quando a minha prima favorita decidiu casar, algures no final do mês de maio, o meu pai - seu tio, não é? -, com a prudência dos velhos, ao saber que a cerimónia estava marcada para este mês, solicitou-lhe que fosse adiada para o mês seguinte. assim aconteceu.
é claro que isto é meio lenda meio verdade, mas quando a lenda tem mais piada que a verdade, conta-se a lenda.
quem conhece o meu pai, sabe que o mês de maio é um arrepio do caneco. ali entre o dia do trabalhador e o trinta e um final, não lhe cabe um feijão no rabo com medo que nesse ano aconteça mais uma desgraça qualquer. mas é giro verificar que é um mês que ataca, duma forma arrepiadora, não só a ele mas a mais pessoas. ainda há dias, num casamento, ele ficou sentado junto a uma pessoa com o mesmo sentimento: xô diniz, esqueça o maio!
o mais curioso é que até aconteceram neste mês coisas porreiras. o problema é que para ele, as coisas soturnas obliteram as mais felizes. se não, vejamos:
- a minha avó (mãe dele) trindade nasceu a 2 e faleceu a 20.
- o meu avô (pai dele) antónio joaquim nasceu a 24 e faleceu a 13.
- no dia 21, faleceu o meu tio (e padrinho) acácio (seu irmão). curiosamente, este meu tio, embarcou também para a guerra no dia 4.
- no dia 22, faleceu um dos seus irmãos. chamava-se diniz e há uma curiosidade em relação a este acontecimento: uma vez que o meu pai tinha nascido no dia 10 (mais outra efeméride de maio) - doze dias antes - acabou por ficar com o nome do irmão. ai que bonita era a vida em trás-os-montes na década de trinta! andou o homem doze dias sem nome, realmente! «olha, morreu-nos agora um filho não foi? pronto, mete-se o nome dele neste que acabou de nascer. o que me dizes, trindade?»
são coisas atrás de coisas. bem eu namorei uns tempos com uma miúda de apelido maio, mas penso que ele não viu ali nenhum entrave (ó parva, estou a brincar, pá!)
em maio, no dia 28 (ontem) os meus pais celebram a data do seu casório (e já lá vão 47 anos!), mas eu presumo que isso não seja uma má recordação ou agoiro para a coisa.
no entanto para agravar o estado de medo com que o meu pai vive este mês, já este ano, no dia 25, faleceu uma das suas primas direita, uma anciã com para lá de noventa anos. lá na terra dele é assim, os gajos são rijos e duram uma eternidade. ainda tem lá uma outra prima carnal que já leva mais de cem anos em cima. siga!
para terminar, um registo curioso mas que reflecte bem o grau de pobreza e de dependência dos animais que naquele tempo se vivia. quando me arrolava as datas nefastas deste mês, o meu pai quis frisar bem o dia 27. tinha sido o dia em que lhes morreu a cabra!
é claro que isto é meio lenda meio verdade, mas quando a lenda tem mais piada que a verdade, conta-se a lenda.
quem conhece o meu pai, sabe que o mês de maio é um arrepio do caneco. ali entre o dia do trabalhador e o trinta e um final, não lhe cabe um feijão no rabo com medo que nesse ano aconteça mais uma desgraça qualquer. mas é giro verificar que é um mês que ataca, duma forma arrepiadora, não só a ele mas a mais pessoas. ainda há dias, num casamento, ele ficou sentado junto a uma pessoa com o mesmo sentimento: xô diniz, esqueça o maio!
o mais curioso é que até aconteceram neste mês coisas porreiras. o problema é que para ele, as coisas soturnas obliteram as mais felizes. se não, vejamos:
- a minha avó (mãe dele) trindade nasceu a 2 e faleceu a 20.
- o meu avô (pai dele) antónio joaquim nasceu a 24 e faleceu a 13.
- no dia 21, faleceu o meu tio (e padrinho) acácio (seu irmão). curiosamente, este meu tio, embarcou também para a guerra no dia 4.
- no dia 22, faleceu um dos seus irmãos. chamava-se diniz e há uma curiosidade em relação a este acontecimento: uma vez que o meu pai tinha nascido no dia 10 (mais outra efeméride de maio) - doze dias antes - acabou por ficar com o nome do irmão. ai que bonita era a vida em trás-os-montes na década de trinta! andou o homem doze dias sem nome, realmente! «olha, morreu-nos agora um filho não foi? pronto, mete-se o nome dele neste que acabou de nascer. o que me dizes, trindade?»
são coisas atrás de coisas. bem eu namorei uns tempos com uma miúda de apelido maio, mas penso que ele não viu ali nenhum entrave (ó parva, estou a brincar, pá!)
em maio, no dia 28 (ontem) os meus pais celebram a data do seu casório (e já lá vão 47 anos!), mas eu presumo que isso não seja uma má recordação ou agoiro para a coisa.
no entanto para agravar o estado de medo com que o meu pai vive este mês, já este ano, no dia 25, faleceu uma das suas primas direita, uma anciã com para lá de noventa anos. lá na terra dele é assim, os gajos são rijos e duram uma eternidade. ainda tem lá uma outra prima carnal que já leva mais de cem anos em cima. siga!
para terminar, um registo curioso mas que reflecte bem o grau de pobreza e de dependência dos animais que naquele tempo se vivia. quando me arrolava as datas nefastas deste mês, o meu pai quis frisar bem o dia 27. tinha sido o dia em que lhes morreu a cabra!
Sem comentários:
Enviar um comentário