quarta-feira, abril 30, 2008

é uma festa

comprámos casa e fizemos obras. meteu-se o agosto e as obras pararam para os pedreiros irem para a praia. vieram os pedreiros mas a cozinha teve de esperar porque a fábrica esteve fechada para férias. o exaustor veio com defeito. montaram um novo que também tinha defeito. à terceira lá acertaram. a moldura que envolvia o micro-ondas afinal era feia, toca a esperar mais uns tempos que venha uma nova. a máquina de secar a roupa avariou. chegou entretanto a moldura do micro-ondas. faltavam afinal mais uns azulejos que tiveram de ser encomendados. chegou entretanto a máquina de secar a roupa. avariou-se entretanto o intercomunicador. há um telefonema a dizer que já chegaram os azulejos. os acumuladores fazem disparar o quadro. encomenda-se um sofá novo. afinal quando o meu quadro vai abaixo a vizinha deixa também de ter luz, estará a consumir da minha luz? o sofá está quase a chegar. parece que afinal havia era um problema com as fases eléctricas lá no prédio. há uma inundação na cave e vai tudo para o maneta. chega o sofá. temos de aguardar que fique bom tempo para secar bem o chão da cave. encomendamos um vidro para a cozinha e mais um tampo para a mesa onde comemos. parece que as obras vão finalmente recomeçar. encomendamos um sommier. descobrimos que afinal falta uma peça, um encaixe de junção, no sofá da sala. encomendamos um colchão novo porque as costas já reclamam. as ameaças, aqueles estalos e o quadro que ia abaixo quando se ligava a televisão, concretizaram-se. avariou de vez e tem de ser reparada. é instalado o tal vidro na cozinha. o tampo novo para a mesa ficou porreiro. as obras estão quase a terminar. vem o sommier e passa-se a cama velha para a cave. é montada uma porta de vidro na casa-de-banho da cave. os homens que vêm colocar a junção no sofá vêm em breve. o colchão está quase a chegar. afinal o sofá, além de precisar da peça para se unir à xéze longue, agora deu-lhe para ranger quando nos sentamos. a televisão tem de levar uma peça mais cara do que se supunha. o sofá tem de voltar à fábrica para ser reparado....

eh pá...

... a sério?

manuel cajuda

às vezes, confesso, dá-me jeito citar o manuel cajuda:

Será que fomos a primeira equipa a sofrer cinco golos na segunda parte este ano em Portugal? Há 15 dias vi o último classificado a ganhar 4-1 a um candidato ao título, na semana anterior tinha visto o 11º a ganhar 3-0 na casa de outro candidato. Nós perdemos com a melhor equipa que eu vi nos últimos 10 anos em Portugal.

aquela parte do «melhor equipa que eu vi nos últimos 10 anos em portugal» é francamente facciosa, quanto ao resto....

rio-me...

... a bandeiras despregadas com esta cena do benfica contra o lucílio quatro penaltis em alvalade contra o porto baptista.

ainda os verei criticar o bruno campomaiorense paixão
curioso, os gato fedorento não fazem piadas sobre este árbitro, não é? o tal que andou a mostrar o sardo lá à funcionária da académica ou lá do que foi
por causa duma actuação qualquer. hei-de, hei-de!

rio-me...

...com um sorriso maroto, quando ouço o antónio-pedro vasconcelos (um senhor que eu gosto de ouvir, raramente concordando com o que diz, atenção) dizer que preferia ter visto o porto
já campeão. com mais de vinte pontos de avanço sobre o segundo classificado, sem precisar rigorosamente nada de se esforçar para vencer mais jogo nenhum, com a necessidade de ainda ter de disputar uma final da taça de portugal...
começar a partida de guimarães com os seus melhores jogadores. nomeadamente com o lucho.

imagine-se que o lucho se lesionava, imagine-se também que não poderia jogar contra o sporting, imagine-se ainda que os leões vencem no jamor, imagine-se por fim que vinha-se a concluir que se calhar até não tinha sido má ideia ter poupado o gajo nos últimos jogos do campeonato e tal. pergunto, foi ou não foi uma boa ideia ter dado descanso ao rapaz?

faço outra provocação: será que os cinco golos não chegam? teríamos então de ter dado cinco, mas logo na primeira parte, é isso? ou se fossem dez, com estes jogadores escolhidos já se contentavam? primeiro éramos quaresma-dependentes, agora somos lucho-dependentes, qual era mesmo a ideia do cineasta benfiquista?

mas a questão põe-se em relação à equipa que o porto põe a jogar ou ao que o benfica deveria ter jogado numa cabazada de jogos anteriores?

anacronismos?

a sábado chega lá a casa à quarta-feira e aos leitores à quinta. a ler de maio chegou às bancas perto do dia 24. algumas revistas inglesas - pelo menos a fourfourtwo e a what hi-fi? - são lançadas uns 20 dias antes da data da capa.

a pergunta que eu faço é a seguinte: há alguma razão que justifique isto. perde-se alguma qualidade comercial, há algum prejuízo financeiro se as edições não saírem na data da capa?

ler - livros & leitores

não percebo o suficiente de literatura para dizer se a coisa voltou em grande ou não. mas pronto, gosto de livros. gosto mais destes do que daqueles, sou mais apegado a aqueles ali e não consigo entrar, definitivamente, naqueles outros, aqueles daquele gajo e tal.

mas sim, gosto de livros e tenho de viver rodeado por eles. o lerem este blog, validarão a ideia que isso não fez de mim alguém que escreve melhor. vai-se tentando. julgo que também não é essa a ideia. se assim fosse, os guardas dos museus seriam as pessoas que melhor perceberiam de arte. pois...

gosto de ler também sobre livros e gosto muito de ler sobre escritores, ou, na falta de alguma ascensão hierárquica, gosto de pessoas que escrevem livros - pronto, da maior parte dessas pessoas. gosto de saber como é que surgem certas ideias, gosto de saber como é que se chegam a certos personagens, gosto de saber que por vezes, há personagens, histórias, textos simples até, que desatam a seguir por caminhos que não eram bem os que os autores previam antecipadamente.

gosto de ler entrevistas do lobo antunes.
também gosto de ler entrevistas com o joão lobo antunes, mas isso já é outra loiça. é um caso mais pessoal, digamos.
pelo menos nos últimos anos, as entrevistas com ele, vá se lá a saber porquê, são puros exercícios de «deixa cá ver se ele volta a dizer que é o maior do mundo e que o saramago não vale um caracol». e quando não giram à volta destes dois assuntos para lá caminham.

eu tenho para mim que há pessoas a quem o gajo não tem pachorra nenhuma para dar entrevistas. tenho também que há pessoas que não conseguem fazer mesmo entrevistas. o carlos vaz marques, além de ser um dos cinco melhores a fazer entrevistas em portugal, é dos poucos que faz coisas de jeito com as conversas com o lobo antunes.

veio isto a propósito do novo fôlego da revista ler. para quem achava a as edições anteriores um tiquinho, vá pronto, armadas aos cucos - facto que nem sempre é mau de todo, principalmente entre certos eruditos - este número que saiu agora está bestial. está uma revista bem desenhada, um papel bestial ao toque, tem o francis joe viegas a dirigir a banda e pronto, não me apetece arranjar pretexto prolixos: lê-se bem, caramba!

a sério, comprem, assinem, leiam.

e já agora, leiam com atenção a referida entrevista com o lobo antunes e digam-me se não vos deu uma - pequena, pronto - vontade de lhe perdoar tudo o que tem escrito ultimamente e dar-lhe uma nova oportunidade. eu peguei outra vez no legião e vou já numas 70 páginas.

palavra de leitor: se o número dois for assim também - com as conversas do vaz marques e do francisco josé viegas (pessoa que conserva em si a santíssima trindade do nirvana português: transmontano, escritor e portista) (interessantíssima entrevista com o paulo teixeira pinto) - assino-a de caras.

terça-feira, abril 29, 2008

so alive

esta é daquelas, assim, estilo «se a mencionas "ah e tal love and rockets, fixe, man!". se mencionas precisamente esta "ihhhh o so alive, pelo amor da santa, pá. isso é comercialão man. onde é que andava o ash no dia em que compôs isso. foi uma dose marada, na certa"»

na dúvida, dancemos!


luisão

"A performance de Luisão no último FC Porto-Benfica aguçou o apetite do Portsmouth pelo defesa encarnado, que teria passagem paga para Fratton Park mediante o pagamento de 15 milhões de euros."

esta notícia vem no record. ainda não viram bem a coisa? diz lá que foi a performance no último porto-benfica que aguçou o apetite.

espera lá, mas nesse jogo o apetite não deveria ter sido aguçado por outro jogador qualquer? quinze milhões? um cardozo e meio, mais coisa menos coisa?

há coisas fantásticas não há?

