quarta-feira, março 16, 2011

hurting kind



ó zé gonçalves

não estás a ver bem a coisa. o gajo vem com falinhas mansas pelo messenger, trata-nos por querido, diz que somos os maiores 

«zomaior, nito!» 

e que temos uma pedalada do caraças. e nós, claro, vamos dizendo que sim mas sem termos muita certeza daquilo em que nos vamos meter. assim, na véspera, ele telefona, topas? com vozinha de sedução, fala-nos ao ouvido coisas sobre a saúde, a pedalada, o corta-mato...  alude a heróis antigos, malta que aparecia na colecção de cromos do moscovo 80, compreendes?

e eu lá o vou avisando «tu tem cuidado comigo. eu não ando ao teu ritmo. não me fodas, pá! tu não me fodas..». diz que me compreende, que a meta dele é apenas rolar. repara no termo: rolar. só o barulho, a sonoridade (não, é barulho mesmo) da palavra já assustam: rolar.



bom, venho de lá agora. não estás a ver bem a coisa. ele física e tecnicamente já passou o patamar do artur cagalhão que, como sabes, é uma lenda para a nossa geração. 

e eu que ainda fiz uns treinos com ele, nunca mais esqueci o que é sofrer.

o gajo agora está mentalmente ao nível de um luís maluco. sério, fora de brincadeiras. houve lá partes que o gajo subia mato, assim como quem vem largado da edith cavell para a heróis de quionga, mas só como se fosse a direito, entendes? já ele vai na sebastião saraiva lima e eu ainda vou... sei lá, vou ainda no trenó, topas? ele está doido, doido. e eu mais parvo estou em ir atrás dele.

e depois sabe termos, sabe histórias, conhece pessoas de outros continentes. fala-me em números «vamos a 5'20'', como vês...», já assistiu a eritreus a correr ali ao lado dele. 

e eu completamente rebentado...

perguntava-me se me doía alguma parte do corpo. caramba, eu fazia uma espécie de censos a tentar perceber se eu estava bem ou se era alucinação. porque, aparentemente, eu sentia-me completamente... bom, sabes a história que mete o méninho, o maria do rio, e um canto da praceta - salvo erro o do 5 -, sabes? pois, sentia-me assim.

mas lá acabámos. rebentado mas acabei.

ainda o ouvi falar em «sexta-feira próxima...

(o pior é que vai na volta vou mesmo.) 

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