quarta-feira, março 31, 2010

alcova

ando parvo (ou deslocado, ou chocado ou lá o que é)  (ou se calhar isto é normal e só eu é que sou lírico) com o espírito alcoviteiro que ainda existe no século xxi.

terça-feira, março 30, 2010

é certo que isto ficava mais bonito com um teledisquito oficial mas tal só será possível quando os senhores do youtube tiverem acesso às coisas do senhor nelson

o leite e os seus derivados

tenho uma (são várias, ok) pessoas da minha família que falam com imensos erros de português. curiosamente, vindos da boca deles(as) nem dou por eles. infelizmente já (ok pronto, é já muito difícil, é só isso) ninguém vai a tempo de os corrigir. nem penso sequer nisso.


hoje passei umas valentes horas a ouvir alguém dar-me formação (?) (rio-me tanto quando penso no que as pessoas julgam que são formações). 


ok, vou ser franco. fazem-me comichão os «há x anos atrás», os «a nível de», os «constatou», os «despoletar» (sem querer dizer tirar a espoleta), os «é assim:» (ai os é assim, foda-se!)... mas há um que adoro, adoro, adoro. refiro-me, não ao concerteza (assim, tudo junto) mas ao concesteza!


foda-se, o que eu adoro o concesteza.


hoje adicionei mais outro. adicionei tanto que já o usei umas 34 vezes hoje. fiquei fã: derivado.


oh, foda-se, o quanto eu gosto de derivado! e digo mais, quando o derivado é usado no início da frase (derivado do bruno alves ter-lhe dado uma cotovelada, o maurício ficou a sangrar como um cordeiro na páscoa), eu tenho o reflexo de aproximar a mão à braguilha tal é o excitamento.


derivado. que níbel do catano!

segunda-feira, março 29, 2010

coisas do tempo das bifanas da roulotte do «ó valdemar, é o costume, fáxavôr»

gostava de conseguir separar algumas músicas de tudo aquilo que elas significam. algumas têm um rótulo especial para todo o mundo (quem é que consegue descolar o you can leave your hat on do cagueiro da kim bassinger? ou o inenarrável timor do massacre de santa cruz?), outras são private jokes ou momentos de celebração, riso e alegria para alguns grupos 

ok, tudo bem, há cinco ou seis que estão a pensar no i try da macy gray mas e que dizer do it's my life  ou o elevation em benidorm?

ou até para namoros, divórcios, europeus de futebol (com um força, com uma força...) e por aí fora.


acontece-me muitas vezes - e desconfio que não só a mim - estarem a «acontecer» canções que nem supomos virem ser isto ou aquilo. o only the young dos journey, está ligada, inesperadamente a um local de trabalho, mais concretamente a uma velha mesinha que me servia de secretária, ali no outono de 1998.

dizia eu que gostava de dissociar algumas canções do que ela significam mas também gostava de as mirar, livrá-las de algumas cargas negativas que a passagem pela rádio e colunas de som de discotecas lhes embeberam. foi por isso que deixei de suportar o angie, o start me up, o satisfaction, o hurt so good, o kiss, o salsbury hill, and so on, and so on, and so on... canções que aparentemente eram canções, digamos, jeitosas. agora, confesso, já nem sei se o são ou não.


felizmente há outras músicas, manifestamente más (será que são? e se são, quem é que tem autoridade para dizer que são? e se são, são-no comparado com quê ou com quais?) que eu tolero, gosto, canto e repito porque ... porque vá se lá a saber porquê?


como 97,6% da população portuguesa, os conhecimentos que tinha dos rem antes do losing my religion eram o orange crush, o end on the world e o the one i love. algumas directas no tempo da faculdade e uma colectânea, remeteram em definitivo algumas canções dos rem (repito, algumas canções) para um sentimento que eu não consigo dissociar de: réguas t, microstation, tira-linhas, balsa, dedos cortados, bisturis, maquetes, maquetes, maquetes, papel vegetal... 

o que pode ser eventualmente engraçado é que o monster já só me faz recordar, imagine-se um auto-rádio blaupunkt e o new adventures já está ali numa imagem que tenho de um cliente daquele tempo. mas tudo bem, era ainda a altura da faculdade (já disse, não já? as directas, os cartões maquetes, as disquetes, as plotters e isso....)


o que também é curioso ou não é que o up, se calhar, o disco que mais gosto deles - calma, é só se calhar - já está ali, sob um mantosinho de nevoeiro da época... olhem da época do only the young que falei ali em cima.


hoje, sem querer, ouvi esta canção. gosto muito dela. quando, com ajuda dos mp3, fui reouvi-la, usei, curiosamente, a versão do unplugged de 91. e claro, uma distracção fez-me vê-la de outra forma. uma coisa é ouvi-la com o som da gravação do lifes rich pageant. outra coisa é sentir ali alguns ruídos e a própria tonalidade da gravação do espectáculo da mtv.


oh que coisa maravilhosa. lá voltei aos tais anos das do gel no cabelo, das calças rotas, da gartejo, do rockline e claro, do perfect circle.


fico a pensar como é que serão estas canções se não tiverem significado algum.


ou será que as canções são feitas para não terem significado? não são, pois não?


sexta-feira, março 26, 2010

- pai (pausa. pausa bem longa) cheiras tão bem....

fui ver um evento - que me escuso a comentar - lá na escola dela. no fim, depois dos merecidos aplausos e agradecimentos, correu para mim, abraçou-me, osculou-me e lá me disse a referida frase.

não me lixem, é bonito quando os filhos reconhecem asseio nos pais!