(não terá sido noutro jogo que o apetite terá sido aguçado?)

clearasil

as borbulhas que nos aparecem no corpo nascem sempre de noite?

domingo, abril 27, 2008

quem não lê palavras, não vê corações

ao ler este post do senhor alfredo, a minha memória fez logo ricochete e embateu numas histórias, mais ou menos famosas, passadas lá por volta dos anos oitenta, em coimbra.

havia, nessa altura, lá na cidade, um pedinte que passou a ser acarinhado e amascotado pela população estudante. como o pobre homem não sabia ler nem escrever, o pessoal lá das universidades, tratavam de lhe escrever nuns cartões uns ditos que o ajudassem a aumentar o seu pecúlio diário.

algumas dessas placas com esse textos ficaram famosas pela sua simplicidade mas também pelo seu arrojo.

a saber:
- dêem-me vinte cinco tostões para comprar um pólo benetton!
- dêem-me uma moedinha para comprar uma aparelhagem pái-o-níar!
- preciso da vossa ajuda para dormir hoje no astória.
- dêem-me uma moedinha para comprar uma grade de cerveja para o pessoal da tauc.

e por aí fora.

u23d

quem for lá pelas imagens 3d não sei se sai de lá muito bem impressionado, mas acaba por ser giro, ok?

quem for lá pela qualidade de realização e tal, pois, não sei se sai muito convencido.

quem for lá e não gostar dos u2, é melhor ficar em casa.

quem já foi dos u2 e já não é, mas também não odeia, vá. vá e vai ver que não se arrepende.

quem ainda é dos u2, junte dinheiro, e compre... um cinema destes!

ora bem, a primeira coisa que eu tentei, juro que tentei, foi não ler rigorosamente nada sobre o assunto. deixei passar os dias iniciais, as eventuais enchentes e tal, e lá fui. é certo que tinha na memória duas coisas: o rattle & hum (filme) e, precisamente, os relatos de quem tinha ido ao tivoli lá para o final dos oitentas, assistir in loco à projecção e que se lembra do povo a bater palmas, a cantar em voz alta, já para não falar dos que levavam bandeiras e tarjas dos u2. um mimo.

bom, vamos lá ver. eu achei o filme um espectáculo. a coisa é muito bem filmada, o som é magnífico e o set list, algo que me arrepiava no início, é fixola. a coisa é curtinha e tal, não abusam das coisas do htdaab. um mimo!

é certo que a coisa está cheia de truques, há um porradão de sobreposições de imagens gravadas com o povo lá, com outras só para inglês ver, mas sinceramente caguei para o caso. é francamente parvo ir ver o filme com o intuito de tentar ver pontas por onde havemos de lhe pegar para dizer mal. e eu já percebi, pelo que depois fui lendo, que muita gente foi lá para isso. repito, é escusado. o filme é melhor que isso.

pronto, tentem ver a coisa da seguinte maneira: quantas vezes têm vocês oportunidade de assistir a um concerto dos u2, através dum ecran grandinho e com um som 5.1? poucas, não é? então, se gostam, se querem, não percam!

só mais duas coisas:
- o sunday, bloody sunday é mesmo o satisfaction dos anos oitenta.
- para variar - nem comentem, ok? - chorei no where the streets have no name.

locke - parte ii

já não bastava eu achar que o senhor é a cara chapada do locke, hoje, quando entrou cá em casa para vir finalizar o seu trabalho, a minha filha olhou para ele e sentenciou:
- olha, olha, olha, é o senhor do teatro dos porquinhos!...
- ó filha, este é o senhor humberto, é, na certa, alguém parecido, entendes?
- não, não, não. é mesmo ele! ah, ah, ah! é o senhor porquinho! é o do teatro!

e desata a enunciar diálogos da peça, supostamente, ditas lá pelo senhor.

só visto

rick rubin

eu juro, juro mesmo, não não estava a sonhar nem apanhei nenhuma insolação, era mesmo ele, juro.

no sábado, meio da manhã, no paredão mesmo ali pertinho da poça, estava lá o rick rubin.

juro que era ele!

quinta-feira, abril 24, 2008

os malucos vão à guerra

pus-me a pensar se terá sido em 1975 mas julgo que não. 1975 parece-me cedo demais. eu arriscaria mais um dos dias do biénio seguinte. sim, ou foi em 1976 ou foi em 1977. sim, a primeira vez que eu fui ao cinema foi por aí.

o local esse é fácil de indicar, falamos do defunto cinema avis, que se localizava na duque de ávila, onde está erigido agora um prédio do troufa real.

o filme esse também é dito de caras: os malucos vão à guerra.

nesse dia, éramos muitos. os meus pais, a minha irmã, provavelmente a minha avó trindade e, julgo, estava também uma pessoa amiga. eu? eu sentei-me junto à coxia central. durante anos esse foi o meu único lugar viável caso quisesse ver alguma coisa. fui minorca a maior parte da minha vida e no que respeita a cinema, meus amigos, a falta daquele bocadinho (bocadão) assim, obrigou-me a desviar para as coxias desta vida.

nessa época o cinema francês, pelo menos as comédias, estavam na moda. lembram-se com certeza das coisas do louis de funès, não lembram? e juntamente com esses filmes, houve também uns dois ou três de um grupo de comediantes franceses, denominados em portugal como "malucos". assim, que me lembre, houve os "malucos vão à guerra" e "os malucos no supermercado".

infelizmente as aventuras desses malandros no supermercado nunca vi, facto que mereceu elevados níveis de inveja perante um par de primos que viviam numa ex-colónia francesa e papavam essas coisas todas.

bom, mas a minha estreia foi mesmo com "os malucos vão à guerra", pronto.

o facto de termos uns excelentes tradutores e atribuidores de títulos de filmes em português, fez com que eu andasse uma vida inteira - vá, pronto, desde que há internet - a procurar por "os malucos vão..." ou coisa assim, para tentar ver se descobria mais alguma coisa sobre estes filmes. e finalmente encontrei.

os malucos, afinal, são (ou eram, pronto) um bando de comediantes franceses que se chamam les charlots. este tal "os malucos vão à guerra", não é nada mais que "les bidasses s'en vont en guerre".

"os malucos no supermercado" chama-se "le grand bazar".

pronto, com este nome assim na mão, foi fácil de descobrir coisas deles no tubo. deste filme recordo ainda, com clareza três cenas. não que me recordasse delas no filme. não, muito pior que isso: porque me lembro de estar, no recreio da escola, a comentar com quem tinha e quem não tinha visto o filme, sobre precisamente essas cenas.

recordo-me duma cena em que eles estão a caminhar com umas mochilas enormes, aí com uns 4 metros de altura, recordo-me duma cena cheia de merda de vaca e, claro, recordava-me sem dúvida desta que apresento aqui.

tenho saudades de gostar destes filmes. assim, simples, sem precisar de tradução para me rir.


quarta-feira, abril 23, 2008

félísh

devemos ou não voltar ao local onde já fomos felizes?

e se tiver praia?
e se tiver espetadinhas de camarão?
e se tiver livros bons?
e se tiver queijinho coalho?
e se tiver piscinas naturais?

pronto, e mesmo que tenha melgas, que faça calor, que eventualmente chova e tal... que tenha as melhores pizzas da américa latina?

devemos?

também não?

bento rodrigues

já que ninguém me liga, é só para avisar que o bento rodrigues da sic, tem a melhor voz de todo o espectro noticioso português (rádio incluída).

respeito!

cabine de som do 2001 (a catedral) . the breakup song, greg khin band

a primeira vez que ouvi esta música foi no defunto louvre, ali no estoril e, confesso, a-b-o-m-i-n-e-i!

eu explico: tínhamos ido ao louvre com um colega dele, porque o gajo ia lá combinar uma cena qualquer lá com os donos daquilo.

enquanto decorriam as negociações, ficámos por ali, a ver as pitas (muito pitas) a abanar o cagueiro.

eis quando, sem ninguém prever, começa esta canção. as miúdas, que estavam naquele passo muito "escadas da discoteca news"
que consiste em abanar o tronco, rodando-o, de um lado para o outro e, de quatro em quatro basculações laterais, enviar
lá para trás da cabeça, através dum movimento brusco com a mão direita, a melena loura que entretanto lhes caiu para a frente da cara
desatam aos pulos e a abanar as mãos enquanto gritavam oh-oh-oh oh-oh-oh oh-oh!

man, que cena dos diabos. eu olhei para o meu copain, ele olhou para mim e estávamos ambos em estado de choque:
- carai, que é que lhes deu, pá?

nós que estávamos mais habituados a ambientes "limpos" de perfume caro e base facial, coisas como o jamaica, o bba, o news ou até a seagull, ficámos muito atarantados com aquilo.

houve depois momentos que me fizeram conciliar com este breakup song. um deles aconteceu durante o beautiful girls uma vez que tem uma cena bestial acompanhada por esta canção e depois, pronto, depois com o tempo, lá se foi desvanecendo aquela imagem tola.

