quarta-feira, outubro 29, 2008

anne clarck

a última coisa que suporia ao já me aproximar à pista de aterragem dos 40 anos, é que iria ser acometido por uma saudade estranha, que me deixa por vezes num estado algo trôpego, num misto de lânguido com blasé.

fico ali, com pensamentos distantes, a reviver em pormenor, e com gosto, momentos que não gostei muito de ter passado por eles.

e é quando os revejo, que faço quase que uma sindicância à minha base de dados das saudades e escalpelizo os lugares da minha terra que eu adorava descobrir, os alfarrabistas onde entrava para olhar para os preços e lamentar a falta de liquidez na carteira, as discotecas onde entrava para espreitar para dentro das capas dos discos com a intenção de confirmar esta ou aquela parte da letra, as fotografias que tirava aos mais bonitos crepúsculos de lisboa...

e essas partes, essas até eram partes boas. no entanto, há ali uma condição, um elemento, algo que me faz afastar esses mesmos pensamentos. mas, revendo-os, gosto de os sentir também bem longe da actualidade, apesar de também sentir que podem aparecer novamente.

ontem, acho que atingi os limites da saudade. dei por mim, enquanto queimava o "midnight oil", a ouvir - e a não me provocar nenhuma comichão no corpo - uma coisa que não me passava pelo estreito daqui das orelhas, seguramente, há uns 17/18 anos.

e por ter gostado, noto, com medo, que pior do que virem aí problemas na próstata, é bem pior virem gostos musicais que já os tinha arrumados.






1 comentário:

Di Napoli disse...

Mano, parece que este teu post fico a meio, né? Pois...
Mesmo assim, aqui fica uma achega: a música deste último filme é do nosso "Amigos em Portugal" - "Menina Ao Pé Duma Piscina". Sabias desta? ;)
Abraço!