quarta-feira, março 03, 2010

ó fernanda, vem cá por favor, olha que o menino ficou em 14º. e agora, que vai ser de nós?

a culpa é certamente minha. eu não me dou conta que realmente há coisas que só com a idade é que damos por elas. não não me refiro às lesões nos joelhos e ao facto de já fazermos o mesmo barulho quando nos levantamos «ahhhhrrrrhhh» e quando nos sentamos «ahhhrshhhh». falo de coisas que dizem respeito à idade que cada um tem. se quando tínhamos 17anos era normal termos amigos que eram paquetes, aos 30 já é mais vulgar ter amigos já casados. e agora, aos 40, já tenho, por exemplo, muitos amigos carecas e amigas com ancas, assim, como o elton john.


eu, por exemplo, agora tenho que me maçar com a educação da minha filha. se, há uns 5 anos andava, com a minha mulher, a ver prateleiras das fraldas, agora, felizmente, já nem me lembro de quando ela as largou. mais cedo que eu, felizmente.


a escola da minha filha deve ser uma das minhas preocupações mas, confesso, não faço daquilo bicho de sete cabeças. cum raio, a miúda tem 5 anos, nem o aparelho digestivo ainda deu. nem sequer sabe que existe uma coisa chamada prova real ou outra chamada hectómetro.


há dias estive numa reunião lá na escola dela. a coisa era tão simples como, passo a explicar: dizer que decidiram efectuar umas coisitas para integrar a criançada na próxima fase da vida delas que é o ensino primário. ora, da mesma forma que agora tem que se explicar tudo, tudo, tudo, mesmo que ninguém perceba rigorosamente nada,


tentem lá perceber o que querem dizer, por exemplo, os médicos desportivos quando estão a falar em tibiotársicos ou fronto-posterior...


tentem lá perceber o que querem dizer as pessoas da televisão quando falam em arguidos, vara, cível, recurso, primeira instância...


... também ali, uma coisa que eu teria feito em 20, 25 minutos no máximo, às tantas demorou mais que hora e meia. seca, digo eu!


mas lá está, se calhar sou eu que não percebo ou sou um puto infantilóide que acha que, nalgumas coisas, se gastam demasiadas horas desnecessariamente, como por exemplo, em pôr os pais ao corrente de certas coisas que lá sucede na escola.


reparem que eu não estou contra as tais situações de integração (para evitar - coitadinhos dos meninos que se vão desfazer em pó - que quando cheguem ao primeiro dia de aulas não apanhem um choque stressante - ai meu deus, coitadinhos....) da canalhada. tudo bem, eles até estão é a divertir-se enquanto aprendem... na boa, sério. eu não tenho é que apanhar com um relato o mais exaustivo possível do que lá foi feito.


mas lá está, do outro lado, do nosso lado, do lado dos pais, dos que estão nas cadeirinhas a assistir ao que os professores estão a contar, há sempre a tal pressão em relação à educaçãozinha do menino.


e isto, meus amigos, tem que começar de pequenino. logo de criança tem que se incutir-lhes o espírito de competição, porque mais tarde, quando forem para o mercado de trabalho, só se safa quem estiver preparado.


o caralhinho!!!!!!!!!!!


eu sei, o mal é meu, tenho plena consciência disto. sou eu que sou mesmo assim e não consigo lidar com estas questões pedagógicas.


eu não estou a querer dizer que o espírito deva ser: deixá-los brincar que ainda são crianças. credo, longe (tudo bem nem tanto) disso. mas não consigo entender porque raio, aos 7 anos, devem os alunos ser premiados pela sua notoriedade escolar? agora imaginem mais cedo?


repito o que disse há tempos, eu tenho a certeza que a maior parte dos pais não está preparado para o que lhes espera. (reparem que eu não estou a dizer que eu estou. longe, muito longe disso.) mas estou rodeado, não só na educação mas em tudo. à minha volta estou cansado de ouvir falar em: ter uma melhor casa, ter um melhor carro, ir de férias para mais longe, ir para uma escola mais cara, ter actividades atl com mais cartonância.... se o huguinho anda no karaté, coloquemos a zezinho na equitação. se na equitação já anda o paulinho (já não há paulinhos, pois não?), caramba, arranjemos algo que ninguém tenha.


estou farto, confesso.

ora o contrário disto que eu estou a dizer, não é que eles tenham uma ardósia em vez do magalhães ou o bagaço e a pancada em vez da pedagogia do sec. xxi. caramba, não é nada disso.

pergunto, estarão os pais preparados para que os vossos filhos, mesmo pagando 120 contos por mês de propinas numa escolinha fina qualquer, sejam, sei lá, os 14ºs lá da turma. não, não falo do 2º ou do 3º. também não falo do 5º, falo mesmo em serem o 14º. como é que é? o catraio chega a casa e diz ao pai «este trimestre fiquei em 14º. tive notas porreiras mas fiquei em 14º» e depois? ficam-se? sentem-se satisfeitos? depende do grau de escolaridade? pois é certo. mas então e no liceu (ou escola secundária ou agrupamento ou lá o que aquilo se chama agora)? e o que devemos fazer quando aparecem aqueles pais a dizer que os filhos são espertíssimos, inteligentíssimos, dotadíssimos....? encolhemos os ombros?

2 comentários:

Cristina disse...

Gosto tanto destes teus posts sobre estes assuntos... Não se aguenta mesmo esta nova mania de termos que ser todos "muitabons"... e quanto aos meninos prodígio que por aí abundam, principalmente na boca dos paizinhos, sim, é encolher os ombros e sorrir...

José Fontinha disse...

Pergunto eu agora, que cada vez percebo menos desta vida que nos impingem... pedro, queres ir para o campo para irmos plantar arvores e tratar do gado? Pelo menos lá posso simplesmente viver a vida tal qual ela é e ver as crianças crescer...