curiosamente, passei a associar este som, com um maduro que lá estava no dois com uma dança, no mínimo, excêntrica, mas sempre, sempre a bombar!


produção de trevor horn . the buggles . i am a camera

sobre os the buggles e o the plastic age já falei num post aqui há atrasado. sobre o disco que lançaram no ano seguinte, em 1981, o adventures in the modern recording, sinceramente não há muito a dizer.

a não ser, talvez, que está lá esta canção. o i am a camera será sempre para mim, das melhores coisinhas que o nuno pires fez, quando, lá por volta do natal, foi à loja da virita - cada vez que me lembro que o puto joão já tem mais de 25 anos inté me arrepio - e comprou o single.

eu gosto mesmo muito desta música. considero que a melhor coisinha que os buggles tinham feito era tê-la incluído no primeiro éle pê. se não vejamos, que piada tem, haver um disco todo, mas todo bom e terem depois um segundo disco, quase todo mau (à excepção desta canção, já o disse)? não seria melhor juntarem o que é bom num só disco e deixarem o outro para fazer torturas mentais? isto é só uma ideia minha, reparem.

a mão do trevor horn está aqui outra vez. desta feita não só a mão, como o resto do corpo. até a voz, imaginem.

e no teledisco, também aparece a fazer das suas.


produção de trevor horn . grace jones . slave to the rhythm

um dos mais bem produzidos éle pês dos anos oitenta. uma coisa espantosa com momentos do camandro, com participação do nosso luís jardim.

músicas para se acompanhar as descidas das colinas de monte carlo, ao volante dum alfa romeo spider, juntamente com uma tipa charmosa qualquer, de pernas ao léu, lenço na cabeça e uns wayfares estilosos.




este não é, obviamente, o teledisco desta música. mais, esta música tem, pelo menos, dois telediscos. o problema é que o iu tube não me deixa embeber as imagens aqui no meu blog. mas pronto, se tiverem curiosidade, podem-no ver aqui.

terça-feira, abril 22, 2008

nem sei como é que há gajas que gostam de compras

ter tido uma mãe costureira (ainda no activo) e um pai alfaiate permite-me admitir que por defeito familiar - e não profissional - odeio comprar roupa.

eu explico:
o meu sonho era ter, sei lá, menos dois centímetros de barriga e mais quatro de altura. porque eu tenho a impressão que deve ser essa a bitola que as lojas de pronto-a-vestir têm quando decidem fazer roupa:
- meu amigo, tem esta camisa mas num número um pouco mais pequeno na altura mas mais largo nos ombros?
- temos s, m, l e xl. ora esse é o l então tem de ser o m.
- mas com o m, fica bem na altura mas depois não me mexo se rodo o tronco.
- humm, então tem de levar o l.
- mas com o l, fico com o tronco assim a nadar lá dentro da camisa....
- ahh, mas com o xl era bem pior.
- e com o s, presumo, ainda mais, não?
- não o consigo ajudar...
- eu sei.

noutra loja:
- olhe tem estas calças, não em 32/34 mas em 32/30?
- hummm, não. só tenho mesmo 32/34.
- e vai ter?
- não, agora só recebemos calças com 34 de altura. mas posso lhe subir a bainha e fica bom.
- bem, bom não fica. se as calças são mais compridas, então como pode reparar, do joelho para baixo isto não é tudo da mesma largura. se vai subir-me a bainha, ficam mais largas do que se fossem mais curtas... pronto, esqueça!

ou seja, já não basta uma pessoa ter de andar a experimentar roupa - tira sapato, tira o outro, tira calças (olhe de soslaio para o espelho e vê aquela figurinha de cuecas e meias) torna a vestir calças, torna a calçar - vê-se confrontado com o dilema de escolher entre a calça que é mais curta mas que lhe atrofia os tomates de tão apertada que é, ou a que é mais comprida mas que nos dá um ar de dread dos sequeites.

só se safam as meias e as cuecas que é tudo corrido com modelos iguais há já uns anos valentes - até decidirem acabar com estes modelos. aliás o final dos modelos também é algo que me atormenta:
- tem umas bermudas que havia há uns meses, assim, azuis, curtinhas e tal, com uns bolsos de chapa..
- ah, isso era duma outra colecção. agora só temos da nova.
- e na nova têm alguma coisa assim parecida?
- não.
- e consigo alguma coisa da colecção antiga?
- também não.

voltemos às camisas. um dos problemas dos pronto-a-vestir não é só a escassez de tamanhos, é também a escassez de modelos simples. não há uma única casa dessas mais democráticas - subentenda-se: zara, pull, spring e massimo - que tenha coisas, já não digo clássicas, mas simples, gaita:
- quero uma camisa, branca, com golas de botões e um bolso. uma coisa simples.
- não temos. temos são estas, assim neste azul, em lilás, riscas...
- e brancas?
- não temos.
- sabe onde encontrar?
- assim, simples, nem sei se consegue encontrar.
- compreendo.

por isso, eu não odeio o meu corpo - deixá-lo lá estar com as banhas e as placas e os parafusos que tem - eu também não odeio as lojas de roupa, também não odeio fazer compras. eu odeio é não ter dinheiro para mandar fazer roupa por medida. no dia em que me sair o euro, é certinho: passo a fazer compras de guloseimas na loja gourmet do el corte inglés e as camisas e calças passa a ser tudo corrido com confecção de alfaiate.

ai que irritação!

produção de trevor horn . art of noise . moments in love

remete-me imediatamente para a cerimónia de abertura de uma coisa que aconteceu no antigo pavilhão do estádio da luz, chamada euroacro. estamos a falar do campeonato da europa da trampolins onde eu trabalhei como... nem sei bem explicar o que fazia. mas de entre as tarefas que me foram atribuídas, conta-se: tirar fotocópias (e agrafá-las em molhinhos) e almoçar com ginastas - boas - estrangeiras.

estamos também em 1991, eu era 2º cabo de transmissões e nessa noite fui ao seagull.

as coisas que eu me lembro.


produção de trevor horn . godley & creme . cry

produzida pelo trevor horn, além de ser uma música bestial, tem aquele que para mim ainda é o melhor teledisco de sempre.

repare-se que isto é de 1985, as transições são feitas à unha e sem o auxílio de computadores e afins.

os directores do teledisco são os próprios intérpretes.

maravilha.

p.s.: o trevor é o caixa de óculos que aparece no fim do video.


produtores

tenho a mania das produções discográficas. não percebo nada do assunto, calma. mas gosto assim como quem gosta dos quadros do turner, assim, porque sim!

tenho a mania das produções discográficas quando ouço música com auscultadores: sentado, olhos fechados, a descobrir batidas que vêm ali do parietal, uns címbalos dos frontais, uns sintetizadores que parece que nos rasgam a nuca...

tenho a mania das produções discográficas quando os produtores parece que dão pinceladas sonoras às músicas - sim, a frase é bonita mas não é minha. é do brian eno. um pintor "sonosro" do caneco.

um colega blogosférico que eu cá sei - eu sei que andas aí a ler-me - também gosta destas coisas das produções discográficas e com ele, andei a descobrir sons escondidos em certos discos. ele tinha um equalizador e quando levantávamos as barrinhas do lado esquerdo, descobríamos assim uns tss tss tss no crazy do seal e ficávamos encantados com aquilo.

eu tenho a mania das produções discográficas do brian eno, do trevor horn, do rick rubin, do thomas dolby...

eu tenho mas é a mania, não é?

lucho

luxo não é ter uma casa ali mesmo sobre o mar. isso é um super luxo.

luxo é ter casa a mil metros do mar, trabalhar a quinhentos metros do mar, andar num ginásio a trinta metros do mar e ter clientes a dois metros do mar

ontem, hora de almoço, em vez de me enfiar numa banheira de hidro-massagem - como era meu desejo - fui confrontado com a "obrigação" de me debater com uma corrida pelo paredão, da rata até à azarujinha. sol, muito sol e turistas a lagartejar por ali.

isto sim é luxo.

e luxo também é ter lucho.

segunda-feira, abril 21, 2008

dúvidas

há um mês achava que era mesmo o seu pé, agora balanço-me mais para uma das bimbas do seu rabo.

sobre que parte do seu corpo mais gosto de afiambrar umas valentes dentadas,
confesso, a dúvida mantém-se.

- aiiiiiiii, paiiiiiiiii, saiiiiiiiii!

thieves like us

um dia, se me der na veneta, ainda hei-de vir aqui explicar porque raio os new order nunca funcionaram para mim como gatilho para me empurrar para uma pista de dança

ok estou a exagerar. convenhamos que até com o napoli a tocar o true faith com um berimbau eu já dancei, certo?

mas antes, um colchãozinho confortável que me aturou umas dores de cotovelo do caneco, num dia de ressaca de sono dum rally de portugal, algures em abrantes, com camisa de riscas azuis, pullover amarelo e óculos de sol à jack nicholson!

as meias eram certamente brancas.


anti

irritam-me de sobremaneira os gritos, os cachecóis, as bandeiras, as faixas portistas anti-seja lá o que for. nestes últimos tempos são anti-benfica. para o ano logo se vê.

o nosso provincianismo vê-se aqui, passámos a arrábida nos êxitos desportivos, mas ainda nem da constituição saímos no cachet perante os adversários.

