toca o meu telefone. olho para o visor e leio o nome da minha irmã: - então miúda, o que é que precisas? - não é a mãe, sou eu, o diogo. - grande sobrinho e afilhado. como é que é? andas fino? - ando. estou a telefonar porque já sei as notas. - então? - ó! passei! - boa, catano. - quantas negas? - três. - e com três negas dá para passar? - não percebo mesmo nada do ensino actual. - dá. dá se não tivermos nega a português e matemática. - ah, ok. e tiveste negas a quê? - a evt, a matemática e a outra que já não me lembro. - então tiveste nega a matemática e passaste? - sim, só se tivesse nega a português e a matemática é que chumbava. - pronto ok.
- olha lá, eu sei que recuperaste um porradão de negas, não foi? - sim, tive sete, na páscoa. - sete!!!!!!!!!!!!!!???????????? dasse!!!!! - e no natal tinha tido nove. - foda-se!!!!! não acredito, nove??????? - sim. - tens a certeza que quando começaste a contar as negas não contaste também algumas doutro aluno. - não. tive mesmo nove. - mas tiveste alguma positiva? - acho que não. não me lembro.
... desde a primária que tenho dois defeitos tremendos a escrever tenho mais, mas estes dois fornicam-me com mais afinco o juízo escrevo com pouco sumo e não releio o que escrevo.
sou descuidado, escrevo com o coração, não escrevo com a cabeça e a minha escrita é esquelética.
as redacções na primária resumiam-se sempre a três frases. se era sobre a árvore a coisa sairia: a árvore a árvore é castanha no tronco e verde nas folhas. a árvore é bonita. eu gosto das árvores.
se fosse sobre o dia do pai: pai o meu pai chama-se diniz o meu pai é meu amigo. eu gosto dele porque ele é útil*
ora com os meus posts sucede o mesmo. por vezes gostava de fazer coisas mais supimpas mas nunca sai aquilo que eu quero. o cabrão do texto foge-nos para sítios recônditos e parece que as palavras não querem ir para onde nós gostávamos que fossem. o texto da colónia, por exemplo, eu não queria fazer nada daquilo. eu queria uma coisa com níbel e tal. uma coisa que gostasse de ler. que principalmente eu gostasse de ler. mas não consigo.
é habitual emendar textos ou acrescentar coisas, dois dias, um mês, vários meses depois da sua publicação. quando volto a ler as minhas coisinhas - sim, ás vezes acontece -, encontro frases que não fazem nexo, palavras mal enquadradas, pensamentos mal explicados. e então mudo aquilo tudo!
depois tem os erros de português. dou erros atrás de erros. como escrevo muito depressa e não releio os textos antes de os publicar, dou erros parvos e também erros inteligentes.
erros parvos porque às vezes escrevo "ouve uma vez" quando estou careca de saber que o verbo haver se escreve com agá e que só se "ouve uma vez" quando a coisa não é ouvida duas ou mais vezes.
erros parvos porque às vezes escrevo vez e sei que queria escrever vês.
erros parvos porque eu sei que comboio e porra não têm acento.
erros parvos porque sei muito bem que ansioso vem de ansia, não vem de cioso e por isso não se escreve ancioso.
e erros inteligentes. chamo-lhes erros inteligentes porque não tenho inteligência sequer para me aperceber que o são. para esses, tenho felizmente alguém, alguns são anónimos - benditos anónimos! que nunca vos doam as mãos quando me quiserem corrigir os erros de português, ok? - outros nem por isso, que têm a paciência de me enviar mails, colocar commnts ou entrar messenger dentro desafiando-me: vamos corrigir os teus erros ou quê?
já agora. este é daqueles posts que eu não irei corrigir. muito menos reler. fica assim, pronto!
por causa destes posts da colónia de férias lembrei-me duma coisa que se ouvia muito por lá: ministars, onda-choc e queijinhos fresco. sim, não queiram saber a quantidade de vezes que eu cantei - sem esforço nem comichão nenhuma - ohhhh, ooohhh, tu vais p'rá tropa pá, ohhhh, ohhhh, tu vais p'rá tropa, pá!
ou mesmo, se tu gostas daquelas cantigas que dão nos tops e no clips da tv se ainda não sabes cantar em inglês então canta em português
somos jovens somos tantos vimos cantar para vocês e o lema do nosso grupo é cantar em português
bom, mas não é por isso que eu trago aqui esse tema. lembrei-me destas bandas porque havia uma delas que tinha uma adaptação do what's up das four non blondes.
a letra era sobre um rapaz que era o picha d'aço lá da escola e tinha as miúdas todas pelo beicinho. a letra rezava assim:
Há um rapaz que anda lá na escola Que por ser lindo e tocar viola É o ídolo das raparigas Passam-lhe desenhos a tinta-da-china Trazem-lhe bolos da cantina Ele leva-as com duas cantigas.
Fazem-lhe os trabalhos de casa Deixam-no copiar Se ele chega tarde vão falar À stora pra não marcar falta Dão-lhe prendas do bom e do melhor que há Perfumes caros vejam lá Se isto não é de enfurecer o resto da malta
Ele é o rei lá do liceu Mas eu cansei Pode ser rei mas não o meu
A Maria que vai pra Psicologia Disse-me outro dia A sua opinião Que por traz da raiva ao tal rapaz Eu tenho por ele Uma grande paixão
Não estou de acordo Sempre fui sempre serei Contra os caprichos desse rei Não sou do género de encostar a cabecinha Alguém como ele se comigo quisesse namorar Para se redimir para se curar Tinha de tratar-me como uma rainha
ora bem, um gajo ter as tipas a trazerem-lhe bolos da cantina, não há dúvida que é uma coisa bestial; um gajo que tem as miúdas sempre prontas para lhe fazerem os trabalhos de casa, convenhamos, é algo também sempre a ter em conta; conseguir que as gajas sejam um fortíssimo lobby, sempre ali a pressionar as storas para não nos marcarem faltas quando um gajo se atrasa, parece-me também aprazível. agora meus amigos, antigos colegas lá do rainha, gente da área de artes, pessoal que sabe o que é um tira-linhas e que conhece muito bem as vicissitudes de andar sempre com os dedos cagados de preto, ter pessoas a passarem-nos os desenhos a tinta da china, ainda por cima gajas que sempre tiveram mais jeitinho para isso que nós rapazolas, meus amigos, acreditem piamente: o gajo era mesmo o rei!
juro, esse verso nessa música ficou-me para sempre na memória.
agora há autocads e, imagine-se, impressoras a laser. agora há até pendrives e tudo. na altura não havia nada disso. havia paciência e gente com pincéis pequeninos.
meus caros, acreditem, bom bom, não é um tipo ter a fama - ou o proveito - de ter tido as gajas todas da escola. bom bom é mesmo um tipo ter tido gajas que nos tivessem passado os trabalhos a tinta da china!
do atelier de culinária; do toni da sua guitarra e da nossa cumplicidade; dos blues do pedro bengala; dos morgados; da minha sandra; do nuno garcia e das suas histórias da rádio; do paulo poiares e dos seus tiques e maneirismos; do bezegol fumado sabe-se lá onde; do rui monteiro que me disse que havia uma banda engraçada chamada eagles; do tó albuquerque; do jaime garcia que decidiu que pasaria o resto da vida a organizar coisas, desde passagens de ano a concentrações de motards de góis; do celso que foi mais tarde atl como eu e que calhava de caminho ser o meu mano preto que nunca tive; do paulo silva e da sua enooooorme maçã de adão; dos fogos de campo; dos jogos de pista; do cancioneiro; do blues à desgarrada - "quero-te loira, quero-te tanto, vem cá ó loura, acalm'ó meu pranto!" -; das passagens de ano; do alcides monteiro, senhor doutor da serra da estrela e o maior craque de ping-pong do mundo; do roberto sambé que era filho dum rei africano; da mizé que era bidalouca; do tattoo you dos stones; do don't need a gun do billy idol; do coming around again da carly simon....
