nem sei explicar muito bem porque associei eu isto àquilo. mas a verdade é que a primeira ideia que me veio à cabeça foi o motel chronicles, um livro de pequenas histórias escrito pelo sam sheppard que além de ser um actor bestial, tem a sorte de partilhar leito com a jessica lange.
eu explico.
vinhamos de cáceres. a miúda lá atrás a dormir. ela, ao meu lado, também em silêncio. na telefonia, tocava aquela selecção mais assim p'ró miá soft. assim, aquele misto de carly simon, com o james taylor, passando pelas coisas do nebraska do springsteen, aqui e ali também com a carol king... por aí, por essas bandas. lá fora estava frio mas dentro do carro a shô fajem (assim como se fosse a senhora fajem) mantinha-nos quentinhos. a estrada estava quase deserta e raramente cruzávamos com outros carros. o sol já se tinha posto e o céu começava a ganhar aquelas cores maravilhosas. não falo daqueles crepúsculos cheios de vermelhos e cores de fogo. não, uma coisa mais suave, menos dramática.
ainda por cima, a estrada seguia em direcção a esse mesmo crespúsculo. tinha como cenário umas elevações, uns penhascos que recortavam o horizonte como se fossem personagens daqueles teatros de sombras chinesas.
e eu sabia que uma eventual foto não lhe faria justiça nenhuma ao momento. porque eu não estava com paciência para descobrir a melhor conjugação de aberturas, sensibilidades, velocidades e outras que tal que traduzissem melhor aquilo tudo; porque nela não ficaria impressa a alegria que carregávamos connosco pela visita àquela cidade; porque também não conseguia lá colocar o cheiro que as histórias do sheppard têm - um cheiro de alcatrão e de lavanda nos lençóis dos moteis -, um cheiro que também encontro nas imagens do rumble fish, nas coisas do on the road ou nas canções do darkness on the edge of town...
eu sabia estas coisas todas. mas mesmo assim parei e carreguei lá no botão da máquina. como disse, não faz jus ao momento. mas ainda assim, foi um momento daqueles.
e já estou com saudades daquelas nossas viagens pela espanha fora.
eu explico.
vinhamos de cáceres. a miúda lá atrás a dormir. ela, ao meu lado, também em silêncio. na telefonia, tocava aquela selecção mais assim p'ró miá soft. assim, aquele misto de carly simon, com o james taylor, passando pelas coisas do nebraska do springsteen, aqui e ali também com a carol king... por aí, por essas bandas. lá fora estava frio mas dentro do carro a shô fajem (assim como se fosse a senhora fajem) mantinha-nos quentinhos. a estrada estava quase deserta e raramente cruzávamos com outros carros. o sol já se tinha posto e o céu começava a ganhar aquelas cores maravilhosas. não falo daqueles crepúsculos cheios de vermelhos e cores de fogo. não, uma coisa mais suave, menos dramática.
ainda por cima, a estrada seguia em direcção a esse mesmo crespúsculo. tinha como cenário umas elevações, uns penhascos que recortavam o horizonte como se fossem personagens daqueles teatros de sombras chinesas.
e eu sabia que uma eventual foto não lhe faria justiça nenhuma ao momento. porque eu não estava com paciência para descobrir a melhor conjugação de aberturas, sensibilidades, velocidades e outras que tal que traduzissem melhor aquilo tudo; porque nela não ficaria impressa a alegria que carregávamos connosco pela visita àquela cidade; porque também não conseguia lá colocar o cheiro que as histórias do sheppard têm - um cheiro de alcatrão e de lavanda nos lençóis dos moteis -, um cheiro que também encontro nas imagens do rumble fish, nas coisas do on the road ou nas canções do darkness on the edge of town...
eu sabia estas coisas todas. mas mesmo assim parei e carreguei lá no botão da máquina. como disse, não faz jus ao momento. mas ainda assim, foi um momento daqueles.
e já estou com saudades daquelas nossas viagens pela espanha fora.
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