é isso que mais temo no futuro presidente do clube. tenho medo que tente ser uma cópia pintodacostiana nos seus maus exemplos (coisas que normalmente correm mal) em vez de, duma vez por todas, aproveitar-lhe o olho clínico que tem para o futebol e crescer, silenciando-se perante a comunicação social.

pergunto, quantas declarações sobre assuntos não desportivos sobre os adversários já nós ouvimos, por exemplo ao peter kenyon ou aos manos glazer?

carrinho

quando o momento com mais aplausos num porto-benfica sucede após um corte de carrinho do lisandro ao rodriguez, na zona do defesa-esquerdo, com recuperação de bola incluída e consequente ataque, julgo que está tudo dito.

o lisandro tem esta capacidade de jogar com três pulmões. aquilo é contra-natura e julgo que os adversários deveriam reclamar. o lance de ontem fez-me recordar um outro jogo, este em alverca, quando o derlei - que deus o ajude a voltar a ser bom - se lesionou, numa disputa de bola, ocorrida ali na zona, onde joga habitualmente o defesa-direito.

*

em tempos, apanhei na estrada da luz um táxi:

- é p'rá picheleira, se faz favor!

o fugas foi caladinho o tempo todo. estranhei, tinha ar de quem me ia bombear com conversa sobre o governo e os impostos e...

mas não, o silêncio imperava.

contudo, na avenida das forças armadas, ao passarmos em frente da embaixada dos estados unidos da américa rebenta a bomba e ele então dispara:

- olhem-me bem estes cabrões duns filha da puta do caralho! olhem-me bem para este palácio que estes caralhos construíram aqui. isto tem algum jeito? tem, foda-se? que caralho de prédio mais feio que estes cabrões foram construir... é aqui e em todo o lado. os amaricanos, pegam num prédio qualquer, desatam a esburacá-lo com obras e fazem dele uma casa feia. é aqui e em todóládo. aqui, ali... na lapa, por exemplo, os gajos pegam nos palacetes, fazem-lhe obras com marquises e destroem a estatística toda do prédio!
- estatística?
- sim, caralho, a estatística que o arquitecto luso, portugues, cá da gente, tinha idealizado, caralho!
- compreendo!

estética*

- quando o porto perdeu na madeira com o nacional, foi «humilhado» (a palavras era dos jornais) porque tinha perdido, não três, mas nove pontos, relativos aos pontos ganhos, nessa jornada pelos seus perseguidores.

hoje estranhamente, não há menções a «humilhações». mas deixa cá ver então: dois pontos ao guimarães, três pontos ao sporting, três pontos ao benfica, e é aguardar o desfecho do belem contra o setúbal para ver se são mais três ou quatro pontos. ora isto tudo somado... deixa cá ver... bom, é fazer as contas.

- o benfica conseguiu perder três jogos de seguida. e não, não perdeu três jogos numa semana: o jogo com a briosa foi numa sexta-feira e o do dragão foi num domingo. são nove e não sete dias a mediar este conjunto de jogos.

- o benfica sofreu sete golos nos dois últimos jogos (dez, nos últimos três). o sporting... bom, o sporting também. será a culpa das defesas ou da forma como as equipas defendem?

- caros benfiquistas e sportinguistas, agradeçam ao senhor (com letra maiúscula) o facto de nesta hora de aperto, não terem como treinador o octávio. eu tive e sei o que dói.

sexta-feira, abril 18, 2008

(para a pal)

avisam-se todos os leitores menos habituados a este blog, que este que vos escreve, além de casmurro, bexigoso e ignóbil, troca, a torto e a direito o verbo haver pelo verbo ouvir.

apesar de conhecer bem onde aplicar um e onde aplicar o outro, há sempre um molho de neurónios que o distraem e desviam a sua atenção, vá se lá a saber para onde.

assim, se houvirem por aí uns ruídos estranhos e se ouveram por bem chamar-me a atenção do mesmo, não hesitem, as orelhas estão cá é para isso mesmo.

e a menina dos cinco olhos também deve andar por aí mesmo à mão de semear.

sirvam-se!

sabes, fiz uma sindicância ao blog e ainda encontrei mais umas 3 falhas do mesmo tipo.que vergonhaça, já viste?

la gazza ladra

quem me conhece sabe que não tenho um grama de real pachorra para música clássica. quem me conhece sabe que nem sequer de instrumentais eu gosto.

quem me conhece sabe que às bocas «não gostas porque não tens educação musical!», eu lhes respondo com um «educação tem a cinco de outubro!»

quem me conhece sabe que traz água no bico colocar aqui um video com música clássica, uma rossinada das valentes e tal...

é que ando com esta gaita na cabeça, bem desde manhã cedo e isto não há maneira de se desentravincalhar-me do cérebro.

quem me conhece bem, sabe que esta abertura está na minha cabeça, porque o que ouvi* hoje é discaço dos valentes, que inicia precisamente com este pega ladrona.

quem me conhece mesmo bem (di napoli, se não vieres cá pôr um comment a responder a este desafio, desarrisco o teu nome dos meus amigos), quem sabe que músicas eu realmente gosto, que discos eu colocaria assim, logo pela manhã, na telefonia do carro, sabe porque raio eu ouvi isto e acabou por ficar cá gravado.

* pal, não ligues!

cabine de som do 2001 (a catedral) . i love you suzanne, lou reed


quem sabe, um dia...

e quando lhe perguntaram se achava que o psd tinha hipótese de vencer eleições, agora que o luis filipe tinha voltado para gaia, ele respondeu, com aquela voz de "senhor lei" do noddy:

- este psd vencer o sócrates? nos próximos tempos? minha senhora, isso só acontecerá no dia em que eu fizer anos.



basculação lateral

não raras vezes, para contornarmos os problemas inerentes às birras - ou à génese das mesmas - utilizamos o principio da basculação lateral*. ou seja, se a birra tem início com a mãe, o pai surge 14 segundos depois e, sem que ela tenha sequer hipótese de pensar, pega na malga da sopa e cai vai alho: colheradas pela boca abaixo!

caso a birra tenha início no pai, algo que sucede com mais frequência, intercede a mãe, normalmente com mais celeridade - também porque a birra aumenta exponencialmente - e logo logo a coisa acalma.

ou seja, a miúda pega no pai que estiver mais à mão. é a tal basculação lateral.

bem sei que ela tem andado mais doce, mais calma, mais gira, mais fácil e tudo. mas também é certo que quando surgem as birras, está com o calo mais desenvolvido e por vezes não vai lá com basculações laterais. é nessa altura que sonho virar-me para um hipotético banco de suplentes e fazer aquele gesto com as mãos, a pedir ao mister para nos substituirem.

aos dois, claro!




* quem não é da bola, quem não ouve** com atenção o mourinho, não sabe o que isto é. se acham que eu ia aqui explicar, tenham juízo. comprem livros, frequentem cursos, inscrevam-se em uârque xópes. quem sabe se assim não chegam a alguma conclusão.
** repito, não ligues!

quinta-feira, abril 17, 2008

sportem

eu sou anti o quê? repitam lá!

escusam de continuar com os mails, escusam de insistir num ou noutro (raros, é certo) comment mais aparvalhado. e não, não me venham dar lições de moral ou de fér plei.

pois se em minha casa a minha filha tem uma coisa destas, acham o quê, que não lhe dou comida por castigo, é?



caramba, tenham juízo.

vermelhos de raiva!

sinceramente, até tenho medo que o clube lhes vá ganhar neste fim-de-semana: ganhámos campeonatos durante não sei quantos anos por causa do sistema; ganhámos ao estrela porque tinham salários em atraso; empataram no bessa porque a pê jota não investigou; perderam contra a briosa porque há dias assim; perderam contra o sporting porque o árbitro não marcou lá um penalti que daria o 0-3 (meus amigos, ninguém no seu perfeito juízo sofre cinco golos em 26 minutos)...

por isso se calhar preferia perder. se ganharmos a bem falarão do pinto da costa e dos seis pontos; se ganharmos com erros de arbitragem, confirmarão que o pinto da costa é que controla a coisa; se empatarmos pelas mesmas razões idem, idem, aspas, aspas.

pelo menos se perder, sempre se calam!

irra!

cabine de som do 2001 (a catedral) . theme from the last waltz, the band

eram famosas as aberturas das pistas das discotecas de antigamente: fumos, strobes, luzes vermelhas, azuis e verdes, algumas amarelas. a pista ainda vazia. um ou outro maluco já a abanar o esqueleto. o povo a olhar para eles, para a coragem de não se importarem de serem parvos. sons, mais sons que músicas a acompanhar os fumos, e as tais luzes. sons de sintetizadores, sobrepostos por vozes como a do vincent price no thriller. e barulhos: de carros de explosões, de sirenes...

mas finais, ui, finais nem todas as discotecas tinham com categoria. aliás com categoria só conheci duas. este last waltz no 2001, na minha catedral e o heartbreakhotel em benidorm que fechava a pista (se é que podemos chamar àquilo de pista) com este som.



este som dá comigo em doido. é um som de balanço de actividade. é o som de «eh pá, eles até tocaram o she's so cold» ou então de «eh pá, ficou a faltar o so long, caramba!»

cinco. em quantos minutos?

encontro-o de manhã, no banco, abatido. olha-me e abre-se um sorriso. ajeita os óculos e dá-me um bacalhau:

- eh pá, parabéns!

faço um ar interrogativo e fico a pensar se ele julga que eu sou lagarto.

