domingo, agosto 16, 2009

nebulosa

cara rita,

pronto, lá vim finalmente para o meu posto de observação do céu devidamente artilhado (sabes bem que este artilhado é um exagero) com o tripé para os binoculos (comprei o tal adaptador, sabes?) e, imagina tu, vim também com um monóculo que o meu cunhado me emprestou.
ora bem, acho que já te tinha dito, nem nos binóculos nem no monóculo havia qualquer referência à potência, características ou marca da coisa. por isso, lá fui eu para o campo sem ter nenhuma noção do que iria encontrar.
ainda estava a preparar o tripé (dizer «preparar o tripé» é uma coisa já meio pro, não achas?) quando alguém que comigo estava de férias comentou:
- olha, se vais ver o céu tens que olhar ali para aquele ponto que é marte.
marte? pensei eu cá para comigo, sem ter nem certezas nem dúvidas em relação àquela informação. olha, se for, porreiro. se não for, logo descobrirei o que é.
olhei para lá com os binóculos e, como deves imaginar, os meus «vastíssimos» conhecimentos levaram-me a um mero encolher de ombros somado ao previsível pensamento «talvez seja». acabo então de colocar os binos (dizer «binos» também é coisa de pro, não é?) (estou feito um cagão, já viste?) no tripé, aponto a coisa para o suposto «marte», vejo a coisa com mais atenção, vou buscar o pc para a minha beira, ligo o stellarium (com esta é que arrumei as questões todas. gajo que vai olhar o céu artilhado de stellarium está literalmente a armar-se aos cucos, não achas? um dia destes estou para aqui a falar em dobosianas e coisas assim, não é?), procuro com mais atenção e... eh pá, jupiter? será?
era.
que maravilha, rita. nunca tinha visto assim, pelo meu olheco, um astro desses que andam à volta do sol que não fosse a lua. tótil, pá. ali estavam eles, de um lado o europa, do outro o ganímedes... coisa mais gira.

depois fui à revistinha lá do sir patrick moore e aquilo lá tinha um gráfico todo catita com a evolução das luas de júpiter e lá fui acompanhando ao longo dos dias a coisa.
ora bem, vistas as coisas de júpiter desatei a tentar perceber o que raio se consegue ver com os binos devidamente fixos no tripé. eis quando tento procurar e.... e encontro a nebulosa de andrómeda. é pá, uma coisa diferente dum pontinho e tal. uma coisa assim fora do vulgar, gira, pronto.

encheu-me o dia. ou melhor, encheu-me a noite. daí para a frente lá fui seguindo as sugestões da revista. aquela coisa do triângulo de verão e tal. mas claro, volta e meia voltava ao planeta grande para ver o desenrolar do carrousel lá das luas. que maravilha.

ah, o tal monóculo não é mau. já se vêem as coisas mais pertinho e tal. mas é como tu já me tinhas prevenido, a quantidade de luz já é bem mais reduzida e torna-se também mais complicado encontrar o que se quer ver ou até, como sabes, ter uma nitidez da coisa.

mas gostei, gostei mesmo. e fiquei também com a certeza que dada a frequência com que terei estes céus, preciso de bater muitas muitas noites de binóculos antes de eventualmente - tenho sérias dúvidas - me meter num telescópio.

vale?

2 comentários:

Anónimo disse...

Há estrelas cadentes, daqueleas em que passam só para podermos pedir um desejo???????????

Gonçalves disse...

Numa noite de observação aqui no colégio dos putos com um senhor entendido no assunto, carregado de telescópios e um portátil que projectava na parede do ginásio o que íamos vendo, até nos foi dado a observar a estação espacial internacional. Um espectáculo.