nos anos oitenta ainda me chateava e irritava com o futebol. entretanto a coisa passou, mas nessa altura, normalmente, a guerra maior era com os benfiquistas e, quase sempre, com o zé burrié à cabeça:
- então ó fernando gomes, como é que é? deves pensar que esta ano ganhas aquilo.
- qué que foi, ó galrinho, até agora não ganhaste nada. veremos no fim.
naquele tempo, ao contrário de agora, dizer-se: "este ano o campeonato é nosso, na certa." era algo de arriscadíssimo. é certo que tínhamos as previsões do zandinga - sempre ajudavam muito - mas uma vez ou outra sempre havia um campeonato que lá ia para a luz ou lá se lembravam de meter o allison ao barulho para atrapalhar as conquistas do meu porto e do benfas. por isso, quando o meu clube se lembrava de ganhar jogos na luz distanciando-se dois ou três pontos dos encarnados e o zé burrié vinha com conversas do género:
- então ó fernando gomes, não penses que ganhas o caneco. ainda não acabou o campeonato...
eu, invariavelmente, deixava a matraca fechada, tirava a minha mão direita do bolso, ergui-a bem alto, esticando dois, três ou quatro dedos, consoante a diferença pontual existente na altura.
olho para aqueles tempos num misto de saudade e ternura mas não deixando de verificar que naquela altura as coisas eram bem mais simples. imagine-se agora, com este frio de rachar - seis graus às nove horas da matina, em plena costa do sol, acreditem, é um atrofio - como é que seria se me cruzasse com o zé burrié e tivesse de tirar ambas mãos dos bolsos tendo também de esticar todos, repito, todos os dedos?
com este frio, porrrrrraaaaa! tá bem, tá.
- então ó fernando gomes, como é que é? deves pensar que esta ano ganhas aquilo.
- qué que foi, ó galrinho, até agora não ganhaste nada. veremos no fim.
naquele tempo, ao contrário de agora, dizer-se: "este ano o campeonato é nosso, na certa." era algo de arriscadíssimo. é certo que tínhamos as previsões do zandinga - sempre ajudavam muito - mas uma vez ou outra sempre havia um campeonato que lá ia para a luz ou lá se lembravam de meter o allison ao barulho para atrapalhar as conquistas do meu porto e do benfas. por isso, quando o meu clube se lembrava de ganhar jogos na luz distanciando-se dois ou três pontos dos encarnados e o zé burrié vinha com conversas do género:
- então ó fernando gomes, não penses que ganhas o caneco. ainda não acabou o campeonato...
eu, invariavelmente, deixava a matraca fechada, tirava a minha mão direita do bolso, ergui-a bem alto, esticando dois, três ou quatro dedos, consoante a diferença pontual existente na altura.
olho para aqueles tempos num misto de saudade e ternura mas não deixando de verificar que naquela altura as coisas eram bem mais simples. imagine-se agora, com este frio de rachar - seis graus às nove horas da matina, em plena costa do sol, acreditem, é um atrofio - como é que seria se me cruzasse com o zé burrié e tivesse de tirar ambas mãos dos bolsos tendo também de esticar todos, repito, todos os dedos?
com este frio, porrrrrraaaaa! tá bem, tá.
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