- então, tri-campeões, ora!
- ah bom, obrigado.

digo-lhe a medo:
- ontem aquilo foi grave...

ele, benfiquista profissional, pessoa muuuuuuuito chegada à direcção diz, quase num lamento:
- oh! o nosso problema é julgarmos que isto é tudo culpa vossa! ainda poucos perceberam que não é, compreendes?
- pois...

quarta-feira, abril 16, 2008

golpe de marketing



a revista gina ganhou o seu nome através do diminutivo de vagina ou, pronto, calhou tirarem um nome à sorte?

é que se foi à sorte, foi mesmo muita sorte. se não foi, cum catano, golpe de marketing do caraças, não é?

nota: sempre dei a devida atenção à chamada de capa «histórias sexy internacionais». ou seja, o nosso material era tão bom que até dava para exportação.

maravilha!

thirtysomething

(conversa devidamente editada)

Pedro Jaime diz:
pronto, dá-me lá um beijo e tal

zm diz:

foda-se, até com a tua mulher já estive
zm diz:
mas contigo
zm diz:
nada

Pedro Jaime diz:

eu sei, ela contou-me

zm diz:

a cena do beijo foi um acidente
não leves a mal

Pedro Jaime diz:
acontece

zm diz:
e tu, amor?
zm diz:
fazes anos?

Pedro Jaime diz:
isso
Pedro Jaime diz:
39 biscas, porra

zm diz:
caralho
zm diz:
já reservei no Manecas 2 pares de soquetes. não vieram a tempo

Pedro Jaime diz:
lembraste o que achávamos dos gajos que tinham 39?

zm diz:
velhos

Pedro Jaime diz:
...que andavam a roçar as ancas no hipópotamo
Pedro Jaime diz:
e a engatar pitas no frolic

zm diz:
verdade
zm diz:
tu ainda és assim

Pedro Jaime diz:
falhei no bigode como o "foda-se!" da praceta
Pedro Jaime diz:
ou à quim peúga ou quim lelé

zm diz:
és imberbe

Pedro Jaime diz:
mas se usasse blaser, passava bem pela pinta dum chitas, ou não?
Pedro Jaime diz:
quem sabe dum raul portelinha

zm diz:
esses gajos tinham 39 anos nos anos 80
zm diz:
faz diferença

Pedro Jaime diz:
isso
Pedro Jaime diz:
será que algum beijou a l?
Pedro Jaime diz:
eu só queria ter essa idade nos 80 para ter mais hipóteses de beijar a l
Pedro Jaime diz:
é justo, não achas?

Pedro Jaime diz:
só a beijaria se ainda tivesse o mini preto e o casaco com gola de pele
zm diz:
não
zm diz:
beijavas de qualquer modo

Pedro Jaime diz:
aquilo era aquilo era em mouton doré ou coisa assim
Pedro Jaime diz:
se calhar ainda ficava com mais alergias
Pedro Jaime diz:
a idade não perdoa

cabine de som do 2001 (a catedral) . fashion and fame, the angels



ahhh, deixem-se de tretas, no tempo em que o pessoal do rock usava sapatucho de cor branca a coisa mandava uma g'anda ventarola.

ser do contra

duas coisas:

- o pinto da costa passa a vida com o benfica na cabeça? será que é um movimento reflexo, põe-lhe um microfone em frente e ele tem de dizer a palavra benfica? tem mesmo? ai que irritante. será que o presidente do manchester também anda sempre a falar do arsenal ou do chelsea?

sou contra!

- o porto contratou o rolando. não era suposto estas coisas acontecerem, apenas, após o final do campeonato? não? se não era então também sou contra!

39

o tim mcgraw tem uma sobre os seventeen; o aldo nova diz que a ronnie tinha nineteen e ele twenty-five; o billy idol diz que faz tudo pela sua doce sixteen, os creed dizem que têm eighteene não sabem o que realmente gostam, até os eagles falam sobre os twenty-one.

mas francamente, o que realmente o que me tira do sério é chegar a uma idade para o qual ninguém faz músicas.

ok, os beatles remeteram a coisa para os sixty four, mas caramba, não queimemos etapes, ora.

assim, não brinco!

(ok, não é sobre a idade, é sobre o ano. fica a intenção. e fica também das poucas coisas que eu ainda suporte dos queen. já agora, este a night at the opera é i-m-a-c-u-l-a-d-o!)


terça-feira, abril 15, 2008

médias


eu acho que até já escrevi aqui: há músicas que me levam, duma forma disparada, para outras paragens, para outros anos.

o don't you forget about me, remete-me logo para 1985, o último ano em que passei férias na terra do meu pai.

nesse ano, algures em agosto, fomos uns quantos maduros lá da terra, à festa de são pedro velho. às tantas estou eu e o joão maneta - acho que ficou maneta nesse, ou no
ano anterior -, virados para o largo a ver o povo a dançar. tinhamos acabado de comprar duas médias e estávamos ali, encostados às aduelas de cantaria da entrada do tasco.

arranca o «hey, hey, hey, hey...huuuuuuu, ooooooohhhhhh....», olhamos um para o outro, o gajo, nuns olhos muito claros, daqueles que até parecem ter holofotes lá dentro, sorri para mim, olhamos para as garrafas, batemos uma na outra e ficamos em silêncio a ouvir aquilo.

eh caraças, isto ficou uma cena um pouco brokeback, não foi?

lá para o meio da coisa, ele bate outra vez na minha garrafa e sentencia:

- vamos ali cravar dois sg filtro ao david e seguimos para as traseiras do coreto que as filhas do raposo já lá devem estar à nossa espera.

fomos. estavam.

simple minds em 1985 e garrafas média da sagres. uma associação imprevista.



e mais uma homenagem para o john hughes, um gajo que devia ter feito quinze(!) e não dois ou três filmes de malta-que-anda-na-escola dos anos oitenta.

siga a dança


15.04.2008

está calor, caramba!

(vamos a umas mines?)

cabine de som do 2001 (a catedral) . speak no evil, dragon

ah grande pintinho

"quem estiver a mentir, que lhe caiam as maiores desgraças (…) só queria pedir a deus que mostre a sua justiça divina e que as pessoas não consigam dormir descansadas e que sejam atormentadas por toda a vida."

confesso, mais uma vez o jota éne lima
pê cê fez-me rir. ele lá sabe do que fala, mas não me deixa de me fazer rir. há realmente maldições bestiais, ainda há dias ele falava nos vermes e tal...

tão ridículo, santa paciência.

no entanto, no que respeita a ódios, ofensas ou rogo de pragas (não era bem esta a palavra que eu queria dizer, mas estou aqui com uma branca dos diabos), nada bate os pescadores da nazaré - nem mesmo tu -. cá vai:

que tenhas tantos tumores no corpo como quantos ovos são precisos para partir as pedras do sítio da nazaré!

ou ainda

que tenhas tantos tumores na cabeça, que quando mais correres mais te doam e que se parares que rebentem!

gerenciador de programas

precisamos mesmo, mesmo, mesmo de escrever igual aos brasileiros? eu até suportaria se eles lá decidissem que aquela coisa do n atrás do p e do b se deve utilizar com um m, agora essas fantochadas do pára e do para?

tenham juízo!

eu por mim é para o lado que durmo melhor, agora para o pessoal que se vai meter agora na escola a aprender assim, ui, haja paciência.

já agora, o professor carlos reis - que me considerou um "autista" (ele lá sabe do que fala... ou será que não sabe)- , é irritantezinho, não é?

segunda-feira, abril 14, 2008

partilhas

visita inesperada da mana. festejo, ainda mais inesperado, do seu aniversário.

eu a rir, ela a rir ainda mais alto que eu (muito difícil) e às tantas dou por mim a pensar o que a idade nos faz. há vinte e cinco anos era completamente impossível estar nas suas imediações sem sair uns «estúpido», «camela», «parvo», «camelóide»....

e é também agradável ver que ter uns pais tesos obrigar-nos-á - daqui a 50 anos, espero - a lutar para ver quem é que nas partilhas, não vai ficar com a herança.