(ou encontram perfume que disfarça a falta do tal asseio. nunca se sabe, nunca se sabe...)

quarta-feira, março 24, 2010

ali entre os 2'10 e os 2'28 e depois entre os 4'53 e os 5'13

deves!

jantou em casa duma amiga


uma maravilha, vem de lá já jantada, banho tomado, pijama vestido...


e à chegada, já na intimidade do nosso lar, dispara para a mãe:
- conseguiste convencê-lo a dar-me uma irmã ou um irmão?

money for nothing

assim sendo, isto não é bem «dava-me jeito que me saísse uma batelada de carcanhol e aí sim eu seria feliz.». pois, não é bem isso, até porque depois logo viria uma catrefada de pessoas passarem-me a mão aqui na moleirinha dizendo-me que isto do dinheiro não traz felicidade e coiso.


o que eu quero dizer é que tenho a certeza que com a tal «batelada de carcanhol» algumas das infelicidades que eu tenho agora, meus meninos, desapareciam cá com uma pinta que nem voz digo nada!


e dava um jeitaço que desaparecessem, neste precisíssimo momento!


(então não!)

... mas da moldura não sou eu quem lhe sorri...



ninguém sabe mas ficam a saber que eu canto o detalhes no duche, na versão da gal com o erasmo, imaginando-me com 72 anos, num palco de las vegas, a gingar com aquele gesto de quem está a apertar botão de segurança lá de dentro do jaquetão acetinado verde-água, com uma farta cabeleira aos caracóis e óculos escuros, a fazer boquinhas do alto da ribalta para as turistas velhotas da primeira fila de cabelos ripado e crayon berrante.

segunda-feira, março 22, 2010

pedalão!

a única música dos últimos 15 anos que poderia ter sido editada em 1979.... sei lá, por exemplo, pelos skids, por exemplo.


máquina do tempo

o delay do sinal da minha tv cabo é tão longo que por vezes tenho a sensação que os meus vizinhos já andam a festejar os golos da nossa selecção lá na áfrica do sul.

domingo, março 21, 2010

grelaited fiche

há coisas que só acontecem quando somos crescidos. comer favas, acredito, é uma delas. tendo perfeita consciência disso e continuando a não gostar de favas, esta é a razão porque sei que ainda não cheguei à idade adulta. por essa razão, ainda, nunca ninguém soube em quem eu votei, voto ou votarei. ainda sou um chavalito!


sei, contudo, que o caminho anda a ser trilhado. há uns meses comi com uns amigos lampreia. ora se há prato que em piqueno (deixem-me escrever "pequeno" assim, deixam?) eu temia era essa coisa estranha que é a lampreia. nessa célebre (para mim, claro!) noite em que os acompanhei e lhes disse «ahhh, deixei lá, eu como um bitoque.» eles logo vieram com aquelas coisas do «deixa-te de merdas e medriquices... vais comer o que te colocarmos no prato.» comi, babei, repeti e ainda molhei com pãozinho.


há porém um prato que ultrapassa todas essas questões de crescimento. está à parte e acima disto tudo. e quando me refiro a crescimento falo também em como quando tínhamos 17 anos apenas havia dinheiro para bitoques nos jantares de aniversário - os "bifinhos ó xampi nhones" e as «pratadas de picanha ó alho» aconteceram, apenas, anos mais tarde - e não havia paladar para peixe. peixe, obviamente à excepção de linguados nas escadas de serviço de alguns prédios da avenida de roma e a jogar bate-pé, era coisa que não passava pela cabeça de nenhuma alma sã. assim, quando quero pensar num prato que resuma e classifique o supra-sumo da bomboca no que respeita a questões de menú, é imediata a associação ao peixinho-grelhado. não, não é ao bacalhau, não, não são as sardinhas, não, não é o peixinho da horta ou as pataniscas. é mesmo o peixe-grelhado.


é que não sei se é o meu prato favorito (caramba, há tantos «leitões» e «carabineiros» por aí...). sei é que poderia ficar a pensar em mariscadas no porto de santa maria e outras tentações da mesma classe. sim, poderia. mas a verdade é que uma refeição de peixe grelhado é outra ventarola. é diferente. é uma coisa que se me foi colando, principalmente nestes últimos.... sei lá, quatro anos - uma olimpíada, portanto! - duma forma quase discreta. não há refeição de peixe-espada que eu não faça que não termine com o pensamento «porra, tenho de passar a pedir sempre isto ao invés da espetada de lulas!»


hoje fui ter com uns amigos 

dei um molho de abraços que não consigo dar em muitos sítios e a muitas pessoas. gosto tanto...


a um simpósio gastronómico de sushi. todos sabemos que o sushi é o equivalente aos cruássãs dos anos oitenta. agora, todo o mundo gosta e acha chique o sushi. eu também gosto imenso de sushi. não consigo, é certo, achar que é chique e a minha querida maria da paz é testemunha disso (e eu testemunha também dela) já que o comemos uma vez assim, como quem come caracóis, encostados de ladecos no balcão da tasca (meu deus, que vergonha!...) . dizia eu que fui ter com uns amigos mas os da minha família comemos previamente em casa. é que estive a fazer uma sindicância com a minha mulher e não há rigorosamente nada no sushi que ela goste. temos pena, saímos já de barriga cheia e vamos lá, mais tarde, cravar-lhes duas colheradas da sobremesa, um chazinho e uma bica.


