quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Agarradinhos



Quando a minha filha não quer comer, tomar banho ou vestir-se, dou-lhe pouca importância. Normalmente, tento fazer com que nessas birras não bata com a cabeça nas paredes (sim a loucura chega a tanto), obrigo-a a comer ou a vestir-se, depois pego-lhe ao colo, abraço-a muito juntinho a mim e para atenuar a sua dor, canto-lhe canções como esta:

Tentou contra a existência do humilde barracão
A Cuca* de tal por causa de um tal João
Depois de medicada, retirou-se pro seu lar
Aí a notícia carece de exactidão
O lar não mais existe, ninguém volta ao que acabou
A Cuca* é mais uma mulata triste que errou
Errou na dose
Errou no amor
A Cuca* errou de João
Ninguém notou
Ninguém morou
Na dor que era o seu mal
A dor da gente não sai no jornal.

e ela lá se acalma.

* Joana, no original. Cuca é um dos nomes como a minha filha é tratada cá em casa.
Atente-se na fotografia, a uma "poça" de baba no meu ombro, com um carreirinho a escorrer omoplata abaixo.

4 comentários:

Xana disse...

Eehehe
Não queres passar cá por casa para cantar de vez em qd?

Alda Benamor disse...

E não queres tu que a menina te faça birras?! :P

Cláudia disse...

E quantos pais farão o mesmo que tu?

scaf disse...

Bem bonito :)