bolas, são tantos nomes, tantas coisas, tantas crianças que nos marcam para vida: o marujo que gostava de adormecer com música do aldo nova; o manel que tinha cinco anos e jogava damas a esgalhar o pessegueiro; o toscano que tinha ar de intelectual; a mariana que era a minha menina - meu deus, a minha menina já deve ter 30 anos, ainda queres casar comigo? -; a carla que apesar de ter 12 anos já fumava um maço de tabaco por dia e logo sg gigante; a glória que tinha pinta de peixeira desengonçada e que era um doce; o toninho que achava que era maricas porque a sua mãe o educou a ser assim e que a meio da colónia soltou a franga, perdeu o medo de cobras ou de atravessar a ponte do linteiro - ou indiana jones como era conhecida - e começou a descobrir que afinal gostava de apalpar miúdas; são tantos, tantos, tantos, caneco!
recordo-me como se fosse hoje: eu estava a passar férias na terra da minha mãe e a minha vizinha sara estava numa coisa chamada "colónia de férias". fui visitá-la lá à tal colónia da upaje, um antigo hospital para tuberculosos. ela estava a preparar um turno que iria começar dali a dias. estava rodeada por papéis cenário, tintas, canas, coisas dessas.
adorei aquele ambiente, adorei aquele antigo hospital, adorei a camaradagem entre os monitores. eu tinha de fazer parte daquilo.
durante o ano que se seguiu tentei participar, sem sucesso - e sem cheta -, num curso de monitores que fosse ministrado pela associação. mais tarde vi oportunidade de trabalhar num atl ao mesmo tempo que decorriam os turnos das colónia de férias. inscrevi-me, fui aceite e fui então saber em pormenor do que se tratava. não era bem estar com as crianças - o meu supremo objectivo - mas, juntamente com mais atl's (era o nome escolhido para designar as pessoas que iriam trabalhar ao abrigo dos acordos das actividades de tempos livres), fazer pequenos consertos e arrumações no velho edifício. fiquei desde logo alcunhado de magnífico. não de uma forma elogiosa, mas porque teriam de ser autênticos "magníficos" os voluntários que fariam o trabalho de sapa. tranquilo, mergulhei de cabeça na coisa. eu tinha era de estar lá dentro.
o encontro ficou marcado para as 7 da matina, ali na praça de espanha, em frente ao antigo teatro aberto.
antigamente marcavam-se muitos encontros em frente ao teatro aberto
minutos depois surgiu mais pessoal, depois uns pais com umas crianças e minutos depois, a camionete estava já a rolar em direcção a vila nova do ceira. estava no meio de 50 crianças e de cerca de uma dezena de monitores. estava ali, estava feliz, estávamos todos no mesmo barco.
nas primeiras noites ainda dormi em minha casa. duas ou três dormidas depois, não resisti ao convite e passei a dormir numa camarata com o resto da miudagem. aos poucos passei a acumular os tais trabalhos de magnífico - nem queiram saber: muitos toalheiros, crivos para duche, tomadas eléctricas eu montei, cadeiras partidas consertei, salas cheias de entulho eu limpei. porra! - com o trabalho de monitor de apoio - assim uma espécie de faz tudo, desde transportar comida para os acampamentos, até montar cenários para os serões, passando pelas fogueiras para os fogos de campo.
dias mais tarde ouvi a "ordem" que mais esperava: - olha, a luísa está-se a passar com os miúdos. são crianças de 6/7 anos. aquilo está complicado. tu és menino para ficar a monitorizar o grupo dela? - claro que sou!
e fui. e nunca me senti tão feliz a realizar um trabalho remunerado.
esse turno terminou. eu voltei para lisboa mas dias depois estava de volta. estava a acontecer outro turno. lá chegado avisei a directora da colónia, a lena, acho eu: estou aqui na terra em casa dos meus pais, quero vir para aqui ajudar, precisas de mim?
ela precisava e eu fiquei.
no final desse turno nova coisa boa. a directora (mizé?) do terceiro turno que por lá estava a preparar as coisas, veio ter comigo e disse-me: - magnífico, estou à nora. tenho um monitor em falta para o terceiro turno. não consigo arranjar nada. tu és gajo para ficar com o grupo dos mais novos? - se é esse o teu problema, posso então anunciar-te que ele acabou neste instante.
e eu nunca conseguirei descrever aqui, tudo o que de bom aquela colónia fez à minha vida. se eu gosto de crianças duma forma desmesurada, devo-o àqueles dias. se eu me pelo por um cumbíbio com o pessoal, fui seguramente acicatado naqueles tempos de monitor.
os anos passaram, eu continuei a visitar a colónia. era balsâmico estar com aquele pessoal. nunca mais fui monitor, mas fui magnífico para o resto da vida: - ó pedro, ajudas a malta a montar a aparelhagem aqui para a festa do asterix? - ó pedro, queres vir cá logo à noite para ajudar no fogo de campo? - ó pedro, amanhã vamos ter um jogo de pista com umas canoas, és cabrão suficiente para te recusares a ajudar a malta? - ó pedro estás cá de férias? olha então caguei para as tuas férias. hoje dormes cá porque tenho uma monitora doente. ficas com o grupo dela dois dias. ...
nunca fui escuteiro. quem foi sabe que quando se o é, é-se para toda a vida. eu também sinto o mesmo. quando se é monitor de colónia de férias uma vez, é-se monitor para o resto da vida. é isso que eu sinto.
porque há coisas que ficam entranhadas na pele e não saem mais: as canções que cantávamos, as cervejas que bebíamos, as miúdas que beijámos, os amigos que ficaram para a vida, as receitas de bailey's que aprendemos a fazer.... bolas tanta, tanta coisa.
se eu tivesse de escolher algo que tivesse mudado radicalmente a minha vida, não pensaria duas vezes, nem hesitaria. escolheria seguramente a colónia de férias. o nascimento da minha filha não mudou a minha vida, eu já me sentia "pai", já me sentia chamado a ser "pai" há muitos anos. desde o momento em que fiz a colónia de férias.
a tal manhã em que estive pontualmente junto ao teatro aberto lá na praça de espanha, aconteceu no dia 1 de julho de 1987. eu usava meias brancas e tinha óculos escuros à elvis costello.
esta noite estarei assim, a vaguear, com aquele ar de quem anda a pagar promessas, sob um tecto duma grande superfície comercial
ai como eu gosto de dizer "grande superfície comercial. reparem, nem é pequena nem é média, é grande. e não é industrial, é mesmo comercial. ui, adoro!
que maravilha. como eu gosto daquilo. assim, muita gente e tal. as mulheres que nos pisam, os miúdos que deitam garrafas ao chão, os homens que combinam encontros encostados às paletes de louça:
- então, ainda te falta muito? - quer dizer, ela disse que eram só meia dúzia de pratos. mas parece que além da loiça já leva para ali mais não sei o quê. agora está de volta das molduras... - olha, parece que a minha está a mudar de secção. - vai lá, vai. boa sorte, então.
por isso se me virem por lá, dêem-me uma palmadinha nas costas, façam-me uma festinha na nuca e digam-me uma palavra bonita. porque meus amigos, para ali, só mesmo por amor.
- qual de vocês (monty, coast quiet*, heldinho, neves ou postman), é que vai pagar a próxima rodada?
quê? nem uma lágrimazinha? não há um pingo de saudade? cabrões!