calhou de caminho hoje estar um sol do catano que entupiu a marginal com hordas de pessoas em movimentações heliotropistas até ao guincho. e um sol.... caneco! quando está sol, particularmente como o de hoje que ainda não tinha sentido, aqui nas partes ao léu dos bracinhos de mangas arregaçadas, um sol desta forma primaveril que me fez logo imaginar, duma forma mais profunda, apaixonante, concreta e sensorial, uma bela travessa (não confundir com a do poço dos negros) dum peixe-espada grelhadinho, ali com tomate, pimentos (que dão um arrotar de primeira!) e oregãos, regados... ah, não me vou pôr a exigir muito.... qualquer bjeca fresquinha serviria.


eu não sei se é do sol, não sei se é deste cheiro a mudança da hora que se avizinha, não sei se é deste espírito de férias da páscoa que já anda no ar.... eu sei é que volta e meia dá-me vontade de espreitar ali para a esplanada do nuno e ver se já por lá anda aquela movimentação de empregados de mesa, de travessa e galheteiros em punho como que a dizer: vem, meu menino, anda cá ao nosso peixinho.


hoje esteve sol e eu pude andar na rua em mangas de camisa sem ter frio. tive saudades de peixe. peixe grelhado, mais concretamente.


(e o que me lixa é que já andam a dizer que ainda não se sabe se o sol veio mesmo para ficar. e se assim for, nunca saberei quando é que haverá peixe fresquinho no assador.)
(temos pena)

calendas

fico a rir-me quando ouço o jesualdo (uns são professores, outros são senhores teinadores, outras há que são misteres e depois há os tonis desta vida. gosto tanto das pessoas com carteira de jornalista) e o meireles falarem em «troféus ainda por ganhar» e mais não sei o quê...


quando falam nessa coisa dos troféus referem-se propriamente a que época desportiva?

até ela se admira

- ó pai, é o teu clube que está a jogar?
- é.
- e está a ganhar?
- não?
- mas agora quando eu te pergunto se estás a ganhar dizes sempre que estás a perder?
- pois é filha, sabes....

recensões

invictus: eh!
hurt locker: estive a contar com a minha mulher e aquilo resume-se a 8 ou 9 cenas. fraquito.
blind side: típico das tardes da tvi mas é um tarde da tvi porreiro. e eu acho a sandra uma gaja gira, pronto.
up in the air: much ado about nothing. (ai vera, vera.... se tu soubesses....)
up: uma delícia, sem dúvida.
basterds: maravilha!


melhor filme que vi nos últimos meses: public enemies!

desejos

dar-me-ia imenso prazer se a minha filha nunca namorasse (ou coisas dessas) com alguém duma tuna. muito menos aqueles das pandeiretas que ficam lá à frente a imitar as demonstrações dos cavalos de alter do chão.

sexta-feira, março 19, 2010

sempre aquela mania de fazerem livros que ficam bem em estantes e mal nas mãos

os editores portugueses, a asae, a associação dos livreiros, o senhor barata, sei lá, essa gente toda, deveriam ter em mente o seguinte: nenhum livro deveria sair do prelo sem que antes pedissem a uma cobaia, de preferência fraquita, se conseguia sustentá-lo em condições, deitada numa cama e de lado!


se após 2 minutos já lhe doessem os pulsos, então parariam as máquinas e baixariam a gramagem do papel.


é que estou a ficar cheio de tendinites....

quinta-feira, março 18, 2010

eu também gostava de fazer um post sobre o tempo

à excepção da zona dos frios e dos frescos, já se consegue andar na boa no continente do shopping de cascais, apenas em mangas* de camisa.

* e durante boa parte do tempo, arregaçadas.

dentista

o melhor da ida ao dentista? 
aqueles 13 minutos que estamos a ler até chegar a menina que nos diz «senhor jaime, por favor.»


o pior da ida ao dentista?
«ai não aceitam visa?..... hummmm....»

quarta-feira, março 17, 2010

efeito dóri - versão 3.1.4

vou no carro, cruzo-me com um gajo que julgava ser uma certa pessoa, um amigo. enquanto estou a abrandar o carro a minha cabeça começa a imaginar o diálogo que terei assim que baixar o vidro da janela. à última hora reparo que é apensa uma pessoa parecida com o amigo em questão, boto duas abaixo e sigo à minha vida.


o pior é que o diálogo que tinha imaginado e não se chegou a concretizar pelas razões apontadas, foi o seguinte:


- olha o a. ....., estás bom, pá? quando chegaste?
(e eu tenho a certeza que ele me diria:) - chegaste? de onde?
- então, de inglaterra, não?
- não. quem está em inglaterra é a minha ex-mulher. eu continuo, como sempre, cá.
- pois....


