segunda-feira, agosto 04, 2008

causa-efeito

planeamos mentalmente todas as milhares de coisas que iremos fazer quando acontecer um dia em que ela não esteja: ir ao 2001, ir para a praia sem levar sacos e mais sacos, ir ao bingo, ir ao cinema, ir desbundar...

mas a ideia de ficarmos sem ela é uma coisa tão vaga, é algo que acontece tão poucas vezes que nem sequer materializamos, nem sequer pensamos em algo concreto, para quando a coisa aconteça.

tanto tempo depois lá ficámos sem ela.

caramba!

o que mais impressiona não são as saudades, o que mais impressiona não é a sensação de ausência - é como aquela sensação quando arrancamos um dente e nos dias seguintes ainda vamos lá com a língua para fustigá-lo por causa das dores. e depois é que reparamos que já nem dente temos. só lá se encontra um buraco, um vazio - o que mais me impressiona é o silêncio: não se ouvem - pal, inicialmente estava aqui "houvem", mas corrigi a tempo. não tenho emenda, já viste? - gritinhos, não se ouvem brinquedos a chocalhar, não se ouve o barulho das torneiras do bidé por causa das lavagens das cabeças das bonecas....

e às perguntas «não estás já com saudades dela?» ainda respondo «não, tudo bem!».

e não é bem a confiança que deposito nas pessoas que estão com ela, é mais a preocupação com as coisas que eu sei que ela é capaz de lhes fazer para lhes moer o juízo (ai ca vergonha!). oh!, mas ela longe de nós porta-se sempre tão melhor!....

e a realidade desta ausência dela materializa-se em pequenos detalhes. hoje, por exemplo, dói-me a barriga. sim, não é bem lá dentro, é mais à flor da pele. apanhei um escaldão!

como é que apanhei isso? ora, adormeci na praia.

pergunto, qual é o pai, com uma filha como eu tenho, que se dá ao luxo de adormecer na praia?

por isso, no meu caso, a relação causa-efeito da sua ausência é o bronze - e logo eu que não tenho paciência para me deitar ao sol -: vais para longe de nós logo os pais ficam queimadinhos!

1 comentário:

Anónimo disse...

muito bem, parabéns por apagares o agá!:)

qto ao resto: não sejas totó e aproveita, homem!