segunda-feira, março 29, 2010

coisas do tempo das bifanas da roulotte do «ó valdemar, é o costume, fáxavôr»

gostava de conseguir separar algumas músicas de tudo aquilo que elas significam. algumas têm um rótulo especial para todo o mundo (quem é que consegue descolar o you can leave your hat on do cagueiro da kim bassinger? ou o inenarrável timor do massacre de santa cruz?), outras são private jokes ou momentos de celebração, riso e alegria para alguns grupos 

ok, tudo bem, há cinco ou seis que estão a pensar no i try da macy gray mas e que dizer do it's my life  ou o elevation em benidorm?

ou até para namoros, divórcios, europeus de futebol (com um força, com uma força...) e por aí fora.


acontece-me muitas vezes - e desconfio que não só a mim - estarem a «acontecer» canções que nem supomos virem ser isto ou aquilo. o only the young dos journey, está ligada, inesperadamente a um local de trabalho, mais concretamente a uma velha mesinha que me servia de secretária, ali no outono de 1998.

dizia eu que gostava de dissociar algumas canções do que ela significam mas também gostava de as mirar, livrá-las de algumas cargas negativas que a passagem pela rádio e colunas de som de discotecas lhes embeberam. foi por isso que deixei de suportar o angie, o start me up, o satisfaction, o hurt so good, o kiss, o salsbury hill, and so on, and so on, and so on... canções que aparentemente eram canções, digamos, jeitosas. agora, confesso, já nem sei se o são ou não.


felizmente há outras músicas, manifestamente más (será que são? e se são, quem é que tem autoridade para dizer que são? e se são, são-no comparado com quê ou com quais?) que eu tolero, gosto, canto e repito porque ... porque vá se lá a saber porquê?


como 97,6% da população portuguesa, os conhecimentos que tinha dos rem antes do losing my religion eram o orange crush, o end on the world e o the one i love. algumas directas no tempo da faculdade e uma colectânea, remeteram em definitivo algumas canções dos rem (repito, algumas canções) para um sentimento que eu não consigo dissociar de: réguas t, microstation, tira-linhas, balsa, dedos cortados, bisturis, maquetes, maquetes, maquetes, papel vegetal... 

o que pode ser eventualmente engraçado é que o monster já só me faz recordar, imagine-se um auto-rádio blaupunkt e o new adventures já está ali numa imagem que tenho de um cliente daquele tempo. mas tudo bem, era ainda a altura da faculdade (já disse, não já? as directas, os cartões maquetes, as disquetes, as plotters e isso....)


o que também é curioso ou não é que o up, se calhar, o disco que mais gosto deles - calma, é só se calhar - já está ali, sob um mantosinho de nevoeiro da época... olhem da época do only the young que falei ali em cima.


hoje, sem querer, ouvi esta canção. gosto muito dela. quando, com ajuda dos mp3, fui reouvi-la, usei, curiosamente, a versão do unplugged de 91. e claro, uma distracção fez-me vê-la de outra forma. uma coisa é ouvi-la com o som da gravação do lifes rich pageant. outra coisa é sentir ali alguns ruídos e a própria tonalidade da gravação do espectáculo da mtv.


oh que coisa maravilhosa. lá voltei aos tais anos das do gel no cabelo, das calças rotas, da gartejo, do rockline e claro, do perfect circle.


fico a pensar como é que serão estas canções se não tiverem significado algum.


ou será que as canções são feitas para não terem significado? não são, pois não?


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