(ó gonçalves, há lá na tua botica comprimidos para isto?) (mesmo que me digas que só lá vai com supositórios eu aguento a coisa.)

domingo, março 14, 2010

i saw you running through my dreams, a sun burst through a cloudy scene

é claro que eles não vão tocar o reformation. infelizmente, desconfio, a coisa irá andar ali pelos through the barricades e pela capital mundial do lorenin que é a true. mas noutros tempos, quando eram a minha banda favorita - e foram-no durante uns bons três ou quatro anos (o que para alguém com 15/16 anos, é muito ano) - este era o nosso símbolo, era a nossa jóia de música futurista.


continuo a aguardar um filmito de jeito sobre a música futurista.


shattered glass reflects elation reformation, reformation...
(ganda ventarola de frase, não me lixem!) 




e continuo a maravilhar-me como é que há pessoas que andaram pelos tribunais, fazem as pazes, voltam a gravar, metem-se na estrada... tudo bem, nada contra!

quinta-feira, março 11, 2010

crianças à força

gostaria que todos nós, crescidos, olhássemos para as crianças, pelo menos de vez em quando, com a memória pousada naquilo que fomos - e fazíamos - quando tínhamos a idade deles.

loucos de lisboa

contou-me um amigo:


... acredita, não vale a pena. os loucos não se chamam à razão.... é outra dimensão...

terça-feira, março 09, 2010

o melhor dos piores

quero aqui realçar a prestação do melhor jogador portista desta noite.

chama-se arshavin. e foi aquele moço que ali no minuto 34 deu-me a alegria de, com o galinheiro escancarado, mandar a bola sobre a barra.

(jogador de caralho para cima, não me lixem!)

violadores

segundo alguns jornais, ao que parece, o violador de telheiras - caramba, conheço tanta boa gaja que daria meio rim (um já é manifestamente um exagero) para se cruzar com o moço - foi localizado. segundo dizem era benfiquista e coleccionador de moedas.

e pronto, é isto, fica a nossa vida assim resumida pelos jornais: violador, benfiquista e numismata. 


é claro que a coisa ganha contornos dum melhor requinte jornalísticos se adicionarmos os inefáveis - ou talvez não -: bom rapaz, auxiliador de atravessamentos de passadeiras a velhinhos, tocador de tuba do exército de salvação, coisas assim, não é?

ora, associarmos o termo benfiquista a «violador» é algo que, confesso, não me deixa minimamente admirado. os portistas, como eu, devem andar a sentir aqui, estão a ver? assim, ao fundo da espinha, topam? o ardor que é a acção do benfiquismo, pelo menos desde, aí... ora, deixa cá ver, desde novembro, dezembro.... por aí.... assim sendo, nada há mais a acrescentar, basta olhar para um reinaldo (já não é do vosso tempo, caramba!), um tomás taveira - um ilustre benfiquista -, as rabadilhas que, certamente, o barbas serve lá no restaurante..... por aí fora. não há mais nada a dizer.

bom, vou agora assumir algumas considerações que podem tornar-me, digamos, um infiel. mas que se lixe. 


eu andei, durante uns anos valentes (vá, foram só uns 4 ou 6!) a vender na feira da ladra. passei, claro, muitos mais a servir-me dela - da feira, note-se! - como consumidor assiduo. (mas sem ser pontual). recordo-me que tentávamos ir no primeiro 30 que chegava a sapadores já bem perto das 6h30. depois, seguíamos a butes pela rua da graça e tal... bebíamos uma ginginha, armados em homens, mesmo defronte do antigo cinema royal (do mestre norte júnior) e lá descíamos a calçada para vendermos qualquer coisa que servisse para comprar um ou dois disquitos, quem sabe o even in the quietest moments ou até uma planta lisboeta (lembras-te, sócio?) ali de 1903 ou 1904.

a verdade é que assim que nos víamos com algum dinheiro, não resistíamos e subíamos até ao largo da graça, comprávamos o expresso, pegávamos na revista - ainda na altura do vicente j silva - líamos a crónica do mec e voltávamos a descer, em direcção à banca dos postais, para comprarmos um ou dois, daqueles com a placa do areeiro ainda com os eléctricos e tal.

recordo-me que nessa altura, algum dos que por ali andavam, coleccionavam moedas. lembro-me bem do olhar que nos lançavam esses dessa tribo das moedas... ahh, não me lixem, agora que o correio da manha (assim, sem til nem nada) refere que o violador era numismata, fez-se luz. aquele olhar... a forma como perscrutavam as micas com aqueles exemplares daqueles marcelinos prateados.... hummm, nunca me enganaram.... andavam a ver se me comiam, era o que era!

ainda andava a minha mãe preocupada com as minhas companhias. caraças, sei-o agora, o mal da sociedade vem dos benfiquistas e dos numismatas.

quais pedófilos qual carapuça. temam, pelo amor da santa os numismatas! de hoje em diante, meu deus, quando passar por um, a primeira coisa que faço é uma persignação e cá vai alho, fugir para bem longe!

eu já tinha avisado que sou péssimo nisto dos blogs e do facebook e mais o caralho...

lá em casa:

- sabes quem é a mg?
- deixa-me cá ver... é uma personagem das donas de casa desesperadas ou da anatomia ou isso?...
- não é uma gaja dum blog. e segue o teu.
- ahhhhh....

sexta-feira, março 05, 2010

fany

algum dia teria que chegar. chegou hoje. finalmente posso usufruir do facto de ser o maior tosco nacional em relação ao que se passa no facebook e em relação ao que se passa nos blogs.


e isto é bom por quê? porque, lá está, quando nos entram messenger dentro a falar na guerra da kitty fany ou lá o que é, ficamos de olhos abertos porque julgamos sempre, ser o nome de uma das gajas que havia em tempos, num primeiro andar ali da conde de redondo (nem perguntem!).  

afinal não é fany, é outra coisa que não me lembro. e afinal, é apenas uma moça que escreve nos blogs e isso. 

ao que parece anda às turras com outra(s) moças que também escrevem. ou se calhar não, são as outras moças é que andam às turras com elas. pois, não sei, eu sou moço de 35 visitas diárias, sou da ralé. a mim, só me oferecem copinhos de iogurte com um baraço, não tenho direito a essas coisas dos telemóveis e isso.