- ficas com as caixas rotuladas com "gambiarras e extensões eléctricas" ou com aquela colecção de garrafas, modelo «olha para isto caramba! dá ou não dá para fazer um valente candeeiro?» e que depois nunca se transformam em nada?
- nahh, fica tu!
- e porque é que não ficas tu?
- eu???
- deixa lá, ficas tu, sim? please?
....

canal z

se vierem realmente, só lhes peço um favor, não se esqueçam desta, sim?


juno


houve alturas em que me ri em voz alta.

e vocês sabem como é que eu sou quando me rio em voz alta...

artdef

a sílvia era uma miúda que sonhava ter nascido com mais um (dois, na realidade) palmo(s, na realidade) de altura para poder ter tentado a sua sorte como modelo. é certo que lhe faltavam muitas mais coisas caso quisesse mesmo abraçar essa carreira, mas pronto, a vida prega algumas rasteiras aos raios dos sonhos das miúdas.

eu penso que a falta de altura (vai na volta foi mesmo isso) lhe toldou as ideias ao mesmo tempo que, o facto de viver mais perto do chão, lhe permitiu construir um pedestal de auto-estima, irremediavelmente sólido.

por essas e por outras, qualquer cantoria que saísse da sua boca (e a voz, apesar de tudo, era a mais forte de todas as suas (públicas) virtudes), para ela soava como a barbra streisend no left in the dark ou a whitney houston no greatest love do george benson. e ai de quem a tentasse demover dessa ideia.

mas há uma altura em que as femininas acções de cabotinagem atingem o seu patamar mais sólido. e então, ali pelos seus dezassete, dezoito anos passou a referir-se à suas performances ou objectos da sua propriedade sem utilizar artigos indefinidos. eram tudo corrigo a indefiniçamentos, como diria o grande odorico paraguaçu.

assim, para quem tivesse a cara mais ressequida pelo sol da praia ela logo diria que tinha lá em casa «o creminho certo para aquela maleita» porque, obviamente todos os outros estavam obliterados pelo qualidade do seu.

nas saídas nocturnas não era capaz de deixar de aplicar a sua marca pessoal. quando íamos aqueles bares com música ao vivo, onde acompanhávamos o trem das onze com aquelas latas de coca-cola cheias de pedrinhas, para fazerem chic-chic-chic enquanto o gajo da guitarra dizia que morava em jaçanã, ela tinha a bela atitude de retirar-nos
pedagogicamente a lata das mãos e, enquanto chocalhava, argumentar «eu é que sei a maneira de tocar o chochalhinho. ora vê lá!». recordo ainda que os nossos óculos não ficavam bem limpos com um pano qualquer mas sim com o paninho dela.

ficaram também algo famosas: a alface que ela tinha lá em casa para fazer a salada, a maneira certa de fazer um tal arroz, a escova de cabelo ou, quando um certo sócio a viu na rua carregando um saquinho, me disse tê-la visto, provável e obviamente, com o saquinho.

em pouco tempo, nalguns círculos, passou a ser tratada e referida como a artdef, precisamente por não usar artigos indefinidos mas unicamente definidos. uma maravilha!

estas sua característica aliada a uma repetida e usual mania de se auto proclamar arauta do bom gosto e da superioridade moral, valeu-me uns longos desaguisados. mas nunca a considerei uma valente cabotina por não ter maldade nem categoria para isso.

é o que eu chamo às pessoas que nem categoria para cabotinas têm, são meras artdefs. a blogosfera, claro está, é um ambiente com características ultra favoráveis para a proliferação da raça. elas andam por aí e, como dizia o anúncio, quando se vê uma, há pelo menos vinte escondidas.

há pelo menos meia dúzia de pessoas que ao lerem isto sabem de quem eu estou a falar. sabem que ela não se chama sílvia e sabem também que ela, no fundo no fundo, não era a barbra nem a whitney, mas cantava isto como mais ninguém.

lá está, ela sabia a maneira de cantá-la!



se lhes fizerem impressão assistir a power points com músicas de fundo - a mim, faz-me -, venham aqui.

sexta-feira, abril 11, 2008

blog vs borda d'água

há pessoas que pespegam nos blogs informações adicionais que mais parecem os ecrans da bloomberg: ele é a temperatura, ele é o número de pessoas on-line, ele é músicas a tocar, ele é o mapa mundo com a localização dos leitores, ele é o número de visitas, ele é o número de cus já papados pelo bibi, ele é a localização dos projectos de engenharia do nosso primeiro...

será que não se vêem ao espelho?

já nem falo do que escrevem (coitados...) ou de como escrevem. mas será que essa gente nunca abriu o seu blog?

noutro dia contei - e olhem que eu tenho uma net rapidita - 45 segundos para um blog abrir completamente.

é de propósito?

rough guides

para o meu amigo, e também tricampeão, tarzan boy.

a rough guides não tem só livros para viagens, tem também para livros para viajarmos pela música
ai que coisa mais poeticamente foleira!
e também guias sobre as mais estapafúrdias coisas.

este veio directamente das prateleiras da fnac. um livros de listas.

sim, listas de músicas. sei lá: 10 músicas para se cantarem em coro num estádio; 10 músicas sobre animais; 10 músicas sobre erva (para se fumar e não para nos deitarmos sobre ou para os cães cagarem); 10 músicas do mali...

uma maravilha. um livro para não ser levado a sério. um livro tipo "sentar na sanita, folhear 10 ou 20 páginas consoante a quantidade de picante que tivermos posto na feijoada e voltar a fechar o livro."

tarzanboy, compra isto. à confiança, vais gostar!

shades

e por falar em shades, lembrei-me dum tempo em que o 2º canal
ainda não consigo dizer rtp 2. nem rtp 2, nem uma dezena de outras coisas que virão num post um dia
tinha um programa chamado videopólis e era apresentado pelo grande (e cada vez maior) álvaro costa.

esse programa, na categoria "vamos lá passar telediscos ao povo", rivalizava com os melhores da europa tv. falo dum que era apresentado por um gajo com o cabelinho espetado e não com aquelas coisas do adam curry e do papa luigi.

uma altura o videopólis fez uma versão do shades do iggy pop com colagens de imagens de pessoal com óculos escuros. um show. não a encontrei no you tube mas o tempo há-de traze-lo até lá. tenho a certeza disso.

fica por aqui a versão que se encontrou. não é a melhor imagem mas o som está lá. produzido pelo david richards e também pelo bowie - não estranhem pois , se ao fecharem os olhos vos parecer o bowie a cantar - esta é uma das melhores músicas dos anos oitenta.

e toma lá bolachas!


the future is so bright, i've got to wear shades

ao jantar perguntámos-lhe que profissão é que ela queria ter quando fosse crescida. ao seu silêncio adicionámos a hipótese de ela não conhecer a palavra "profissão". tentámos contornar a coisa simplificando a questão.

- ó filha o que é que tu queres fazer quando fores grande, assim, como o pai e a mãe? queres ser, por exemplo, médica dos gatinhos e dos cãezinhos? ou queres ser, sei lá, jardineira, para tratares das flores como fazes lá no barregão? ou queres tratar dos meninos e das meninas como a lina e a cristina lá da escola?...
- ó pai, quando for grande, eu não quero fazer nada!




quinta-feira, abril 10, 2008

avisos


as passagens de nível, encerram em si
ai como eu adoro dizer «encerram em si»
dois avisos que todas mulheres e homens, à confiança, deveriam ter tatuados, assim, mais coisa menos coisa, ali à altura do umbigo.

nelas, para eles lerem (não vá o diabo tecê-las):
aviso: pare ao sinal vermelho!

neles, para elas lerem (não vá o diabo, mesmo, tecê-las)
em espera prolongada, telefone para 800 233 233

nota: no caso dos avisos delas para eles, justificava-se a existência dum grupo de prevenção, assim, estilo, um comité de congoleses pichotamente avantajados e activos, que, tal mister wolf do tarantino, aparecessem num repente e salvassem o momento.

locke


além de ter tido (e voltado a ter) o gaz a trabalhar para mim, agora também tenho o john locke como vidraceiro.

(juro-vos, pá!)

a minha casa é a verdadeira casa das celebridades.

quarta-feira, abril 09, 2008

ok, fora de gozos!

prometem que não gozam? prometem mesmo? sério?

bom então cá vai: eu ouço o refrão do tema de abertura dos famous five e aquilo só me faz lembrar a parte do turn and face the strain do changes lá do hunky dory.



pior, ouço o turn and face the strain e, sim adivinharam, aquilo faz-me lembrar o julian, dick and anne, george and timmy the dog.



pronto, tudo bem, internem-me!

tudors



(depois não digam que eu não avisei:)


saquem esta gaita da net, à confiança, que isto é filé mignon!

verde égua

não, não é só por causa das comidas do ikea. lá em casa há muitas outras coisas que já só marcham se forem acompanhadas, quinze minutos depois, por um chá quentinho. assim, para arrotar e descomprimir a pança.

