nutro um certo carinho por vendedores. não me refiro aos competentes, aos craques, aos que fazem o que querem com um cliente ou potencial cliente. refiro-me aos cromos.
é certo que também há craques que são uns valentes cromos. o beto saraiva da picheleira era um deles. encontrei-o há uns 20 anos num casamento. nessa altura, já não falava com ele há uns tempos bons:
- então beto, o que fazes agora?
- chefio uma equipa de vendas do círculo de leitores.
- e então? dás-te bem?
- oh, se me dou bem? eu estava sempre no top dos vendedores da europa, pá.
- sério?
- eu fazia assim, olhava para um prédio de quinze andares, por exemplo. e depois dizia para comigo, tenho de fazer 10 novos sócios. e fazia, pá!
- mas tinhas técnicas?
- era o instinto? eu batia à porta e se me abrisse uma gaja era certinho que fazia a cliente.
- certinho?
- sim, pá. as gajas gostam de horóscopos. e eu dizia-lhes logo: a senhora está visto que gosta de ler. e gosta de ler coisas sobre signos, não é? pois, eu vi logo. a senhora é leona, não é?
- leona? dizias leona?
- dizia! dava outra classe. elas desmanchavam-se todas?
- e se não fosse? e se fosse caranguejo?
- mas achas que há mulheres que não sejam leonas? mesmo quando são virgens são umas autênticas leonas, pá!
pronto, o beto era um cromo - mas um dos fixes, atenção? haja respeito! - mas também era, profissionalmente, um craque.
o que me dá mais gozo é encontrar aqueles vendedores que inventam tudo e mais alguma coisa para justificar uma venda. certa ocasião fui com o meu pai comprar um fato. não havia o modelo que eu gostava e ainda gosto: três botões na frente e duas rachas a trás. experimentei um jaquetão - odeio de morte -, mirei-me no espelho e ouço a voz do vendedor atrás de mim:
- esse é que lhe fica bem. assenta que nem uma luva. você é alto e tal...
ora o "você é alto e tal...." é que me tirou do sério. principalmente do alto dos meus cento e setenta centímetros, comparado com os seus cento e oitenta e tal.
quinta-feira fui jantar fora com a minha mulher. para regar um bestial polvo à lagareiro, deixei-me levar pela sugestiva (foi o menu que me sugeriu) sangria. pergunto:
- vocês têm aqui jarros e mini-jarros. os mini-jarros são muito mini?
- são de meio litro.
- ah, então venga jarro inteiro.
a minha mulher não bebe álcool. (não comentem, por favor) e este pormenor é muito importante para o desenrolar da história.
ora imbuído pelo álcool que já me corria no sangue, entro numa loja e desato a comprar ti chartes em atacado:
- olha, quero comprar esta aqui? bom pensando bem, levo estas quatro.
estou a apalpar as camisolitas quando me ponho a falar sozinho:
- este algodão não é nada mau...
- é algodão peruano. veja aqui "hecho en peru".
- ahhhh, e isso é bom?
- é claro! é o melhor algodão que há.
- dizem que o algodão brasileiro também é bom.
- sim, mas o peruano é melhor. falta-lhe o deserto ao brasil para produzir um algodão como o que temos no peru. mas não é mau, atenção.
- entendo. eu tive uma vez uma ti-charte bestial, era algodão do egipto.
- concordo. sim, o melhor algodão é o do peru, do brasil e do egipto.
é pá, então o gajo vai dizer bem de todos os algodões que eu inventar? deixa-me cá experimentar?
- a minha irmã também fala bem do algodão do paquistão...
- sim, é o algodão do peru, do brasil, do egipto e do paquistão!
olha, resulta! com a bebedeira que trazia no bucho, ainda estive para fazer referência ao algodão norueguês e ao andorrenho, mas estava com medo de me rir muito alto.
e as pessoas que me conhecem sabem que quando me rio muito alto...
bom esqueçam!
é certo que também há craques que são uns valentes cromos. o beto saraiva da picheleira era um deles. encontrei-o há uns 20 anos num casamento. nessa altura, já não falava com ele há uns tempos bons:
- então beto, o que fazes agora?