(ó neves, vê lá se vês o teu amigo, o coxo, pá.) (está alguém a cantar em silêncio, assim, para dentro: "partia-t'essa c#n* tod'olé, olé. partia-t'essa c#on£ tod'olé, olé....) (heldinho, já podes, baixar a mão) (* e não é que me estava a esquecer de ti? porra, como é que me fui esquecer do meu mano pijama)
a última coisa que eu esperava encontrar hoje, em frente ao meu local de trabalho, era um casal de turistas. velhotes, mapa na mão, vinham seguramente da estação dos combóios e embicaram para o lado errado.
chegam-se à minha beira e perguntam-me uma coisa estranha. ou melhor, não sei se era estranha mas parecia-me ser em lingua francesa. eu quero acreditar que o senhor me perguntou se a praia era para estes lados. eu, prudente até ao tutano, defendi-me retorquindo: - tás m'a dar baile, não? pelos vistos não estava.
riram-se muito. ambos.
lá apontaram para o pedaço azul no mapa. como quis acreditar que não queriam ir para o bugio ou para as berlengas, lá lhes apontei o caminho para a praia da poça. agradeceram a ajuda e a velhota deu-me um bacalhau. não tinham sandálias e não usavam meias. acabei por gostar deles.
odeio a língua francesa. odeio porque não a conheço. nunca tive na escola. não gosto da sua sonoridade. não sou capaz de dizer muitas coisas em francês. sei contar se for de seguida. salteado já não sei. se me perguntarem como se diz seis, tenho de contar de um até seis e mesmo assim, tenho a certeza que pronunciarei mal a palavra. acho que a única coisa francesa que digo com agrado é, talvez, jacques laffite. e sinto na espinha um mal estar permanente, quando ouço as palavras: platini, giresse, prost, pironi, tigana, batts, rocheteau, stopyra, battiston, tambay, arnoux, etc. vocês percebem isto, não percebem?
um dia a minha mulher levou-me a paris para me exorcizar esta malapata que tenho com a frança em geral - quem assitiu aqueles 3-2 de 1984, em marselha sabe do que estou a falar. tudo bem, limpei um bocadinho a alma. quem é que não limpa depois de passar 3 horas na gare d'orsay? quem é que não acha piada aquelas coisas que o garnier desenhou para as pessoas irem ouvir cantar ópera, quem é que não fica feliz depois de estar uns minutos sentado num sofá, dentro duma casa le corbusier? ninguém né?
ainda assim, a língua arrepia-me.
em paris, na casa onde dormia, falava-se português, mas isso não vale. na rua, era a minha mulher que sempre falava. no espaço duma semana, nunca estive tanto tempo calado: - ó môor, diz aí ao gajo para me trazer água. - olha, diz à senhora que isto precisa de sal. - pede lá a conta aos senhores. - não te chibes aos gajos que roubei este livro. etc..
é por isso que no meio daqueles milhões de pessoas que falavam francês, é no meio daquele inferno que ali, nas redondezas do hôtel de ville, mais coisa menos coisa dadonde o doisneau captou o chocho do casalinho, estou a entrar numa pastelaria e dou passagem a um chavalo: - passa, companheiro, passa! - oi? - oi? - ocês são dji portugau? - claro! - qui maravilha. muito prazer. - como é que te chamas? - carlito.
nem queiram saber a alegria que me deu ouvir aquele português dos trópicos no meio daquele frio parisiense. inté fiquei com vontade de lhe dar um abraço. e dei!
eu não percebo: não há um único dia em que não apareça uma notícia com um geota, um quercus, um verde ou uma dessas coisas a reclamar que devemos reciclar o papel, as latas, os plásticos, o jantar de ontem e até a namorada da escola primária.
mas não os vejo revoltados contra os quilómetros de etiquetas utilizados pela indústria de confecções.
entrem numa zara qualquer, peguem numas cuecas, nuns slips ou num polo. e agora vejam bem a quantidade de tecido gasto em etiquetas.
gaita, pá! até os cintos têm etiquetas de pano, porra!
os leões contrataram um chavalo russo. parece que o cachopo chegou ontem à portela.
hoje um jornal desportivo noticia que o rapaz já conseguia dizer três expressões portuguesas: bom dia, obrigado e sporting.
sporting? repito, sporting? não estão a ver bem a coisa? eu vou só dizer outra vez: sporting? é que percorro todos os dicionários que tenho à mão e não encontro lá o raio da palavra. será que se escreve sportem?
estou confuso. ajudem-me lá. isto aqui é que país? será que estamos no allgarve?
quando viemos do jantar a miúda já estava a dormir. do restaurante trouxemos um bacorozito em barro, já sem a famosa sobremesa que lhe povoava o lombo.
hoje de manhã, enquanto estava na cama, naqueles intermináveis minutos de ronha, deixei-lhe o bonequito e disse-lhe: olha este porquito que te trouxe para brincares. queres? vê lá que é de barro, não partas essa gaita, pá.
em vez de me dizer o habitual: "sáiiiiiiiiiii, paiiiiiiii. sai daquiiiiiiiiiiiiiiiiiii!", ficou a olhar para aquilo, sorriu e fez, óinc, óinc, óinc (ela na realidade imitou mesmo um porco. só que eu não sei onomatopeiar a coisa.).
depois, já eu estava a fazer as minhas abluções, confidenciou à mãe: este meu pai é muita maluco, pá!
... para as pessoas que têm muitos filhos e ficam admiradas com a nossa admiração; olha, peço desculpa. não digo mais nada. ... para as pessoas sem filhos que se acham os melhores pais do mundo; queres trocar, assim, por uns 7 dias? ... para as pessoas com muitos, poucos ou nenhuns filhos e que me continuam a moer o juízo com frases do género: "e não vais ao segundo?", "e que tal um mano para a beatriz?". porra, larguem-me a braguilha, caneco!
o bic laranja teve a infelicidade de assitir comigo a um péssimo concerto dos grandes gun, no dia 10 de junho de 1990. já lá vão 17 anos.
vinham promover o éle pê taking on the world e o ponto alto foi mesmo quando tocaram o better days. eu, na altura, confesso, não gostei muito. muito, muito, gostei foi do word up que vinha no swagger de 1994.
aos despois desse concerto dos gun, tocaram uns outros senhores, mais velhotes. nessa altura o pessoal animou um bocadinho.
não sei se é muito importante mas entre o midnight rambler e o you can't always get what you want fomos dar uma mijinha valente.
uma vez um amigo perguntou-me porque raio tinha eu um blog. respondi-lhe que não fazia puto de ideia mas que deveria estar mais coisa menos coisa ligado com o facto de ter ali a hipótese de mandar umas larachas sem me chatear muito com a coisa.
ele, que tem a sabedoria dos velhos, sentenciou muito rapidamente: é mas é o caralho! tens um blog mas é para te armares em bom!
pelo que li agora, ele é bem menino para ter razão.
é isso, daqui a pouco mais de vinte e quatro horas, estarei a comer a minha sopinha e duas sandochas de ovo para ganhar lastro para a quantidade de cervejas que depois serão ingeridas a ver os gajos.
devia lá haver minis à venda!
nos últimos vinte dias, acompanhei diariamente, os concertos desta european tour. sim, repito diariamente. há cerca de um mês, em bruxelas, eles estiveram uma semana a ensaiar esta parte da tournée. foram 75 canções escolhidas dentre as várias centenas que tinham à escolha. e claro, nessa altura arrepiei-me um bocado com a possibilidade de ouvir em alvalade o waiting on a friend, o worried about you, o undercover, she was hot, sei lá, o live with me e até o far away eyes (esta então...).
as set lists dos últimos concertos logo deram para perceber que há um núcleo de 11 canções que eles têm vindo a tocar sempre: o start me up a abrir, o rough justice deste último disco, o i'll go crazy do james brown, o tumbling dice que arrasará com o estádio, o i wanna hold you do muito subestimado éle pê undercover, e depois as obrigatórias it's only rock and roll, satisfaction, honky tonk women, sympathy for the devil, brown sugar e jumping jack flash.
ora bem, é nas outras, nas que eles vão variando que residem as minhas secretas esperanças: tem aparecido o let's spend the night together e não me parece nada mal; o all down the line também tocaram três vezes - atenção que este é o oitavo concerto desta parte da coisa - o you got the silver é praticamente certo, o mesmo se passa com o it's all over now.