é o preço a pagar para continuar a cometer certos vícios. geladinho a nu sabe-me a pouco. geladinho para ser geladinho tem de ser com um quarto de tabelete de chocolate derretido lá para cima. é a vida.

por isso, chá para trabalhar na pança tem de ser de cidreira. os outros chás, existem lá em casa para disfarçar o açucar. no fundo eu bebo é água doce. o chá está lá para distrair.

ontem, sem ver, peguei no primeiro pacote que a mão trouxe da caixa de chá. estranhei a coisa. cheirava mal que tresandava. fui ver e aquilo dizia «chá verde». que coisa mais nojenta. aquilo cheira a loja (loja no sentido de local no piso térreo das casas transmontanas onde se guarda o gado) de éguas. nem sequer é de cavalos ou chibos. é mesmo de égua.

chá verde cheira a estrume de égua, pronto!

obs.: curiosamente os perfumes de chá verde não cheiram nada a chá verde. cheiram bem, pronto! cheiram a quinta das lágrimas.

burro!

não aprendo com um erro, não aprendo com dois, confesso, não aprendo mesmo!

irra que sou burro!

de hoje em diante, sem falta, mesmo! ao sair de casa em direcção ao ikea, juntamente com a carteira, levar o post it que diz «não comas no ikea. a comida é má, a salada é rija e amarga e mesmo que a seguir pareças estar bem, já sabes que passadas duas horas estás a fazer chá e a massajar os michelin's da tua barriga».

desire as

eu no fundo, aqui no post abaixo, se calhar tinha ficado mais bonito se tivesse lá pespegado o desire as. mas confesso, não encontrei o teledisco.

adeus lucília

eu nem sei como é que é agora. tenho, curiosamente, mais dificuldade em saber como é que foi em 1996. sei muito bem como é que foi em 1985 ou 89. ter dor de corno nessa altura, em lisboa, era algo que tinha muito que se lhe diga.

por vezes não é bem só a dor no corno, é mesmo dor de se ter dezasseis anos. agora imaginem dor de corno com dezasseis anos? dói, não dói?

pois.

isto que apresento aqui nem é bem banda sonora de dor de corno de 1985, é mais isso que eu tentei explicar atrás e, mais uma vez, não consegui. é mais um estado de moleza, de agonia, é um estado do estado de se ter, isso mesmo, dezasseis anos.

quando não se tem capacidades para se entender as palavras que vêm nas letras das cantigas
gosto muito de dizer cantigas. e cançonetistas também.
é o próprio ambiente acústico
ambiente acústico? oh foda-se, que coisa mais apaneleirada e chauvinista fui eu escrever!
que passa a ser a mensagem. não sei se gosto deste disco por causa do embrulho que o thomas dolby the fez ou se é mesmo por causa dos prefab sprout, assim a nu. penso nisso quando vejo telediscos deles no youtube, com actuações ao vivo. são coisas muito diferentes. ou, pelo menos, tornam o meu gosto pelas cantigas deste disco algo diferente.

pois, não sei, sei é que este é um disco de tempo encoberto. sim, assim, meio nebuloso. talvez porque me tenha aparecido na vida duma forma plena, em casa da minha prima graça, numa tarde, após um passeio ao parque eduardo sétimo, ocasião em que o pires se fez a ela descaradamente. dizia eu que essa tarde estava nebulosa e fria e a casa da minha prima estava quentinha e mais aquecida ficou depois de ela ter posto no seu pique ape o goodbye lucille #1.

há coisas assim, que me fazem recordar a dor de se ter dezasseis anos.


segunda-feira, abril 07, 2008

motherfucker




ela não conta porque anda sem paciência para contar.

ela não conta e eu roubo-lhe a história.

esplanada do paredão, calor primaveril, malta jove que se aproxima para beber uns canecos e ficar ali a lagartejar. tudo boa gente, tudo sangue bom.

às tantas diz um:
- ó pá, e a minha mãe? não está a ver bem, então não é que me foi perguntar o que quer dizer mâdafâca?
- ihhh, que cena! e tu, o que disseste?
- é pá, disse... desenrasquei-me ora, disse que aquilo queria dizer o que estava lá dito: "mãe da foca"!
- sério?
- sim, disse "mãe da foca"
- e ela acreditou?
- é pá, acho que sim. eu não tive foi coragem de lhe dizer a verdade, porra. aliás, nem saberia contar a verdade.

praças, mercados e feiras




este post, desta praça

bic, se é geracional ou não, não sei. sei que lá na picheleira nunca se foi "ao mercado". apesar de lá estar escrito "mercado", como sabes, sempre se foi à praça. ia-se à dona ivone que ficava mesmo ao lado da praça, ia-se tocar às campainhas da sede do mrpp que ficava em frente da praça, etc. por outro lado, na província já se ouve mais dizer a "feira". vamos à feira, comprei estas facas na feira, vi a zeca fininha na feira, etc. curiosamente, quando me quero referir ao local em si, já me refiro ao "mercado": mercado de arroios, mercado de alvalade, mercado do rato... vamos lá nós compreender o que vamos dizendo por aí, não é?


fez-me recordar que sou uma nulidade em, digamos, horta.

uma das minhas colegas de faculdade morava nas imediações dessa praça. era época de frequências, exames e entregas de trabalhos de grupo. andávamos com a cabeça em água, só víamos cálculos, riscos, maquetes - atenção que eu ainda sou do tempo dos tira-linhas - bisturis, transferidores, etc.

era sábado de manhã, o sol começou a queimar e eu lembrei-me:
- ó rita, e se cagássemos um bocado para a cadeira de desenvolvimento urbano em meio rural, tu fazias uns hamburgueres desses supletivos que só tu sabes fazer, com molho qb e a bela da alface e arrancávamos para a praia das maças para metermos um bocado de cor na pele. o que me dizes?
- é pá, bem precisamos. mas vimos cedo, ok?
- tranquilo.
- então vai ali à praça comprar uma alface que eu vou fazendo a carne.
- ok.

e lá fui eu, carlos mardel fora, até à praça de arroios.

ora, eu que sempre fui uma nulidade em cozinha - por arrasto em compras -, que sempre fui comendo, com mais ou menos porrada, aquilo que me foram pondo no prato, sem grandes perguntas, dei por mim em frente a uma banca de hortaliça a investigar com as mãos e os olhos uma vistosa alface.

com um ar mais "especialista comunitário" possível, disparo na direcção do vendedor:
- ó chefe, esta alface é coisa para ter que preço?
- é coisa para estar aí sossegadinha sem preço nenhum. então não estás a ver que isso é um repolho, porra?

três minutos e vinte e sete segundos depois:
- ó rita, vai lá tu comprar a alface.
- ó que merda, agora sou eu que tenho de fazer tudo, não?
- não é isso, mas tive um quidproquozeco lá com o mestre das verduras e tive de fugir à pressa. depois eu conto-te.

irra que é burro!

(tivemos 17 no final da pauta. ora toma!)

a punheta

(para os mais distraídos, isto é um post sobre jornalismo não é sobre adeptos)

normalmente, a vida sexual de uns não deve ter nada a ver com a vida sexual de outros. a não ser, claro, quando as actividades sexuais de uns sejam efectuadas na frente dos outros. principalmente quando os outros somos todos nós.

nessas actividades sexuais, há os doidos dos fetiches dos chicotes, das algemas, dos golden showers, há de tudo. há também quem prefira fodas e quem se contente com punhetas. é a vida.

o joão querido manha é francamente alguém que julga que os leitores que não orbitam à volta dos amores portistas - vulgo benfiquistas e sportinguistas - se contentam com meras punhetas e não com valentes fodas. assim, decidiu escrever um artigo, uma punheta (jornalísticamente falando), onde faz referência ao número de golos irregulares que o porto marcou nesta época. diz ele que já foram sete. é a sua contabilidade, não há nada a fazer. mais, nem sequer discuto se foram ou não irregulares. ele é jornalista desportivo, eu sou um parvo que escreve uns bitates sobre futebol. ele não, ele é profissional e percebe da bola e eu, francamente, percebo de fodas (das sexuais e das jornalísticas). tenho pena que ele, pelos vistos, seja mais dedicado a perceber de punhetas. punhetas jornalísticas, compreenda-se, não vá o senhor ler isto e sentir-se ofendido.

