terça-feira, dezembro 28, 2004
Blitz - 20 Anos
Fiz hoje de manhã, uma coisa que já não fazia há uns 10 ou 12 anos, comprei o Blitz.
Devem-se contar pelos dedos de uma mão, as pessoas que da minha geração, que não tenham sido, ao menos durante um período da sua vida, leitores – e compradores – deste jornal. No meu caso, a assiduidade da sua compra esteve mais vincada, entre 1985 e 1991 altura em que atingi a recta final da minha adolescência.
Era um jornal, acima de tudo, à nossa medida. Não abrangia todo o tipo de música (graças a Deus) mas teve sempre uma onda, muito “música de vanguarda” - ou de alternativa como agora se diz - que era mais a minha cena na altura (The Smiths, Durutti Column, The Cure, Bauhaus, New Order, Velvet Underground, Xutos, etc…). Obviamente sem nunca descurar outros ditos mais comerciais, como o sempre eterno Springsteen ou os grandes U2.
Uma coisa boa que este jornal teve era as reportagens de concertos (o saudoso Se7e também era bom). O jornalista ia ao espectáculo e uma das coisas que apresentava era a setlist completa. Ficávamos logo a saber o que é que afinal os gajos tinham tocado. Depois, se tinham tocado bem ou mal, para nós pouco importava. Se as luzes eram assim ou assado, se o público vibrava ou não, isso era o menos. Numa altura em que a produção de espectáculos em Portugal era paupérrima e com preços pouco democráticos, sabermos que os nossos ídolos tinham tocado isto ou aquilo, criava em nós uma certa imagem de “É pá, ganda pinta. Os gajos até tocaram o Frankly, Mr. Shankly”. Isso para nós era importantíssimo.
Havia também a secção dos pregões e declarações (que será feito do rapaz da Suzuki). Quantos de nós não tiveram a secreta esperança de que o “Vi-te a descer a Av. Roma. Mais uma vez não me ligaste pévia. Será que não vês que te gramo, pá? Misterious Girl” tivesse a ver connosco?
A secção da D. Rosa era bestial (parece que ainda continua), uma espécie de enciclopédia musical que respondia às dúvidas dos leitores.
No entanto, era também através deste jornal que ia sabendo as novidades sobre cinema (assim muito na onda Outsiders e Rumble Fish, Blade Runner).
O jornal fez 20 anos. É muita fruta. Não sei se está melhor ou pior pois não conheço muito bem o panorama musical da actualidade. Mas pelo menos, o jornal tem melhor aspecto, é a cores, é mais bonito e não suja os dedos.
Apesar de tudo, quando vou ao meu antigo quarto em casa dos meus pais e vejo religiosamente empilhados quilos e quilos de Blitz’s antigos, preferia voltar a ter 15 anos e sujar os dedos como antigamente.
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1 comentário:
Lindo...já nem me lembrava que em tempos tb ouvia Durutti Column...já nem me lembrava que existiu Durutti Column!
Enfim..o tempo passa
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