domingo, agosto 16, 2009

motas

eu não sou contra as motas.
eu não sou contra motards.
eu não sou contra as concentrações de motas.
eu sou é contra a minha ineficiência em conseguir conjugar as minhas férias com aquele período do ano em que não há concentrações de motas nos locais onde passo férias.

eu até compreendo, respeito e louvo o espírito camarada entre os motards.
eu até aceito e verifico que há motards - gente mais cota e tal - que vão para as concentrações com aquela aura zen de "iá, pisse ende lâve tu evri bodi".
eu não consigo é aceitar que me digam que, estatísticamente falando, este último tipo de motards seja o "cidadão comum" entre os motards.

não me fodam nem me enrabem, é só abrir os olhinhos. as pessoas que não têm nada que ver com as motas mas que têm que apanhar com elas durante as concentrações
sim, porque não julguem que os motards ficam circunscritos ao recinto das concentrações. não, nada disso, vêm cá para fora e andam por aí como fugitivos exibicionistas.
apanham por tabela com o vasqueiro que emana da porra das ponteiras
não era suposto haver um caralho dum limite legal para aquele coisa dos decibéis que as motas fazem?
apanham com o cheiro íntimo que os concentraccionistas (ou lá como é que esta gente se chama) transportam;
nada contra. quem fez inter rail ou semana de campo na tropa sabe que há coisas que não se conseguem evitar. sou é contra ter que apanhar com falta de asseio nas ventas.
apanha com aquele regime de excepção em relação à obrigatoriedade do uso de capacete
se eu decidir fazer uma concentração, sei lá, de carros amarelo-torrado permitem-me andar sem cinto? e sem cuecas? e sem pneus? e sem pára-choques? e sem carta?
e tem que assistir àquelas bonitas cenas, que por isto mesmo sucedem, onde surgem, na frente dos zelosos gnr, famílias numa mota, com o pai à frente, a mãe atrás e, no meio, entalado entre os dois, um ou outro bebé.
uma maravilha, ali os três e tal, sem capacete...
contudo, continuo a achar o top dos topes, aquele coisa de desatarem a acelerar a seco, ali a puxar pelas máquinas, o barulho a aumentar, os sorrisos matreiros deles e delas (pois, ataca a todos os géneros) como quem diz «maquinão do caralho, hein?» e as cumplicidades dos que assistem, sentados nos selins (ou assentos ou lá o que aquela merda se chama) a sorrirem também.
as cerejas nos topos dos bolos são aqueles ou aquelas que captam e gravam todos estes acontecimentos nas suas privadas câmaras de vídeo. imagino-os mais tarde, lá em casa, naquelas salas de jantar repletas de posters com uma ou outra águia da harley, interrompendo os programas das choppers do orange county com aquelas frases «ó toino, e se víssemos aquele vídeo com o necas a sacar aquelas gazádas na kawa?».
eu falei em cerejas e bolos no parágrafo anterior mas enganei-me. na realidade eu que queria deixar esta coisa das cerejas para este parágrafo aqui. é que podem não acreditar mas aqueles malandros dos motards já não se contentam espectáculos de gajas com tetos semi-tapados por camisolas molhadas. agora têm que terminar as concentrações com, imagine-se, raves ou tendas electrónicas e mais não sei o quê. ora acreditem, mesmo numa zona cuja topografia é bastante acidentada, mesmo assim, temos que apanhar com pum-pum-pum-pum-pum que atravessa vales e montanhas mesmo a mais de uma légua (são cinco quilómetros, não precisam de ir ao gugâl) de distância, isto, refira-se, às seis ou sete da matina.
foda-se, só me faltava mais isto. quero dormir, caralho!

1 comentário:

anonimo do livro disse...

Camarada Pitx:

Não sei se sabes, mas é apanágio das concentrações motard, haver show strip, em que as "mininas" tiram tudo...

Ora vai lá espreitar...

Um abraço