assim sendo, por exclusão de partes e porque como um dia me disse a karla em relação aos depeche mode, era bem pior se eles não viesses, resta-me a esperança que eles toquem o ain't too proud to beg e o sweet virginia. o que vier a mais, meus amigos, será lucro.
este vai ser um concerto bem especial, se o primeiro foi pela novidade, o segundo foi pela categoria da set list, o terceiro para ver como a máquina rola, este quarto vai ser mesmo para curtir. na boa, nas calmas, sem stress. de copo na mão - ai que saudades de quando eu fumava.
o timing da intervenção do jorge é perfeito: terminaram as emissões dos gatos, o contra nunca me fez rir, os malucos do riso faziam-me chorar e, uma vez, dei por mim a bater na minha filha pelo efeito que os batanetes faziam em mim.
desculpem-me mas esta troca de palavras entre o pinto da costa e o vieira é sublime. porra, faz-me rir.
imaginem dois amigos gaita, todos nós temos ou tivemos amigos. mas amigos daqueles "à séria" - como eu adoro dizer "à séria", bic. gosto muito mais do que dizer privados, pá - daqueles com quem partilhávamos a gina quando batíamos sarapitolas, dos que nos acompanhavam na chinchada, dos que nos segredavam "a alexandra dá uns gandas linguados. é de confiança. juro!". gente que alinhava nas mais belas malandrices. o jorge nuno e o luis filipe eram desse tipo de amigos. eram dois manuéis que andavam por aí também na chinchada da vida. estão a imaginar? pronto, agora imaginem que eles se zangam. continuam-me a seguir? conseguem pensar a quantidade de merdíces que um sabe do outro? e estão a imaginar o que lhes vai na alma? "ai se ele conta isto, eu conto aquilo." e assim sucessivamente. um mimo.
aqueles dois quando falam só me fazem rir. mas rir muito. o luis filipe tem um problema. não, não é a bigodaça. é mesmo o facto de não ter uns argumentistas tão bons como o presidente portista. a sério, fora de brincadeiras. eu metia os gatos fedorento a escrever umas respostas ao pinto da costa. até porque o presidente portista leva mais anos desta gaita do resposta/contra-resposta. e consegue cuspir-se ao mesmo tempo que fala. o que digamos, é muito difícil. ora tentem lá. começam-se a babar, não é? pois, eu bem que avisava.
eu não me conformo com a disparidade de oportunidades que foram dadas a estes amigos. é que o joão pestana teve uma projecção meteórica. quando bocejamos, não há ninguém que não diga: olha, já chegou o joão pestana!
agora, porque raio não foram dadas as mesmas oportunidades ao manuel esfrega e ao chico escuro?
terá o nome manuel esfrega uma conotação onanista? será por isso? ok, aceito. mas e então o chico escuro? vão-me dizer que tem a ver com o chico menstrual, vão?
mas nem sempre o demonstro, é certo. não tenho o cachet que este manuel tem em demonstrar isso (já tive, já tive. mas fiquei irremediavelmente perturbado no dia em que roubámos dum alfarrabista - ok, confesso, ele só assistiu - um livro do século dezoito, com subsídios para o entendimento da divina comédia ou doutra coisa dantesca qualquer convencido que era uma coisa sobre lisboa. serviu-me de emenda para a vida.) mas a verdade é que amo a minha cidade.
mas tenho com ela uma relação lixada. já tive melhor. é mais ou menos como quando se vai às putas. quando as vemos de noite, estão ali, enxutas e tal. durante o dia, com o raio desta luz branca que só por aqui existe, notam-se mais as suas deformações. por isso, agora que sou crescidinho, morador nos arrabaldes, tento deslocar-me até lá quando fica de noite. é melhor. é menos doloroso.
não sei se a catrefada de pessoas que querem ser presidentes da minha câmara, amam ou não a minha terra, para mim isso é cagativo. mas percebe-se que têm a mania que sabem tratar dos dói-dóis que a devastam.
estranho é que gastem tanto tempo em campanhas e pré-campanhas a mostrar que são bons limpadores de graffitis ou a conduzir táxis ou a reunir com artistas (há alguém que me consiga explicar para que serve um mandatário para a juventude?), sei lá, a fazerem coisas que outras pessoas podem fazer por eles. um gajo que passa meia hora a dar à mangueira, tentando sacer um desenho dum zé tolas duma parede fica a saber o quê? e sensibiliza-nos para o quê? para comprarmos pistolas de água? não entendo, juro que não entendo.
se a câmara, como dizem, está sem um tusto, não era melhor andar em campanha a dizer: eu sei pôr o carcanhol da câmara em condições, eles são bons em conduzir táxis e reunir com as associações de cegos e da polícia. pronto, é simples. isso, para mim, é que era música para os meus ouvidos. não tarda nada ainda os vemos a dar cacholadas na praia de xabregas ou até mesmo em pedrouços.
Nota: o costa vai ser o próximo presidente de câmara. deus lhe dê bons fins porque princípios não os vejo ter. vamos ver, vamos ver...
a patrícia cheia de dês - uma miúda toda curtida e que tem a infelicidade de aturar de vez em quando os meus comentários -, lembrou-se de fazer um post bestial (desses que ela sabe muito bem fazer) sobre as diferenças entre as avós paternas e as avós maternas.
em conversa com uma outra chavalita, uma gaja cuja identidade está protegida ao abrigo daqueles programas de imunidade de testemunhas judiciais, aprofundei o tema e fiquei ainda mais transtornado do que quando li o referido post.
das duas três: ou eu percebi o que estava escrito no blog mas não concordo com os termos que utilizou, ou afinal ela queria mesmo dizer aquilo que escarrapachou, ou então ainda, eu sou mesmo ingénuo e pensava que o raio das mulheres eram mais ajuízadas que os homens (ou o contrário, ou o contrário...).
a saber: - eu aceito, tolero e acho óbvio que as mães tenham mais confiança, intimidade, sei lá, traquejo também, com a avó materna do que com a avó paterna. tudo bem. mas isso não é pelo facto de a avó materna ter virtudes ou qualidades cuja avó paterna não possui. eu acho - se é que li bem - é que isso sucede pelo facto de a referida senhora - atrás designada por avó materna - ser a mãe da mãe da criança. ou seja, ser avó materna não é melhor do que ser avó paterna. julgo que não é aí que está a diferença. a diferença está em que uma é mãe dela e a outra é a sogra. e, obviamente - em noventa e tal por cento dos casos - temos mais intimidade com uma mãe do que com uma sogra. por isso me faz impressão a referência, no tal post, ao nome "avó materna" e "avó paterna". devia lá estar, para não suscitar dúvidas "mãe" e "sogra". mas isto digo eu, note-se.
- ainda assim, segundo a amiga com quem conversei, ela confessa que tem menos problemas, sente-se menos desconfortável em "entregar" os filhos à mãe que à sogra. a patrícia até refere que a sua mãe é uma avó especial. e isso, desculpem, eu acho incomportável. mas pronto, não há nada a fazer. justifica ela (a tal minha amiga), atenuando a informação, que os homens são mais descomplicados que as mulheres nestas coisas. coisa que eu volto a discordar. como se tivessemos um condão especial nesta questão. deixem-me rir! cada vez mais acho que a descomplicação, na maior parte das questões da maternidade, tem origem no lado feminino da coisa. e já dei para o peditório: mãe é mãe e nós mulheres é que sabemos.
- quanto a esta questão, eu estou-me realmente marimbando qual é a opinião das outras pessoas. julgo que o mesmo também sucede com o resto das pessoas. para mim, é apenas importante saber a minha opinião. mesmo a opinião da minha mulher é secundária. a partir do momento em que ela teve a lata de querer ter uma filha comigo, está mais que avalizada para ter as ideias que lhe apetecer. não parece mas isto era um elogio.
