quinta-feira, março 21, 2013

nem sempre é uma verdade agradável...

...mas é a realidade. nem sempre os perfumes se agarram aos acontecimentos que lhe deram origem.

estou a recordar-me, de, pelo menos, três bebedeiras que associei a outros três perfumes. e isto é uma maçada porque eu até gosto daqueles cheiros, mas não sou capaz de passá-los pela ponta do meu nariz sem que me recorde logo do casamento da carla, do casamento do zé ou daquele simpósio alcoólico que se eternizou noite dentro, em casa dum militante social-democrata, lá para os lados da óscar monteiro torres. é verdade, o álcool é um dos mais efectivos 'fixadores' de perfumes que há.


gostava de achar que os namoros também rotulam perfumes: este, quando namorei com ela; aquele, quando namorava com aquela; ui, aquele outro quando a coisa me trocou por uma ida aos setes de ouro... mas normalmente isso não acontece. aliás, em boa verdade não consigo perceber porque raio um perfume 'é aquele momento' ou 'aquela pessoa' e não outra situação mais previsível.

fico triste quando alguns perfumes são ultrapassados pela sua origem. sim, é verdade. gostava que o ad fosse para sempre o senhor pereira do romano mas sem eu dar por ela foi ultrapassado pela noite em que dormi em casa do pedro e que pela primeira vez bebi tinto com aquele ar de quem bebeu, tinto!

gostava, por exemplo, que o nw nunca deixasse de ser o zé. não porque eu goste ou tenha gostado muito do zé - que gostei, claro! - mas porque não tenho nenhuma bandeira desse tempo - ok, tenho o songs of faith and devotion - e queria que houvesse sempre uma estaca que não deixasse essa época 'voar' para o passado.

queria para sempre que o photo fosse o tempo em que eu coleccionava a photo, mas o carlos roubou-me - e bem - essa hipótese.

hoje pus um cheiro na pele que, sem esperança, julgava que me fizesse apenas o efeito 'cheirinho bom'. mas não, estranhamente aquilo tocou-me lá numa campainha qualquer que me accionou, imagine-se, a origem. sim, a origem-

carai, como foi estranho!

aquilo foi como se aquela máquina que havia lá na cave do lost desatasse a desenferrujar

treca-treca, treca-treca...

as peças a rodar, correntes a fazer girar ouras peças e, num repente, sem eu ter encomendado nada

ou encomendando sem esperança na entrega


voltou aquela imagem dele, subindo a frei fortunato, ali pela zona de onde morava o defunto aladino, ostentando aquele bigode de pendurar balões, com aquela camisola amarelo canário e mala de couro, modelo cobrador da edp, a tiracolo. ali quando estava já junto da entrada do prédio americano já se sentia. quando passava à minha beira era o show total. depois, apara acabar, enquanto ele não passasse a paragem do 55

aquela que apanhávamos quando o picas era o bigodes e nos deixava viajar, gratuitamente, dali até à zona, já na capitão roby.


aquele cheiro não desaparecia.

confesso, descobri o nome da coisa duma forma clandestina e reprovável: uma vez que estava num carro estacionado na antónio augusto de aguiar, ele ausentou-se, eu abri-lhe a tal mala de couro, espreitei lá para dentro e li o rótulo daquele frasco art deco com aquele líquido amarelo.


e a minha vida nunca mais foi a mesma.






lindo.

Sem comentários: