quarta-feira, junho 13, 2007

mapas




numa das minhas últimas idas a lisboa antes das férias, depois de ter comprado o fato de banho mais abichanado que o meu corpo já vestiu, entrei numa das livrarias mais excitantes de lisboa - se calhar a mais discreta e apaixonante que jamais conheci. aquele irresistível cheiro e tal. muito, muito nível. uma tentação para a vida, de caras! - e saí de lá satisfazendo três dos meus piores vícios: lisboa, fotografias aéreas e mapas.

comprei o atlas urbanístico de lisboa, coordenado pelo grande manel salgado - ó xôr arquitecto, posso tratá-lo por manel, não posso? - e o nuno lourenço.

uma coisa em grande. um estudo urbanístico dos mais importantes bairros da minha cidade, com fotos aéreas, com plantas detalhadas, com informações fantásticas.

apesar de tudo, não consigo perdoar porque raio a minha picheleira aparece muito de viés, surgindo em grande os prédios da mira e a inenarrável encosta das olaias.

adoro. o livro do ano (da década?)

e depois eu fico ali a olhar para aquelas fotos e perco-me, perco-me, perco-me...

bic, conheces a coisa? não sei se é bem a tua praia, é uma coisa muito urbanística, é certo, mas é a nossa lisboa, pá!)

perco-me porque à medida que folheio esta autêntica bíblia, começo a percorrer bairro a bairro e a minha memória é assaltada pelos inúmeros avulsos acontecimentos sucedidos nesses bairros: e vejo uma foto do bairro das estacas e lembro-me das tardes passadas no duplex do pai do hugo; e vejo o bairro azul e lembro-me das viagens à dansa do som para comprar o primeiro éle pê da suzanne vega; e noutra página aparecem distintamente os espaços verdes por detrás do extinto cinema roma e recordo-me das partidas de mini-golfe que fazíamos lá à tarde; e depois mais à frente aparece campo de ourique e recordo-me do milho que distribuíamos aos pombos (até tínhamos nomes para eles: o punk, o maricas, o asa branca, o albino...) no jardim da parada ou das manhãs na tentadora a ouvir as conversas do mestre barata (tenho de fazer um post sobre este gajo) e do xô isidrio... tanta memória, porra!

e não vislumbro hipótese dele abandonar a minha mesa de cabeceira. não vejo mesmo.

até porque eu, meus amigos, sou o menino que gosta de mapas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Hei-de ver. Hei-de ver. Ao depois te conto...
Cumpts.

Zuza disse...

isso explica aquela coisa com o GPS... or not :P