segunda-feira, dezembro 15, 2008

efeito carousel

há uma frase, uma ideia que volta e meia utilizo para mim próprio - assim em silêncio, estão a ver a coisa? - que é «fazer trabalhos de casa em computador».

não sei se se recordam, mas quando aparecia um tipo qualquer lá da turma que apresentava trabalhos de casa feitos em computador, a coisa poderia estar a maior merda, cheia de erros e tal, mas pronto «eh catano, ganda pintarola, foi feito em computador» e lá se babava meia turma mais metade da classe dos professores que achavam piada àquelas coisinhas que o menino ou a menina tinham feito.

foi aí que começou o declínio do tubo de cola uhu - ou da cola cisne -, usado durante séculos nas montagens de fotos lá para os trabalhos sobre o barroco, o império romano ou as viagens na minha terra.

quando o oliver stone apareceu no natural born killers com aqueles movimentos de câmera dum lado para o outro, como que se o senhor que segura lá a máquina de filmar tivesse levado um pontapé certeiro nos túbaros, toda a gente achou piada e desatou a usar como se fosse o último grito do tarzan*.

e a verdade é que há alguns exemplos em que isso fica bem e dá num resultado bonito. principalmente se for filmado em película como, por exemplo, no friday night lights. e já agora, se não se fizer uso desse bamboleamento a torto e a direito.

noutro dia dei por mim, sem canais nenhuns além dos 4 portugueses e três espanhóis, a ver aquela coisa dos advogados lá da avenida da liberdade. tinha a rita lello (nem perguntem, ok?) e eu deixei-me ficar a ver aquilo. às tantas dei por mim quase a vomitar. pensei um pouco a ver se tinha sido o jantar estragado que me estava a vir à glote. mas não, tinha sido um jantar todo supimpa acompanhado pelo tintol da ordem.

penso mais um bocado e lá percebi que a somar à quantidade de histórias sem pés nem cabeça que a série tem, existe a tal coisa dos «trabalhos feitos em computador» e desatam a usar, abusar e rebusar a tal técnica do pontapé nos tomates do senhor da máquina de filmar. assim para dar a ideia que é uma série toda modernaça e tal, com pessoas que ganham muito carcanhol e que têm grandes carros e atravessam a avenida da liberdade pelo meio dos carros a deixar cair sandes de presunto e coisas que tal. e a verdade é que quando damos por ela, o raio dos olhos não estiveram fixos uma única vez e a cabeça começava já a andar à roda porque as imagens andam mesmo à roda e afastam-se a aproximam-se e...

fui meter meio logan ao bucho para ver se aquilo passava mas foi pior a emenda que o soneto: lembram-se das bebebdeiras que se apanhavam no velhinho "barco" que estava ali atracado no cais do sodré? lembra-se? quando com dois ou três whiskys se apanhavam bebebdeiras como se tivessemos bebido oito? pois é mesmo assim que eu me sinto quando vejo o tal liberdade da rita lello.

(tenho pena dela.)
(e do ivo, pronto!)



* eu não sei se foi ali naquele momento que esta técnica surgiu. isto não é o blog do mexia e por isso aqui não há certezas cinematográficas ou de qualquer outra espécie. eu sei é que foi nesse filme que eu me recordo de vir isso pela primeira vez.

2 comentários:

Gonçalves disse...

Vê lá bem se não foi antes na Balada de Nova York.
http://www.imdb.com/title/tt0106079/
Eh pá, lembro-me perfeitamente de o Malveira falar nisso
Abracinho

Su disse...

Digo-te, ainda abem que nem sei que série é essa! Eu nem um golo de Johnnie Walker conseguia engolir nesse barco!