é a vida! nada que o pulido valente e o senhor sousa tavares não tenham já feito. porém, devo dizer que o jornal público e o gambrinus são locais mais elevados que o 24 horas ou... ou uma merda assim, não?


gostava que alguém se metesse comigo para também trocarmos uns puxões de cabelos aqui pelos blogs. mas, claro, se e apenas se, depois isto aparecesse no destak. desculpem, no destak, não, na dica da semana. ai meu deus o que eu flipava se aparecesse na dica da semana «pitx é acusado pelo tolinha baixa de já ter abafado a palhinha a três marujos nos wc do cais do sodré». «pitx, defende-se, informando que a vontade dele era ter comido 4 magalas na serra da carregueira, mas em tempo de quaresma só come peixe e que por essa razão afiambrou-se mesmo aos marujos que andavam ali pelo cais do sodré»....


eu queria mesmo é que a moça se chamasse fany. foda-se, não me lixem, que saudades.... ai os tetos da fany....

quinta-feira, março 04, 2010

bullying? não, filhos da puting!

um miúdo com 12 anos, cansou-se de todas as merdas que os colegas lhe andavam a fazer na escola e fora dela, despiu as suas roupas junto ao tua e, aparentemente, mergulhou e desapareceu.


12 anos.


com 12 anos eu estava feliz da vida porque o piquet tinha dado a boca ao reutmann, ao laffite e, principalmente, ao estupor do jones!


repito, 12 anos!


trepito, houve uns gajos, que moeram tanto, mas tanto a alma de outro gajo que este não aguentou, desligou o quadro e mandou-se à água desesperado.


12 anos.


pronto, é isto!

21/03 a 20/04

a coisa já de si não começou bem: ahhhh ruço de má pelo. pois é desta maneira com que os louros são agraciados à nascença.


se fazemos alguma coisa de bem ninguém liga, se fazemos a habitual e previsível criancice, pronto, logo vem a alusão à coloração capilar. muito antes das anedotas das louras, muito antes das anedotas dos carecas vêm as piadas aos rufias louros: ahhhh, ruço de má pelo que a sabes toda...

é que se distinguem ao longe, cabecinha amarela = ruço de má pelo!



quando não é pela cor capilar é pelo nome que os compadres dos meus pais escolheram: pedro. e pronto, poderia ser rogério, poderia ser virgílio, poderia ser ernesto, mas não, logo exigiram que fosse pedro. e por isso, sendo pedro... lá está, se fizeres algo de bom, ninguém dá por nada...


rezam as crónicas que eu sou pedro por causa do pedro infante. agora claro já ninguém sabe quem é o pedro infante mas há quarenta anos... bom, há quarenta anos, se calhar, também só os meus pais sabiam. mas convenhamos, o que é que preferiam? terem o vosso nome escolhido por causa de um boneco, de um actor medíocre ou de um aclamado cantante mexicano?


... agora se, seja lá quais forem as tuas intenções, o resultado for desatroso, logo vem a frase «é pedro e basta!». e pronto, lá fica um gajo marcado. e lá vão duas. se não é por ser ruço logo terá que ser por ser pedro.


e agora, quer se dizer, ora... agora, é por ser carneiro. julgo já ter aqui contado do que se passou na minha primeira saída com a minha mulher:


- e que signo és?
- ..... como?
(ó porra, lavei os dentes, trouxe pastilhas, mudei as meias ao fim da tarde.... mas com esta não tinha contado)
- sim, signo?
- é importante?
- ....
(pelos vistos é. e agora que digo? a gaja é do ésse quê pê, quem sabe se eu disser leão a coisa passe... hum... talvez não, elas topam logo a coisa... e não tarda nada estou, na certa, de bê i em punho a mostrar-lhe a data em que a minha mãe ficou mais leve lá na alfredo da costa, nahhh, não há-de ser grave....)
- sou carneiro. (isto, claro, apesar de tudo, das reflexões profundas e tal.... muito dito a medo)
- ó foda-se! mas só me saem carneiros?????? - dizendo isto, quase em voz alta, ao mesmo tempo que abria muito as mãos, largando instintivamente o isqueiro e o maço de ventil com que, no momento, brincava enquanto me inquiria.
(tem uma relevância superior o facto de se perceber a léuguas que a minha mulher não diz uma puta duma asneira, note-se!)


dizia... pois, agora de todos os signos - e ainda são uma dúzia, reparem -, de todos os que há logo me tinha que me sair carneiro.


ora, eu estou, francamente, cagando e andando para a merda dos signos. aquilo diz-me tanto quanto as reportagens da benfica tv ou os namorados da elsa raposo. não ligo, não quero saber, não me importo e sinto-me francamente desconfortável quando desatam com aquela coisa do ascendente ou do intendente ou do «enfia aqui pinóquio e agora mente». não me interessa, nada!