- ainda assim, aflige-me pensar que as mulheres mães, sentem mais conforto em deixar os seus filhos com as suas mães (ou pais) do que com os seus sogros. porra, eu acho isto uma coisa muito má. a não ser, claro, que haja razões que a razão desconhece. agora se a coisa é avaliada apenas pela tal confiança que se tem na pessoa, isso eu acho, digamos, disgusting.
- eu quero que a minha sogra saiba - não sabe porque é esperta e não anda para aqui a ler estas coisas - que eu lhe deixo a minha filha com toda a calma e com a generosa cumplicidade com que a entrego à minha mãe. sem problemas e bem consciente do que estou a fazer. até estou rodeado por famílias "modernaças" e por isso tenho vários sogros e várias sogras. estou à vontade. a minha bitola é medida pelo amor que têm à minha mulher. os que têm amor (amor, espírito de responsabilidade, carinho, etc) para com a filha, têm concerteza para com a neta. é simples.
hoje no cabeleireiro, para mais uma tosquia, repara ela: - as tuas melenas brancas, parecem nuances? - ????? - a sério. - então, de hoje em diante, "são nuances"!
buáááááá, eu quero voltar a ser loirooooooooooo! eu quero ser pequeninoooooooo!
...vi finalmente, duma ponta à outra o blade runner.
mano, julgo que a minha opinião fica à partida escangalhada por não ter visto o filme nos anos 80. realmente, aqueles cenários, aquele ambiente, tudo aquilo que, lá está, em 1982 era muito à frente.
agora, já não acho tanto. mas não é mau filme. é bom, muito bom. e até acho que a banda sonora fica ali a matar.
(por falar em bandas sonoras "electrónicas": não gosto nada das músicas do chariots of fire no chariots os fire e muito menos a do sacraface no scarface.)
agora, meus amigos, há três coisas que me dão vontade de dizer quando vejo as imagens do blade runner: 1) não se importam de acender a luz, por favor? 2) é preciso haver assim tanta chuva? (julgo que pior que este filme só o seven) 3) alguém tem a morada da sean young?
neste momento são dez e picos da noite, no vh1 rocks apresenta-se o come on.
meu deus, que coisa mais boa. reparem só nesta letra o mais rock and roll possivel:
"I don't go looking for trouble, It's always coming my way, But, I've been looking for you, And like the summer sun, you welcome my day.
So come on, come on, And give your man some rock 'n' roll, And get yourself some sweet rock 'n' roll."
ou seja: vá, vem cá minha garina, e dá aqui ao teu rapaz algum rock and roll.
maravilha: coverdale a comandar a peça; moody numa das guitarras; o marsden na outra; o murray no baixo (e que baixo) e na bateria e nos teclados não consigo ver muito bem quem é. mas julgo que nesta altura ainda não eram o ian paice e o jon lord. (o dowle, talvez?) pois, confesso que não sei.
mas sei que estive com alguns destes sons no dia 29 de setembro de, ora bem, deixa cá ver, de 2005 acho eu. (ó pinto, que concerto do catano.)
coisa mais boa etse som. tenho de ir ao dois. isto não se pode adiar muito mais. tenho de ir, tenho de ir!
fã que é fã tem de ter a sua vida intimamente ligada aos rolling stones: - no dia 24 de de Fevereiro de 1963 os stones davam em richmond, no crawdaddy club o seu primeiro concerto. - 35 anos depois, no dia 12 de março, nesse mesmíssimo local, pedi namoro a uma miúda giríssima e com pinta de bifa.
- ela, parva, aceitou!
...well i used to love her, but it's all over now!
o meu primeiro concerto dos stones foi, obviamente, em 1990. antes desse concerto tentei beber tudo e mais alguma coisa sobre os concertos dos stones das outras pessoas. sim, para nós é mais ou menos como ir a uma qualquer celebração religiosa. no dia sete de setembro de 1973, no wembley arena - ainda denominado wembley empire pool - os rolling stones davam finalmente um concerto em londres. estiveram arredados dos grandes - e julgo, também, pequenos - concertos na sua capital londrina.
algures em 1990, antes do "meu" concerto, conheci um rapaz chamado rui - pronto, digamos, um homem. como eu costumo dizer um gajo do 12º ano* - que esteve presente nesse mesmo concerto. eu recordo-me de o ouvir, fascinadíssimo, no final de jantar numa casa de praia, vestido com um fato de banho ranhosíssimo e uma t-shirt que tinha um enorme buraco na ilharga, a contar coisas desse concerto. ele na altura vivia em londres e recordava-se também que no verão de 1970 tinha conhecido um amigo no algarve cujo primo afastado tinha estado em woodstock. relembra ele que esse amigo passou a ter um enorme "valor de mercado" - todos queriam obviamente ser amigos do rapaz, apenas porque um primo afastado tinha visto o hendrix a tocar o star spangled banner nos arredores de nova iorque.
eu naquela noite estava ali babadíssimo e atónito e a ouvir aquelas histórias. sim porque para mim, poder assistir aos rolling stones era uma coisa impensável. reparem o seguinte, os stones com esta digressão, será a quinta vez que vêem a portugal. aquando da primeira vez, em 1990, já os stones tinham mais de 25 anos de carreira. os mettalica, por exemplo, já tocaram em portugal, se a memória não me atraiçoa, mais de 10 vezes. a rapaziada mais nova não tem noção do que é esperar anos e anos pelo concerto das "suas" bandas. vejam assim: há alguma banda que tenha surgido nestes últimos, vá lá, dez, quinze anos, ou melhor, pronto, desde o dia 11 de setembro de 1991, data do lançamento do nevermind, que ainda não tenha vindo a portugal? eu sinceramente, acho que não. lucky you, pessoal.
adiante, estava o rui a contar que nessa noite, assistiu a toda uma encenação que rodeou o regresso dos stones a londres. sim estou a falar do tal concerto de 1973. nessa noite, contava ele, momentos antes do concerto, andava pelas bancadas um gajo vestido unicamente com um kilt e que volta e meia se virava para o público, levantava a vestimenta e mostrava o seu "meio-quilo". ora, a polícia, indignada, andava a subir e a descer degraus perseguindo o senhor. o público estava ao rubro com aquilo e participava escondendo-o das autoridades policiais. portanto, a polícia procurava num sítio e nessa mesma altura lá surgia o gajo, do outro lado das bancadas a mostrar novamente o seu margalho para o resto do pessoal. e lá ia a polícia novamente atrás do tipo. hilariante.
contou também que o pessoal estava doido de morrer com esse concerto, alguns deles, digamos, bastante "excitados". ele lembra-se de ver uma gaja, munida por uns potentes binóculos para localizar e melhor visualizar o abanar de ancas do jagger e que, contava o rui: "com uma mão segurava os binóculos e com a outra, digamos, não estava propriamente a dizer adeus."
estavam alguns adultos na sala, estavam também uns adolescentes e há uma pessoa, que não compreendendo a piada, pergunta: - ó pá, então o gajo estava a fazer o quê? ó pá, contem-me lá, contem!!!!**
* para mim, os grandes, as pessoas que eu queria ser quando fosse crescido, eram os do 12º. quando entrei para o rainha, alguns dos meus heróis eram os gajos e as gajas que andavam no 12º ano. quer fosse o rodrigo leão - que estranhamente tinha uma calma e uma paciência incrível para a criançada lá do 7º ano - quer fosse o jorge p. que pôs a minha amiga nucha louca por ele porque o rapaz usava botas madeirenses e lenços ao pescoço. assim à lá streetkids quando cantavam o propaganda.
