atenção, muita, muita atenção: este post é duma ordineirice pegada. tem imensas asneiras que podem vir a chocar os leitores mais sensíveis e ingénuos. peço, pois, a quem não consiga ler asneiras sem se chocar e de dizer logo de seguida a frase: "que coisa mais reles, que ordinarão!" que pare aqui e desligue desde já a janela deste blog. aceito também, com resignação, que haja pessoas que passem a deixar de andar por estas páginas.
mãe, pai, ouçam: eu estou a escrever isto sob o efeito dumas drogas que uns senhores me obrigaram a tomar. por isso, não sou eu que estou a escrever. é um outro eu. um eu que tem os tais senhores a apontarem-me uma arma na nuca. uma daquelas espingardas que disparavam um pedacito de cortiça, presa por um baraço. daquelas que se compravam na feira de mirandela, ou em verin, lembram-se?. não me levem, pois, a sério.
adiante.
ando triste com as pessoas da minha geração. a malta da rua, estão a ver? a malta que comigo reinava à rolha, ao alho, à bola, à porrada, aos carrinhos de esferas, etc. este pessoal cresceu, aburguesou-se e pôs de lado algumas das expressões pelo qual eu tinha mais apreço. caput! desapareceram do mapa. é o que eu digo: as pessoas crescem, apanham-se com outras vidas e ficam cheias de mariquices. gostam de se vestir e de falar com requintes. isto é tudo uma gaita, digo eu.
tenho saudades de algumas coisas que pensávamos e diziamos. tenho saudades de algumas expressões que o pessoal usava. venho, pois, aqui prestar a minha homenagem ao passado dos meus capitães de areia (do asfalto, dos passeios, da terra e das azedas, seja!)
1)
bruxo!
não percebo. era uma expressão tão gira, pá. muito mais gira do que dizer mainada, pensas!, deves!, ou coisas mais modernas e adultas como tens razão, muito bem ou concordo. dizer-se bruxo era muito mais comovente e convincente.
- vais namorar com a lina porque a manela já não te liga nenhum, não é?
- bruxo!
2)
ir à cona
das mais lindas da língua portuguesa. ir à cona. está ali tudo: ir-à-cona. então havia diálogo mais giro do que:
- a lurdes do 37 é toda boa. tem um cu que só pede mão de apalpar, não é? vou-te contar um segredo. ontem estive uns 15 minutos lá na escada dela.
- e foste-lhe à cona?
- não, não deu. a gaja cortou-se. cá para mim, estava com medo que aparecesse o manel berlindes.
- bruxo!
tenho pena. era realmente uma frase bestial. não havia cá essas coisas modernitas do comer a gaja, ir para a cama, foder (que coisa nojenta este foder), fazer amor e outros que tantos. era ir e mais nada. tem lá algum jeito comer? mas alguma vez se come a cona? quanto muito vai-se "a", isso sim. vai-se "à".
quando comecei a ver que se começou a dizer: comer a cona eu vi logo que a coisa iria descambar.
daí até ao comer a gaja foi um instante. uma pena.
só mais uma informação, estávamos todos seguramente a mais de 10 anos de perder a virgindade, ok?
3)
- os cornos do teu pai.
- do teu, que é um ganda boi.
- vai lá p'á cona da tua mãe.
- da tua, que é maior que a meia-lua.
este continuará a ser para mim o top das ofensas verbais. não era o chamar paneleiro, não era o chamar cabrão, não era o dizer que o nosso clube era uma merda, não era mandar lamber o cu. ofensiva sim, era esta ladainha.
se não reparem: havia um interlocutor que fazia referência aos enfeites do pai do outro, recebendo como resposta a informação que afinal o seu pai era não só proprietário dum valente par de enfeites bovinos como também era o próprio bovino em pessoa. replicava então, mandando o seu oponente para as entranhas da sua mãe. era então que nesse momento ele saberia que a ofensa suprema se aproximava. não, não ficaria a saber das qualidades dos órgãos genitais maternos. também não ficaria a saber se era asseada ou não. ficava pois a saber que a sua progenitora tinha a genitália com o formato do satélite do planeta terra, visitado pelo homem pela primeira vez em 1969, aquando do quarto minguante.
o que mais me encanta neste diálogo é o facto de nem sequer sabermos o significado daquelas palavras. imaginar o pai do outro com um par de cornos não significava necessariamente que o dito senhor andava a ser enganado pela mulher. não, nada disso. pretendíamos apenas zombar com o eventual facto dele ter nascido com a armação na testa. apenas isso.
e passados 5 minutos já estávamos todos juntos outra vez a jogar à bola.
