terça-feira, outubro 04, 2005

Letss luque et dah treilâr



Como dizia o Miguel Esteves Cardoso no Escrítica Pop, uma das funções da música é preencher aqueles bocados dos filmes em que os personagens não dizem nada. É precisamente sobre esses bocados que me apetece falar hoje.

Há realmente alguns filmes que dá vontade de carregar no botão de avaço rápido de imagem (vulgo fast-forward), só ver aquelas partes mais porreiras. Então agora com o advento dos dvd's a sua visualização tornou-se bastante mais facilitada. Não são raras as vezes em que acordo num Domingo de manhã, dirijo-me para a sala e, enquanto que com uma mão estou ainda a coçar as partes, com a outra, vou controlando com o comando do dvd, para ver aquela cena, daquele filme, que tem aquele som bestial.

Estou-me a lembrar, por exemplo, do Billy Elliot a dançar ao som do Town Called Malice dos Jam; da Rachel Ward com a lagriminha ao canto do olho, a ver o Jeff Bridges a partir, no fim do Against All Odds com o Phil Collins a cantar "How can I just let you walk away..."; da Diane Lane a gritar em plenos pulmões (em playback, claro!) no Streets of Fire "Let the rebels begin, let the fire be started, we're dancing for the restless and the broken-harted"; da banda do Almost Famous a cantar o Tiny Dancer do Elton John, enquanto o Patrick Fugit avisa a Kate Hudson que "I have to go home" ao que ela lhe responde "You are home"; do monólogo da Bette Midler antes do "When a man loves a woman" no filme Rose; do Paul McCrane a cantar "Is it ok if I call you mine?" no Fame; do Maurice e do Gregory Hines a fazerem sapateado ao som do Crazy Rhythm já perto do fim do Cotton Club; do Robert de Niro, do John Cazale, do John Savage, do Christopher Walken e do George Dzundza a cantarem o "Can't take my eyes off of you" enquanto jogavam snooker numa das melhores cenas do Caçador; do Jack Black no High Fidelity a cantar o Let's Get it On; do John Cusack no Say Anything à porta da casa da namorada enquanto segurava um cantante que debitava a altos berros o "In Your Eyes" do Peter Gabriel; do grupo de stripers do Full Monty a dançarem o Hor Stuff na fila do Centro de Emprego; o Keith Carradine a cantar o "Don't get around here much anymore" nos Amantes de Maria e da Cavalgada das Valquírias no Apocalipse Now.

No entanto, os meus momentos musicais favoritos são os do Big Chill: o "You can't always get what you want" tocado no órgão, durante o funeral do Alex; o "Natural Woman" quando a Glenn Close empresta o marido à Mary Kay Place; o "Bad Moon Rising" durante o passeio de jeep; o "Gimme Some Lovin'" durante o futebol americano e o "Ain't too proud to beg" quando estão a levantar a mesa. Adoro.

1 comentário:

just me disse...

Gostei muito do post! Especialmente da parte:...mão estou ainda a coçar as partes...!!!
:D