** está descansada, minha querida. eu sei que tu lês isto. era incapaz de te denunciar.
a coisa aconteceu há uns bons 15/16 anos. eu tinha terminado um namoro com ela há uns poucos meses. já tinha passado aquele período parvo em que dizemos mal dela e que ela diz mal de mim, já andávamos naquela de dizer bem um do outro só por dizer. lembrou-se então a rapariga de me convidar para irmos beber um caneco ao bairro alto. ui, pensei cá para comigo, tonight's the night, yehhh, yehhhh, yehhhh!
estou eu em casa quando batem à porta os meus dois amiguinhos de então: - c-a-r-a-l-h-o! cheira aqui a putas, porra! pá, entornaste o perfume? - não, vou sair com a ana. - com quem? não vais nada. era o que mais faltava. - vou vou, vamos mamar uns canecos e tal... - uma ova, tu estás a ver é se ainda lhe consegues dar uns beijos e uns amassos. - também. - então não vais. - ó pá, deixem-se de merdas. - ela vem-te cá buscar? - iá, vem! - então a gente vai convosco! vamos-te abardinar a naite! tá feito! vamos-te abardinar a noite, nha nha nha nha!
e assim lá fomos: eu e ela à frente e eles atrás: - ó ana, a gente só veio para te proteger. o gajo disse que te queria comer outra vez. - ai que parvos, deixem-se disso. - não acreditas? então pergunta-lhe.
estava assim o ambiente quando às tantas, já em procissão pelas capelinhas, passamos por uma tasca com uns guitarristas e uns fadistas populares. a rodinha do costume: há um que se chega à frente, pede licença, pronuncia as habituais palavras "sem desprimor pelos presentes, eu quero dedicar este faduncho a uma pessoa que já não está presente..." e cá vai alho!
ora a ana, além de ser um valente borracho, tinha vozeirão. chegou-se à frente e disse que queria cantar. mas o núcleo duro da casa de pasto não mostrava intenções de a deixar cantar. paneleirices digo eu. dor de corno, rezam as crónicas: - ó pá, deixem-me lá cantar. - mas a menina quer cantar o quê? - sei lá, um qualquer. o mouraria, por exemplo. - mas porque carga de água é que a menina quer cantar um fado? - olhem, porque os meus amigos fazem hoje anos e eu queria presenteá-los com este fado. - e qual deles é que faz anos? - fazem todos, fazem os três! é só por isso é que eu quero cantar.
e pronto, apesar de ninguém ter acreditado na coisa, lá a deixaram cantar, não sem antes ter havido um pequeno azedume por parte dum dos guitarristas que interrompeu a cantiga logo após o "aiiiiiii, moouoooouuuouurariiii......" inicial, abanando a cabeça para um lado e para o outro com um ar negativo: - pára tudo! - maaaau! diz o outro guitarrista. silêncio na sala. - então não se vê que a miúda deve ser acompanhada em ré? - é em dó, pá. dó! retorquia o guitarrista, enquanto molhava os beiços no seu traçadinho. - é ré! - mau! - vamos seguir em ré, que é como eu digo.
seguiu em ré. terminou com palmas e uns discretos falsos parabéns para mim e para os meus companheiros.
é então que surge aquele que para mim foi o momento da noite. um velhote, baixinho, com um definitivos ao canto da boca, mão esquerda no bolso das calças, avisa a assistência que o próximo fado era dedicado à menina fadista que tinha terminado a sua actuação. segreda umas palavras aos guitarristas e arranca decidido com uma sentida versão do recado a lisboa do villaret.
conta a lenda que em meados dos anos cinquenta, numa noite de são joão, estava o villaret em digressão pelo rio de janeiro, quando uma saudade, daquelas que só nós, lisboetas, podemos sentir, se alapou no seu peito e, num ápice, decide escrever este poema.
e eu que sempre me lembro de gostar muuuuuito deste fado, adorei de morte aquela performance. foi uma coisa em grande, até porque o velhote baixinho, quando chegava a altura de cantar "vai dizer adeus à graça", virava-se para a porta e, acenando, dizia adeus para a rua. no "vai por mim beijar a estrela", dava um beijinho na palma da mão e mandava-o para a assistência. um mimo.
eu que até nem gosto muito do joão braga, tenho de admitir que é cantado por ele que a coisa resulta melhor. de caras.
é o meu fado favorito, sobre a minha cidade favorita.
lisboa, querida mãezinha com o teu xaile traçado recebe esta carta minha que te leva o meu recado
que deus te ajude lisboa a cumprir esta mensagem de um português que está longe e que anda sempre em viagem
vai dizer adeus à graça que é tão bela, que é tão boa vai por mim beijar a estrela e abraçar a madragoa
e mesmo que esteja frio e os barcos fiquem no rio parados sem navegar passa por mim no rossio e leva-lhe o meu olhar
se for noite de s. joão lá pelas ruas de alfama acendo o meu coração no fogo da tua chama
depois levo-o pela cidade num vaso de manjerico para matar a saudade desta saudade em que fico
este video tem o som dessincronizado da imagem e a fadista e engana-se lá numa parte ou outra. mas não isso não interessa nada.
ah, é verdade, é óbvio que nessa noite não houve beijos para ninguém. houve noutras.
tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado! é a vida!
se há coisa que os anos oitenta (e muitos setenta também) tiveram e que os noventa viram morrer, era uma catrefada de bares de música ao vivo (ou não) com banquinhos baixos.
ou será que eram as mesas que eram altíssimas?
ora bem, vamos lá a ver se eu me consigo explicar. eu gostava dos bares de música ao vivo. eu gostava dos bares, mesmo que só tocassem música gravada (assim, cassetes, estão a ver?). eu não me importava que esses bares servissem pipocas ou salgadinhos rançosos.
pensando bem, recordo-me que era sempre uma merda quando a noite corria bem e a nossa companhia, no meio dos meles - já ninguém diz meles, pois não? - nos dizia: acabei de tirar uma casquinha dum grão de milho dum dos teus molares. não te estava a fazer impressão? estava lá entravincalhada, não era?
eu também gostava dos bares com banquinhos aveludados, assim com uns 50 cms. de altura. o que eu odiava era quando as mesas dos bares eram daquelas à altura do nosso joelho. ui o que eu odiava isso.
os anos noventa trouxeram coisas piores, foram do oito ao oitenta. passaram dos bancos à altura do joelho, para aqueles altíssimos que quase nos chegavam à altura das mamas. havia um bar no bairro alto onde eu, quando me sentava, ficava cheio de vertigens. também se calhar era do álcool. pode ter sucedido isso, é verdade.
depois, sentados nos tais banquinhos baixinhos ficávamos, assim, meios marrecos e tal. uma merda, uma merda.
nunca me dei também muito bem com aquelas latinhas com pedaços de arroz cru, para fazer tsh-tsh-tsh acompanhando o ritmo do músico. músico esse que não era capaz de terminar a noite sem incluir no seu repertório uma destas três músicas: o gracias à la vida da elis, o trem das onze da gal ou o don't play that song do calentano.
havia um bar - ora bem, aquilo não era bem um bar, era um.... vamos lá ver, era um sítio, pronto - ali para os lados do quelhas que tinha coisas que eu gostava muito: chouriço assado, caldo verde e baratas. chamava-se (chama-se?) mufla e era bestial. que maravilha.
já lá vão uns anos valentes. julgo que ainda o frequentei com meia branca. pois, isso já não tenho a certeza. mas que me viram lá entrar de sapatos lotusse preto e calças de ganga, ai isso foi certinho. é a vida. um gajo mete-se em modas e depois dá nisto.
hoje, no telefonia do carro, ouvi uma música que tocava... ora deixem-me fazer aqui umas contas.... humm... sim, todos as noites em que eu lá fui, ouvi o frampton comes alive. era certinho comó destino, terminava o disco do frampton e começava o just one night do clapton e depois voltavam a repetir o frampton. como eram dois discos bestiais, ambos duplos, nunca ninguém se chateou com a coisa. acho que até nem as baratas se preocupavam.
hoje ouvi o do you feel like we do e aquilo é uma coisa maravilhosa. tem aquela cena de ele por aquela mangueirinha na boca - como o sambora também faz - fazendo aquela voz metálica: doooo youuu feeeel likeeee weeee doooo?
este clip só tem cinco minutos e tal. a versão do disco tem mais de dez. em 1998, na expo, tive oportunidade de o ouvir tocar. maravilha. já não se fazem guitarristas destes.
estás louca, pá? mas tu achas que eu tenho um même para passar para a posteridade? é que tenho lido aqui e ali sobre os tais mêmes que têm andado a ser transmitidos e reparo que não tenho assim muito para passar.
posso pensar mais um bocadinho? posso?
ora deixa cá ver? humm.... só ser for.... humm, talvez não... deixa lá dar outra vista de olhos nos mêmes que por aí há.
pronto cá vai, para a posteridade. o meu même é o seguinte:
"já que isto ainda não é a frança, já que estamos em portugal, devo recordar-vos que a palavra meme não se deve escrever com acento circunflexo. ou melhor, nem circunflexo nem agudo, nem grave, nem til, nem nada. nem sequer é acentuada."
dei-lhe 10 páginas de estado de graça - à 8ª já eu estava a ver que a graça estava mesmo a acabar.
desisti. pela primeira vez na vida, desisti de continuar, só por continuar, um livro do lobo antunes.
como li há uns tempos, bom bom é o lobo antunes do meio. o resto é como a margem sul, é paisagem, é deserto*.