4)
laranjada e gasosa.
como é que é possivel que as pessoas passaram a dizer sumo em vez de laranjada e (espaço para o silêncio. confesso não encontrar nenhum significado para a gasosa do antigamente) em vez de gasosa.
reparem nas diferenças:
- olhe desculpe, quero uma laranjada.
- quer bêbê ou chuépes?
- olhe, espere, tem sumol?
- tenho.
- então pode ser sumol.
- olhe, desculpe, quero um sumo de laranja.
- natural?
- não, pode mesmo ser de pacote.
preciso de fazer mais comentários? digam-me lá onde é que está a cartonância?
quanto à gasosa. é para mim um mistério. para os que nunca provaram gasosa, digo-vos que é mais ou menos como as frize, mas só com sabor a açucar.
e é preciso mais alguma coisa? claro que não. temos a água, o gás e o açucar. não entendo porque é que se mistura framboesa, laranjas de israel, amoras ou coisas dessas.
5)
linguados
extinguiram-se os linguados. não, não estou a falar daqueles que se servem grelhados e regados com molhanga de limão e manteiga. falo-vos dos tecnicamente falando beijos-de-língua.
é uma pena. deixei de ouvir coisas tão bonitas como
- dei-lhe um linguado que durou p'ráí uns bons dois minutos.
ou ainda
- a gaja faz hummm hummmm mnhumm quando nos dá linguados, pá. tens de exprimentar, meu!
ou o televisivo
- viste o beijo que o nacib deu na gabriela, ontem? é que era mesmo um linguado, pá!
é pois, mais uma vez com tristeza que vejo estas coisas serem substituídas por palavras como beijos ou curtições, imagine-se.
beijos podem ser: beijos (se forem na cara), chochos (se forem na boca) ou linguados (se forem com língua e cuspo). não confundam isto nunca, pá.
há dúvidas?
6)
papo de cona
nunca soube qual era o interesse disto. mas a verdade é que era uma coisa que apreciávamos muito.
a mulher podia ter um bom cu, uns olhos bonitos, umas belas prateleiras, mas a pergunta que também vinha sempre atrelada era: e papo, tem? tem um bom papo de cona?
nunca percebemos para que é que serve, nem sabemos o que é. pronto, é um papo. é a chamada testa. é que antigamente elas usavamumas calças (modelo jane fonda) onde conseguíamos saber se elas tinham ou não o malfadado (ou bemfadado) papo.
ainda assim, fica a saudade. era de bom tom apreciar uma mulher com uma grande (não só em qualidade mas também em tamanho) peida - havia umas calças de veludo cotelê que lhes davam um ar majestoso - e um apreciável papo de cona.
tinhamos 10/12 anos. como vêem, alguns continuam na mesma.
mãe, pai, ouçam: eu estou a escrever isto sob o efeito dumas drogas que uns senhores me obrigaram a tomar. por isso, não sou eu que estou a escrever. é um outro eu. um eu que tem os tais senhores a apontarem-me uma arma na nuca. uma daquelas espingardas que disparavam um pedacito de cortiça, presa por um baraço. daquelas que se compravam na feira de mirandela, ou em verin, lembram-se?. não me levem, pois, a sério.
adiante.
ando triste com as pessoas da minha geração. a malta da rua, estão a ver? a malta que comigo reinava à rolha, ao alho, à bola, à porrada, aos carrinhos de esferas, etc. este pessoal cresceu, aburguesou-se e pôs de lado algumas das expressões pelo qual eu tinha mais apreço. caput! desapareceram do mapa. é o que eu digo: as pessoas crescem, apanham-se com outras vidas e ficam cheias de mariquices. gostam de se vestir e de falar com requintes. isto é tudo uma gaita, digo eu.
tenho saudades de algumas coisas que pensávamos e diziamos. tenho saudades de algumas expressões que o pessoal usava. venho, pois, aqui prestar a minha homenagem ao passado dos meus capitães de areia (do asfalto, dos passeios, da terra e das azedas, seja!)
