sexta-feira, junho 01, 2007

às vezes mãe

eu até cheguei lá, mais cedo do que estava à espera.

estou estacionado na minha terra, na freguesia do meu nascimento. estou em frente à porta da "casa" dum casal com quem me dava há uns anos. duas pessoas doutro mundo.

tenho ainda 20 minutos, ponho o despertador e fecho os olhos.

às tantas sinto um incómodo estranho. não consigo adormecer. começo a pensar: e se eles entram ou saem lá da porta do prédio. será que tenho coragem para ir lá cumprimentá-los?

fico sempre perdido nestas ocasiões. nunca sei se se lembram de mim ou se estou a ser inconveniente.

se me vissem seria concerteza mais fácil. e se não vissem? gaita!

bom, se fosse só ele, a parte masculina, era bem mais fácil: olá zé, então? tudo bem? esses netos? isso agora é que é, hein?

mas e se fosse ela que aparecesse? ai! não era capaz de dizer nada? que é que se diz a uma mulher que nos tratou (trata e tratará. de caras!) como um filho? não se diz nada não é? apertamos os nossos braços à volta do pescoço dela e ficamos ali, abraçados a matar saudades, certo?

(ai que miúdo inconveniente!.....)

o pior viria, certamente, depois: então, já terminaste o teu curso? ai, pedro, pedro, que vergonha! e a tua filha? tenho visto fotos. que coisa tão engraçada....

as mães são assim, uma no cravo e outra na ferradura. uma festinha na cara e uma palmada na mão.

andava com esta na cabeça: será que aquelas palavras que uma noite me disse (nem precisava de me ter dito nada!) continuam a ser uma bússula para algumas coisas que faço na vida? será que é disso que eu me lembro quando às vezes estou inusitadamente triste? será que a consideração que tenho por ela é reflexo dum passado muito bom? será apenas saudade? hummm, hoje tive a certeza. ela foi (é) das mulheres mais importantes que aconteceram na minha vida.

de caras!

1 comentário:

Anónimo disse...

Que bom é ouvir falar assim de uma "Mãe" que é nossa!!! É que esta de que falas é, orgulhosamente, minha. E eu "mano", entregarei por ti esse teu saudoso, prolongado e apertado abraço que tanto gostarias de lhe dar...e ela certamente a ti.
Beijos grandes.
Nênê