* pronto. vamos lá acalmar os ânimos: o início também é interessante e as crónicas são um caso à parte. agora do não entres tão depressa em diante, meus amigos, para esse peditório eu já dei. quem sabe daquei a uns anos. fica lá guardado, pronto!
lembram-se duma coisa parva e inconsequente que escrevi aqui?
acerca daquela gaita do melhor biógrafo que já conheci e mais o camandro?
eh pá, não desfazendo o raio do ruy castro, meus amigos, a inês fonseca santos lembrou-se de fazer um livro contando a história, quase "biográfica" dos 13 primeiros anos das produções fictícas. ora bem, como é que eu hei-de por isto em letras. tentem ver assim: são quase duas da manhã, vocês pegam num livro, daqueles que já compraram há uns meses e decidem então ler umas duas ou três páginas para ajudar a adormecer. estão a ver a coisa, não estão?
quando dão por ela, passaram não sei quantos quartos de hora (era assim que eu ontem - já hoje - dizia para comigo: só mais um quarto de hora, pronto, é que é só mesmo mais um) e reparam que leram quase 100 páginas duma assentada.
oh que coisa tão bem escrita!
senhora dona inês, os meus sinceros parabéns. nunca vi uma coisa assim, aparentemente, para quem está de fora, não muito interessante, tão bem contada.
apaixonei-me por esta música há coisa de dois anos. já a conhecia, não é? mas há músicas que andam assim pela nossa vida e que às tantas, pimba, agarram-se à nossa memória ram e parece que não saem mais.
agora descobri uma versão apaixonante pela elis regina. que ouço, ouço, ouço, ouço... um show. uma daquelas coisas, daquelas voltas que só ela conseguia dar.
há falta de melhor, fica aqui o original. linda de morrer.
ok, tentem ver isto sem chorar. pronto, para os mais empedernidos*, tentem ver isto sem se comoverem. conseguem?
ok, se conseguem, voltem lá para a vossa masmorra ou para a sede pnr.
há duas coisas a reter: - o facto de eu odiar de morte esta música, seja lá em que versão for. sim, nem a ella me comove com reportório destes. - aquele movimento que a miuda faz com o pé esquerdo, a 47 segundos do fim. uma delícia.
ok, pessoal. bem sei que ainda não dou 3 toques seguidos e ainda não descobri que o pé esquerdo também dá para fazer remates e não serve apenas para dar trancada no quim, mas gaita, se é verdade que depois dos jogos vocês vão para o bentos mamar minis e falar sobre os rabos das gajas, então quero fazer parte da próxima convocatória.
bai da uei, o resultado das contas segue em breve.
ai ainda não tinham percebido que o peseiro não era treinador para um sporting? ai ainda não tinham percebido que o fernando santos acagaça as equipas por onde passa? ai ainda não tinham percebido que aquilo do couceiro nos sub-21 era um g'anda tacho?
o baía vai ter uma festa de despedida? e no estádio do dragão?
quê, o jogador português, a jogar em portugal com uma homenagem? eh lá!!
há dias foi o fernando gomes a voltar a tocar o relvado dum estádio portista, agora é esta do baía, o que é que virá a seguir? não me digam que os empregados da portugália vão começar a ser simpáticos.
numa das minhas últimas idas a lisboa antes das férias, depois de ter comprado o fato de banho mais abichanado que o meu corpo já vestiu, entrei numa das livrarias mais excitantes de lisboa - se calhar a mais discreta e apaixonante que jamais conheci. aquele irresistível cheiro e tal. muito, muito nível. uma tentação para a vida, de caras! - e saí de lá satisfazendo três dos meus piores vícios: lisboa, fotografias aéreas e mapas.
comprei o atlas urbanístico de lisboa, coordenado pelo grande manel salgado - ó xôr arquitecto, posso tratá-lo por manel, não posso? - e o nuno lourenço.
uma coisa em grande. um estudo urbanístico dos mais importantes bairros da minha cidade, com fotos aéreas, com plantas detalhadas, com informações fantásticas.
apesar de tudo, não consigo perdoar porque raio a minha picheleira aparece muito de viés, surgindo em grande os prédios da mira e a inenarrável encosta das olaias.
adoro. o livro do ano (da década?)
e depois eu fico ali a olhar para aquelas fotos e perco-me, perco-me, perco-me...
(ó bic, conheces a coisa? não sei se é bem a tua praia, é uma coisa muito urbanística, é certo, mas é a nossa lisboa, pá!)
perco-me porque à medida que folheio esta autêntica bíblia, começo a percorrer bairro a bairro e a minha memória é assaltada pelos inúmeros avulsos acontecimentos sucedidos nesses bairros: e vejo uma foto do bairro das estacas e lembro-me das tardes passadas no duplex do pai do hugo; e vejo o bairro azul e lembro-me das viagens à dansa do som para comprar o primeiro éle pê da suzanne vega; e noutra página aparecem distintamente os espaços verdes por detrás do extinto cinema roma e recordo-me das partidas de mini-golfe que fazíamos lá à tarde; e depois mais à frente aparece campo de ourique e recordo-me do milho que distribuíamos aos pombos (até tínhamos nomes para eles: o punk, o maricas, o asa branca, o albino...) no jardim da parada ou das manhãs na tentadora a ouvir as conversas do mestre barata (tenho de fazer um post sobre este gajo) e do xô isidrio... tanta memória, porra!
e não vislumbro hipótese dele abandonar a minha mesa de cabeceira. não vejo mesmo.
até porque eu, meus amigos, sou o menino que gosta de mapas.
a coisa aconteceu há uns 25 anos. aí por 82 ou 83. era um sábado. de manhã, lá no rainha andávamos pelo 8º ano e nesse dia calhava no horário duas horas de educação visual. nesse dia a professora não apareceu. então, eu, o pedro quadros e o rui fernandes decidimos ir fazer uma coisa arrojadíssima: ir andar nas escadas rolantes da estação do parque. as escadas rolantes com mais degraus da cidade de lisboa, que espectáculo.
ok, não comecem já a gozar, vamos lá contextualizar a coisa: não havia internet, não havia psp's, não havia computadores, não sabíamos ainda que as miúdas do 7º ano queriam dar-nos linguados e que as maminhas - mamas valentes num dos casos - delas já serviam para serem apalpadas, inclusivamente por debaixo do soutien - principalmente a tal que já tinha mamas valentes.
e lá fomos os três. nunca lá tinha estado. ihhhh tão graaaandes - ainda são. uma volta, duas voltas, três voltas... maravilha! às tantas, reparámos que o espaço entre as escadas rolantes e a parede estava revestido por umas placas de acrílico, criando um escorrega que permitia mandar por ali abaixo os nosso sacos com os blocos a3 de papel cavalinho.
viuuummmmmmmm! quando aquilo chegava ao final das escadas, antes de aterrar no chão, voava uns bons 10 metros. joinha!