1)
bruxo!
não percebo. era uma expressão tão gira, pá. muito mais gira do que dizer mainada, pensas!, deves!, ou coisas mais modernas e adultas como tens razão, muito bem ou concordo. dizer-se bruxo era muito mais comovente e convincente.
- vais namorar com a lina porque a manela já não te liga nenhum, não é?
- bruxo!
2)
ir à cona
das mais lindas da língua portuguesa. ir à cona. está ali tudo: ir-à-cona. então havia diálogo mais giro do que:
- a lurdes do 37 é toda boa. tem um cu que só pede mão de apalpar, não é? vou-te contar um segredo. ontem estive uns 15 minutos lá na escada dela.
- e foste-lhe à cona?
- não, não deu. a gaja cortou-se. cá para mim, estava com medo que aparecesse o manel berlindes.
- bruxo!
tenho pena. era realmente uma frase bestial. não havia cá essas coisas modernitas do comer a gaja, ir para a cama, foder (que coisa nojenta este foder), fazer amor e outros que tantos. era ir e mais nada. tem lá algum jeito comer? mas alguma vez se come a cona? quanto muito vai-se "a", isso sim. vai-se "à".
quando comecei a ver que se começou a dizer: comer a cona eu vi logo que a coisa iria descambar.
daí até ao comer a gaja foi um instante. uma pena.
só mais uma informação, estávamos todos seguramente a mais de 10 anos de perder a virgindade, ok?
3)
- os cornos do teu pai.
- do teu, que é um ganda boi.
- vai lá p'á cona da tua mãe.
- da tua, que é maior que a meia-lua.
este continuará a ser para mim o top das ofensas verbais. não era o chamar paneleiro, não era o chamar cabrão, não era o dizer que o nosso clube era uma merda, não era mandar lamber o cu. ofensiva sim, era esta ladainha.
se não reparem: havia um interlocutor que fazia referência aos enfeites do pai do outro, recebendo como resposta a informação que afinal o seu pai era não só proprietário dum valente par de enfeites bovinos como também era o próprio bovino em pessoa. replicava então, mandando o seu oponente para as entranhas da sua mãe. era então que nesse momento ele saberia que a ofensa suprema se aproximava. não, não ficaria a saber das qualidades dos órgãos genitais maternos. também não ficaria a saber se era asseada ou não. ficava pois a saber que a sua progenitora tinha a genitália com o formato do satélite do planeta terra, visitado pelo homem pela primeira vez em 1969, aquando do quarto minguante.
o que mais me encanta neste diálogo é o facto de nem sequer sabermos o significado daquelas palavras. imaginar o pai do outro com um par de cornos não significava necessariamente que o dito senhor andava a ser enganado pela mulher. não, nada disso. pretendíamos apenas zombar com o eventual facto dele ter nascido com a armação na testa. apenas isso.
e passados 5 minutos já estávamos todos juntos outra vez a jogar à bola.
4)
laranjada e gasosa.
como é que é possivel que as pessoas passaram a dizer sumo em vez de laranjada e (espaço para o silêncio. confesso não encontrar nenhum significado para a gasosa do antigamente) em vez de gasosa.
reparem nas diferenças:
- olhe desculpe, quero uma laranjada.
- quer bêbê ou chuépes?
- olhe, espere, tem sumol?
- tenho.
- então pode ser sumol.
- olhe, desculpe, quero um sumo de laranja.
- natural?
- não, pode mesmo ser de pacote.
preciso de fazer mais comentários? digam-me lá onde é que está a cartonância?
quanto à gasosa. é para mim um mistério. para os que nunca provaram gasosa, digo-vos que é mais ou menos como as frize, mas só com sabor a açucar.
e é preciso mais alguma coisa? claro que não. temos a água, o gás e o açucar. não entendo porque é que se mistura framboesa, laranjas de israel, amoras ou coisas dessas.
