terça-feira, setembro 21, 2010

os amigos da net.

às vezes olho para aquelas seguradoras que funcionam por telefone e tal... e fazem-me lembrar aquela espécie de amigos que temos na internet, no messenger, no facebook... por aí.


(calma que não estou a dizer nem a pensar mal, nem de uns nem de outros.)

da mesma forma também não estou a dizer mal dessas seguradoras. alías, até haver sinistros funcionam na perfeição: são mais baratas, são limpas, os anúncios - gosto também da palavra reclamos - têm meninas e meninos desinfectados e bonitos, os sáites da internet são imaculados e coloridos... em suma, perfeitas.

as amizades da net também são assim: fazem-nos comentários bonitos, cheiram bem (acredito que sim!), cumprimentam-nos afectuosamente, preocupam-se connosco, entendem a mesma linguagem que nós («ai pá, aquilo que escreveste é mesmo aquilo que eu sinto, pá! não estás mesmo a ver... juro!»)...


o pior é quando acontecem sinistros com as nossas apólices: nunca ninguém nos atende, não temos um balcão para nos dirigirmos, não sabemos se receberam os nossos papéis, pedem-nos para ligar mais tarde, afinal aquilo não estava coberto, aquilo ali também não estava coberto... afinal o barato, por vezes, sai carote, bem carote... pois é..


com as nossas amizades da net também é assim: um email mal entendido, um update mal gerido, uma merda qualquer mal compreendida e, afinal, até mesmo aquelas coisas giras que escrevíamos, vai se a ver melhor e não têm piada nenhuma. ou mesmo aquele vídeo do demmis roussos, que lhes fazia lembrar um tio de corroios, afinal é uma prova que a foleirice está em todo lado. mais, os tais erros ortográficos que dávamos (e damos) vai na volta, a ver bem assim de perto, não são coisas rústicas, reais e engraçadas, mas são, isso mesmo, falta de escolaridade e a vingança certa por termos gozados na escola os gajos de óculos e, sei lá, gordos, pronto!


pelo sim, pelo não, que não haja confusões... nem acidentes!

(ou então, pronto, invistam em seguradoras mais caras mas com uma «cara» com quem possamos falar - e não uma voz, com quem falamos ao telefone; ou não contem demasiado com as tais amizades (nada contra, repito) da net).

4 comentários:

Samuel A. disse...

O problema não são as seguradoras, nem as questões inerentes às amizades que "nascem" a partir da net. Na minha opinião o problema está no facto de as pessoas já saberem comunicar verdadeiramente. Na net, muitas pessoas espelham coisas que na realidade não são. Facto que, talvez, com a convivência física, aquela que temos com os nossos amigos "reais", não acontecerá porque das duas uma: ou conhecemos a pessoa minimamente e já fizemos a escolha de querer conviver com isso ou não, ou porque muito possivelmente não haverá interesse em impressionar ninguém. E por isso, digo que é um problema de comunicação, porque só acredito que a haja, quando os intervenientes são sinceros um com o outro. Mas isso é provável que não aconteça, tal como uma seguradora que nunca quererá perder dinheiro numa apolice...

Samuel A. disse...

Ah! Parabéns! Muito bem escrito e "esgalhado"!

Duchesse disse...

Aqui está uma grande, grande verdade. Se bem que, vai na volta, tanto as seguradoras como as amizades ditas "normais" também nos falham do pé para a mão, quando menos estamos à espera e sempre quando mais precisamos delas.

Sem sequer colocar em dúvida a veracidade do que aqui escreveste, acho que o leque destas palavras abrange tantas coisas mais se ao menos pensarmos nisso ;)

Lady Day disse...

Amizade significa um compromisso sólido. É diferente de comentários que até nos consolam, que até parecem, por ser constantes e regulares, significarem algum tipo de compromisso.
As pessoas podem gostar do que escrevemos, e, bolas, até podem gostar de nós e serem simpáticas. Mas o "clube da amizade" é uma coisa restrita....
Na vida 3D, também não passo a crer que as pessoas são minhas amigas apenas por serem simpáticas... mesmo que sejam simpáticas e solícitas durante bastantes anos. É preciso mais do que isso! É estarem lá não apenas quando lhes apetece, mas quando é preciso.

Digo eu, que como outros também já sobrevalorizei comportamentos cibernéticos e ingenuamente os considerei como amizade. É de desconfiar quando as pessoas dizem, sem nunca se terem visto, sem nunca terem estado verdadeiramente lá quando é preciso, "somos amigos". É que dá mau nome à amizade...
(não quer dizer que as pessoas não tenham boas motivações - apenas que isso do "sermos amigos" na net é um bocado superficial).