terça-feira, outubro 13, 2009

maitê

o que me preocupa não é o video da maitê proença, moça que eu sei, teve o condão de desencadear certamente algumas vigorosas sarapitolas durante os anos oitenta. adiante!

repito, o que me preocupa não é o vídeo. aquilo só revela aquele tipo de tentativa - manifestamente frustrada - de gozar e sair por cima. também não me preocupam as gargalhadas finais da turminha feminista do programa no final do vídeo. só quem nunca viu o programa pode achar a coisa estranha.

francamente, o que me preocupa são os comentários generalizados que depois se fazem ao resto da população brasileira. acho piada, confesso.

e acho piada porque, normalmente, vêm do mesmo grupo de pessoas - pronto, já agora também tenho direito a generalizar, não é? ai não tenho? então eu vou generalizar para verem como fico ridículo - que comete os mesmos erros: os portugueses.

ao que parece a senhora proença andou lá a mandar umas bocas cometendo alguns erros históricos. quando eu entrei na faculdade, num simples inquérito junto dos caloiros de história, repito, junto dos caloiros de história - ou seja, pessoas que iam tirar o curso de história e que têm, presumo, uma bagagem de história diferente dos que andam a assentar tijolos ou, por exemplo, a escrever em blogs - revelou que 30% dessas pessoas colocaram, numa ordem cronológica, o dom afonso henriques antes de jesus cristo. repito, 30%. para os que não sabem o que isto quer dizer eu elucido: em cada 100 pessoas que entraram no curso de história, havia 30 que julgavam que o jesus cristo tinha nascido após o dom afonso henriques. vale?

se calhar é um exemplo meio tolo. mas acreditem, não é. é um ramo basilar da cultura de um povo: a história. e se vejo pessoas ficarem muito chocadas porque a maitê disse que o salazar esteve (apenas) 20 anos no poder, já acho estranho que tenha havido poucos comentários ao facto dos que votaram, não no salazar como o melhor português de sempre, mas sim num dos actores das telenovelas da tvi. (ahh, são putos que votaram, isso não conta. são putos e o cérebro - cerco, como diz a minha filha - ainda não está desenvolvido.)

fode-me este tipo de generalizações. se um par de brasileiros assalta uma dependência do bes, logo todos os brasileiros são ladrões. se uns brasileiros convidam os portugueses a desvincularem-se de dez porcento do seu ordenado em nome do senhor, logo todos os brasileiros são uns místicos gatunos.

porém, ninguém generaliza em relação aos portugueses que vão ao teatro ver a teresa guilherme; que dizem museu dos "cóches" em vez de museu dos "côches" (devem julgar que é um museu de viaturas espanholas); que dizem «é assim» ou «portanto» no início das frases; que elegem para presidentes de câmara pessoas que quando terminam de
alcatroar a alexandre herculano, colocam placas (caras!) a dizer «fui eu que fiz»; que realmente não só cospem nos monumentos nacionais como também não sabem o que quer dizer «egrégios avós» ou «ínclita geração»; ou ainda que escrevem blogs tolos, cheios de vernáculo e erros ortográficos como este que agora ledes.

afinal a maite até tinha material para fazer um vídeo a dar baile aos portugueses. o pecado dela foi ter escolhido mal os temas abordados.

2 comentários:

Rita Quintela disse...

nem mais!

Su disse...

Eu não gostei. E também não iria gostar se o progama fosse com a Alexandra Lencastre ou a Júlia Pinheiro a dizer coisas semelhantes sobre o Brasil.
Acho que nao se faz, não é bonito. Pelo menos é o que me farto de dizer aos meus filhos: "É feio gozar com os outros!"