«...NÃO ENVIE nada mais do que papel higiénico para a tubagem. Nenhum produto feminino deverá ser enviado. Já foi confirmado que estes produtos entopem o sistema de saneamento.»
extracto do contrato de arrendamento duma vivenda no algarve.
... do jogo de ontem do clube. sério, dei-me ao cuidado de ver o que se escreveu nos três jornais. juro que sim. não parece meu mas é verdade.
porquê?
porque teve coisas raras: era contra um valente quinto classificado, depois duma joga porreira na champions, com um golo de pura classe do braga; com o penalti à panenka (como eu odeio penaltis daqueles) do jackson; com o lucho a dizer «não, vais lá tu batê-lo outra vez», com o colombiano de palmas das mãos cruzadas sobre o peito e da semblante contrito perante a plateia; como golo que deu finalmente a vitória e o redimiu...
népia. fizeram, cada um à sua maneira crónicas sobre futebol. não me fodam, um jogo como aquele precisava dum nélson rodrigues que pusesse ali os pontos nos is. tenho pena de já ninguém dormir à sombra das chuteiras imortais.
(a ideia era colocar aqui o vídeo do sapo sobre o jogo. até porque sabe muito bem ver aqueles vídeos com os ouvidos limpos dos comentários habituais da coisa. mas a realização é tão má, tão má, tão má que prefiro deixar assim.
- a cow bell (não sei o nome em português disto. badalo, será?) dos loverboy; - o povo do 101 que não se confunde com mais outro povo; - a batida do weinberg no nowhere fast que não se confunde com mais nenhuma batida; - a batida do rankin que, apesar de não se confundir com mais nenhuma outra, deixa-nos sempre, ali humildes, à espera do ténénéunéu que no valida o i'm starin at the four walls seguinte; - o baixo do so long dos fisher's z (pode ser lido como fish's head que ninguém leva a mal); - a batida dos harlequin que pode ser confundida com a do ranquin e que normalmente vêm em bichinha pirilau; - a descoberta que o sex on fire é música de carreirinhas; - o human race dos rider que dá vontade que tenha 14 minutos;... - e o paying anything to roll the dice just one more time que deveria ser ensinado nas escolas, em meio-físico e social, pelo menos após o aparelho respiratório estar despachado
v.t. Obscurecer, toldar, turvar (como se fosse visto através de uma nuvem). P. ext. Enfraquecer a inteligência. Obsedar, causar obsessão. V.pr. Obscurecer-se, pôr-se em trevas.
... que cometam erros de português na vossa correspondência ou quando preenchem as declarações do irs, eu não só não me meto como também não tenho nada que ver com o assunto.
que os cometam nos livros escolares que decidiram criar para ensinar a minha filha, aí, confesso, já acho, digamos, uma beca de fateloso, topam?
(ou então, já sei, retiravam parte do vosso cachê para pagar ao um revisor de português, já que, pelos vistos, a editora se esteve marimbando para a cena.)
... na noite anterior, com três ou quatro coisas...
coisas poucas, bah!
... sobre a secretária, para fazer amanhã, quando regressarmos. e regressamos. e até olhamos para elas. porém, chega este e aquele, aparece esta e aquela história para resolver...
mas continuamos a olhar, de esguelha, para aquelas três ou quatro coisas que deixámos na noite anterior...
... vem o telefonema inadiável. entra a reclamação...
e as três ou quatro coisas da noite anterior parece que vão para fora de pé, com a sacrista da corrente a puxar. aquilo é fundões... ... e quando os clientes são uma ternura, sabem? que até parece que nos nasce das ilhargas uns ânimos estranhos que nos iludem que somos capazes de resolver-lhes as coisas.
... as três ou quatro coisas, já para lá das bóias, com os braços bem levantados à procura do nadador-salvador, que não as vê pois está ao lado daquela senhora que estava só ali a refrescar as varizes e caiu quando a rebentação a desiquilibrou... e regressamos do almoço com aquele ar de «agora é que é. agora é que vou pegar nas coisas de ontem e... e está à porta aquela senhora que «olhe, nem queira saber. eu acho que as seguradoras deviam era providenciar que as câmaras municipais...» e enquanto a atendia chegou o senhor engenheiro, simpático, ilustre, inatacável «esse filho da puta doministro da... andei com ele na faculdade, sabe? não me admiro nada com o que ele faz...»...
e nesta altura, aproveitando uma rara oportunidade em que está um silêncio porque não está nenhum cliente, nem toca o telefone e até baixei o som do «... i bite my lip, can you send me away? you touch. i have no choice...» para ficar a olhar para os papéis, o sistema que vai abaixo, a lancheira com a marmita... e parece um daqueles anúncios dos anos oitenta: eu a rasgar o papelinho dum chocolate e a pensar, coitadas, naquelas três ou quatro coisas... não eram mais, eram só três ou quatro coisas...
... e o nadador já nem nos vê que não tarda nada estamos ao largo dos farilhões... ... que eu achava que ficavam feitas logo ali pelas dez e pouco. enfim... acho que tenho nove coisas...ok, até são umas quinze, mas tudo bem... para fazer logo logo no início de segunda-feira.