Apesar de ter crescido num ambiente católico apostólico romano, não me considero católico (essa coisa do católico praticante não existe. ou se é ou não se é). Guardo, no entanto, alguns hábitos, ensinamentos e boas recordações desses anos. Não abandonei os meus hábitos de grupo de jovens, catequista, acólito ou simples leigo, só porque o padre lá da paróquia não gostava dos sapatos que eu usava (argumento que ouvi duma ex-paroquiana) ou porque os padres tinham hálito de sacristia (outro dos argumentos). Nada disso. Continuo a manter todas as positivas opiniões que já tinha sobre a Igreja e sobre as pessoas que a constituem.
Contudo, passou-me um bocado ao lado (pronto, só um bocadinho) a história da retirada dos crucifixos das salas de aula das escolas. Se a Assembleia da República (eleita pelo povo e de uma forma democrática) aprovou, há 30 anos, uma Constituição que diz que nas escolas não deve haver crucifixos, então toca a retirá-los de lá. Juro, faz-me pouca impressão. E digo porquê:
- sem hipocrisias, a grande, grande maioria dos poucos católicos que ainda existem a frequentar as escolas, nunca repararam que haviam cruzes lá em cima, sobre os quadros pretos de ardósia;
- as associações católicas que se insurgiram contra a decisão da Ministra deveriam era preocupar-se, não com o que se passa nas escolas estatais, mas sim com a educação que é feita, por exemplo, nas escolas católicas portuguesas. Toda a gente sabe que a Universidade Católica Portuguesa é o local em Portugal onde existe mais Fé, as pessoas entram para lá cheias de Fé e deixam-na lá toda;
- os alunos e os professores católicos não precisam de ter lá na sala uma cruz para lhes lembrar (ou acudir, ou iluminar) que devem ter comportamentos exemplares perante os outros. Convém é ter Cristo cá dentro, no coração;
- a maior parte dos católicos, infelizmente, nem sequer sabe o significado dos crucifixos. Ou pior, há outros que o sabem mas não demonstram pela cruz (ou pelo seu significado) o respeito que ela merece;
- no dia de Sábado-Santo (para os menos informados, é o dia imediatamente anterior à Páscoa), as cruzes são retiradas das igrejas (não, não é por maldade, é porque a comunidade vela o Senhor no seu sepulcro) e os sacrários são deixados abertos. Ficam as igrejas, assim, pelo menos momentaneamente, mais ou menos como as salas de aulas depois de aplicada a lei dos crucifixos. Pois da mesma forma que as pessoas nunca reparam nessa ausência de símbolos (e não só), também não repararam na presença das cruzes lá nas aulas, durante toda a sua vida escolar.
Contudo, vamos lá ver uma coisa, eu preferia que as cruzes lá ficassem, desde que a sua presença não bulisse com a consciência das outras pessoas. Curiosamente, as cruzes assustam mais os laicos que os que professam outras religiões. Aliás, isso não tem é nada de curioso.
Resumindo e concluindo: o Estado exagerou? Sim, exagerou. As associações católicas foram um bocado hipócritas? Sim, foram. O Louçã foi, pela enésima vez, demagogo? Sim, foi!
Contudo, passou-me um bocado ao lado (pronto, só um bocadinho) a história da retirada dos crucifixos das salas de aula das escolas. Se a Assembleia da República (eleita pelo povo e de uma forma democrática) aprovou, há 30 anos, uma Constituição que diz que nas escolas não deve haver crucifixos, então toca a retirá-los de lá. Juro, faz-me pouca impressão. E digo porquê:
- sem hipocrisias, a grande, grande maioria dos poucos católicos que ainda existem a frequentar as escolas, nunca repararam que haviam cruzes lá em cima, sobre os quadros pretos de ardósia;
- as associações católicas que se insurgiram contra a decisão da Ministra deveriam era preocupar-se, não com o que se passa nas escolas estatais, mas sim com a educação que é feita, por exemplo, nas escolas católicas portuguesas. Toda a gente sabe que a Universidade Católica Portuguesa é o local em Portugal onde existe mais Fé, as pessoas entram para lá cheias de Fé e deixam-na lá toda;
- os alunos e os professores católicos não precisam de ter lá na sala uma cruz para lhes lembrar (ou acudir, ou iluminar) que devem ter comportamentos exemplares perante os outros. Convém é ter Cristo cá dentro, no coração;
- a maior parte dos católicos, infelizmente, nem sequer sabe o significado dos crucifixos. Ou pior, há outros que o sabem mas não demonstram pela cruz (ou pelo seu significado) o respeito que ela merece;
- no dia de Sábado-Santo (para os menos informados, é o dia imediatamente anterior à Páscoa), as cruzes são retiradas das igrejas (não, não é por maldade, é porque a comunidade vela o Senhor no seu sepulcro) e os sacrários são deixados abertos. Ficam as igrejas, assim, pelo menos momentaneamente, mais ou menos como as salas de aulas depois de aplicada a lei dos crucifixos. Pois da mesma forma que as pessoas nunca reparam nessa ausência de símbolos (e não só), também não repararam na presença das cruzes lá nas aulas, durante toda a sua vida escolar.
Contudo, vamos lá ver uma coisa, eu preferia que as cruzes lá ficassem, desde que a sua presença não bulisse com a consciência das outras pessoas. Curiosamente, as cruzes assustam mais os laicos que os que professam outras religiões. Aliás, isso não tem é nada de curioso.
Resumindo e concluindo: o Estado exagerou? Sim, exagerou. As associações católicas foram um bocado hipócritas? Sim, foram. O Louçã foi, pela enésima vez, demagogo? Sim, foi!
2 comentários:
É curioso (eu quis fazer um post sobre isto mas falta-me inspiração, fico-me pelo comentário).
De início achei muito bem a retirada dos crucifixos - não sou crente e achei que ou bem que se representavam todas as religiões ou bem que não se representava nenhuma. Se o estado é laico então seja laico.
Mas em conversa foi-me apresentada outra perspectiva, e esta faz bem mais sentido: se vamos por aí, se vamos acabar com tudo o que ligue o estado à Igreja Católica, então acabem-se os arraiais dos santos populares, deite-se abaixo os Jerónimos e a Sé, eliminem-se os feriados de cariz religioso, descaracterize-se toda a nossa cultura. Porque na verdade é disso que se trata - a cultura portuguesa tem as suas bases, entre outras coisas, na Igreja Católica, não vale a pena negá-lo, e para o negar coerentemente há que acabar com todos os seus vestígios. Em última análise não conheço ninguém disposto a abdicar dos ditos feriados.
Posto isto, lá está, o problema dos crucifixos nas escolas é menor e essa gente faria bem melhor em preocupar-se com a falta de condições das crianças que as frequentam do que com os crucifixos que as ornamentam.
Susbscrevo totalmente o que disse a Karla.
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