nestas alturas em que se apresentam arguidos
volto a repetir, que não lhes doam as mãos aos senhores juízes. se houver necessidade de prender alguém, prenda-se, se for preciso tirar pontos, tire-se, se for preciso tirar campeonatos, tire-se. mas que se tire a toda a gente, ok?
é bem mais fácil fazerem-se artigos destes. é giro, claro. «ora deixa cá ver, deixa cá ver, agora que eles estão lá para cima, agora que eles já paparam o título, deixa cá ver afinal se o título é mesmo título?». pois, parece que afinal os malandros dos dragões têm 20% de golos irregulares. imagine-se, 20% (que raio de matemática a dele). a somar a isto tudo, diz ele, estes golos são o sinal mais evidente desta nova ordem saída do apito dourado que em vez de condenar o tráfico de influências generalizado há muitos anos, promete apenas reforçar o poder público dos 'padrinhos' deste sistema.

que bonito. que punheta mais porreirinha, viste! ficaram pois os leitores contentes porque lhes massajaram a pichota da veia anti-portista, já que cheiro de foda não conseguem vislumbrar.

mas eu acho estranho este artigo. sim, estranho.

estranho não haver nenhuma referência aos penaltis 'contra' não assinalados às restantes equipas do campeonato (se calhar não houve), estranho não haver referência aos golos irregulares das outras equipas (também não deve ter havido) e estranho também não haver referência aos erros de arbitragem contra o porto, nos tais (e em todos os outros) jogos em que aconteceram os tais 7 golos irregulares (erros de arbitragem contra o porto? bem contra o porto não houve de certezinha absoluta).

além dos golos vem também referir as questões de disciplina. claro, vamos lá falar na 'estalada' (estalada? como não sabe o que é uma foda (jornalística, compreenda-se, não vá o diabo tecê-las), o nosso manha também não sabe o que é um estalo) do quaresma ao rolando (pelo sangue derramado, uma barbárie, suponho) e do bruno alves ao gonçalves «um dos lances mais violentos vistos num estádio português nos últimos anos». nesta frase, presumo que a referência ao artigo indefinido 'uns' em vez do artigo definido 'o' seja para permitir equipará-lo, talvez, ao do katsouranis (ah, coitado, isso não foi intencional) com o anderson ou o do binya com o brown (ah coitado, isso não foi num relvado nacional). são uns cabrões estes portistas, autênticos assassinos, não é meu caro manha.

ainda assim, o manha
que curioso, será por isso que o jornal de chama correio da manha?
teve a manha de dizer que o livre no dragão contra o sporting foi uma decisão acertada. estamos a falar do livre e não do golo. o golo, espero, é limpo. ou não?
e diz isso para justificar a qualidade do pedro proença. parece-me bem. se é a sua opinião, meu caro manha, deixe-me dizer-lhe que é também a opinião do mundo portista. nós também achamos que foi uma decisão acertada. já não pensa o mesmo o mundo verde e o mundo vermelho. é por isso que vemos as coisas com óculos azuis e outros as vêem com outras cores. chama-se a isso parcialidade futebolística, sabe? coisa que eu posso fazer aqui neste blog, o cervan também o pode fazer na bola e o santana lopes o pode fazer em todo o lugar onde fala. não sei se o amigo manha, num artigo jornalístico o devia fazer. o senhor lá sabe.

quer fazer um artigo sobre as actividades do grande zé veiga no estoril e no benfica? isso já não, não é? é uma maçada, não acha?

no entanto deixe-me dizer-lhe o seguinte, nós somos do clube que tem a mania de jogar bem, bonito e com vitórias, umas com erros a nosso favor, outras com erros a favor dos outros. é a vida, toca a todos. não toca a todos é fazer apreciações falaciosas sobre a carreira futebolística do benfica e do sporting. por isso, se a sua ideia relativamente à menção do lance do proença lá no dragão era fazer-nos uma punheta (jornalísticamente falando, nunca esquecer), deixe-se lá disso. é que pode muito bem acabar por sujar as mãos e nós, como sabe, estamos mais habituado a fodas.

é uma questão de gostos (sexuais, neste caso. não jornalísticos)

sexta-feira, abril 04, 2008

brass in pocket

o meu 7º ano lá no rainha dona leonor foi marcado pela ausência da disciplina de matemática. é certo que no 8º ano também não tive durante dois períodos e, por azar, algumas semanas do meu 2º ano também se pautaram pela ausência de qualquer professor.

é claro que este pormenor obliterou toda e qualquer hipótese de seguir para um curso superior, cuja entrada só seria permitida com a matemática do 12º ano. azarito! mas não é sobre isto que eu queria falar.

as horas que supostamente eu passaria dentro da aula de matemática eram quase sempre passadas a jogar à bola ou a fazer habilidades tão simples como ir, desde a creche até ao gradeamento dos courts de ténis da fnat, sempre pelos ramos das árvores e sem pousar uma única vez os pés no chão ou nas barras de ferro do gradeamento. sim, éramos parvitos e tínhamos 12 anos.

num desses furos, eu e o canina (estás bom, senhor engenheiro quadros?), numa atitude de arrojo fenomenal, decidimos convidar a vera e a carla para irem fazer um lanchinho connosco. uma coisa fina e tal, o mais armado aos cucos possível. a vera era a gira. ou melhor, não era bem o gira (que também era), era mais o facto de ser loura. e sendo loura, pronto, estava tudo dito, tornava-se desejável. a carla era mais o tipo de miúda normalinha que toda a gaja gira que se preze se faz acompanhar. por nós era como o litro, a nossa ideia era mais a vera, pronto.

repito, estamos com 12 anos.

elegem as meninas para local do lanche a carcassone (confesso, não me lembro se foi aqui ou se foi na nova lisboa. que se lixe!). nós olhamos para os nosso bolsos e tínhamos, ao todo, 22$50. julgávamos nós que aquilo dava para um almoço! bom, nada a lamentar, afinal tínhamos sacado a vera, bolas.

às tantas vem o empregado:
- eu quero uma fatia de báváruáze de ananás e um batido de morango. diz a loura
- ah, eu quero o mesmo!
entreolham-se os machos com um olhar assustadíssimo, convencidos que as meninas iriam saciar-se com duas meias de leite e dois duchezes e dizem em coro:
- para nós, água!
- fresca ou natural?
- da torneira, mesmo!

há dúvidas?



"...damos três de manhã
e quatro de madrugada
e quando a gente se levanta
parece que não fode nada.

tunga!"

isto é poesia naif, caneco!

quinta-feira, abril 03, 2008

duke

para a maioria dos aficionados "old school" dos genesis, o phil collins tinha algum valor enquanto se resumia a um mero baterista da banda. quando o peter gabriel decidiu ir fazer discos sozinho (pessoalmente, o período mais catita do seu percurso) e o careca decidiu tomar as rédeas do microfone da banda, o pessoal começou a torcer o nariz e passou a eleger o lamb lies down como o peido mestre dos genesis. lá terão as suas razões. adiante.

eu fui gostando do collins. fui, pronto.

é certo que quando ele era, digamos mais "prenda para se dar à namorada no natal", eu tinha 18 anos e, nessa altura por volta de 1987-1991, aquelas músicas não me faziam tanta comichão. o que aconteceu depois, tanto a solo como nos genesis, confesso, já não me aqueceu - ou arrefeceu - tanto.

acho que já o disse aqui, entre coisas dos genesis com ele a cantar ou coisas dele a solo, o meu disco favorito é o duke.

sei precisar o momento em que tive a epifania "duke". foi lá por volta de 1987, durante um pequeno período em que a minha banda favorita era os velvet underground, que o irmão do osga - o jp - pôs a tocar na sala o turn it on again.

«é pá, afinal eu conheço isto.»

ouvi mais, fui gostando também mais, fiquei freguês.

há coisas do duke que foram escritas durante o período da separação do careca com a sua mulher. são coisas muito sentidas, muito doridas. são coisas também muito expostas. lemos o please don't ask e aquilo parece um big brother. está lá tudo, é impressionante! leio e releio aquelas palavras e fico a pensar que «não, é tudo inventado. ele não se iria expor assim dessa forma».

ou então não, então quer mesmo é fazer uma estatuazinha à ex-mulher e aquilo é apenas o resultado dos seus sentimentos. é bonito.

nessa altura uns amigos duns amigos estavam-se a divorciar. disquitar (assim, à brasileira), mais concretamente. e eu via aquelas duas pessoas, com a criançada assim dum lado para o outro e aquilo dava-me uma pena tremenda. talvez tenha sido isso que me fez olhar com outro olhar para os reatamentos que por aí fui vendo, mesmo em coisas fictícias como a nancy e o elliot dos thirtysomething.

este please don't ask é também isso. é belíssima e eu recomendo este videozeco para se ir vendo que os anos passam mas há coisas que ficam presas na garganta. presas o suficiente para não deixar certos profissionais do chou bize terminarem convenientemente certas performances.



(...)

I can remember when it was easy to say I love you

But things have changed since then, now I really

Can't say if I still do

But I can try

I know that the kids are well, you're a mother to the world

But I miss my boy

I hope he's good as gold


But enough of me, tell me how are you? You look good

Oh you've lost weight I can see, your hair looks nice,

You look good

Maybe we should try, don't say it! I know why

I can remember when it was easy to say I love you...

(...)