mas lá está, não nos podemos afastar disso, atenção. temos mesmo que admitir a coisa e mantermo nos ali, fimes e hirtos.


era hábito perguntarem nos inquéritos se já fumámos brocas. daqui a nada perguntam-nos se já tivémos alguma relação homosexual e, qualquer dia, é isto mesmo, perguntam-nos se já mentimos em relação ao nosso signo.

e, claro, com as gajas isto é demasiado importante: és carneiro, pronto, acabou-se o caldinho: carneiro? ui, tens mau feitio, vá de retro....


ora eu que me estou marimbando para quem faz ou não faz gravatas nas mortalhas de chamon (ainda há pintores à venda? e quanto é que custa aquela quantidade de chamon que antigamente se comprava por um pintor?); não quero saber se há ou não paneleiros no mundo, não me interessa, não quero saber, não me diz nada, não me aquecem nem arrefecem. infelizmente nem posso usar aquela frase muito bonita que é «ah, eu tenho uns amigos maricas, mas atenção, portam-se muito bem.... não estão lá com aquelas coisas .... ali à frente das pessoas...»» mas esperavam o quê? que desatassem a abafar apalhinha enquanto os amigos punham açucar no café? e mesmo assim, o importante é podermos dizer num grupo de amigos, a fim de podermos justificar a nossa veia tolerante, a frase salvo-conduto «eu tenho um casal de amigos paneleiros e eles....».  lá está, é como dizer: eu cresci no meio dos pretos e sempre me dei bem com eles.... ou então um também clássico: eu brincava com os ciganos... confesso, caguei, se tenho não me interessa saber: não sei como fodem, se fodem ou se se deixam foder. já lá vai para mais de dez anos a última vez em que estive no mesmo compartimento em que outros casais fornicavam - nem perguntem, porquê nem como! - e, por isso, contemporaneamente falando, estou-me marimbando com quem e de que forma este ou aquela fornicam. caguei! já o ser caneiro.... ui, isso já pia fininho.


vejam o louçã.... sempre ali a defender a despenalização das drogas leves... vejam até o nosso primeiro, ali, na vanguarda do casamento dos maricas e tal... pergunto: e dos carneiros? sim, quantos de vós já se preocuparam com o que nós, homens (sim que as carneiras, essas, têm com certeza o melhor feitio do mundo., naahh, somos mesmo nós), carneiros, sentem quando o gajedo nos olha de lado por termos nascido nesta altura do ano. 


e notem, conheci alguns apessoados, gente de peitaça aberta, cinturinha ainda rija e tal, carão bonito, queixo de ferro, porém.... carneiros, isso mesmo. sim, o feitio e tal...


já alguém se pôs a pensar que também nós exigimos uma lei que nos permita juntar os trapinhos? eu, por exemplo, não sou casado. e porquê? não é preciso ir muito longe: sou trabalhador; penteio-me, uso um linic do cristiano ronaldo que aquilo é uma beleza (não estão a ver bem a coisa, desde que comprei aquilo.... ui, estou  bonito, pá!); faço as minhas abluções várias vezes ao dia, porém.... lá está, sou carneiro! isso, o mau feitio e tal....


«os gajos são assim» e ao mesmo tempo fecham o punho deixando o indicador direito, assim em gancho, sabem? ah pois é. mau feitio. foge dessa gente, meu filho.... 

carneiros? ui!


(e se dissermos «não sei, nunca pensei nisso dos signos». não pega, pois não? pois...)

quarta-feira, março 03, 2010

vácuo

"...Fonte do hospital de Cascais contactada pelo Económico avançou que "houve uma ruptura da canalização da zona das consultas externas, que levou à evacuação dos utentes, tendo sido desmarcadas as consultas"..."

ora isto veio escrito no site económico.

haverá por aí alguém que conheça por lá algum jornalista e que os avise que os utentes não se evacuam? 

contudo, houve certamente alguém que "já evacuou" a gramática e o léxico português da cabecinha dos senhores jornalistas.

coisa maravilhosa!

e não se podem extinguir?

eu julgo que pior que ouvir os adultos a conversar com os bebés (ou mesmo com crianças já mais crescidas), com aquela musicalidade e léxico do gu-gu-dá-dá é a calma, a ponderação e aquele ar de pedagogia com que tentam ensinar os adultos a fazer seja lá o que for, desde as indicações para se ir da abóboda a negrais ou de como se deve endossar um cheque.


- olha... sabes... então tu deves efectuar o teu caminho... compreendes?

m.p.

a minha filha tem uma colega de escola que é uma delícia. a somar a isso está o facto de os pais serem também uns porreiros. ele, por exemplo, meu amigo há uns 30 anos.

calha de caminho que são uns educadores de primeira apanha.

é sempre muito bom termos alguém por perto que eduque melhor que nós. não para que saibamos que só fazemos merda. não, nada disso. mas para que, pronto, saibamos que o caminho é por ali.

já não é a primeira vez que a minha filha vai até casa deles e fica por lá: um almoço, um lanche, uma dormida....

hoje, a minha filha acordou, vá, não digo bem disposta, mas pronto, não estava com os azeites. lembrou-se então que hoje seria dia de imitar a m.p.. oh, meu deus, que maravilha. sabem aquela sensação que temos quando estamos ao pé duma gaja boa... quando ficamos ali, naquela, sem saber o que fazer com as mãos? pois, foi assim que eu me senti. ela fazia tudo, arrumava tudo, lava-se completamente sozinha, vestia-se como a m.p. se vestia... e eu, ali, sem coisas para fazer...