5)
linguados
extinguiram-se os linguados. não, não estou a falar daqueles que se servem grelhados e regados com molhanga de limão e manteiga. falo-vos dos tecnicamente falando beijos-de-língua.
é uma pena. deixei de ouvir coisas tão bonitas como
- dei-lhe um linguado que durou p'ráí uns bons dois minutos.
ou ainda
- a gaja faz hummm hummmm mnhumm quando nos dá linguados, pá. tens de exprimentar, meu!
ou o televisivo
- viste o beijo que o nacib deu na gabriela, ontem? é que era mesmo um linguado, pá!
é pois, mais uma vez com tristeza que vejo estas coisas serem substituídas por palavras como beijos ou curtições, imagine-se.
beijos podem ser: beijos (se forem na cara), chochos (se forem na boca) ou linguados (se forem com língua e cuspo). não confundam isto nunca, pá.
há dúvidas?
6)
papo de cona
nunca soube qual era o interesse disto. mas a verdade é que era uma coisa que apreciávamos muito.
a mulher podia ter um bom cu, uns olhos bonitos, umas belas prateleiras, mas a pergunta que também vinha sempre atrelada era: e papo, tem? tem um bom papo de cona?
nunca percebemos para que é que serve, nem sabemos o que é. pronto, é um papo. é a chamada testa. é que antigamente elas usavamumas calças (modelo jane fonda) onde conseguíamos saber se elas tinham ou não o malfadado (ou bemfadado) papo.
ainda assim, fica a saudade. era de bom tom apreciar uma mulher com uma grande (não só em qualidade mas também em tamanho) peida - havia umas calças de veludo cotelê que lhes davam um ar majestoso - e um apreciável papo de cona.
tinhamos 10/12 anos. como vêem, alguns continuam na mesma.
13 comentários:
AHAHAHAHAHAH :)))
mais uma vez
esclarecidissima!!!!
mto obrigada :)!
Brilhante...simplesmente brilhante...
:)
Bem... posso viver eu anos... e mais anos... que nunca mais vou ler nada igual!
Chorei !
Foi de tal maneira "intenso" para mim este post... que depois de tanto tempo a visitar este blog em silencio, resolvi dar a cara!
Caramba! Não tinha como não fazer!
Que saudades dos linguados e das gasosas ( opá só de lembrar até fiquei com soluços e lagrimas nos olhos...do gás)
Obrigada por esta viagem no tempo!
Bjos
Sandra Silva
Tens a mania que tens piada!
Mas quando um tipo disser isso da tua filha ou mesmo da tua mulher vais adorar o palavreado!
Grande diniz, simplesmente genial, de ir ás lágrimas, já tinhas prometido e fizes-te, parabéns. Coincide tudo, até as azedas pela rua do sol abaixo.
Só tenho uma coisa a dizer: em casa da minha avó ainda há pouco havia gasosa LOL.
(agora que falaste nisto questiono-me se a gasosa estará lá guardada desde os anos 70 e 80 ou se caiu do céu, porque não vejo daquilo à venda em lado nenhum LOL)
Já me matei a rir! Não só pelo que aqui está escrito, mas tb a imaginar a cara de muita gente q aqui vem parar, ao ler isto!!
LOOOOL!!
Ai que horror, menino. Esta linguagem...
eheheheh adorei Pédro, adorei!
Lá pró Alentejo (e eu tenho 33) também se usaram muitas destas expressões, e muitas outras que me vou lembrando.
Lembro-me que já fizeste um post parecido mas acerca das 'modas' da roupa, mas não o consegui encontrar.
Continua.
Carla
Tinha qualquer coisa a ver com as roupas que a tua mãe te vestia nas festas de aniversário e o que se usava na época. Teve imensa piada e era acompanhado com umas fotografias da época.
Carla
(O comentário já foi apagado)
GENIAL!!!!!!
hojé em dia todos os maridos são cabrões mansos, e elas são putas de luxo só querem o dinheiro dos homens e carros de topo de gama comprados a custa dos otários dos pais
hojé em dia os casamentos é só por dinheiro e automóvel , mais tarde os maridos têm um par de cornos porque já não têm pixa para elas, são de muito alimento
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