e se em vez de irem os sacos com os cadernos, as réguas, etc, fôssemos nós a andar naquele escorrega? bute, bora lá tentar?
nem uma volta chegámos a dar. o canina preparava-se para iniciar a descida e é interceptado por um funcionário do metropolitano. não reparando quem lhe estava a segurar o braço, desata a refilar: - ó jaime, deslarga-me, ó caralho, deslarga-me!... - deslargo, deslargo? eu te digo. vamos já ali ao meu gabinete.
eu e o rui ríamos mas logo amochámos porque o senhor avisou logo: - e vocês, bicuáiate, porque também vêm comigo. vá, os três aqui à minha frente.
lá fomos até à sala do chefe que tomou nota das nossas identificações, dos nossos passes sociais e que nos ameaçou que em breve, em nossas casas, iriam aparecer umas facturas para pagamento dumas latas de tinta que serviriam para pintar os riscos que ficaram nos tais escorregas improvisados. e orçamentou logo a desgraça: - isto deve dar uns 7 contos a cada um! coisa que agora, com a inflação devidamente aplicada, deve significar aí uns 100 contos. ou mais.
ficámos todos borrados.
para desanuviar fomos até à outra ponta da cidade desanuviar. saímos no areeiro e acabámos a manhã na discoteca dos alfas triplex a ver discos.
um dia faço um post sobre as discotecas e as livrarias da minha vida.
recordo-me que nessa altura essa discoteca tinha na entrada, mesmo em frente, um invejado poster publicitando o the party's over. às tantas o pedro quadros, o meu querido canina, tropeça no all four one dos the motels e começa a cantar: - take the l out of lover and it's over.... e ao mesmo tempo vira-se para mim e explica a coisa. tira a letra éle da palavra lover e fica over.
eu, que era - e sou - um asno em línguas fiquei assim: ahhhhhhhhhh.......!
e pedimos ao maduro que estava lá na loja para pôr um bocadinho da música. ahhhhhh, afinal até conhecia a coisa. fantástico. nunca tinha pensado nisto. tiramos o éle de lover e fica over. que giro.
que parvo!
bom, os anos passaram e algures no final dos anos 90 comecei na senda de tentar resgatar em cd
ainda não havia mp3 a torto e a direito, meninos
todas as remoas músicas que ficaram lá pelo início dos anos oitenta. os the buggles que falei aqui há atrasado consegui-os nessa altura.
após muito procurar, após muitas perguntas - tem alguma coisa dos the motels? - desculpe, dos quê?.... houve um dia que na discoteca do oeiras parque - e que agora não me lembro o nome. era uma que também tinha loja no palmeiras, porra - um gajo me respondeu: - hummm, acho que tenho ali uma colectânea, serve? - ó catano, então não serve?
que maravilha! banda do camandro.
já disse que adoro as bandas new wave desta altura? os pretenders, os jam, os police, claro, tantas...
voz do caraças: martha davis. uma maravilha. singles fantásticos: danger, celia, shame, suddenly last summer, o tal take the l, cries and whispers, total control.... sonoridades como não voltaram a haver jamais.
não consigo um clip do take the l, mas pronto, deixo aqui o only the lonely que se calhar até é mais conhecido. meus amigos isto não é para todos. isto são eighties do melhor.
simplesmente o melhor biógrafo que já conheci. o único que me põe a ler graaaaaaandes calhamaços, a começá-los com aquele ar "porra, 700 páginas. isto deve ser cá uma estucha!" e a terminá-los, dias depois, com um "porra, já passaram 700 páginas?"
agora ando com um pequenino. uma colecção de crónicas (porque é que portugal não tem cronistas como o brasil?) sobre sexo. um must.
os algarvios de certeza que não têm noção disto: o algarve tem o melhor tomate rama do mundo!
até o do modelo é bom, imagine-se.
(mas comprei uns no mercado da quarteira - ó bic, deve-se dizer da quarteira o de quarteira? - que eram uma coisa.... eram tão bons que até voltei lá no último dia, para comprar e trazer para casa.)
a capa da men's health deste mês tem uma chamada que diz: perca a barriga antes do verão.
antes do verão?
de certeza?
mas, e quem compra ainda acha que vai a tempo? ou aquilo é uma reportagem sobre lipo-aspirações? pois, não sei.
a mim dá-me jeito estar em forma (pronto, daria. o que eu queria dizer é daria jeito. ou melhor ainda, dar-me-ia jeito estar em forma) porque assim, teria mais espaço para emborcar toda a cerveja e todo o whisky (já fui melhor neste campo. ando muito tenrinho, muito tenrinho...) que me apetecesse.
da barriga, o que mais me chateia é mesmo o facto de me cansar imenso quando tenho de a carregar de um lado para o outro naquelas jogatanas de praia (yesssss, já dou 3 toques seguidos! para o ano começo a utilizar a pé esquerdo também. reparei que há pessoas que conseguem jogar com os dois pés, imagine-se), ainda por cima a correr.
morte à cuba libre, assassinem as caipirinhas, enterrem de vez as green, fuzilem as decider (ó monteirinho, realmente!), desapareçam com as tango (ainda me hão-de explicar o que raio é aquilo).
se um benfica-sporting em juniores (adoro dizer junióres)faz primeiras partes dos jornais, porque raio não faz o facto do meu clube ter sido campeão nacional na mesma categoria?
no local onde passo férias corre um boato que a carla matadinho andou a levar no bujon quando tinha aí, mais coisa menos coisa, uns 16 anos.
ao que parece, um seu namorado dessa altura, pegou numa máquina fotográfica e tunga, armou-se em bate-chapa e toca de tirar umas fotos às suas experiências sexuais.
corre também um boato que por essa altura - atenção que já lá vão uns anos - o senhor em questão, não se ficou apenas pelo serviço de bate-chapas, mas, munido da sua carteira profissional de batedor, aplicou também na dita senhora, umas valentes palmadas no pacote. ficou conhecido lá rua como o bate-chapas, o bate-chicha e o bate-coro.
ela era na altura conhecida como a carla palmadinho!
eu até cheguei lá, mais cedo do que estava à espera.
estou estacionado na minha terra, na freguesia do meu nascimento. estou em frente à porta da "casa" dum casal com quem me dava há uns anos. duas pessoas doutro mundo.
tenho ainda 20 minutos, ponho o despertador e fecho os olhos.
às tantas sinto um incómodo estranho. não consigo adormecer. começo a pensar: e se eles entram ou saem lá da porta do prédio. será que tenho coragem para ir lá cumprimentá-los?
fico sempre perdido nestas ocasiões. nunca sei se se lembram de mim ou se estou a ser inconveniente.
se me vissem seria concerteza mais fácil. e se não vissem? gaita!
bom, se fosse só ele, a parte masculina, era bem mais fácil: olá zé, então? tudo bem? esses netos? isso agora é que é, hein?
mas e se fosse ela que aparecesse? ai! não era capaz de dizer nada? que é que se diz a uma mulher que nos tratou (trata e tratará. de caras!) como um filho? não se diz nada não é? apertamos os nossos braços à volta do pescoço dela e ficamos ali, abraçados a matar saudades, certo?
(ai que miúdo inconveniente!.....)
o pior viria, certamente, depois: então, já terminaste o teu curso? ai, pedro, pedro, que vergonha! e a tua filha? tenho visto fotos. que coisa tão engraçada....
as mães são assim, uma no cravo e outra na ferradura. uma festinha na cara e uma palmada na mão.
andava com esta na cabeça: será que aquelas palavras que uma noite me disse (nem precisava de me ter dito nada!) continuam a ser uma bússula para algumas coisas que faço na vida? será que é disso que eu me lembro quando às vezes estou inusitadamente triste? será que a consideração que tenho por ela é reflexo dum passado muito bom? será apenas saudade? hummm, hoje tive a certeza. ela foi (é) das mulheres mais importantes que aconteceram na minha vida.