é tão giro ver pais que controlam isto com tanto cachet. que maravilha. e nós pronto, lá vamos tentando fazer igual, uns dias com mais sucesso que outros e tal... assim, como quem corrige a caligrafia nos cadernos de duas linhas.

ó fernanda, vem cá por favor, olha que o menino ficou em 14º. e agora, que vai ser de nós?

a culpa é certamente minha. eu não me dou conta que realmente há coisas que só com a idade é que damos por elas. não não me refiro às lesões nos joelhos e ao facto de já fazermos o mesmo barulho quando nos levantamos «ahhhhrrrrhhh» e quando nos sentamos «ahhhrshhhh». falo de coisas que dizem respeito à idade que cada um tem. se quando tínhamos 17anos era normal termos amigos que eram paquetes, aos 30 já é mais vulgar ter amigos já casados. e agora, aos 40, já tenho, por exemplo, muitos amigos carecas e amigas com ancas, assim, como o elton john.


eu, por exemplo, agora tenho que me maçar com a educação da minha filha. se, há uns 5 anos andava, com a minha mulher, a ver prateleiras das fraldas, agora, felizmente, já nem me lembro de quando ela as largou. mais cedo que eu, felizmente.


a escola da minha filha deve ser uma das minhas preocupações mas, confesso, não faço daquilo bicho de sete cabeças. cum raio, a miúda tem 5 anos, nem o aparelho digestivo ainda deu. nem sequer sabe que existe uma coisa chamada prova real ou outra chamada hectómetro.


há dias estive numa reunião lá na escola dela. a coisa era tão simples como, passo a explicar: dizer que decidiram efectuar umas coisitas para integrar a criançada na próxima fase da vida delas que é o ensino primário. ora, da mesma forma que agora tem que se explicar tudo, tudo, tudo, mesmo que ninguém perceba rigorosamente nada,


tentem lá perceber o que querem dizer, por exemplo, os médicos desportivos quando estão a falar em tibiotársicos ou fronto-posterior...


tentem lá perceber o que querem dizer as pessoas da televisão quando falam em arguidos, vara, cível, recurso, primeira instância...


... também ali, uma coisa que eu teria feito em 20, 25 minutos no máximo, às tantas demorou mais que hora e meia. seca, digo eu!


mas lá está, se calhar sou eu que não percebo ou sou um puto infantilóide que acha que, nalgumas coisas, se gastam demasiadas horas desnecessariamente, como por exemplo, em pôr os pais ao corrente de certas coisas que lá sucede na escola.


reparem que eu não estou contra as tais situações de integração (para evitar - coitadinhos dos meninos que se vão desfazer em pó - que quando cheguem ao primeiro dia de aulas não apanhem um choque stressante - ai meu deus, coitadinhos....) da canalhada. tudo bem, eles até estão é a divertir-se enquanto aprendem... na boa, sério. eu não tenho é que apanhar com um relato o mais exaustivo possível do que lá foi feito.


mas lá está, do outro lado, do nosso lado, do lado dos pais, dos que estão nas cadeirinhas a assistir ao que os professores estão a contar, há sempre a tal pressão em relação à educaçãozinha do menino.


e isto, meus amigos, tem que começar de pequenino. logo de criança tem que se incutir-lhes o espírito de competição, porque mais tarde, quando forem para o mercado de trabalho, só se safa quem estiver preparado.


o caralhinho!!!!!!!!!!!


eu sei, o mal é meu, tenho plena consciência disto. sou eu que sou mesmo assim e não consigo lidar com estas questões pedagógicas.


eu não estou a querer dizer que o espírito deva ser: deixá-los brincar que ainda são crianças. credo, longe (tudo bem nem tanto) disso. mas não consigo entender porque raio, aos 7 anos, devem os alunos ser premiados pela sua notoriedade escolar? agora imaginem mais cedo?


repito o que disse há tempos, eu tenho a certeza que a maior parte dos pais não está preparado para o que lhes espera. (reparem que eu não estou a dizer que eu estou. longe, muito longe disso.) mas estou rodeado, não só na educação mas em tudo. à minha volta estou cansado de ouvir falar em: ter uma melhor casa, ter um melhor carro, ir de férias para mais longe, ir para uma escola mais cara, ter actividades atl com mais cartonância.... se o huguinho anda no karaté, coloquemos a zezinho na equitação. se na equitação já anda o paulinho (já não há paulinhos, pois não?), caramba, arranjemos algo que ninguém tenha.


estou farto, confesso.

ora o contrário disto que eu estou a dizer, não é que eles tenham uma ardósia em vez do magalhães ou o bagaço e a pancada em vez da pedagogia do sec. xxi. caramba, não é nada disso.

pergunto, estarão os pais preparados para que os vossos filhos, mesmo pagando 120 contos por mês de propinas numa escolinha fina qualquer, sejam, sei lá, os 14ºs lá da turma. não, não falo do 2º ou do 3º. também não falo do 5º, falo mesmo em serem o 14º. como é que é? o catraio chega a casa e diz ao pai «este trimestre fiquei em 14º. tive notas porreiras mas fiquei em 14º» e depois? ficam-se? sentem-se satisfeitos? depende do grau de escolaridade? pois é certo. mas então e no liceu (ou escola secundária ou agrupamento ou lá o que aquilo se chama agora)? e o que devemos fazer quando aparecem aqueles pais a dizer que os filhos são espertíssimos, inteligentíssimos, dotadíssimos....? encolhemos os ombros?

