sexta-feira, outubro 31, 2008

Vamos brincar à caridadezinha...

...festa, canasta e boa comidinha
vamos brincar à caridadezinha.


a minha filha percebeu à primeira e sem perguntas acessórias, como raio a mãe engravidou e de que forma ela saiu da barriga da mãe.

por outro lado, anda a demorar uma eternidade, meter-lhe naquela cabecinha, que há coisas que temos que ter cá dentro, além dum fígado em condições para aguentar as bebedeiras de whisky marado que infelizmente as discotecas lisboetas ainda proporcionam, como a solidariedade e o altruísmo.

explicar-lhe, então, o que é a pobreza é uma coisa que me está a ser do mais difícil que há. porra, é que até já conseguimos que ela peça para sair da mesa, imagine-se. agora isto de ajudar os outros e tal...

- mas ó filha, é isso mesmo. é pegar numa ou noutra boneca ou brinquedo, embrulhá-lo e ir levar ali à irmã elvira para que haja meninos pobres que tenham, pelo menos uma vez na vida, um presente (vêem, até a induco a não dizer prendas, oh lá lá) pelo natal.
- ...
- vá lá, filha. isto é uma coisa bonita, sabes? olha, o pai embrulha também um dos livros dele e leva também à irmã elvira.
- dos brinquedos que eu gosto eu não dou a ninguém. só se for das bonecas que eu não gosto.
- (ó foda-se! - isto, dito bem baixinho) pronto, também serve. então sendo assim, o pai embrulha ali um dos rebelos pinto que a mãe tem e não se fala mais no assunto. fica ela por ela.

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