- chefio uma equipa de vendas do círculo de leitores.
- e então? dás-te bem?
- oh, se me dou bem? eu estava sempre no top dos vendedores da europa, pá.
- sério?
- eu fazia assim, olhava para um prédio de quinze andares, por exemplo. e depois dizia para comigo, tenho de fazer 10 novos sócios. e fazia, pá!
- mas tinhas técnicas?
- era o instinto? eu batia à porta e se me abrisse uma gaja era certinho que fazia a cliente.
- certinho?
- sim, pá. as gajas gostam de horóscopos. e eu dizia-lhes logo: a senhora está visto que gosta de ler. e gosta de ler coisas sobre signos, não é? pois, eu vi logo. a senhora é leona, não é?
- leona? dizias leona?
- dizia! dava outra classe. elas desmanchavam-se todas?
- e se não fosse? e se fosse caranguejo?
- mas achas que há mulheres que não sejam leonas? mesmo quando são virgens são umas autênticas leonas, pá!
pronto, o beto era um cromo - mas um dos fixes, atenção? haja respeito! - mas também era, profissionalmente, um craque.
o que me dá mais gozo é encontrar aqueles vendedores que inventam tudo e mais alguma coisa para justificar uma venda. certa ocasião fui com o meu pai comprar um fato. não havia o modelo que eu gostava e ainda gosto: três botões na frente e duas rachas a trás. experimentei um jaquetão - odeio de morte -, mirei-me no espelho e ouço a voz do vendedor atrás de mim:
- esse é que lhe fica bem. assenta que nem uma luva. você é alto e tal...
ora o "você é alto e tal...." é que me tirou do sério. principalmente do alto dos meus cento e setenta centímetros, comparado com os seus cento e oitenta e tal.
quinta-feira fui jantar fora com a minha mulher. para regar um bestial polvo à lagareiro, deixei-me levar pela sugestiva (foi o menu que me sugeriu) sangria. pergunto:
- vocês têm aqui jarros e mini-jarros. os mini-jarros são muito mini?
- são de meio litro.
- ah, então venga jarro inteiro.
a minha mulher não bebe álcool. (não comentem, por favor) e este pormenor é muito importante para o desenrolar da história.
ora imbuído pelo álcool que já me corria no sangue, entro numa loja e desato a comprar ti chartes em atacado:
- olha, quero comprar esta aqui? bom pensando bem, levo estas quatro.
estou a apalpar as camisolitas quando me ponho a falar sozinho:
- este algodão não é nada mau...
- é algodão peruano. veja aqui "hecho en peru".
- ahhhh, e isso é bom?
- é claro! é o melhor algodão que há.
- dizem que o algodão brasileiro também é bom.
- sim, mas o peruano é melhor. falta-lhe o deserto ao brasil para produzir um algodão como o que temos no peru. mas não é mau, atenção.
- entendo. eu tive uma vez uma ti-charte bestial, era algodão do egipto.
- concordo. sim, o melhor algodão é o do peru, do brasil e do egipto.
é pá, então o gajo vai dizer bem de todos os algodões que eu inventar? deixa-me cá experimentar?
- a minha irmã também fala bem do algodão do paquistão...
- sim, é o algodão do peru, do brasil, do egipto e do paquistão!
olha, resulta! com a bebedeira que trazia no bucho, ainda estive para fazer referência ao algodão norueguês e ao andorrenho, mas estava com medo de me rir muito alto.
e as pessoas que me conhecem sabem que quando me rio muito alto...
bom esqueçam!
5 comentários:
Post bestial!
Carla
Post 5*****
Sim senhor.
olha l�...
e compras-te as t-chartes ou n�o?
depois de lavares conta a malta se o algod�o � bom e n�o engana
hahahahaha!
Só tu!
O Beto sempre foi um cagão: era sempre o melhor em tudo (lá ele o dizia). Tão calhau, tão calhau que jamais se aperceberá o estúpido que era. As histórias que ele tinha e já me esqueci. Parece que há uma dele aqui . Há uma outra que (nem de propósito) mete cromos... Do Espaço. Não sei se a saberei contar...
Abraço!
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