhos - ou outros assuntos antigos que nalguns casos tinham deixado marcas e cicatrizes mais ou menos profundas. droga, frustrações da universidade, guerras com divórcios, problemas com os filhos, relações com os pais durante a adolescência, relações com os irmãos durante a mesma adolescência...
é giro ver isso. ou pelo menos é curioso ver isso.
às vezes penso o mesmo com alguns blogs que relatam situações pessoais. acho que há blogs que só deveriam ser lidos por quem realmente conhece os seus autores. perguntava-me um dia alguém, por email, se tal disco era mesmo, na minha opinião, o melhor disco de sempre. respondi-lhe, então, que caso ele estivesse com atenção, eu já tinha atribuído esse título de «melhor disco de sempre» a uns bons 15 discos. este é um pequeno exemplo, meio tolo, parvo e que atesta a disparidade e a falta de coerência deste que aqui vos escreve. (se perscrutarem bem, encontram aqui escrito que o pepe nem sequer é jogador para o porto. viu-se!)
mas há outros exemplos, que eu julgo serem, bem mais graves. precisamente porque referem assuntos que são usados para credibilizar, branquear, enaltecer, enobrecer, ou embelezar os seus autores. blogs, imagine-se, uma coisa aparentemente tola e fugaz (nem sempre, é certo) ser palco para tanta e tanta mentira e cagança: o emprego que parece vistoso e não é; a erudição que parece valiosa e esconde uma perturbação social (para não lhe chamar outra coisa); o carro potente prestes a ser levado pelo leasing; a amizade com esta e aquela pessoa lá apregoada no blog e que afinal não passa dum friend no facebook e outras, outras coisas.
há quem diga que o blog não reflecte a nossa vida e que a nossa vida não é o nosso blog. não posso estar mais de acordo. contudo, quando há posts que contêm as expressões: «eu acho que...»; «na minha opinião...»; «o que eu penso sobre isto é....».; «ah, eu cá faço é assim...»... quando aparece isto escrito, meus amigos, não me lixem, querem dizer o quê?
lá está, só acredita neles, quem não os conhece. como dizia a minha mãe «olha filho, nariz no cu faz trinta e um!»
1 comentário:
Era caso para perceber o que quer dizer "nariz no cu faz trinta e um?"
O que quer isso dizer? Já imaginei mil cenários e ..nada :)
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