quinta-feira, junho 21, 2007

avós

a patrícia cheia de dês - uma miúda toda curtida e que tem a infelicidade de aturar de vez em quando os meus comentários -, lembrou-se de fazer um post bestial (desses que ela sabe muito bem fazer) sobre as diferenças entre as avós paternas e as avós maternas.

em conversa com uma outra chavalita, uma gaja cuja identidade está protegida ao abrigo daqueles programas de imunidade de testemunhas judiciais, aprofundei o tema e fiquei ainda mais transtornado do que quando li o referido post.

das duas três: ou eu percebi o que estava escrito no blog mas não concordo com os termos que utilizou, ou afinal ela queria mesmo dizer aquilo que escarrapachou, ou então ainda, eu sou mesmo ingénuo e pensava que o raio das mulheres eram mais ajuízadas que os homens (ou o contrário, ou o contrário...).

a saber:
- eu aceito, tolero e acho óbvio que as mães tenham mais confiança, intimidade, sei lá, traquejo também, com a avó materna do que com a avó paterna. tudo bem. mas isso não é pelo facto de a avó materna ter virtudes ou qualidades cuja avó paterna não possui. eu acho - se é que li bem - é que isso sucede pelo facto de a referida senhora - atrás designada por avó materna - ser a mãe da mãe da criança. ou seja, ser avó materna não é melhor do que ser avó paterna. julgo que não é aí que está a diferença. a diferença está em que uma é mãe dela e a outra é a sogra. e, obviamente - em noventa e tal por cento dos casos - temos mais intimidade com uma mãe do que com uma sogra. por isso me faz impressão a referência, no tal post, ao nome "avó materna" e "avó paterna". devia lá estar, para não suscitar dúvidas "mãe" e "sogra". mas isto digo eu, note-se.

- ainda assim, segundo a amiga com quem conversei, ela confessa que tem menos problemas, sente-se menos desconfortável em "entregar" os filhos à mãe que à sogra. a patrícia até refere que a sua mãe é uma avó especial. e isso, desculpem, eu acho incomportável. mas pronto, não há nada a fazer. justifica ela (a tal minha amiga), atenuando a informação, que os homens são mais descomplicados que as mulheres nestas coisas. coisa que eu volto a discordar. como se tivessemos um condão especial nesta questão. deixem-me rir! cada vez mais acho que a descomplicação, na maior parte das questões da maternidade, tem origem no lado feminino da coisa. e já dei para o peditório: mãe é mãe e nós mulheres é que sabemos.

- quanto a esta questão, eu estou-me realmente marimbando qual é a opinião das outras pessoas. julgo que o mesmo também sucede com o resto das pessoas. para mim, é apenas importante saber a minha opinião. mesmo a opinião da minha mulher é secundária. a partir do momento em que ela teve a lata de querer ter uma filha comigo, está mais que avalizada para ter as ideias que lhe apetecer. não parece mas isto era um elogio.

- ainda assim, aflige-me pensar que as mulheres mães, sentem mais conforto em deixar os seus filhos com as suas mães (ou pais) do que com os seus sogros. porra, eu acho isto uma coisa muito má. a não ser, claro, que haja razões que a razão desconhece. agora se a coisa é avaliada apenas pela tal confiança que se tem na pessoa, isso eu acho, digamos, disgusting.

- eu quero que a minha sogra
saiba - não sabe porque é esperta e não anda para aqui a ler estas coisas - que eu lhe deixo a minha filha com toda a calma e com a generosa cumplicidade com que a entrego à minha mãe. sem problemas e bem consciente do que estou a fazer. até estou rodeado por famílias "modernaças" e por isso tenho vários sogros e várias sogras. estou à vontade. a minha bitola é medida pelo amor que têm à minha mulher. os que têm amor (amor, espírito de responsabilidade, carinho, etc) para com a filha, têm concerteza para com a neta. é simples.

siga!

7 comentários:

Elora disse...

As pessoas são todas diferentes. E eu deixo os meus filhos com a mesma calma nas duas avós, apesar de achar que a minha sogra tem mais paciência para eles que a minha mãe. Lá está, os tais feitios diferentes.

Xana disse...

A única coisa que posso dizer é que não percebo como, se aceitas a provável diferença de intimidade entre a mãe da criança e a própria mãe e a sogra, não aceitas que essa diferente intimidade tenha efeitos em termos práticos.

Não é uma questão de competência ou de confiança em sogra vs mãe.
É uma questão de intimidade, de saber como lidar, etc

É claro que o ideal é que não existam diferenças, mas não podemos evitar, acho eu, estar mais à vontade com quem conhecemos e nos entendemos melhor.

E no caso até podia ser com a sogra e não a mãe, tudo depende da relação existente, dos feitios, da proximidade, de tanta coisa.

Karla disse...

Tal qual como disse a Xana. E não tem a ver só com as avós, tem a ver com toda a gente. Quanto mais confiança tenho na pessoa, mais facilmente lhe confio as minhas filhas - isto para mim é limpinho e não nada que saber.

AnaBond disse...

eu....

tenho MUITO mais confiança na minha mãe do que na minha sogra.
e confio muito na minha sogra. e é uma excelente avó (na visão dos netos, meus filhos, não na visão dos pais).

mas enquanto dou dois berros à minha mãe se ela fizer algo contra a minha maneira de querer educá-los, com a minha sogra tem de ser com paninhos quentes.

com a minha mãe vivi 23 anos. com a minha sogra, nem um dia.
é diferente. e sei com o que contar.

(mas é claro que há excepções. e se porventura achasse por um segundo que a minha mãe era uma excelente mãe mas uma péssima avó, não havia dúvidas algumas que era a sogra que tomava conta dos netos)

anne disse...

Eu não estava a falar de confiança, dessa que nos permite deixar o miúdo durante uns dias com uma ou com outra avó. Como eu disse é nas pequenas coisas que se nota as maiores diferenças. Por exemplo, e voltando a falar do caso que me é mais próximo, a minha cunhada tem uma grande afinidade com a minha mãe. São mais amigas do que sogra e nora, mas na hora de ir às consultas e às ecografias é a mãe dela que vai a acompanhar. Quando foi fazer a morfológica, mal saiu do consultório foi directa a casa da mãe para mostrar o video. É a mãe dela que se agarra à barriga para sentir os pontapés, etc, etc. E é claro que quando a bebe nascer vai ser igual. A miúda não come, chama a mãe. A miúda faz uma gracinha, chama a mãe. Aparece uma borbulha minúscula que ninguém vê, chama a mãe.
E a avó materna acaba por se tornar, mesmo inconscientemente, mais presente e mais próxima.

Clara disse...

Então, suponho que a resposta a isto será os pais (homens) responsabilizarem-se mais pelas criancinhas, porque assim quando a/o miuda/o não comer ele vai chamar a mãe (dele), se a/o miuda/o fizer uma gracinha ele chama a mãe, se aparecer uma borbulha minúscula, chama a mãe.

Anónimo disse...

Olé, Clara!

A Xana tb disse o que penso...

E eu já percebi que também posso "ralhar" à minha sogra, desde que tenha razão. Já aconteceu e embora tenha sidoum bocado esquisitpo, foi oque fiz melhor.