segunda-feira, março 01, 2010

estás a rir-te para mim, estás?

são as pessoas que fazem as empresas. esta frase que deveria ser paliciana, infelizmente, nos dias actuais, há um cada vez maior número de pessoas que tentam provar que não é bem assim. eu acho que o é.


um clube, porém, nem sempre é feito pelos seus adeptos. nalguns casos, infelizmente, digo eu.


ali no natal do ano passado, há coisa de dois mesitos, morreu um irmão da minha mãe. para quem percebe desta coisas dos relacionamentos, facilmente depreende que era meu tio. 

era um tio especial. aliás, não era um tio especial, era uma pessoa especial. o facto de ter emigrado muito cedo, fez com que apenas o tivesse conhecido, sei lá, se calhar quando eu já tinha mais de 10 anos, p'raí, praí.


recordo como se fosse hoje esse dia. a chegada do aeroporto, a alegria por rever as suas irmãs, os seus cunhados, a alegria, principalmente, a alegria.


pessoas há que me apontam como tendo herdado alguma coisa dele. pois, não tenho a veleidade de admitir isso. tenho porém a certeza que já o tentei imitar aqui ou ali, infelizmente, sem o "sucesso" expectável.


uma das coisas que o caracterizava era o facto de ser uma pessoa de «histórias». ora, uma pessoa com histórias tem sempre salvaguardada a eternidade. (ok, pronto, uma eternidade de uma ou duas dúzias de anos). mas é admirável a quantidade de pessoas que ele «tocou» e que acrescentam ao «és sobrinho dele?» um  «sabes, vou contar-te uma coisa que se passou com ele....» e isso, parecendo que não, é um dos meus sais da vida. o meu tio era desses.


no dia 25 de maio de 1946, há mais de sessenta anos, ele, juntamente com o seu amigo luís rodrigues, pegaram nuns cobertores que surriparam de suas casas e meteram-se à estrada desde a aldeia de vila nova do ceira, onde moravam, a caminho de coimbra. a ideia, era irem ver o seu sporting, na tarde do dia seguinte, jogar contra a académica.


quem conhece a zona sabe que, mesmo no verão eu, que nem sou dos mais friorentos, durmo de ederdon sobre belo do lençol. gostava que imaginassem, pois, o que significava para estes dois mancebos, meterem-se à estrada - são cerca de 35 quilómetros, ok? - durante a noite, um barbeiro do caneco, para irem à bola.


gostava ainda que entendessem que nos anos quarenta não havia esta coisa da televisão e coisa e tal. o jornal a bola, na certa, não seria leitura habitual, e por isso, os jogadores de futebol seria, com certeza, uns heróis sobrenaturais, para este dois jovens.


rezam as crónicas que já tinham andado um bom bocado, estavam completamente derrotados, quando, já na estrada da beira, viram a placa de indicava «coimbra - 25 quilómetros». eh pá.... o instinto é matreiro e a tentação foi regressarem para a caminha. mas a dedicação ao clube era uma força maior e por isso continuaram.


sabe-se que chegaram a coimbra pelas 6 da manhã pois foi a essa hora que tocou a alvorada do quartel de santa clara. 


completamente estafados, ainda tiveram que atravessar a cidade até ao loreto, local onde se ia realizar o jogo. quando lá chegaram, encontraram dois conterrâneos, estudantes de direito, que ao saberem da façanha dos dois rapazes, não só os meteram lá dentro à borlú como ainda lhes deram uns carcanhóis para regressarem de comboio*. 


recordo ainda com saudade dois ou três acontecimentos relacionados com esse jogo que o meu tio relatava com emoção: o facto de o bentes ter metido três ao grande azevedo, a alegria de ter podido festejar cinco golos do seu sporting, um deles do seu albano e, já um pouco à margem deste jogo, a forma como o meu tio enunciava a equipa belenense que venceu nesse ano o campeonato: capela, vasco, feliciano e serafim; mário gomes, quaresma, rafael...


tenho a certeza que hoje, deve estar lá em cima, feliz da vida - mas crítico, como sempre - de copo de cuca fresquinha na mão a mandar abaixo uns canecos em honra do seu leão.


estás, não está?


* há versões que indicam que os bilhetes para a viagem de regresso foram conseguidos pelo pecúlio conseguido na venda dos cobertores. eu não sei qual é a versão verdadeira. nestes casos, quando o mito tem mais piada que a verdade, lutemos pelo mito. para mim, venderam os cobertores e mainada!

da adega

oh meu deus, ergui agora a tromba e descobri que afinal tenho dois - dois, foda-se! - livros que sei que irei gostar (sou tão preconceituoso, caramba!) ali na prateleira da adega.


têm que ficar para o verão.

millennium bcp

eu não sei se aquilo do stieg larsson é bom ou é mau. eu sei é que ando com pena que os dois manuscritos (e se foram escritos no pc, também são manuscritos. ou deveremos chamar-lhes pontadosdedosescritos?) que a namorada do gajo refundiu lá em casa, ainda não estejam publicados.


e este facto deve ser sintomático de alguma coisa, não é?

cavalry